quinta-feira, abril 17, 2025

Sobre a mais recente ingerência do Ministério Público na campanha eleitoral não me apetece cansar a minha beleza.
O que é que move aquela malta: é um ódio rebarbado ao PS ou estão a soldo de alguma força que quer destruir a democracia? Ou é, simplesmente, gente perturbada?
Não sei e gostava que alguém bem informado nos explicasse esta grande pancada.
Entretanto, para não falar nisto, vou antes falar num outro maluco encartado.
Trump quer ficar mais uma carrada de anos mas, cá para mim, os americanos arranjarão maneira de se livrar dele mais dia menos dia

 

Ou os bilionários que lhe pagaram a campanha ou os tribunais que ainda funcionam ou os estudantes em peso ou a malta que deixe de conseguir pagar o básico ou os democratas que, vitaminados pelo jovem Bernie Sanders e pela carismática Alexandria Ocasio-Cortez, acordem para a vida e façam levantar a indignação ou todos juntos conseguirão afastar a besta que está à frente dos Estados Unidos.

Hoje, no ginásio, enquanto estava a fazer a passadeira, ia olhando para a televisão onde passava o estupor a dizer as maiores alarvidades -- e pensava que o mundo é mesmo um lugar deveras perigoso para que aconteça a irracionalidade de milhões de pessoas terem votado numa besta daquele calibre, apesar de tudo o que já se conhecia dele.

Mas, enfim, não consigo acreditar que a situação de caos que Trump criou se consiga manter por muito mais tempo. É que ainda por cima, irracional como um animal burro e desencabrestado, torna a ordem mundial completamente imprevisível. 

Entretanto, toda a gente que goze com ele é bem vinda, seja nos Estados Unidos seja no resto do mundo.

“Billionaires Are Actually Good” - Stephen Colbert feat. Alan Cumming

Stephen Colbert performs a special song for the richest people in the world, in the hopes of getting them out of our lives for good. Special thanks to Alan Cumming for hopping on the track!  

Fees, Fees, Fees, - A Randy Rainbow Song Parod


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Seja como for, recomendo a leitura de:

quarta-feira, abril 16, 2025

Conversa típica de pensionista. Ou de avó. Ou das duas coisas.

 

Bem. Hoje a ver se não me deito muito tarde pois a noite passada acordei algumas vezes, a ver as horas previsíveis de aterragem, a acompanhar o voo nos céus (de facto, a tecnologia é extraordinária), etc. 

O voo tinha partido com atraso e eles tinham dito que saíam mais tarde pois os sistemas não respondiam. Depois que estavam a testá-los, etc. Fiquei assim a modos que um pouco inquieta. Um voo de várias horas sobre o oceano não oferece muitas hipóteses de recuo numa situação de atrapalhação. 

E depois, ainda cedo, chegou uma mensagem. Não podiam ser eles. Assustei-me. Era uma daquelas notificações desnecessárias. Habitualmente tiro as notificações durante a noite pelo que, se chegam, não dou por elas. Mas, quando há viagens de noite, não tiro. E, portanto, sobressaltei-me e já quase não consegui voltar a dormir. 

Felizmente chegaram bem e até praticamente a horas. O piloto comeu o atraso. Deve ter apanhado ventos de feição. 

Mais de metade da turma tinha ido fazer férias grandes (11 dias) para os States. Nós, que ficámos, conseguimos acompanhar os passos dos turistas através das fotografias, vídeos e telefonemas que foram fazendo. No cômputo geral, a pé fizeram 135 km. Sendo que vários são crianças, dos 8 aos 16, é obra. Visitaram cidades, ruas, edifícios, parques naturais e de diversões, museus de todo o tipo, zoos, viram desfiles, jogos de basket e outro de que não me lembro o nome, e sei lá que mais. Uma alegria e umas férias memoráveis, embora, apesar de terem adorado a viagem, algumas das coisas que viram deixaram-nos digamos que algo desconfortáveis.

Entretanto, um dos meninos, imagine-se bem, foi 'assinar' por um outro clube que o 'caçou'. Aquela coisa dos olheiros é mesmo realidade. Portanto, agora vai jogar numa equipa da 1ª Divisão do Nacional (creio que é assim que se diz). Ou seja, mais treinos, mais preparação física, jogos em todo o País. Os pais cada vez mais 'presos' face a estas exigências e às deslocações que isto implica pois o estádio não é propriamente ao lado de casa. Claro que haveria sempre a possibilidade de dizer que não. Mas isto marcaria para sempre o menino que adora futebol, que é óptimo no que faz (era ele bem pequeno e já o meu marido comentava que o achava especialmente dotado para aquilo) e que está felicíssimo. E há o compromisso de não deixar que isto afecte  o desempenho escolar. Ou seja, um desafio para ele e para os pais.

Tirando isto tenho a dizer que fomos ao supermercado e que fizemos as compras mais caras de sempre, e isto apesar de não termos comprado nem extravagâncias nem nada em grande quantidade. Não há dúvida que os preços estão cada vez mais altos, alguns mesmo estupidamente altos. Vinha para o carro e a olhar para o talão na esperança de detectar algum engano. Mas não dei. Mesmo assim não deitei fora para poder voltar a conferir. Uma barbaridade. Dei por mim a equacionar o que é que, se tivesse menos dinheiro, cortaria ou trocaria. Deixaria de comprar chocolate preto, pois o chocolate está uma exorbitância. Deixaria de comprar cápsulas de café pois também estão caras. O meu marido teria que deixar de comprar cerveja ou teria que racionar. Deixaria de comprar carne de vaca (e já compro pouquíssima, não pelo preço mas porque evitamos muita carne vermelha). Deixaria de comprar corvina ou maruca, teria que escolher um peixe mais barato. Mas batatas, cebolas, azeite, laranjas, maçãs, iogurtes, coisas assim, teria que comprar. Só que, na realidade as coisas estão todas muito caras e quem ganhe pouco deve ver-se aflito para ter uma alimentação decente. 

Mas, pronto, hoje fico-me por aqui. Vou dormir. 

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Um dia feliz 

terça-feira, abril 15, 2025

Se calhar, deveria saber extrair uma moral para a história...
Mas não consigo...

 

Quando fui para o ginásio, por cima da tshirt, vesti apenas uma blusinha leve de manga comprida. O meu marido levou uma parka. Quando me viu, perguntou-me se eu achava que ia bem assim. Pergunta retórica, claro. Se me tinha vestido assim é porque achava que ia bem. Referiu que o céu estava cinzento e que a meteorologia anunciava chuva. Não me pareceu. Antes tinham caído uma pingas e admiti que fosse a isso que os meteorologistas se referissem.

Quando estávamos lá, já na recta final das máquinas, o meu marido perguntou se eu já tinha olhado lá para fora. Não tinha. Sou muito focada: se estou a puxar roldanas ou a remar para exercitar os músculos superiores ou a abrir e fechar pernas para exercitar os músculos de dentro e de os fora, é nisso que estou concentrada. Mas, porque ele disse isso, olhei. E engoli em seco. O dilúvio. Quase me apetece acrescentar: 'literalmente' o dilúvio. Uma carga de água... mas uma senhora carga.

Não me desmanchei. Pensei que, assim como assim, quando chegasse a casa, ia tomar banho. Chegar molhada seria apenas evitar uma fase, podia passar logo para a aplicação do gel de banho.

Mas, cavalheiro como é, quando saiu do balneário, tinha um casaco de capuz que levava por baixo da parka para me dar. Não queria aceitar a gentileza. Mas, tanta a insistência, aceitei.

Apesar de ter abrandado um pouco quando saímos, a verdade é que cheguei toda molhada.

E felizmente não tinha deixado roupa estendida. O que isto tem de bom é que desde há alguns meses, se calhar desde novembro, não sei bem, não é preciso ligar a rega. E está tudo verdinho que é um gosto. De vez em quando, com regador, rego os vasos que estão debaixo de telheiros e é só. 

As rosinhas já começaram a despontar e a nespereira está carregada. A chatice é que é uma árvore tão grande que os ramos estão todos muito altos, custa a chegar à fruta. Mas já apanhei umas quantas. Ainda não estão dulcíssimas mas, para mim que sou de boa boca, já estão boas.

Há ainda uma coisa que é um bocado triste e que até estou a hesitar trazer aqui. Trazer para quê, não é? Não gosto nada de trazer para aqui coisas que podem puxar ao sentimento. Mas, por outro lado, antes de começar a escrever, era nisto que estava a pensar. Falei na molha que apanhei para ver se me distraía e não falava no que estava a pensar.  Mas, aqui chegada, estou outra vez com esta em mente. Por isso, se calhar, mais vale falar e pronto. Aquela amiga que perdeu o marido a semana passada está muito abalada e muito triste e tanto mais, segundo ela, quando foi uma coisa quase inesperada. Faz-me muita impressão. Custam-me as palavras dela a dizer que está a viver tempos muito duros e que não consegue encontrar palavras para a dor que sente. Compreendo-a e imagino o vazio enorme que agora deve estar a invadir a vida dela. Uma pessoa que vive a vida inteira com outra, em que as vivências, tudo, resulta de uma convergência de hábitos, deve ficar a sentir-se completamente desamparada. Deve ser quase como se tivesse que reaprender a viver por si, alguém a quem se tiram as muletas, o andarilho, o oxigénio, a sonda, tudo, e que, sem sentir motivação para tal, tem que aprender a ser autónoma. Sozinha, cheia de saudades e tristeza, e por sua conta como quando nasceu e teve que aprender a virar-se. Depois fiquei a pensar: ela diz que lhe custa ainda mais por ter sido uma coisa quase inesperada mas, se ele tivesse sofrido, se tivesse sido uma daquelas mortes lentas em que a pessoa assiste ao seu próprio declínio, em que a pessoa vai perdendo autonomia, dignidade, não teria sido mais doloroso?

