De vez em quando constata-se o mesmo: há gente no Ministério Público que parece ter ódio a alguns políticos. Mas poderiam ser 'bem resolvidos', sentirem ódio mas saberem-no gerir, pelo menos conseguirem guardar isso para si. Mas não. São histriónicos e destravados na manifestação dos seus sentimentos. Perseguem aqueles que parecem odiar, desconfiam de tudo, cercam-nos, lançam uma teia de suspeição sobre eles.
Com isso, enlameiam a sua reputação, permitem (ou proporcionam?) fugas de informação para a comunicação social, demoram séculos deixando os suspeitos ou arguidos num limbo, a vida em suspenso, geralmente sem conseguirem exercer actividade profissional e gastando fortunas com a sua defesa.
O ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, foi esta sexta-feira absolvido de todos os quatro crimes de que era acusado no processo Tancos. (...) O coletivo de juízes considerou que Azeredo Lopes não teve conhecimento da existência de uma investigação paralela e do tipo de contactos mantidos para a recuperação do material furtado, além de que não tinha competência disciplinar sobre os militares da PJM.
Toda essa escumalha -- que é tão lesta a tentar destruir a honorabilidade das pessoas, apressando-se a sentenciar e a culpabilizar os que mais tarde virão a ser declarados inocentes --, quando se comprova o verdadeiro crime de difamação que andaram a cometer, assobiam para o lado e, como se não fosse nada com eles, tudo fazem para passar de fininho junto da opinião pública.
Em vez de fazerem programas e de escreverem artigos para se auto incriminarem e para tentarem perceber como puderam ser tão estúpidos, tão mesquinhos, tão injustos, tão desumanos... não senhor, passam a notícia na maior ligeireza e... está feito.
Não apenas deveriam pedir públicas desculpas àqueles a quem tudo fizeram para destruir como deveriam pedi-las também a todo o público a quem tentaram manipular e incitar ao apedrejamento.
A notícia da total inocência de Azeredo Lopes é de elementar justiça e creio que será uma vida nova para ele. Mas é mais uma página negra na Justiça portuguesa, é uma vergonha muito grande para a nossa democracia.
E todos quantos aceitam isto com indiferença estão, na prática, a permitir a banalização do mal.