segunda-feira, novembro 17, 2025

Sobre a banalização do mal

 

Lembro-me de um conhecido me contar que tinha estado num almoço em casa de um empresário que na altura era de referência no país, com alguns dos seus homens de confiança, com um ex-presidente da Câmara, com um ou dois ex-ministros,  e que, no meio da animada conversa em que as línguas se iam tornando mais soltas à medida que os bons vinhos iam subindo da bem fornecida adega do anfitrião, se teriam referido ao que na altura era presidente de uma das maiores empresas do país dizendo que 'esse gosta muito de meninos'. Esse meu conhecido ficou intrigado e estupefacto e quis confirmar se tinha percebido bem. Tinha. Entre risadas e piscar de olhos falaram das incursões da pessoa em causa nas noites Parque Eduardo VII. Isto antes do escândalo Casa Pia.

O meu conhecido ficou chocado com a forma 'normalizada' como todos aparentemente sabiam e fechavam os olhos, aparentemente achando até uma certa graça. Para eles, parecia que o grande administrador gostar de meninos estava ao mesmo nível de gostar de usar o cabelo penteado de uma determinada maneira ou só usar sapatos feitos por encomenda numa certa casa italiana ou ter um gosto refinado a nível de obras de arte. Excentricidades, idiossincrasias, particularidades inócuas próprias de quem tem dinheiro e poder.

Ao ouvir isso, fiquei estarrecida. E incrédula. Não encaixava na imagem que tinha dele. 'Mas será verdade?''. Era pessoa conceituada no país, politicamente relevante, profissionalmente reconhecida. Eu não o conhecia pessoalmente mas conhecia quem o conhecia e sempre tinha ouvido falar dele e da mulher, dele e da sua casa de praia onde recebia os amigos, dele e do prestígio como bom profissional. Na altura, para mim isso era incompatível com ir 'aos meninos'. E que meninos eram esses? Se me tivesse falado de ir às prostitutas, eu teria ficado chocada mas percebia. Por exemplo, as mulheres nas esquinas ali nas ruas na zona do Técnico eram bem visíveis. Agora 'meninos'...? No Parque Eduardo VII? Parecia-me uma história estapafúrdia.

Mas, a ser verdade, igualmente chocante era todos saberem e ninguém o denunciar, e todos continuarem a conviver com ele -- como se 'ir aos meninos' não fosse uma perversão, um crime. 

E, volto a dizer, isto foi antes, embora pouco antes, de ter rebentado o escândalo da Casa Pia.

Leio o artigo do Guardian, The banality of evil: how Epstein’s powerful friends normalised him - David Smith, e é nisso que penso. Toda aquela gente sabia e todos se mantiveram amigos dele, todos mantiveram o relacionamento estreito. Mesmo depois da primeira condenação, continuaram a ser amigos chegados. Mesmo sabendo que continuava a abusar de meninas. Como se fosse normal. Isto se é que eles próprios, amigos do condenado, não continuaram a fazer o mesmo. E, pela troca de mails, vê-se como a erosão moral se estende à política. Epstein a ajudar os russos a lidar com Trump, Epstein amigo do peito de Bannon, conselheiro de Bannon sobre como melhor dar cabo da Europa. Todos em torno de Epstein. Epstein, Epstein.

Não tenhamos dúvidas: as pessoas com vidas simples, as boas pessoas, provavelmente nem sonham qual a dimensão do mal que pode habitar a cabeça dos que se acham donos do poder, da influência e da impunidade suficientes para tudo fazer. Roubar, extorquir, chantagear, abusar, manipular, ocultar provas, comprar o silêncio, subornar -- tudo actos normais para certas pessoas que se vão tornando coniventes umas das outras.

Vale a pena ler o artigo. 

E vale também a pena ver e ouvir a entrevista de Joanna Coles a Mary Trump, a sobrinha renegada pelo homem mais poderoso do mundo. Partilho esse vídeo.

Este mundo em que vivemos brinda-nos com um realidade que supera a mais imaginativa e pervertida das imaginações.

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Why Seeing Epstein and My Uncle Donald Haunts Me | The Daily Beast Podcast

Mary Trump joins Joanna Coles to pull back the curtain on the Trump family and the man at its center. She recounts a childhood spent seeing her uncle everywhere, the opulent parties that doubled as power plays, and the lessons learned about a man who thrived on attention and control. Mary dissects Donald’s core pathologies—from his craving for wealth and status to the public slips and impulsive behaviors that now define him. She warns that the real danger isn’t just Trump himself, but the enablers who prop him up and profit from his rise. From her perspective as a clinical psychologist and family insider, Mary asks: when the myth collapses, what happens to those left in its wake?


Desejo-vos uma boa semana

domingo, novembro 16, 2025

Já há até quem diga que, afinal, o entusiasmo pelo Big Beautiful Bill já vem de trás

 

Talvez o jornalismo venha a noticiar, de forma estruturada, o que já se vai sabendo. Talvez os historiadores consigam contar a história ainda estando ela a fumegar. Seria útil.