Pergunto isto e sei que a pergunta é estúpida. Dor é dor.

E agora lembrei-me de há uns meses, ao encontrar uma amiga de longa data que não via há séculos, pergunta-me ela se eu me lembrava de um que tinha sido nosso colega. Assim de repente, não me lembrava, mas ela mostrou-me a fotografia dele. Ah, perfeitamente, lembrava-me. Diz ela: 'Casámos, não sabias?'. Não, não sabia. Mas antes que eu me pusesse a festejar, ela atalhou: 'Morreu o ano passado.'. E aí fiquei sem jeito. Fiquei também sem palavras. A sorte é que ela depois mudou de assunto.

Mas, enfim, são situações que parece que tiram o chão às pessoas. O que vale é que, na maioria das vezes, não é o chão, é o tapete. E as pessoas reaprendem a andar porque o chão, mal ou bem, continua lá.

E com isto não concluo nada. Para dizer a verdade nem sei como acabar este post. 

Partilho, antes, um vídeo que, se calhar, até já tinha partilhado antes. Acho que não tem a ver com nada do que acima fui escrevendo. Mas é um vídeo curioso. Um bocado terrível. A mim, que padeço de vertigens, faz-me muita impressão. Até parece que sou eu que estou ali, à beira do abismo, a escorregar, os outros a empurrarem, e eu a tentar aguentar-me... depois a tentar ganhar coragem... e, depois, olha, lá vai disto, seja o que deus quiser...

Emperor penguin chicks jump off a 50-foot cliff in Antarctica NEVER-BEFORE-FILMED FOR TV | Nat Geo

National Geographic and BAFTA Award-winning cinematographer Bertie Gregory release unprecedented footage of Emperor penguin chicks leaping 50 feet off an Antarctic cliff. The never-before-filmed behavior was for the 2025 installment of National Geographic’s Emmy award-winning SECRETS OF franchise, SECRETS OF THE PENGUINS, premiering Earth Day 2025 on Nat Geo.


segunda-feira, abril 14, 2025

Deixem o Luís continuar a ser Mentenegro. Deixem o Luís continuar a gozar com o pagode. Deixem o Luís continuar a rir-se da malta

 

Quando vi referido que o hino da campanha da AD continha a expressão 'Deixem o Luís trabalhar' pensei que não era possível, que o hino devia ser uma piroseira tal que levava o pessoal a distorcer para gozar com o Luís. Mas não. Nestes estúpidos tempos, a realidade é sempre mais parva do que poderíamos supor. O hino contém mesmo aquela expressão. É estúpido de mais para ser verdade. Mas a estupidez, como se sabe, não tem limites.

Como muito bem diz o Der Terrorist, Deixem o Luís gozar com os portugueses


E continuo a tomar a liberdade de transcrever do Der Terrorist:

Luís Montenegro não tem contas escondidas do Tribunal Constitucional, Luís Montenegro, como qualquer português de bem, tem várias contas a roçarem o mínimo legal exigido para serem declaradas.

Não foi a gasolineira de Braga que doou/ financiou o PSD, foram vários familiares do dono da gasolineira.

Deixem o Luís gozar com os portugueses.

domingo, abril 13, 2025

Alô, alô Senhores da Comissão Nacional de Eleições! Isto é legítimo: "Governo pede aos “serviços de recursos humanos” do SNS para trabalharem no fim de semana e processarem aumentos salariais este mês"?

 

Montenegro é um manhoso. Não se pode confiar numa pessoa assim. Hoje, vinha no carro e ouvi-o a explicar-se sobre o facto de ser sido questionado pelo Ministério Público sobre o dinheiro espalhado por várias contas bancárias, supostamente para não ter que as declarar ao Tribunal Constitucional, e, como é seu hábito, encolheu-se para passar de fininho entre os pingos da chuva. Disse ele, com aquela sua vozinha de lampeiro, que sempre preencheu os documentos como lá é solicitado. Claro. Como, com o dinheiro dividido, fica com o saldo abaixo do que é preciso declarar, está tudo 'certo'. É assim que ele age, com espertezas, com habilidades, com meias palavras, meias verdades. E sempre a sorrir, com aquele sorrisinho que enjoa. 

Faz campanha eleitoral ilegítima à descarada -- mas sempre com um estratagema para se desculpar. Foi com o Governo em peso, ministros e secretários de estado, para o Bolhão. Diz o manhoso que foi fazer um conselho de ministros (e as minúsculas são deliberadas). Um conselho de ministros sem agenda e que nem sala teve para se reunir. Julga que somos parvos. E, a seguir, foi -- com a tropa fandanga em peso mais os que o PSD tinha arregimentado mais as câmaras de televisão e os pés de microfone  -- desfilar na Rua de Santa Catarina. 

Perante esta provocação à decência, a CNE não teve nada a dizer. 

Marcelo, essa criatura que cada vez está mais irrelevante e a quem, cada vez mais, a vergonha parece  escoar-se, perante estas indecências não diz nada ou, quando muito, diz, sonsamente, que o Montenegro aproveita para ir somando uns pontinhos. Quando as pessoas não se dão ao respeito até se esquecem de respeitar os outros.

Pontinhos. Muitos pontinhos. Hoje li no Expresso o que transcrevi no título: mais outra manhosice. 

As administrações das 39 unidades locais de saúde e dos três IPO receberam um e-mail do gabinete da secretária de Estado da Gestão da Saúde na tarde de sexta-feira para que as atualizações remuneratórias recentemente aprovadas sejam pagas ainda este mês. Gestores falam em “pressão inaceitável para que os pagamentos sejam feitos antes das eleições” (...)

Será que a CNE também acha isto normal? Vão continuar a andar com o manhoso -- e um descarado e reincidente vendedor de banha da cobra --  do Montenegro ao colo? Pergunto.

sábado, abril 12, 2025

Dos mais loucos paradoxos de que há memória

 

Andámos a cortar uma trepadeira que estava toda desconforme, saída dos eixos por via do Martinho, ensarilhada em tubos relacionados com painéis solares. O meu marido, naquela sua de Rambo que leva tudo à frente, queria cortar pela base. Eu, mais para Cinderela, amante dos desvalidos mesmo que os desvalidos sejam trepadeiras desaguisadas, quis preservar, encaminhar. E assim se fez, ele contrariado, eu insistente. Isto logo a seguir ao Martinho. Mas Cinderela que é Cinderela tem coração bondoso mas não é burra. Por isso, depois de ver que a coisa não levava jeito de todo, com o coração sofrendo, condescendi. Que se fizesse a sua vontade.

Assim, depois do ginásio, ele no escadote, eu tentando ainda salvar alguma coisa, lá fomos progredindo no entendimento. Eis senão quando desaba um violento aguaceiro. Não dei o braço a torcer e ele também não. Ali, debaixo de chuva, lá fomos andando, andando, corta daqui, corta dali, e mais daqui e mais dali. No fim, os dois ensopados, restou um pequeno pé de trepadeira que, com sorte, um dia voltará a rebentar e a dar as lindas florzinhas azuis que até há pouco embelezavam aquele pilar. 

Mas quando, desolada, deitei os olhos ao céu tive uma alegria. Há uns meses andou aqui um brasileiro cheio de agilidade e de graça que fez o que o meu marido queria: desbastar ao máximo uma árvore linda que já estava a ir para cima do telhado, a fazer sombra nos painéis solares e a fazer correr o risco de dar cabo das telhas ou não sei o quê. Desde há um ano ou dois que o meu marido andava com essa fisgada e eu a dar luta. Mas tive que me render: era um facto que os painéis já mal apanhavam sol e já havia folhas a mais no meio das telhas. Mas pedi contenção no corte: só o mínimo indispensável. Mas o brasileiro, todo ele rico em metáforas e sem tempo a perder, para ali arranjou uma conversa que era de cortar tudo, uma carecada das valente. De outra maneira a árvore ficaria desencontrada, desequilibrada, desengraçada. Cortando ente, daí por uns dois meses estava toda cheia de folhas, que eu depois logo lhe contava se era ou se não era. Claro que, quando a conversa é cortar, o meu marido decide rapidamente: corte!

Mas os dois meses passaram, os três meses passaram, já lá em seis meses. E nada. Estou sempre a dizer: filho da mãe que me deu cabo da árvore. O meu marido, ar apreensivo, já dizia: tem calma, se calhar ainda nasce. Mas nada.

Ora bem. Hoje, depois de termos dado cabo da trepadeira, ao olhar para o céu -- não para invocar os deuses mas para ver se a chuva já tinha parado de vez, pareceu-me ver, na ponta de alguns dos ramos amputados, umas little coisinhas verdes. Hão de ser folhinhas.  Fiquei feliz.

Mas, logo a seguir, tive a notícia de que tinha morrido o marido de uma conhecida e o irmão de uma outra. Fiquei assim naquela: caraças, logo dois de uma vez. É bem certo que isto da vida é uma brincadeira. Andamos por aqui sempre cheios de razões e opiniões e decisões e emoções e ilusões e esquecemo-nos que é tudo uma fantasia de curta duração. Não ficaremos cá para fazer o balanço nem para tirar teimas. Iremos também um dia. Só que a gente se esquece e, por isso, quando recebe estas notícias, fica assim a modos que meio desamparada. Lá transmiti os meus sentimentos e coisa e tal mas estava com vontade de dizer que não era nada demais, que a vida é mesmo efémera, que hoje foram eles, amanhã seremos nós. Mas não disse, não quis ser mal interpretada.

Portanto, coração ao alto.

Mas é bom dizer isso mas o pior é ser capaz de o pôr. É que entre debates e as cavaladas do Trump (e do Putin e do parvalhão de Israel e de todos esses malucos) uma pessoa mal consegue ter ar limpo para respirar.

Só que isto que está a passar-se nos States vai para além de tudo o que é razoável pois é pôr os destinos do mundo nas mãos de um ignorante, de um narcisista maluco, doido varrido.

Isto das tarifas seria de gargalhada se não fosse tão perigoso. Aquilo baseia-se numa fórmula matemática errada. Aplicando a fórmula correctamente, as tarifas seriam 4 vezes inferiores. Mas, independentemente da fórmula estar errada, é o próprio conceito e a própria 'jogada' que são erradas, anacrónicos, estúpidos.

Os vídeos abaixo são elucidativos. Acima de tudo, tudo o que ali se passa é estúpido pois é mau para os outros e mau para os americanos.

E depois há o parvo do Musk, que tantas tem feito, tantas, todas tão parvas, e que, no fim de tudo consegue ser dos maiores prejudicados em toda esta macacada. Se pegassem nos doidos mais varridos do Júlio de Matos e os pusessem à frente dos Estados Unidos não fariam tanta porcaria como a que o Trump e companhia andam a fazer.

Paradoxos que um dia alguém explicará. Paradoxos consentidos pela democracia o que, em si, é outro paradoxo. E dos valentes.

'Could not be more stupid': Scott Galloway on Trump's tariffs

NYU professor and podcaster Scott Galloway tells CNN’s Anderson Cooper why President Trump’s tariffs are worse than those imposed nearly 100 years ago


Economist says there's a math error in the formula used to calculate Trump's tariffs

Crawling   -    The Lincoln Project 

Elon Musk can't be trusted with rockets, drugs, video games, social media, or even his own children. He damn sure can't be trusted with your data.

The Lincoln Project is a leading pro-democracy organization in the United States — dedicated to the preservation, protection, and defense of democracy. Our fight against Trumpism is only beginning. We must combat these forces everywhere and at all times — our democracy depends on it. 


Desejo-vos um belo sábado

sexta-feira, abril 11, 2025

Um bom médico de família.
As virtudes do SNS

 

Num comentário ao post de ontem, o Leitor António refere que estranhou eu não formular o meu louvor em relação ao meu médico de família e aos serviços prestados pelo SNS, no caso, o Centro de Saúde a que vou.

Pensei que estava implícito mas, tem razão, António, o que é bom é para ser louvado, e louvado com todas as letras.

Por isso, aqui estou, voltando ao tema.

Durante toda a minha vida recorri à medicina privada. As empresas em que trabalhei tinham médico para os funcionários e, desde há bastante tempo, para além de médico nas instalações, disponibilizavam generosos seguros de família. E o mesmo sucedeu com o meu marido. Portanto, que me lembre, apenas recorria ao então chamado SAP, Serviço de Atendimento Permanente, quando os meus filhos eram pequenos e era preciso ir com eles ao médico fora de horas. E também, durante algum tempo, ia lá a Pediatria pois a a médica ('particular') que os acompanhava deixou de trabalhar e fiquei sem saber onde ir. E, nessa altura, gostei bastante da médica do Centro de Saúde. 

De resto, a realidade do SNS era algo que apenas conhecia pelas idas ao hospital com o meu pai e, depois, com a minha mãe (pois, para além de maioritariamente 'frequentar' hospitais privados, também foi várias vezes ao público, chegando a estar lá internada).

Quando eu e o meu marido nos reformámos, subscrevemos ambos um seguro de saúde que, apesar de ser razoável, fica a anos luz do que tínhamos nas empresas para as quais trabalhávamos. De qualquer forma, até por alguma influência de familiares médicos, resolvemos 'experimentar' o SNS. 

De início, confesso, estranhei muito. Mas estranhei a nível de organização, de eficiência a nível de marcações e da demora na obtenção de uma consulta. Mas gostei bastante do médico de família.

Habituada a médicos até de algum renome no privado, não achei que este jovem médico ficasse minimamente aquém. Aliás, com o meu espírito crítico, quando um médico não me inspira muita confiança, fico logo de pé atrás. E tem razão o Leitor que diz que é difícil arranjar um bom médico de Medicina Geral. É verdade: passei por alguns, e também por alguns de Medicina Interna, e com alguns nunca me sentia totalmente segura. Mas deste gostei: é perspicaz, ouve com atenção, explica bem, é persistente. A nível administrativo já se despistou algumas vezes (por exemplo, passou um medicamento sem código pelo que, na farmácia, era como se não tivesse prescrito e tive que pagar por inteiro, prescreveu um exame num formulário errado pelo que não o aceitaram, etc). Mas dou desconto. Provavelmente o sistema informático não é famoso, queixam-se sempre que é lento, se calhar estava cansado. De qualquer forma, no que é relevante, sempre foi muito certeiro.

Com o meu marido aconteceu a mesma coisa. A ser seguido há anos e anos por um médico no 'privado' e a seguir religiosamente uma medicação, concretamente para hipertensão, ao chegar lá, o médico, ao observá-lo, questionou e questionou e não ficou convencido, prescrevendo um outro exame. E esse exame veio a revelar que o meu marido tem uma outra questão que não era atendida pela medicação que seguia. Ou seja, havia que adicionar um outro medicamento. Não muito certo dessa reviravolta nas suas 'convicções', o meu marido foi ouvir uma segunda opinião que atestou totalmente a abordagem do médico de família. E a verdade é que desde então não voltou a ter alguns picos de tensão que, apesar da medicação, tinha. E tinha pois a medicação que tomava destinava-se apenas a uma parte do problema. 

Portanto, estou muito confortável com este médico, sinto-me confiante. 

E já precisei de uma receita e foi fácil pedir sem ter que lá ir e, quando agora queremos marcar consulta, ligamos e, quando não atendem, recebemos, ao fim do dia, uma chamada a perguntar o que queremos e marcam o que for preciso.

O que é mais difícil ainda é encontrar clínicas que façam exames tendo protocolo com o SNS. Poucas o têm. E o Centro de Saúde (ULS) não tem uma lista das clínicas protocoladas, o que também não ajuda. Estes pormenores de organização facilitariam.

Li agora uma notícia a confirmar que dado não serem actualizados os valores, há cada vez menos clínicas a fazerem exames para o SNS. E isso é uma limitação um bocado chata a que o SNS deveria atender. Esta ministra incompetente ter 'despachado' o competente e experiente Fernando Araújo foi uma machadada no SNS. Estou convencida que o SNS, com um bom gestor à frente, um gestor do calibre de Fernando Araújo, poderia ser bem melhor.

E penso que também daria jeito que houvesse uma camada intermédia de atendimento de especialidades que não tivesse que passar pelo hospital. Por exemplo, oftalmologia, saúde oral ou mesmo cardiologia, deveriam estar mais acessíveis. Para uma consulta de oftalmologia tem que se ir a uma consulta com o médico de família, ele tem que referenciar para o hospital e depois tem que se esperar (cerca de 1 ano) para o hospital chamar. Penso que seria interessante, eficiente e lógico que as ULS dispusessem desses serviços. 

Seja como for, apesar de durante anos não ter sido utente, sempre fui e sempre serei ferreamente defensora do SNS. E, por isso, luto para que seja gerido com eficiência, com cabeça, por quem sabe gerir. Por isso, fico indignada quando se põem grandes hospitais, que mexem com centenas de milhões de euros, com milhares de funcionários, unidades que requereriam gestores de mão cheia, na mão de gente inexperiente e que apenas é nomeada por ser do PSD.

Que há muitos profissionais muito competentes e dedicados no SNS, profissionais que dedicam toda a sua vida ao serviço público. Tenho vários amigos assim. Por isso, não é por falta de qualidade dos profissionais de saúde. Quando há problemas eles situam-se sempre (ou quase sempre) a nível de gestão, de organização. 

Mas, Caro António, não tenha dúvidas: estou muito contente com o meu médico de família e com o acompanhamento que tenho tido na minha ULS. 

quinta-feira, abril 10, 2025

A medicina está longe de ser uma ciência exacta. Eu que o diga...

 

Tenho o maior respeito por médicos. Neles depositamos a nossa vida. Tenho alguns na família e admiro a sua capacidade de processar informação, a sua memória, a sua resistência. É uma profissão nobre e, quando não é exercida por mercadores, é digna do nosso respeito.

Mas o tempo tem-me revelado que são falíveis e, quando falham, nós podemos passar de doentes a vítimas. 

Já aqui contei que, há uns anos, depois de muitos anos a carregar pedras gigantes, a fazer muros e murinhos, e de vários outros esforços do género, os meus joelhos ressentiram-se. O médico a que fui, conhecido por ser um especialista em joelhos, achou que a coisa só lá ia com artroscopia. Lembro-me bem que o meu pai na altura, já com o AVC, quando soube, ficou bem preocupado e recomendou fortemente que isso não acontecesse: 'Nos joelhos só se mexe em último caso', dizia ele. E um dos médicos da família torceu o nariz, não viu razões para isso, mostrou desconforto com essa opção. Nestas coisas levo tudo com tal leveza que chego a ser leviana. Por isso, pensei: 'não é ortopedista, muito menos especialista em joelho, pelo que, não deve saber tanto do assunto como o que diz que tem que ser.' E, maria descontraída como sou, lá fui para o Bloco, convencida que ia verificar-se o que o ortopedista me tinha dito, que ao fim de um ou dois dias, saía do hospital pelo meu pé.