Os ficheiros ainda não foram divulgados mas, enquanto o pau e vem, folgam os que vão vendo os mails que, mais ou menos a conta-gotas (a conta-gotas  ou à chuveirada), vão sendo libertados.

E, não sendo a informação devidamente tratada, tudo é pasmo e quiçá especulação. Pode até acontecer que tudo seja verdade mas tudo é de tal forma estapafúrdio que penso que todas as dúvidas são legítimas.

Não são apenas os nomes envolvidos, que são mais que muitos, variados, alguns antes supostamente insuspeitos. É também a dimensão da trama, o perverso e louco e inverosímil que é tudo. Vai-se sabendo e vai ficando cada vez mais difícil de assimilar.

É, pois, natural, que toda a gente que gosta de parodiar a realidade tenha muito por onde pegar. Maggie Reed não perde uma. E diverte-se à brava.

Já aqui abordei o tema -- aquele mail em que, em poucas palavras, Mark se dirige ao mano Jeffrey, fazendo-lhe uma pergunta em que se junta o Trump, o Putin, o Bannon e um tal Bubba, e que deixou as redes sociais ao rubro. Hoje partilho alguns dos vídeos em que Maggie Reed goza que se farta.

Entretanto, parece que Mark Epstein já veio dizer que aquele mail não passou de uma brincadeira entre irmãos e que não metam o Clinton ao barulho, coisa que parece que também não está a ser levada muito a sério.



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Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, novembro 15, 2025

Arrumações e a minha Carta Astral (via ChatGPT)

 

De vez em quando desce em mim o espírito da maria arrumadeira e, então, santa paciência, levo tudo à frente. Desta vez acordei a pensar que ia dar a volta a parte da minha roupa.

O meu quarto tem um closet. Tudo foi concebido pelos anteriores proprietários. Se há coisas em que penso que eu não teria feito melhor, outras há em que nem percebo a lógica. São uns belos armários, é tudo em boa madeira, bem bonita, mas jamais eu teria concebido aquela organização. Vai até ao tecto mas, por exemplo, tem gavetas fundas lá em cima. Mesmo indo eu buscar aquele banquinho do ikea para alcançar mais alto, abro a primeira das gavetas mas não consigo ver o que lá estaria dentro (se eu lá pusesse alguma coisa). O meu marido diz que tem que se usar escadote. Mas agora vou à garagem buscar o escadote de cada vez que quero guardar ou buscar alguma coisa daquelas gavetas? Nem pensar. Por isso, por cima está tudo vazio. Pensei abolir as gavetas e ficar apenas um espaço aberto. Mas fundo como é e tão alto, como desencanto lá alguma coisa? É para esquecer.

Mas. mesmo na zona mais acessível, também é dúbio. De qualquer forma, a distribuição dos espaços ainda era a de quando para cá viemos em que o meu marido ficou com umas partes e eu com outras, mas não verdadeiramente muito bem pensado. Por exemplo, uma zona ainda estava com caixas de máscaras, imagine-se. Estavam para ali esquecidas, a ocupar espaço. Outra zona tinha coisas ad hoc como dois medidores de tensão, um oxímetro, um cinto do meu marido ainda por estrear, coisas assim. Com a falta de espaço para as minhas coisas, a solução passou por retirar aquelas coisas dali e ficar o espaço livre para mim.

Quando eu trabalhava, usava sobretudo camisas ou proto camisas (blusinhas de seda ou afins, de decote em bico com uma preguinha ou um folhinho à frente). Tinha-as de todas as cores e feitios, lisas ou estampadas, e em todas as derivações possíveis e imaginárias. E ainda as tenho mas raramente as uso. Agora uso blusas mais desportivas, mais simples e, no inverno, mais quentes. Quando trabalhava não usava roupa quente pois os espaços em que estava eram aquecidos. Agora, aqui, vou caminhar, vou ao ginásio, às compras, ao jardim, etc, e, no inverno, tenho que usar blusas totalmente diferentes das de antes. E era para todo esse novo guarda-roupa que precisava de um espaço em que pudesse ter tudo devidamente organizado e arrumado. Então, depois de esvaziar aqueles dois bons compartimentos, fui aos outros em que as minhas camisolas estavam mal arrumadas, tirei tudo para fora, organizei por tipo e por cores, separei as de verão das de meio tempo e de inverno, dobrei tudo direitinho e fiz montinhos civilizados, geríveis, arejados. 

E fiquei feliz. Gosto muito de fazer este tipo de coisas.

E fiz um entrecosto com favas que também ficou macio, saboroso, com um molhinho encorpado, guloso. 

E ao fim do dia dei uma volta pelas notícias e pelos blogs e pelos instas. E li uma coisa que despertou a minha atenção. O Homo Viator pediu -- provavelmente ao chtgpt -- um horóscopo. Achei um piadão à forma desconstruída como ele fala disso. Vai daí pensei: caraças, como é que eu nunca me tinha lembrado disso? Vai daí fiz o mesmo. Pedi a minha carta astral e previsões para os tempos mais próximos. 