De facto, foi uma estupidez: tendo intervencionado em simultâneo os dois joelhos, para andar tinha que sobrecarregar forçosamente ora um, ora outro. A recuperação foi péssima: longa, dolorosa, incapacitante.

Mas o pior veio depois. Intranquila com as conclusões do ortopedista-cirurgião (dizia que eu tinha ácido úrico, pois tinha encontrado muitos cristais) que eram desmentidas pelo médico de medicina interna (que dizia que aquilo não tinha literalmente nada a ver com ácido úrico) e tendo-me este segundo recomendado que procurasse uma terceira opinião, fui a um reumatologista de renome que, observando os exames anteriores às artroscopias, me perguntou porque as tinha feito. Concluiu peremptoriamente que não só não precisava como não devia, que tinham estragado mais do que tinham beneficiado. A mesma opinião foi mais tarde corroborada por um ortopedista muito conhecido na área desportiva e também especialista em joelho: categoricamente afirmou que o médico que me operou me deu cabo de coisas que antes não tinham problema nenhum. Disse, tal como anterior, que as indicações médicas para artroscopia eram zero.

Fiquei chocada. E escaldada. Mas o mal estava feito.

Mais recentemente aconteceu-me com o coração. Num episódio meio assustador, numa clínica privada, ao verem o ECG e ao repetirem-no e ao fazerem outros exames, concluíram que eu estava a ter um enfarte agudo de miocárdio, activaram o protocolo do INEM, fui levada de ambulância para um grande hospital público e lá passei a noite e a manhã, sendo depois encaminhada para cardiologia. Aparentemente não tinha sido um enfarte mas havia lesões e, para além de repouso, era preciso perceber urgentemente o que se passava.

Por facilidade e rapidez, fui a um cardiologista de renome num hospital privado. Receitou-me logo uma medicação que seria para o resto da vida. E foram desencadeados exames e mais exames, uma longa bateria que fui fazendo e repetindo regularmente. 

Já lá vão quase 4 anos. 

Quando, ao reformar-me, resolvi tornar-me utente do SNS, o médico de família quis saber o meu historial. Levei os últimos exames, descrevi o melhor que pude os meus antecedentes clínicos. Começou logo por ficar muito intrigado com a medicação que eu estava a tomar. Como admitiu que houvesse razões que eu não estava a saber transmitir, pediu para eu, quando fosse ao cardiologista, lhe pedir um relatório sobre a minha condição para ele poder compreender e poder acompanhar-me devidamente a nível de medicina geral.

Quando pedi o relatório ao cardiologista, ficou ofendido, não percebia o que é que um médico de família tinha que questionar o que ele, meu cardiologista há anos, me prescrevia. E, escamado de todo, disse que não ia passar relatório nenhum. E que se o médico de família tinha dúvidas, que lhe escrevesse a dizer o que pretendia.

Como seria de esperar, meses depois, quando voltei ao médico de família, este perguntou pelo relatório. Com diplomacia e sem referir o agastamento do cardiologista, disse apenas que este preferia que eu levasse um pedido dele por escrito. 

Naturalmente, mostrou algum incómodo mas lá escreveu o dito pedido.

Quando há cerca de um mês fui de novo ao cardiologista, entreguei-lhe o envelope. Ao ler, pelo semblante, vi que ficou furioso. Então pôs-se ao computador, viu e reviu exames, escreveu, voltou a ver exames e a escrever. Esteve ali bem mais de meia hora. Eu, calada, em frente. Depois imprimiu, meteu num envelope e, sem qualquer comentário, deu-me.

Eu tinha levado umas análises e um exame que ele tinha pedido e em cujos relatórios eu tinha visto que estava tudo bem. Mas, aliás, ao longo deste tempo, do que eu lia, parecia-me sempre que estava tudo bem com a excepção da dita condição que, se bem percebo, é coisa com a qual se pode viver sem problemas, desde que haja apenas alguns cuidados elementares e algum acompanhamento regular.

Nessa consulta, no fim, perguntei-lhe se continuava com a medicação. Disse-me que sim. Referi aquilo de que já antes me tinha queixado, que, com qualquer pancadinha, fico com nódoas negras. Por exemplo, o cão, para brincar, põe-se de pé, com as patas na minha barriga, para eu lhe fazer festas. Ando sempre com a barriga cheia de nódoas negras. E disse-lhe que receio que, se caio, tenha alguma hemorragia mais séria, em especial se for na cabeça. Respondeu-me que riscos há sempre, que esse risco existe, sim, mas que não vale a pena estarmos a pensar no que pode acontecer, pode acontecer tanta coisa, mas que intervalasse a medicação, por exemplo, dia sim, dia não. Depois rematou: até se quiser pode deixar de tomar, já que o exame mostra que está bem. Estava já de pé, a apertar-me a mão, a despachar-me. E eu, de tão perplexa, nem fui capaz de bater o pé: então mas isso é assim? eu é que decido se tomo ou não tomo o raio dos comprimidos?

Hoje fui ao médico de família e levei o relatório elaborado pelo cardiologista e os ditos últimos exames. À medida que ia lendo, vi logo, pela sua expressão, o que se passava. Parecia-lhe óbvio que não havia qualquer necessidade de eu tomar aqueles medicamentos, em especial o que envolve riscos de hemorragias. Mas, ainda assim, pela responsabilidade da situação, quis ir conferenciar com uma colega. Estiveram não sei quanto tempo. Depois falaram os dois comigo. Disseram-me que os médicos, às vezes, quando têm alguma dúvida, pelo sim, pelo não, agem por excesso. Que lhes parece ter sido o caso. Que na opinião deles, não há razão, ou seja, não há indicação médica, para eu tomar aqueles medicamentos. Que, em última análise, a decisão deve ser minha pois um médico, especialista, que me acompanha há cerca de 4 anos, os prescreve. Mas que, na opinião deles, não há justificação para tal. Concordei. Vou deixar de tomar.

De qualquer forma, prescreveram análises e um exame cardiológico para, lá mais para o fim do ano, se avaliar se continua tudo bem.

Mas vim de lá um bocado desconfortável. Ando há anos a tomar dois medicamentos, ambos com contraindicações e um deles que envolve riscos que podem ser severos... e, afinal, não são necessários?

Em quem é que a gente pode confiar? 

Caraças.

Escusado será dizer que descrevi tudo, o relatório do cardiologista, relatórios de exames e análises e questionei o ChatGPT. Foi categórico: não vê razão para tomar os medicamentos. De qualquer forma, politicamente correcto como é, aconselhou que eu fale com os médicos antes de suspender a medicação.

Hoje, quando os dois médicos falavam comigo, expondo-me o que o cardiologista pode ter temido, as eventuais razões que o levaram a medicar-me assim, e, ao mesmo tempo, a explicarem-me os exames que demonstram que essas razões, a terem sido essas, eram infundadas, e os riscos de um dos medicamentos, ocorreu-me dizer-lhes aquilo que tantas vezes digo: ao contrário do que gostamos de pensar, a medicina não é uma ciência exacta. Concordaram ambos. "Nada, nada mesmo, há tantas variáveis, há tantas interpretações, suposições, receios, cautelas. Perante a mesma situação, médicos diferentes podem tomar decisões diferentes. De facto, não é matemática.", disse o meu médico de família.

Tal e qual.

Mas, para nós, seres indefesos, não é muito tranquilizador...

quarta-feira, abril 09, 2025

Aplicações de engate

 

Nunca entrei no Tinder nem em qualquer outra aplicação de encontros (ou melhor, de dates). Nem sei dizer o nome das demais apps pois desconheço. Como não ando à procura de parceiro é coisa que nem entra no meu radar. Mas, mesmo se andasse, tenho sérias dúvidas de que me arriscasse. 

Imagina que encontrava alguém conhecido? Seria a modos que uma barraquinha das antigas, imagino. No meio da atrapalhação nem sei se teria cabeça para engendrar uma desculpa que não parecesse esfarrapada. "Ai, tu também por aqui? Na fotografia não deu para perceber que eras tu... E usaste outro nome... Mas eu estou aqui só porque estou a recolher informação para uma tese de mestrado. Não é para o que estás a pensar..." E ala moço que se faz tarde. 

Mas, pior que isso, uma pessoa vai encontrar-se com alguém que não sabe se é maluco, se é malcheiroso, se é um chato dos antigos? É que nem imagino o horror que deve ser uma pessoa expor-se, apresentar-se num encontro e depois dar de caras com alguém de quem tem vontade de fugir no instante seguinte. Como é que descalça a bota? Assume que não suporta e raspa-se imediatamente? Ou finge que está a gostar e aguenta o mais que pode até que consegue inventar uma desculpa? Ou, pior, muito pior, o risco que é se o fulano aparenta normalidade e, quando uma pessoa já está com as defesas em baixo, dá uma abébia e o fulano acaba por se mostrar um tarado da pior espécie...

Não. Nem pensar.

Para mim, para escolher alguém ou seria na base do amor à primeira vista -- mas aí teria que ter a sorte de o encontrar... e onde é que andam os homens desirmanados...? Não faço ideia... -- ou teria que ser uma coisa em que pudesse seleccionar, eles em exposição. E por exposição estou a referir-me a uma coisa como um programa de televisão que há -- há ou havia, pois há muito tempo que não me aparece -- em que põem uns quantos homens nus, um em cada cabine, e a mulher vai eliminando sucessivamente os candidatos deixando para o fim o mais convincente. 

Vendo o vídeo da Beatriz Gosta, percebo-a perfeitamente. Sou como ela: niquenta até à quinta casa. Não suporto maçadores, saloios armados em bons, azeiteiros, mal vestidos, demasiado bem vestidos, empedernidos, armados em engraçados, cheios de paranoias, armados em parvos, feios, aparadinhos demais, demasiado sonhadores, demasiado musculados, chonés de todo, mirradinhos e encarquilhados, cheios de teorias de cão de caça, parvalhões sem uma ideia na cabeça, narcisistas, mimados, frustrados, gordos que nem baleias e todos transpirados, a cheirarem a tabaco que tresandam, encharcados em perfumes rascas, etc. Etc. Etc. Mas ponham esmo muitos etcs nisso. 

Agora onde param os que se aproveitam e que estão disponíveis, isso eu estou como ela, também não faço ideia onde andam.

E, assim sendo, porque ainda não estou numa de comentar debates ou de cansar a minha beleza com as trapalhadas de alguns dos biltres desta praça, aqui está a Beatriz Gosta com quem sempre me divirto. Quando houver um debate que me inspire, aqui estarei para dizer de minha justiça.

Apps de engate - Beatriz Gosta

Desejo-vos uma bela quarta-feira

terça-feira, abril 08, 2025

A casa da Anitta

 

Como sabe quem por aqui me acompanha, gosto bastante de apreciar belas obras de arquitectura. Tenho tido a sorte de ter visto de perto o que a arte e o engenho dos (bons) arquitectos conseguem fazer. Não apenas sabem apreender o espírito do lugar como o sentir de quem para lá vai. De espaços pequenos, por vezes com 'morfologia' antiquada, conseguem criar espaços amplos, modernos. De espaços 'apáticos' e banais conseguem fazer nascer espaços únicos, marcantes. De espaços que pareciam sem vida e sem nada que os salvasse conseguem fazer lugares maravilhosos de lazer e convívio. E conseguem trazer a luz para dentro de casa em espaços acanhados e sombrios.

Temos a sorte de ter em Portugal grandes arquitectos e temos a possibilidade de poder admirar grandes obras de arquitectura quer a nível residencial ou empresarial quer a nível urbano.

A casa que aqui mostro não tem o tipo de decoração que mais aprecio pois, embora tenha a grande virtude de parecer de fácil manutenção, parece-me um pouco monocromática, um pouco monótona. Mas a arquitectura é qualquer coisa... E a implantação no terreno parece-me uma maravilha. Aliás, o exterior da casa parece extraordinário.

É da cantora Anitta, que não conheço de ver actuar mas apenas de nome. Parece-me humilde e simpática e gosto do painel de azulejos que está na entrada para  ilustrar a vida na favela, as crianças, os anjos que as protegem. E gostei de ver como ela descreve a interacção que teve com os arquitectos. Acomodar as suas pretensões e sugestões dela deve ter sido um desafio e tanto para eles.

A casa de Anitta na encosta da montanha do Rio de Janeiro

 | Open Door | Architectural Digest

segunda-feira, abril 07, 2025

No reino da beleza

 

Desde que frequento as agitadas paragens do Instagram deparo-me com milhares (quais milhares... certamente milhões, biliões, zetaliões) de coisas. Cada um mostra ali o melhor que sabe e pode, ou o que lhe apetece, ou sabe-se lá o quê. Mil obras de arte, mil arranjos florais, mil restauros de móveis, mil maneiras de parecer mais nova, mil maneiras de parecer bronzeada, mil maneiras de cortar o cabelo, mil exercícios e mil dietas para perder barriga, mil maneiras de fazer bolos sem ir ao forno, mil maneiras de fazer panquecas, mil livros, mil citações, mil gracinhas do cão, do gato, dos filhos, mil arco-íris, mil decorações de nails, mil, mil, mil de tudo e tudo elevado a um expoente que transforma os mil em muitos, muitos mil.

Apercebo-me, como se me pusessem uns óculos de realidade aumentada, excessivamente nítidos, quase insuportavelmente saturados, que há gostos para tudo, conceitos díspares a propósito de tudo, teorias para tudo. Não que não o intuísse, não que não o soubesse da minha vida real. Mas a amostra era curta: era apenas a realidade que eu conhecia. Agora a amostra é o mundo. Aparecem-me imagens e vídeos e palavras de todo o mundo.

E, no entanto, se, ao fim do dia, eu quiser dizer o que é que me ficou de tudo o que vi, vou ter a maior dificuldade. Talvez fiquem umas palavras límpidas ou uma pintura singela de alguém que já conhecia de outras paragens e que fui ali encontrar, talvez as imagens genuínas e as palavras espantosamente sinceras e simples da Gina, talvez uma forma engraçada de dobrar camisolas com capuz.

Mas aquilo é o mundo. Uma tremenda cacafonia em que parece que o que é mesmo relevante se esbate no meio de tanta exposição.

Fica-me, isso sim, a vontade de silêncio, de alguma reclusão, de regresso às origens, às flores, à terra molhada, ao canto dos pássaros, a vontade da amabilidade sincera, simples, autêntica, a saudade de palavras transparentes.

Debruço-me, então, e vou em busca de uma pedra, de um cogumelo, de um líquen, de uma gota de água a escorrer de uma folha, do reflexo de uma nuvem na água que fica sobre a terra.

E depois é isso. Só isso. O reino da beleza das coisas simples. E chega-me.



O rapaz-pássaro

 

Samuel Hendersen tem 11 anos e imita, na perfeição, o canto de 50 pássaros. É autista e tem síndrome de Tourette e, no recreio, isolava-se dos colegas para ensaiar o canto dos pássaros. Por isso, os outros meninos não conheciam as suas habilidades.

Quando se colocou a hipótese de o levar a um palco onde pudesse mostrar o seu talento, a mãe morreu de medo com medo que as outras crianças troçassem e o fizessem sofrer.

Mas o que aconteceu foi que, depois da estranheza, os colegas ficaram surpreendidos e rendidos. 

Samuel, o menino um pouco peculiar, é agora o mais conhecido da escola.

E eu comovo-me quando vejo crianças que, por serem um pouco diferentes, são olhados com estranheza fazendo com que os pais se sintam ainda mais angustiados.

Não sabia que um rapazinho desta idade poderia ter Síndrome de Tourette mas, pelos vistos, pode. Contudo, neste caso, os sons que emite são o canto de pássaros.

11-year-old boy who can imitate 50 birds wows at school talent show

domingo, abril 06, 2025

A tristeza de ver vidas interrompidas. E a beleza das flores, tão efémeras

 

Uma árvore gigante levantou-se do chão. Anos e anos e anos para ficar daquele tamanho e, num instante, o vento destruiu-a. Um desgosto muito grande.

Custa ver uma coisa assim. Na aparência ainda está viva. Aliás deve mesmo estar viva. Mas, infelizmente, não há possibilidade de a salvar. 

A terra está tão molhada, tão ensopada, que o vento não encontrou resistência.

Mais à frente uma outra, enorme, tombada, o canteiro todo partido. Não foi o único mas um bem pior e mais periclitante que o outro.

É a segunda vez que o vento faz grandes estragos por aqui, in heaven. E é sempre com o coração apertado que os vejo. Gostava que as minhas queridas árvores durassem para sempre. Sei que a vida leva algumas mais cedo e isso eu compreendo. De vez em quando, algum pinheiro seca. Fica de pé mas está sem vida. Isso não me custa tanto. O que me custa é ver árvores fortes, saudáveis, e, por um cruel golpe de vento, serem derrubadas.

Mas, pronto, é o que é. Agora é ver como resolvemos tudo isto. E bola para a frente.

A terra está coberta de musgos, de líquenes, de ervinhas, tudo verde. O ambiente húmido, frio, oxigénio puro, limpo, fresco, cheio do canto dos pássaros.

As videiras estão a rebentar, muitas folhinhas, tudo molhado e viçoso. Muita beleza. A natureza mostra-se pujante, fértil.

Até os troncos das árvores estão cobertos de líquenes. E há florzinhas de toda a espécie, cor e feitio. Maravilho-me. A simplicidade e a espontaneidade maravilham-me.


E depois há nuvens quase etéreas em verde. Creio que será funcho. Não sei se será comestível mas receio arriscar. Se calhar, numa salada com alface e coentros, ficaria muito bem. E estar a incluir na minha corrente sanguínea algumas destas plantas seria pura magia. Mas sou medricas. E se esta variedade é venenosa? Ou se me provoca alguma alergia?

Devia trazer cá algum ou alguma botânica... Mas não conheço nenhum/a.

Portanto, não os comendo, em contrapartida, fotografo -- de longe, de perto, de cima, de baixo. Parece-me tule, parece-me um vapor, parece-me quase irreal.


E depois os lírios. Uma beleza rara, exótica. Uma perfeição muito além do que é normal. Umas cores, uma delicadeza. Podia ficar horas a filmar (aliás filmei para o Instagram). Mas tem choviscado, nunca dá para estar muito tempo pois logo vem um aguaceirozito.

E, neste mês de águas mil, parece que este domingo também promete. As rochas escorrem, tudo escorre. Até a casa, quando chegámos, estava húmida, fria, incómoda. O que vale é que a salamandra e o ar condicionado já resolveram o assunto.

Mas já viram bem a incrível perfeição desta flor? O raiado, as subtis nuances, a intimidade resguardada, a fragilidade... 

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Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, abril 05, 2025

Lamento mas não são passarinhos a comer os meus flocos de aveia. Isso tem que ficar para outro dia...