Como sou preguiçosa não vou dar-me ao trabalho de a desconstruir. Copio-a quase integralmente embora não a parte das previsões mês e mês ou por tipo de assunto (saúde, amores, finanças, trabalho) senão ficaria extenso até dizer chega. 

Fiz depois a dos meus filhos para ver se eram diferentes (não fosse isto ser chapa 4) e se faziam sentido. E são muito diferentes e fazem sentido, curiosamente parece-me tudo na mouche.

Aqui claro que só ponho as minhas cenas. Fica aqui para memória futura.


🌟 MAPA ASTRAL COMPLETO

🌞 Sol em Caranguejo

Identidade sensível, cuidadora, empática, com uma mente fortemente intuitiva.
• Relações familiares influenciam muito a tua vida.
• Cuidas através das palavras — tens capacidade de orientar, confortar e aconselhar.
• Forte memória emocional, excelente capacidade de observar.


🌙 Lua em Peixes

Uma das luas mais sensíveis.
• Empatia profunda; absorves energias do ambiente.
• Vida emocional ligada a amizades, grupos, causas humanas.
• Criatividade, imaginação, espiritualidade natural.
• Quando magoada, fechas-te e precisas de silêncio para te recompor.


⬆️ Ascendente Touro

O que os outros veem em ti:
• calma, solidez, força tranquila
• sensualidade natural
• gosto pelo belo, pela natureza, pelo conforto
• pessoa confiável, prática, com presença estável

O corpo físico vive melhor com rotinas, suavidade e constância.


🜁 Mercúrio em Caranguejo

• Comunicação emocional, delicada e intuitiva
• Boa memória
• Preferência por conversas calorosas, familiares ou espirituais
• Pode captar subtons que outros nem percebem


💕 Vénus em Gémeos 

• Charme inteligente, jovial, comunicativo
• Afeto através da conversa, humor, troca mental
• Valorizas estabilidade financeira
• Em amor, aprecias leveza, estímulo, companheirismo


⚔️ Marte em Virgem

• Perfeccionismo
• Forte ética do trabalho
• Criatividade metódica
• Paixões intensas mas discretas
• Exigência em assuntos de saúde — atenção ao sistema digestivo e stress muscular


🌱 Júpiter em Virgem 

O grande “tema de crescimento” da vida:
• expandes-te quando crias, aprendes ou serves
• crescimento através de rotinas, ordem, hábitos
• amor e criatividade florescem quando simplificas e organizas


🧱 Saturno em Sagitário 

• Karma ligado a perdas, transformações e limites
• Tens força de renascimento — sobrevives e refazes a vida
• Forte intuição para questões ocultas
• Aprendizagem profunda sobre confiança e entrega


💫 Neptuno em Escorpião 

• Ideais elevados no amor
• Encontros espirituais
• Tendência a idealizar parceiros — precisas de distinguir fantasia de realidade
• Intuição poderosa nas relações


🔥 Plutão em Virgem

• Transformações através do amor, criatividade e até da maternidade
• Capacidade de regeneração emocional
• Poder pessoal na forma como cuidas e organizas


🔮 ASPETOS MAIS IMPORTANTES

🌞 Sol trígono Lua

Coerência entre emoção e consciência.
Equilíbrio interior natural.

🌞 Sol conjunto Mercúrio

Mente clara e emocional.
Comunicação como ferramenta de cura.

🌙 Lua trígono Mercúrio

Empatia, capacidade de perceber o não dito.

♀️ Vénus quadratura Urano

Amores inesperados, relações fora do padrão, necessidade de liberdade.

♂️ Marte conjunto Júpiter

Força, vitalidade, impulso para fazer, aprender, melhorar.

♃ Júpiter conjunto Plutão

Capacidade de grandes transformações, força mental, poder de cura.


(etc, etc -- e fico-me por aqui para não ficar fastidioso para além da conta, ok?)

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Tem graça, não tem? Experimentem fazer para vocês (local onde nasceram, dia, mês, ano e hora do nascimento) e vejam se vos faz sentido. Não perdem nada com isso, não é?

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Desejo-vos um bom sábado

sexta-feira, novembro 14, 2025

Com que então... mais um valentão com um micro-pénis...?

 

As redes sociais estão ao rubro a tentar confirmar se o Bubba de que tanto se fala é mesmo o nickname de Bill Clinton -- toda a gente de cabeça à roda a tentar decifrar o mail de Mark Epstein para o mano Jeffrey no qual questiona Jeffrey se já perguntou ao Steve Bannon se ele sabe se Putin tem alguma fotografia de Trump a encher balões (digamos assim) ao dito Bubba. 

E eu, perante isto e desconfiada de tudo o que é viral e já não conseguindo traçar uma fronteira clara entre o que é verdade e o que é inventado, fico sem saber o que pensar. Parece-me muito jogo, com o caraças. Por um lado teria graça, carradas de graça, seria de a gente se rebolar a rir. Mas, por outro, talvez fosse diabólico para além do que conseguimos encaixar, e mais ainda se, de facto, Putin tivesse fotografias disso. Muita coisa estaria explicada.