 

Ultimamente tenho feito flocos de aveia. Num tachinho com água deito uma pitada de sal, raspa de uma laranja ou de um limão, a casca inteira de uma tangerina, a tangerina ela própria, em gomos, um pouco de canela e os flocos (suaves ou pequenos ou lá o que é) de aveia. Deixo ferver mexendo sempre, senão pega-se ao fundo, e, depois de começar a fazer bolhinhas, mexo mais um pouco, um minuto talvez, e desligo. Está feito. 

Ao pequeno almoço, como sou lambona, misturo uma colher de sopa daquela papa no kefir, misturo também umas sementes (como quero ver se perco mais algum peso, controlo-me e não misturo também uma mão cheia de nozes e amêndoas e arandos e tudo o que calhar), misturo uns pós de latte dourado... e fica uma maravilha. 

O meu marido come as papas de aveia, mas apenas isso, e nem consegue conceber como é que alguém consegue gostar das mistelas que eu faço. Por isso, mantém-se dentro do peso ideal sem qualquer esforço enquanto eu é o que é.

Mas durante muitos anos ninguém se lembrou de comer papas de aveia. Por isso, há algum tempo descobrimos um pacote de flocos esquecido, já completamente fora de prazo. Em vez de deitar para o lixo, tive uma ideia: iria espalhar os flocos no pátio para atrair os passarinhos. 

Só que, com a chuva, fui retardando. 

Há uns dois ou três dias, estando sol, pensei que era a altura. Espalhei, então, os flocos no dito pátio e sobre a relva. Pensei que os passarinhos desceriam de imediato dos céus para se banquetearem. Fui a casa buscar o telemóvel pois pensei que iria fazer uma reportagem extraordinária. Só que, do nada, começou a chover. Claro que fui a correr apanhar a roupa que estava alegremente ao sol. Entretanto, o cão recolheu-se também e fui limpá-lo. Conclusão: nem mais me lembrei dos flocos de aveia. 

Quando me lembrei, os flocos tinham desparecido. Ia até a pensar que poderiam estar feitos em papa. Mas nada. Desaparecidos da superfície do planeta. Se a chuva os lavou e arrastou e se diluíram na terra ou se a passarada se atirou e os devorou em três tempos, não sei. O que sei é que as belas imagens que eu desejava ter feito com espécies raras, aves de belíssima plumagem, quiçá até avestruzes, não aconteceram.

Mas, em contrapartida, tenho aqui um vídeo adorável. Lindo, lindo. 

Relax with the Cornell Lab's 21 Favorite Bird Videos from 2024

The Cornell Lab of Ornithology's Macaulay Library collects and archives videos, photos, and sound recordings of wild species from around the world.  This year, we combed through all 33,000+ recordings that users uploaded to the archive in 2024, looking for our favorites. We searched all seven continents to bring you this compilation highlighting fascinating species, intriguing behavior, stunning beauty, and skillful cinematography. 


Desejo-vos um belo sábado!

Be happy.

sexta-feira, abril 04, 2025

E ele aí está.
Com 83 anos, uma lucidez assertiva, uma esperança indestrutível, uma energia contagiante, uma fantástica capacidade de comunicação.
Bernie Sanders contra o trumpismo (autoritarismo, oligarquia, estupidez)

 

Interrogo-me, com alguma frequência, quantos mais anos terei de vida útil, isto é capacidade de me manter autónoma, independente, lúcida, com a maneira de ser que hoje tenho. Faço contas, comparo com o percurso dos meus pais. Temo que surja algum acidente (como o AVC que quebrou o meu pai, que levou a mãe dele e vários outros dessa linha familiar) que intercepte o que, já de si, não é um período folgado. 

Mas, mesmo que nada de grave ou degenerativo me aconteça, imagino que daqui por uns quantos anos comecem a falhar algumas das minhas actuais faculdades. É a lei da vida: somos assim, efémeros, seres que resultaram dum acaso e que se vão aguentando, sabe-se lá como, no meio de condições muitas vezes completamente precárias.

Mas depois vejo um homem como o Bernie Sanders e penso que há pessoas que transcendem as expectativas. Tem 83 anos. Poderia pensar que já não será na vida dele que vai ter de volta uns Estados Unidos livres, democráticos, justos, inclusivos. Mas, em vez disso, aí está ele. Determinado, pujante. Dá entrevistas, grava vídeos, está nas redes sociais, participa em comícios. Está a querer que o povo se levante, se organize, lute. 

Acredita, do fundo seu seu coração, que não há lutas impossíveis.

Um exemplo que me comove.

Where Do We Go From Here?

Yes, the oligarchs are enormously powerful. They have endless amounts of money. They control our economy. They own much of the media.

But, from the bottom of my heart, I am convinced that if we are well-organized, they can be defeated.

My thoughts on the current moment:


Como destruir a democracia

 

Começou num sítio, surtiu efeito, começou a ser imitado, resultou, e já estava a fazer escola, e, em todo o lado, resulta, e, às tantas, já são as pessoas a querer disto. Votam no impensável. De sua livre vontade escolhem a pior opção possível, a mais nefasta.

Assim acontece um pouco por todo o lado. Talvez tenha sido a Rússia a espalhar a semente mas agora já está aquém e além mar.

O vídeo abaixo aborda a actual realidade americana mas vê-se e percebe-se que é isto.

HOW TO DESTROY A DEMOCRACY (1952)
Trump's five step plan for destroying a Democracy. 

quinta-feira, abril 03, 2025

O PSD já é mais populista que o Chega?
Já não há gente decente no PSD? O Montenegro e o Hugo Soares dissolveram a decência em todo o PSD?

 

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Estou incomodada com o que está a passar-se. Isto do Conselho de Ministro em pleno Bolhão e todo o desfile pela Rua de Santa Catarina excede os limites. A convocatória de militantes para fazerem uma arruada é mau demais, parece coisa impensável entre gente decente.

Espanta-me que Marcelo não faça nada. O que o PSD está a fazer atenta contra a inteligência e a tolerância dos eleitores.

E liguei a televisão na RTP 1 antes das 20h e tive a pouca sorte de aterrar dentro de um tempo de antena do PSD e assisti a um exercício de propaganda eivado de alto a baixo de falsidades, de manipulações, de provocações. Quando acabou estava agoniada. Um ultraje, tudo aquilo.

A Comissão de Eleições ou o Presidente da República vão assistir a isto sem fazer nada?

Nem o Chega actua assim, com tanto desplante. E, quando fazem perguntas a Montenegro, nem o Ventura responde com tamanha desfaçatez.

Montenegro está pois, a toda a força, a ultrapassar o Ventura em demagogia, em populismo, em indecência. 

quarta-feira, abril 02, 2025

Clara Ferreira Alves e a 'manosfera' - a 'percepção' em vez da estatística
-- Isto para não dizer: a ficção em vez da realidade --

 

Li com algum espanto e até alguma pena o artigo da Clara Ferreira Alves no Expresso, "Manosfera, manual de combate". 

Parece que existe uma manosfera. Sempre existiu, sem ter meios de comunicação tecnoinclusivos ou nomenclatura e sociologia a gosto. Welcome to my world.

No mundo em que nasci, o da expansão económica do pós-guerra, e do nascimento das marchas e lutas dos direitos civis, a violência masculina era um dado adquirido. Nascer mulher era não só nascer imiscuída nessa violência e prisioneira dela como nascer forçada a aceitar essa violência. E considerá-la parte do estádio civilizacional da época. Ou seja, normal.

Começava em casa. O pai, ou pater familias, era o único detentor do poder paternal, do poder financeiro e do poder disciplinador, que exercia com maior ou menor benevolência. A mãe era o polícia bom, o pai o polícia mau, chamado a depor no tribunal do casal sempre que havia a ameaça de desobediência ou rebelião. (...)

Na minha família não havia sevícias físicas, mas a violência verbal do pater familias era assustadora. Era uma violência exercida sobre toda e qualquer liberdade residual que uma rapariga ousasse ter. O mundo estava medido e escolhido para ela. O que podia e não podia fazer era designado desde o nascimento, mesmo quando se aceitava que a rapariga estudasse. E “estudar” num curso dito superior não era assim tão comum. Mais comum era fazer o liceu, o secundário, e a seguir arranjar um emprego, talvez de secretariado, uma posição subserviente, ou de qualquer modo um emprego que implicasse saber datilografia. Escrever à máquina. Na pequena burguesia da época, a capacidade era considerada um trunfo. A seguir, a rapariga casava e o marido teria de ser alguém aceite pelas duas famílias. Depois de casar-se, a rapariga seria mãe e colocar-se-ia numa situação financeira de pura dependência em que era norma aceitar as infidelidades conjugais. (...)

Na escola de repetentes, fui confrontada pela primeira vez com abortos, alunas lésbicas, e as “galdérias”, as raparigas que tinham dormido com rapazes. Pairava uma insurreição na escola, e a violência no recreio era bestial. De besta. Dos rapazes sobre as raparigas. Era uma coisa nova, e foi uma educação. Descobri que fora do estreito círculo feminino, oprimido, a relação entre os sexos era eminentemente violenta.(...)

Ao longo da vida, as situações de violência e discriminação que tive de enfrentar ou sofrer, e foram muitas, não cabem aqui. Assisti a muitas mais. Mesmo depois do 25 de Abril, que mudou tudo e não mudou logo tudo, a violência continuava, exercida muitas vezes na clandestinidade. Como os abortos. Como as violações, nunca reportadas. A posição subalterna da mulher era um dado adquirido e sofrida em silêncio. A trabalho igual nunca salário igual. E continua. 

(...)

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Como escrevi acima, tudo o que aqui leio me espanta. Sou contemporânea de Clara Ferreira Alves. E, no entanto, se eu fizer uma resenha do que têm sido os 'meus tempos' e qual a minha experiência, quer como interveniente directa quer como espectadora, seria totalmente diferente.