Mas teria também a sua piada se o galifão, o que se gaba de agarrar as mulheres pela pussy, o que acha que uma mulher que supostamente violou até gostou, até achou sexy, o que em tempos disse que miúdas sim, só não abaixo de 12, o que organizava concursos de beleza e ia aos bastidores ver as miúdas a vestirem-se e despirem-se, afinal tivesse sido apanhado com o Clinton, mimetizando as proezas de Monica Lewinski. Teria, não teria. E eu até devia deixar-me de coisas e escrever aqui uma fiada de lol lol lol e de ahahahah...

Seja como for vou admitir que é surreal de mais para ser verdade. Não pode ser, não é? Convenhamos: não dá para acreditar.

Mas pronto, esse nem é o ponto. O tema é marginal em relação a isso: de concreto, e porque uma sua conhecida parceira sexual o revelou, é que o galifão-mor tem um pénis mínimo, um micro-pénis, uma espécie de pequeno cogumelo cabeçudo. Esse seu micro-pénis tem sido parodiado em desenhos animados, em cartoons, em pinturas... e isso deixa-o furibundo.

Pois eis que parece que um outro valentão -- um a quem certamente Trump inveja a firmeza, a mão forte, a capacidade de organizar grandes manifestações, mormente militares, a arte de chefiar tropas com bravura e desencadear guerras à grande -- afinal também padecia do mal dos pénis minúsculos.

Abaixo já falei do rumor que corre desde os tempos da guerra, de que Hitler só tinha um testículo. Só que, agora, a análise ao DNA colhido numa mancha de sangue comprovadamente dele parece revelar que padecia de uma doença que se caracteriza por baixa testosterona e fraco desenvolvimento dos órgãos sexuais. A velha história de um dos testículos não ter descido ou não se ter desenvolvido parece, afinal, fundamentada. E a juntar a isso um micro-pénis... 

Ouvi também uma cientista dizer que naquela condição genética é também comum a bipolaridade ou a esquizofrenia. Se tudo isto for verdade, é caso para pensarmos que, na base de muita guerra e de muitos comportamentos belicistas, se calhar não há sobretudo estratégia mas frustração, maluquice, distúrbios mentais, sentimentos de inferioridade mal resolvidos. Nada de que a história não esteja carregadinha de exemplos.

Partilho um vídeo de duração não excessiva em que se fala de um documentário que vai ser divulgado em breve (nota: queixam-se de que coloco aqui demasiados vídeos em língua estrangeira mas recordo que basta ir às definições do vídeo e escolher que se quer ver com legendas e, no autotranslate, escolher a língua portuguesa)

Um novo documentário investiga o DNA de Hitler -- BBC News

Os investigadores extraíram o seu ADN de uma amostra de tecido com sangue de Hitler, encontrada no sofá onde se suicidou.

Os resultados serão revelados este fim de semana num documentário do Channel 4 intitulado "O ADN de Hitler: O Plano de um Ditador".


E queiram continuar a descer pois a canção sobre e única bola do Hitler e sobre a pequenez ou inexistência de outras tem piada

'Hitler, has only got one ball!'
- British WW2 Song -

 

Andava eu no liceu quando uma professora, numa aula daquelas que se chamavam, creio, circum-escolares, nos disse que se dizia que Hitler apenas tinha um testículo e que isso pode tê-lo traumatizado, inferiorizado, e que isso pode ter condicionado toda a sua vida.

Hoje vi uma notícia, de que darei conhecimento num post seguinte, em que aparentemente isso terá sido cientificamente comprovado -- isso e mais que isso.

E, portanto, agora pensa-se que, na volta, uma canção antiga que se admitia que fosse apenas no gozo pode ter tido, mesmo, fundamentos verídicos.

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"Hitler só tem um testículo" é uma canção britânica do tempo da guerra, também conhecida por "Goring tem dois, mas são muito pequenos". Era uma canção humorística e satírica da Segunda Guerra Mundial. É um produto da propaganda de guerra britânica e foi utilizada para troçar de Adolf Hitler e de outros nazis de alta patente.

A letra da canção era cantada de forma descontraída e irónica, ironizando os atributos físicos de Hitler e sugerindo que este tinha apenas um testículo. Uma das razões pelas quais foi escrita era para distorcer a ideia de um "homem a sério", utilizada na propaganda da Alemanha nazi, para afirmar que os alemães eram o "melhor da humanidade".

"Hitler só tem um testículo" foi apenas uma das muitas canções criadas durante a guerra para elevar a moral e ridicularizar o inimigo. Pretendia proporcionar um sentido de união e resiliência à população britânica durante um período difícil. A canção reflete o uso do humor como arma psicológica em tempo de guerra.


E já continuo...

quinta-feira, novembro 13, 2025

Trump está nos ficheiros, Trump está nos ficheiros...!