O ambiente em que vivi nunca foi violento. Nunca testemunhei violências. Não digo que não houvesse violência. Haveria. Mas da mesma forma que não consigo dizer que eram tempos absolutamente tranquilos, todos eles peace and love, também me parece abusivo retratá-los como um farwest.

Em minha casa trabalhava o meu pai e trabalhava a minha mãe. Opinavam e decidiam de igual para igual. Talvez uma parte significativa das mães dos meus amigos não trabalhasse, até porque era um meio relativamente burguês, mas muitas trabalhavam.

Além disso, todas as minhas amigas desde a infantil, à primária prosseguiram para o secundário. E a grande maioria das minhas colegas de liceu seguiram para a universidade. E há várias engenheiras, gestoras (e médicas e professoras e psicólogas, incluindo de germânicas, e uma escultora e sei lá que mais). Todas escolheram o que quiseram. Se há alguma Secretária, desconheço. Não que isso fosse mau - simplesmente não era regra nem imposição nem coisa nenhuma.

A regra também não era casar, ter filhos e ficar na dependência do marido. Não conheço uma única que tivesse ficado na dependência do marido. E a minha melhor amiga engravidou antes de casar e eu e todas as minhas outras amigas não engravidámos porque tivemos mais cuidado.

O liceu em que andei era misto mas as aulas e os recreios não eram mistas. Contudo, no meu 3º ano, actual 7º, tal como aconteceu com Clara Ferreira Alves, criaram turmas piloto. Mas o piloto traduzia-se em serem mistas. Os melhores alunos, femininos e masculinos, na mesma turma, a turma A. A partir daí o liceu passou a ter um encanto suplementar. Nunca, nunca, nunca, houve qualquer episódio de violência masculina sobre as raparigas. Pelo contrário, eram os tempos da pré-adolescência e depois da adolescência, em que nos encantávamos uns com os outros. Havia sempre alguém que fazia anos e fazia festas em que se dançava, íamos ao cinema, só miúdos, no verão íamos à praia, um grande grupo supostamente vigiados pela mãe e pela tida de uma das minhas amigas.

Depois do 25 de Abril, na faculdade, nunca, nunca, nunca assisti a nenhum episódio de violência de rapazes sobre raparigas. Zero. Eram tempos de maravilhosa liberdade, de afecto, de descoberta.

Comecei a trabalhar aos 20 anos, dando aulas. Quer a nível de alunos e alunas quer a nível do corpo docente, nunca assisti a qualquer violência masculina. Nunca.

Tinha ainda 22 quando me mudei para o ambiente empresarial, indo trabalhar para uma das maiores empresas do País, uma empresa em que a larga, muito larga, a larguíssima maioria dos funcionários, incluindo os dirigentes, eram homens. No transporte para lá, eu era a única mulher. Durante anos só lidava com homens. Nunca fui alvo de violência, desconsideração, desrespeito. Nunca. Sempre ganhei o mesmo que os meus colegas homens. Progredi profissionalmente e em pouco tempo integrei o corpo de dirigentes. Durante muitos anos era a única mulher nas reuniões de gestão. Nunca me senti inferior, inibida ou prejudicada. 

Com o tempo começaram a aparecer mais mulheres em todas as funções, sempre a par e par com os homens. 

Nunca soube de violações mas assisti a vários momentos de assédio e todos eles foram de mulheres sobre homens. E, identicamente, nunca assisti a casos de assédio de homens mais 'poderosos' sobre mulheres em situação de 'inferioridade hierárquica' mas, pelo contrário, a mulheres que faziam de tudo para terem um caso com o doutor, o engenheiro, o director. 

Por isso, se não posso dizer que o artigo de Clara Ferreira Alves é pura ficção ou um disparate sem pés nem cabeça, o que posso dizer é que tendo eu trabalhado sempre em empresas muito grandes, frequentado meios muito diversos e sendo uma pessoa razoavelmente informada, o testemunho que posso partilhar é o oposto.

Sei que há casos, certamente mais do que deviam, até porque deviam ser zero, de violência de homens sobre mulheres -- mas estatisticamente são marginais. E claro que ainda há muitos grunhos, machistas, marialvas, abusadores. Mas são uma minoria. Os que há não chegam para tornar a sociedade, no seu todo, um antro de homens violentos, estúpidos, assediadores, prepotentes.

Uma das coisas que sempre achei nocivas para a sociedade no seu todo é a atitude das mulheres que se colocam no patamar em que Clara Ferreira Alves se põe: a de vítima, de ser inferior ou inferiorizado perante os homens. Em toda a minha vida pessoal e profissional nunca, nunca, nunca me apresentei assim ou me coloquei nessa posição. Nem tal me passou pela cabeça. E tendo chefiado durante quase toda a minha profissional grandes equipas, inicialmente predominantemente masculinas mas progressivamente cada vez mais totalmente mistas, nunca nenhuma pessoa das minhas equipas me acusou de privilegiar uns ou outros em função do sexo. 

O artigo da Clara Ferreira Alves deixou-me, pois, algo incomodada. E a única explicação que tenho para o que ela escreveu é que ela está a deixar-se tomar pela grave e, pelos vistos, contagiosa doença das percepções.

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Desejo-vos uma boa quarta-feira

terça-feira, abril 01, 2025

Jardinar. Pintar com flores.

 

O dia teria sido todo muito bom (festejando o aniversário de um carneiro muito querido) se não tivéssemos depois, no regresso a casa, apanhado um trânsito que, tal a demora, acabou por se misturar com o normal congestionamento de fim de tarde. Anos e anos metidos em filas de trânsito tornaram-nos alérgicos a isso. 

Eu ainda tentei adoptar a estratégia que seguia naquelas alturas: se não posso fazer mais nada senão deixar-me estar e seguir ao ritmo a que vai o resto do rebanho, já o meu marido vinha numa impaciência crescente...

E, depois de termos estado a almoçar numa esplanada (coberta) num belo dia de verão, quando chegámos a casa o céu estava quase coberto e pingava.

Parece que a chuva vai estar de volta e, se não for uma chuvada pegada e se não arrefecer estupidamente, posso até não me importar muito. 

Afinal. está tudo viçoso que dá gosto. Há florzinhas por todo o lado, ervinhas e mais ervinhas, tudo rebenta numa grande alegria, uma primavera pujante.

Por exemplo, as florzinhas amarelas (Euryops pectinatus?) estão floridas e rebentam por todo o lado. O alecrim floresce em força, as glicínias pendem em lindos cachos lilases. E por entre a relva há florzinhas do campo que eu teimo em que aí fiquem.

Jardinar é pintar? Ou é apenas cuidar? Amar? 

O vídeo abaixo enternece-me. 

Art Of Gardening: A Painter's Garden With Anne Ngan

segunda-feira, março 31, 2025

A importância dos trabalhos manuais

 

Gostei de ver o vídeo que aqui partilho. Aliás, gosto sempre de ver os vídeos deste médico. Neste caso ele aborda um tema que, para mim, sempre foi caro: a importância dos trabalhos manuais. 

Aliás, não por acaso, o algoritmo do Instagram já me topou e passa a vida a mostrar-me cabeleireiros a fazer cortes de cabelo que me dão vontade de sair por aí a arranjar gente que me deixe cortar-lhe o cabelo, gente a fazer bolos ou cozinhados, gente a fazer pinturas, arranjos florais, dobragens, arranjos de móveis, até a dobrar roupa de forma a optimizar o espaço dentro de malas de viagem. Se antes me apareciam influencers a fazerem unboxing de livros (tenho aprendido algumas terminologias...) , coisa que me deixava possuída e cheia de vontade de os imitar fazendo vídeos malucos, ou a maquilharem-se ou a mostrarem outfits (e, justamente, este domingo fiz uma reel * -- ah, termozinhos mais fofos... -- a parodiar essa de me mostrar a realizar a minha rotina não de skincare mas de maquilhagem) agora já fez a agulha para actividades mais concretas. 

No vídeo abaixo, o médico não inclui a escrita como um hobby de trabalhos manuais mas eu acho que é. Posso até garantir que, por vezes, os meus dedos tomam as rédeas do processo e escrevem sem que a cabeça saiba o que eles estão para ali a sapatear no teclado. Escrever também me activa, também me concentra, também me desliga das maçadas de que o mundo está a deitar por fora.

De qualquer forma, de tudo o resto que ele fala, eu sinto um apelo grande para fazer. Por exemplo, ultimamente ando com vontade de fazer um poncho de crochet todo às cores, incluindo com fios com brilhantes coloridos. Danadinha. Danadinha para fazer uma piece of art.

Por vezes penso que um dia destes ainda vou ter que me render e voltar a organizar-me através de agenda, como quando trabalhava e tinha a agenda sempre enervantemente cheia, só que para fazer assim: das 15 às 16, crochet, das 16 às 17, tapete de arraiolos, das 17 às 18, pintar, das 18 às 19 caminhada, das 19 às 20 fazer o jantar, ver os mails, o blog, fazer os telefonemas à família, etc. A escrita, provavelmente, ficaria para o slot (ah... a falta de saudades que eu tenho de quando me andavam a perguntar qual o slot que eu tinha disponível) das 23 às 2 do dia seguinte. A manhã ficaria para a caminhada da manhã e para o ginásio três vezes por semana e, no intervalo, para algumas compras, lavagens de roupa, arrumações e afins.

É que, se não for assim, ou seja, se não começo a organizar-me, vou deixando mil coisas para trás. 