 

Aos poucos vão saindo mais e mais provas de que Trump obviamente não apenas sabia de tudo o que se passava na vida de Epstein, o misterioso pedófilo (e chantagista? e agente da Mossad?) como partilhava parte dessa vivência. 

Diz Michael Wolff, que é interveniente na conversa com Epstein em dois dos três mails agora divulgados, que  durante mais de 10 anos Trump e Epstein foram os melhores amigos, partilharam mulheres, segredos, negócios. 

Tendo recolhido, ao longo de anos, inúmeros testemunhos de amigos e inimigos, conhecidos e colaboradores de Trump, Michael Wolff, jornalista e biógrafo de Trump, é, sem dúvida, das pessoas que melhor conhece o presidente dos Estados Unidos. 

Tem documentos de toda a espécie, entrevistas gravadas, tem tudo o que se possa imaginar sobre a sua relação com Epstein. E mantém contacto com actuais colaboradores de Trump na Casa Branca e com antigos e actuais "conselheiros". E coloco a palavra entre aspas pois é conhecido que Trump não se aconselha com ninguém. Pelo contrário alimenta-se do que vê na televisão, do que vê nas redes sociais ou do que ouve, salteadamente, aqui ou ali. O caos que se vive na Casa Branca é pois acompanhado de perto por Michael Wolff. E não faz questão de manter a reserva. Muito pelo contrário. Dá entrevistas, participa em podcasts e tem as suas redes sociais permanentemente actualizadas. Arrisca-se. Provavelmente pensa que sabendo tanto e expondo-se tanto, ninguém ousará 'caçá-lo'.

Contudo foi ameaçado. Melania Trump, para o calar, ameaçou-o com um pedido de indemnização de mil milhões de dólares com acusação de difamação. Numa reviravolta audaciosa, Michael Wolff avançou ele com um processo contra Melania Trump por tentativa de cerceamento da sua liberdade de expressão. Para conseguir financiar essa odisseia judicial pediu ajuda. E, para sua grande surpresa, em poucos dias já conseguiu reunir USD $732 586, verificando-se uma mobilização significativa. E ele vai fazendo saber que vai exibir todos os documentos que possui e vai fazer com que sejam chamados a depor, sob juramento, Melania e Donald Trump. Entre muitos outros.

Portanto, por muito que Trump lance poeira para os olhos de toda a gente, manipule, minta, distorça, invente, arranje milhares de motivos de diversão, ameace meio mundo... talvez a verdade não tarde muito a chegar. 

Por isso, está na hora de voltar a chamar as avozinhas safadas.

Piedmont Raging Grannies  --  Trump is in the Files

Está a tentar de tudo para desviar a atenção do facto de ter quebrado a sua promessa de divulgar os ficheiros de #Epstein. Então, aqui fica um lembrete!


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Dias felizes

quarta-feira, novembro 12, 2025

Ver ao longe, planear, executar

 

Penso que ninguém suspeitará que tenho simpatias pelo regime comunista chinês. Não tenho, de todo. Aquelas reuniões unanimistas do partido, aquelas demonstrações sincronizadas de nacionalismo, aquele controlo das liberdades, aquele dirigismo impositivo em que parece que não há quem ouse pisar o risco -- tudo aquilo me causa uma repulsa que não tem solução.

Contudo, há um lado extraordinário na forma estratégica, planeada e focada como a China avança. Estará nos seus genes, estará na sua matriz cultural, estará cravado na sua pele tantos os anos de ditadura. Talvez. Mas temos que reconhecer que o desenvolvimento daquele imenso país é extraordinário. E falo em desenvolvimento económico, em desenvolvimento científico, tecnológico, social. O que era a China há umas décadas e o que é hoje... Só um centralismo poderoso e muito estável o conseguiria. Mas poderia havê-lo e terem ido numa outra direcção. E a verdade é que têm ido no sentido do progresso. E isso é inquestionável. Em quase todos os sectores da economia é a China que vai na frente. E mesmo a nível ambiental, onde há tempos, não estavam nem aí, agora se veem avanços assinaláveis. 

E têm atirado lanças um puco por todo o lado, e sempre de forma coerente, articulado, sustentado.

E não vale a pena colocarmos o nosso arzinho superior, focando-nos só no lado negativo das coisas. Claro que há um lado negativo. Aliás, muitos. Só que, se estivermos sempre a pensar que somos os maiores, só conseguimos aquilo que se vê, sempre a ficar para trás.

Os vídeos que aqui partilho são apenas exemplos numa área muito concreto. E, sobre o mesmo assunto, mostro dois vídeos para que se veja que não há unanimidade nas opiniões. Contudo, o que se vê, perante os escolhos que vão surgindo ou perante os possíveis riscos, novas soluções vão sendo estudadas e levadas à prática.