Mas, enfim, isto para dizer que mil vezes mais andar entretida com coisas concretas do que perder tempo a 'conhecer-me melhor', a reflectir sobre as coisas da vida, a olhar para ontem ou a pensar na morte da bezerra. Não quero com isto dizer que quem o faça seja mais infeliz que eu. Quero é dizer que esta forma de usar o tempo que a vida tem concedido a graça de colocar à minha disposição me traz bem estar, motivação, alegria. 

E, pelo que o Dr. Drauzio Varella diz, faz bem ao corpo e à alma. Portanto, assim seja. Valeu.

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* Se soubesse colocaria o link para a story acima referida, o vídeo que coloquei no instagram a mostrar como me maquilho. Mas não sei. Ainda não sei bem manusear aquilo. Para os posts ou feeds ou lá como se chama aquilo, sei como partilhar o link. Para a story não sei. Para se ver, carrega-se na fotografia do perfil. Mas creio que quando coloco uma story nova, a anterior vai à vida. Mas, pronto, se tiverem curiosidade vão até lá e experimentem. Quando enviei o vídeo para a minha filha ver protestou... Aliás, começou por me enviar uma mensagem a dizer medooooooo.... Os meus netos, a quem ela mostrou, também ficaram chocados. Ao telefone fartaram-se de protestar. Não compreendo a reacção. Eu gostei de fazer. E estou a fazer e já com ideias para fazer outros ainda mais sui generis. E o meu marido, quando lhe mostrei, riu-se. E, no fim, concluiu o que sempre conclui: 'Só te dá para coisas dessas, maluquices...'. Mas vi que estava divertido. 

Enfim. Cada um faz o que pode. Um dia faria obras mais apuradas.

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Adiante. 

A importância de ter hobbies e fazer trabalhos manuais

Hoje, a tecnologia resolve tanta coisa para a gente que esquecemos de usar a mente. Com isso, o cérebro deixa de ser estimulado, o que pode levar ao declínio cognitivo.

As atividades manuais são ótimas não só para exercitar a mente, mas também para reduzir o estresse, aumentar a sensação de bem-estar e ajudar na prevenção de doenças neurodegenerativas.

Neste vídeo, Drauzio fala sobre a importância dessas atividades.


Um cão cantor que acompanha na perfeição Naomi Watts e Jimmy Fallon

 

A ver se consigo ver este filme. Acho que o cão é um espanto e já tinha ouvido o Bill Murray a dizer maravilhas dele. De vez em quando há filmes que têm como grande protagonista um cão e geralmente ficam mais para a história do que os humanos que com ele contracenam.

E, de qualquer forma, é bom que se dê destaque a animais que são inteligentes, sensíveis e amigos. Pode ser que assim vá caindo em desuso a estupidez de considerá-los seres inferiores.

Naomi Watts Invites Jimmy to Perform a Song with Her 150lb Great Dane Co-star Bing

domingo, março 30, 2025

Montenegro & Hugo Soares, Unlimited
Farinha do mesmo saco...? Os outros que paguem impostos...?
-- A palavra ao meu marido --


Agora veio a saber-se que há uma investigação do MP (curiosamente, provavelmente, a única investigação que até agora se manteve em segredo de justiça) sobre as atividades da sociedade de advogados do Montenegro, incluindo um parecer assinado pelo Luís sobre a maior obra pública da CM de Espinho quando presidida pelo um militante do PSD agora a ser julgado por várias acusações. O Montenegro terá assinado pelo menos um parecer que contraria a opinião dos técnicos da Câmara e favorece a empresa que fez a obra para a Câmara de Espinho e que, por sinal, forneceu o betão para a sua luxuosa casa de 6 andares em Espinho. Há coincidências do caraças. 

Pelo que a Comunicação Social tem vindo a desvendar, no percurso do Montenegro existem demasiadas "coincidências do caraças". Aparentemente, são tantas que ele não consegue explicá-las. Não consegue ou não pode... 

Os que ainda não perceberam como atua o Montenegro e ainda o apoiam deveriam reflectir nisso..

Entretanto, soube-se ontem que o Hugo Soares, que é um verdadeiro grunho que chama nomes a tudo e a todos na AR revelando uma enorme falta de educação, também tem uma empresa imobiliária e de consultoria na qual é o único empregado, que faz negócios assaz interessantes/proveitosos com a venda de imóveis, um deles curiosamente envolvendo a família do gasolineiro que faz adjudicações "curiosas" ao Montenegro e cuja nora trabalha para a Spinunviva. Também aqui seria relevante que fosse feita uma auditoria à contabilidade desta 'empresa' para verificar se não será mais uma empresa que serve para pagar muito menos impostos e onde estão contabilizados despesas pessoais do Hugo e família. 

Soube-se também que o homem recebe uma avença mensal de 14.000 Euros (o Montenegro parece que no total recebia 15.000). Como é possível? Das duas uma: ou não faz nada como líder parlamentar do PSD e só trabalha "por fora" para conseguir ganhar os 14.000 ou não faz nada na "empresa pessoal" e recebe este dinheiro vá lá imaginar-se porquê e para quê.

Não esqueçamos que o Hugo Soares teve a lata de se dirigir aos deputados do Chega exortando-os, com uma veemência bastante vocal, a dizerem quantos detinham empresas imobiliárias.

Montenegro e Hugo, a hipocrisia e a mentira têm limites. Não vale tudo e ser político implica um comportamento que não têm. São trumpistas em toda a linha: negam verdades evidentes, acham que  a melhor defesa é o ataque e marimbam-se para os outros.

Evidentemente, devem ser corridos. Espero que os eleitores tenham a perspicácia necessária para não se deixarem levar e verem como é de facto a conduta destes tipos.

sábado, março 29, 2025

Outra confissão: ando a consumir canábis

 

Com o sol, o caracol põe os pauzinhos ao sol. E eu, que não tenho pauzinhos (pelo menos que saiba), faço outra coisa: tiro a roupa. Fui buscar o fato de banho, o chapéu de palha e dois livros. E acomodei-me na espreguiçadeira. E pensei: a felicidade pode ser isto.

Os livros são 'Os níveis da vida' de Julian Barnes, um escritor muito do meu agrado e 'Conversas com escritores' de Isabel Lucas. Interessantes. Fotografei-os e alimentei o feed do Instagram (entre outros feeds e outras stories que produzi... Ah o maravilhoso mundo do Insta, tudo tão instantâneo, tão easy...)

Não obstante o interesse dos livros, por momentos deixei descair o chapéu para cobrir parte da cara e deixei que o sono me tomasse nos braços. Estou em crer que coisa na base da rapidinha. Mas soube-me lindamente. Depois retomei a leitura, e com mais gosto.

Ao meu lado, o cão, também feliz. Depois de chuva e frio e vento, eis que a benfazeja primavera nos visita e nos puxa para fora de casa.

Devo ainda acrescentar uma outra informação. Agora que tenho Instagram, informo-me e desinformo-me a uma velocidade estonteante, quase como se ingerisse bebidas alcoólicas sob a forma de shots, naturalmente bebidos de penalti. E uma das coisas que me aparece recorrentemente é como é bom o óleo de rosa mosqueta. Já antes tinha sabido disso em vídeos brasileiros. Como no outro dia fui ao supermercado, fui à procura. E encontrei. Ao lado, vi outros óleos, entre os quais o de canábis. Apesar de desconhecer as respectivas virtudes, resolvi trazer também. Pensei: deve acalmar a pele. Não que andasse com a pele enervada... mas aumentar a calma é bom, até para a pele -- pensei.

E, claro está, mal chegou a altura de aplicar um creme no rosto, misturei-lhe umas quantas gotas de óleo de canábis e lá vai disto. Não gostei especialmente do cheiro. Mas, misturado com o creme, deixou de se sentir.

E no dia seguinte voltei a pôr. E gostei. Mas, às tantas, pensei: 'Mas será que aquilo se pode misturar com um creme qualquer? E será que não se destina a outro fim que não o que lhe estou a dar? E será que a dose é à balda?'. Ocorreu-me: imagine-se que é para pôr diluído em qualquer coisa num ambientador... Então resolvi ir investigar no ChatGPT.

Começou por me dizer que não contém THC (a substância psicoativa da maconha). Fiquei um bocado espantada. É que não me tinha ocorrido que pudesse ter. Havia de ter graça pôr aquilo na cara e ficar in the sky with diamonds. Mas não. Tranquilo. E afinal é coisa mesmo com virtudes.

✅ Hidratação intensa, sem deixar a pele oleosa.

✅ Rico em antioxidantes (vitamina E, ômega 3 e 6), ajudando a combater rugas e flacidez.

✅ Estimula a produção de colágeno, melhorando a firmeza da pele.

✅ Ação anti-inflamatória, ideal para peles sensíveis ou com rosácea.

✅ Equilibra a oleosidade da pele, ótimo para quem tem tendência a acne mesmo na maturidade.

Claro que recomenda que se aplique antes no pulso para testar eventuais alergias. Nunca o faço pelo que desta vez ainda menos pois já andava a aplicá-lo, sem quaisquer complicações. E estava a aplicar correctamente. Ainda não vi efeitos nenhuns mas, na volta, é como em tudo o que se refere à beleza: o que interessa é o interior.

Mas, portanto, agora já não posso dizer que nunca tive qualquer contacto com o canábis. Nesse particular, perdi a virgindade.

Isto já para não falar do que inalo -- e não é pouco -- quando passeio na Costa, em especial ao fim do dia, em especial ao fim de semana, em especial em frente de algumas esplanadas. Não há maresia que lhe faça frente, tanta a concentração...

Mas, pronto, é isto. Viva a primavera. E vai mudar a hora que é outra mais-valia. Portanto, vendo bem, viva mas é a vida.