Compare-se a ambição destes projectos com a chachada que é a gestão da coisa pública em Portugal em que o governo nem consegue arranjar uma solução para as mulheres não parirem nas ambulâncias ou nos passeios, em que se compram helicópteros para a emergência médica que não conseguem pousar nos hospitais, em que se chega a esta altura do ano com 100.000 alunos ainda com pelo menos um professor em falta.

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Como a China está a transformar o seu maior deserto em novas fontes de vida

Outrora conhecido como o "Mar da Morte", o Deserto de Taklimakan é agora o centro de um dos projetos de restauro de terras mais ambiciosos do mundo.

Estendendo-se por 337.000 quilómetros quadrados na Região Autónoma Uigur de Xinjiang, na China, o Taklimakan é o segundo maior deserto de areia movediça do planeta. Durante décadas, as suas dunas expandiram-se implacavelmente, engolindo estradas, aldeias e terras agrícolas.

Mas hoje, essa história está a mudar.

Neste vídeo, levamos-te até à beira do deserto para veres como a China está a reagir – não apenas detendo as areias, mas transformando-as em novas fontes de vida e rendimento.

Como a China está a transformar o Mar da Morte numa floresta verde!

O Deserto de Taklamakan — conhecido como o “Mar da Morte” — é uma das paisagens mais inóspitas da Terra. No entanto, num esforço ambiental inovador, a China cercou-o com um enorme cinturão verde de 3.046 quilómetros, parte da maior floresta artificial do mundo. Este projecto, que dura há décadas, visa travar a desertificação, proteger milhões de pessoas e garantir infra-estruturas vitais em Xinjiang.

Neste documentário, exploramos o funcionamento da Grande Muralha Verde da China: desde arbustos resistentes à seca e florestas de choupos gigantescas, a sistemas de irrigação movidos a energia solar e barreiras de engenharia que contêm as dunas movediças. Examinaremos também os desafios — escassez de água, taxas de sobrevivência das plantas e equilíbrio ecológico — que poderão determinar o futuro desta audaciosa experiência.

Será esta a vitória definitiva contra o deserto, ou apenas um oásis temporário num mar de areia?

A Grande Muralha Solar da China: Transformar o deserto numa potência verde

Através do vasto Deserto de Kubuqi, na Mongólia Interior, norte da China, uma "Grande Muralha Solar" de 400 quilómetros, composta por painéis fotovoltaicos, está a transformar esta terra árida num símbolo do compromisso da China com o desenvolvimento das energias renováveis. Além de produzir energia limpa, protege o Rio Amarelo da areia do deserto, salvaguardando as comunidades locais e possibilitando uma agricultura verde e sustentável.
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Desejo-vos um dia feliz

terça-feira, novembro 11, 2025

Temos um governo mentiroso, chantagista, elitista e desumano
+ uma breve nota sobre o Chega
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Não se pode afirmar que os predicados que melhor qualificam o atual governo sejam meritórios. Temos um governo que mente sempre que entende que mentir é melhor do que dizer a verdade. 

Desde as promessas feitas pelo Montenegro nas campanhas eleitorais e desfeitas quando se viu no poleiro, às afirmações do PM sobre a Spinumviva, entre elas a verdadeiramente anedótica e mentirosa afirmação na AR sobre o objetivo da Spinumviva ser gerir uns terrenozitos com três ou quatro árvores de fruto, passando pelos "pseudo números" do "Lentão Amaro" quando quis justificar a lei da imigração e continuando na recente afirmação do ministro da economia na AR de que tinha conseguido trazer para Portugal o maior investimento de sempre relativo à construção do data center em Sines que, por acaso, é o mesmo que foi anunciado pelo António Costa há vários anos e que provocou a mais uma inqualificável actuação do MP. Não esquecendo o relatório "ao lado" apresentado pelo Nuno Melo (que aguardamos que parta rapidamente para reconquistar Olivença, trajando a rigor e montado numa scooter) para justificar a compra do helicópteros. 

Bastas são as não verdades deste governo. 

A forma como o governo negoceia com o PS é com base na chantagem. Ainda recentemente a ministra dos patrões, por tradição ainda designada do trabalho, afirmou que ou o PS ajoelha e "negoceia" a lei do "trabalho" como o governo quer ou o governo está pronto a ajoelhar perante o Chega. Poderia ser apenas um episódio levado à cena por uma ministra radical, mas não, leis recentes têm sido aprovadas com o apoio do Chega após o governo impor condições inaceitáveis ao PS - e acabaram eles a ajoelhar perante os interesses do Chega, que admito, sejam os interesses mais ou menos ocultos do PSD e do CDS. 

É uma chantagem inaceitável para quem tem da politica uma visão democrática. 

É um governo elitista como confirmam, por exemplo, as leis relativas à habitação, ao IRS jovem e a lei que pretende promulgar sobre o trabalho que defende os interesses de quem tem mais força na relação laboral e tenta reverter as conquistas dos trabalhadores. 

As

  • declarações do "Lentão Amaro" sobre as questões de segurança e sobre a "reengenharia social",
  • declarações da ministra da saúde sobre a inevitabilidade das pessoas com menos recursos e menos capacidades terem menos possibilidade de acesso ao SNS que o pessoal de "primeira" 
  • e a vergonha que são, de uma desumanidade digna de um governo com enorme desprezo pelas pessoas, as notificações enviadas pelo AIMA informando da data de expulsão de pessoas fugidas da Ucrânia, de refugiados políticos e até de crianças 

revelam a falta de humanismo dos nossos governantes e a falta de respeito pelas pessoas, sejam elas portuguesas ou de outras nacionalidades. 

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Nota: 

O Pedro Frazão mandou uma mensagem de apoio à organização de um encontro no Norte de um grupo supremacista cujo líder, aliás, já tinha afirmado na televisão que existia uma forte ligação entre o grupo e o Chega. 

Com a força que vão tendo (o governo e a comunicação social têm fortíssimas responsabilidades neste crescimento), têm cada vez maior despudor e acabam por revelar ao que verdadeiramente vêm. Não vale a pena o Ventura dizer que não é de extrema direita e que não é nem xenófobo nem racista. Já sabíamos que o Chega é um partido de extrema direita, xenófobo e racista e, agora,  são os próprios dirigentes do Chega que o confirmam. Será que ainda alguém tem dúvidas? Mais tarde ou mais cedo os portugueses vão ter que mostrar se são um povo xenófobo e racista ou se defendem valores humanistas. Não estou seguro de que a balança penderá para o lado bom. 

segunda-feira, novembro 10, 2025

O mentalista

 

Eu sei, ou julgo que sei, que um mentalista é um ilusionista que, em vez de trabalhar com cartas ou com lenços ou coelhos a saírem da cartola, trabalha com a observação, com a psicologia, com a manipulação. 

E, no entanto, tal como, quando assisto a passes de magia, fico sempre entre o estupefacto e o estarrecido como se estivesse a assistir a alguma coisa impossível, também ao assistir às proezas dos mentalistas, fico incrédula, como se não pudesse ser, como se fosse coisa que transcende o que a razão consegue alcançar.

Idêntica reacção vejo nos que se sujeitam às experiências. Arrepiam-se, sentem que a sua mente está  ser devassada, não conseguem compreender o que aconteceu, assustam-se.

Eu jamais me sujeitaria.

Por exemplo, nunca deixei que ninguém me hipnotizasse. Tive um professor que dizia que conseguia hipnotizar. Aparentemente, conseguia mesmo. Assisti a sessões disso. Ele perguntava quem é que queria colaborar e, claro, havia sempre destemidos que avançavam. Alguns iam com a ideia de o desafiar, não se deixando hipnotizar nem por mais uma. E lembro-me de cenas incríveis. Uns faziam figuras patéticas, totalmente vertidos para o personagem que o professor os mandava encarnar, outros resistiam ou fingiam e nós sofríamos ao ver o professor ao ver a sua arte ser questionada. Eu, nunca por nunca, conseguiria expor-me sem controlo sobre os meus actos. Não consigo estar em situações em que não tenha total domínio sobre mim própria. Por isso, nunca me embebedei, nunca me droguei. O mais que fui nesse domínio foi a sedação de quando fiz colonoscopia ou a epidural aquando da artroscopia. Mas aí foi porque teve que ser e, em qualquer dos casos, não fiquei acordada a fazer ou a dizer disparates. Puseram-me a dormir e foi tudo.

Nisto do mentalismo, apesar de saber que aquilo não tem nada a ver com sobrenaturalidades e que, no fundo, o que ali há são truques -- ou melhor, técnicas --, como não as consigo divisar, parecem mesmo uma estranha divinação e causam-me alguma inquietação.

Não obstante, gosto de ver. Talvez porque gosto de tentar perceber como o conseguem.

E, de entre os mais conhecidos mentalistas da actualidade, destaca-se Oz Pearlman. E é levado tão a sério que é convidado para palcos prestigiados.

É ver para crer. 

Mentalista partilha alguns truques com Anderson Cooper

Diz que lê pessoas, não mentes — e não é nenhum mágico. O mentalista Oz Pearlman revela como as capacidades que impressionam as celebridades e os CEO podem ajudar qualquer pessoa a destacar-se, numa entrevista emocionante com Anderson Cooper, da CNN.

O mentalista Oz Pearlman impressiona toda a gente, de Joe Rogan a magnatas da tecnologia | 60 Minutos

O mentalista Oz Pearlman lê as pessoas tão bem que parece ler mentes. Partilha insights sobre os truques que intrigam bilionários, celebridades e atletas em plateias por todos os Estados Unidos.
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Desejo-vos uma boa semana

Dias felizes

domingo, novembro 09, 2025

Tarefeiros? Mas afinal de que é que se está a falar' De médicos ou de outra coisa?

 

Ouço e leio jornalistas a falarem em médicos tarefeiros contratados por empresas e vejo que ainda não perceberam o esquema.

Os médicos, para fugirem aos impostos e, ao mesmo tempo, para conseguirem fazer os horários que lhes apetecer e, cereja em cima do bolo, para não terem que se sujeitar a protocolos, 'serviços mínimos' ou ao que for, formam as suas próprias empresas. São empresas unipessoais, ou quase, e podem estar em nome deles ou das mulheres ou deles e de amigos. Não sei se há estatísticas mas diria que a maioria são empresas unipessoais, empresas com nomes criativos que nada têm a ver com os seus nomes (por exemplo, 'Sol Radiante', 'Plano Azul', 'Bem Sentir', etc.). 

De forma automática, é muito difícil saber qual o médico que está por detrás da dita empresa pois, quando os médicos prestam serviço aos hospitais, ou clínicas, ou lares, 'escondem-se' atrás dos nomes das ditas empresas. Os hospitais, clínicas, lares. etc, pagam a essas empresas, que aparecem como simples fornecedores. Estatisticamente, de forma directa, não se consegue saber de que médicos se está a falar pois não aparecem enquanto tal. O hospital ou a clínica contrata a 'empresa', não o médico.

Na contabilidade e nos sistemas de informação dos hospitais (ou clínicas, ou o que for), ao passo que os médicos do quadro podem ser controlados facilmente -- quanto ganham, quantas horas trabalham, quantas horas extraordinárias fazem, em que escala estão, etc. -- já o mesmo não acontece com os que médicos que 'faz de conta' que são tarefeiros, estando 'escondidos' atrás do nome da empresa. As ditas 'empresas' (que, na prática são os próprios médicos) cobram, e cobram bem (e com esta ministra, então, upa, upa, em especial ao fim de semana, em especial nas urgências) consoante as horas que os médicos fazem. 

Muitas vezes, os médicos trabalham para o SNS e depois, como tarefeiros, escondidos atrás do nome da sua própria empresa, vão trabalhar para o Privado. Ou vice-versa. Até em simultâneo... ou seja, para o SNS enquanto médicos do SNS e depois, enquanto tarefeiros, a fazer mais horas, por exemplo ao fim de semana. Ou para o Privado enquanto assalariados e, em simultâneo, enquanto tarefeiros.

Qual a vantagem para estes médicos (e gostava de saber quantos médicos não recorrem a este estratagema...)?

É simples. Enquanto assalariados, tudo o que ganham é sujeito a IRS (e têm que se sujeitar às escalas e etc). Enquanto tarefeiros, quem recebe o dinheiro são as suas empresas. Ou seja, não pagam IRS sobre essas verbas chorudas. E, por outro lado, nessa empresa metem toda a espécie de despesas até porque a sede é, quase sempre, a própria casa. E a casa tem que ser limpa, tem despesas de água, luz, comunicações, a empresa tem um carro que é preciso pagar, bem como o combustível, reparações, portagens, etc. E, se calhar, a própria casa tem que ser paga. E há despesas de representação e deslocações e estadias e, portanto, restaurantes, hotéis e viagens 'vai tudo' para a empresa. Claro que há que pagar ao gerente mas pode ser um ordenado baixinho, neutro em termos de IRS. Em contrapartida, a empresa, afogada em custos fica isenta de IRC ou, em casos raros, pagará uma bagatela. Claro que, na prática, o dinheiro vai todo para os médicos. O resto são liberalidades e habilidades contabilísticas e fiscais.

Estes médicos, que são muitos, se calhar a maioria dos médicos (pelo menos nos locais em que há mais procura - Grande Lisboa, Algarve, etc), tal como o meu marido referiu no outro dia, conseguem ter uma vida tão regalada que, com as verbas que recebem enquanto tarefeiros (que, face às habilidades acima referidas, são líquidas ou quase), já se dão ao luxo de escolher os dias em que já não querem trabalhar. Há muitos que já fazem semana de 4 dias ou 3 dias e meio, compondo o ordenado com um ou dois fins de semana enquanto tarefeiros.

E com o que esta ministra lhes paga, claro que os médicos já não querem outra coisa. Trabalham quando querem e ganham o que querem. Nessa qualidade não há vínculo laboral, não podem ser sujeitos a sanções, a processos disciplinares nem a serviços mínimos. Se os chatearem vão oferecer os seus serviços, através das ditas empresas, a outro lado.

Como se pode acabar com esta pouca vergonha?

Não é fácil. Só mesmo com um grande entendimento entre muita gente, entre partidos e entre entidades contratantes, SNS, Privados ou Sociais.

Para isso, deveria haver uma regra 'simples', uma regra que deveria ter forma de lei. Quem precisar de médicos, deve contratar médicos -- não 'empresas' nem free lancers. Só isto, mudaria tudo.

Se for preciso criar um regime laboral específico para eles, que se crie. Podem ser vínculos temporários, pode o horário ser mais 'liberal' -- mas a regra deve ser esta. Médicos devem ser contratados como médicos. Idem para enfermeiros, claro. Quando se conseguir isto, acaba a 'bandalheira' que é hoje esta brincadeira dos tarefeiros (leia-se, habilidosos fiscais).

Enquanto não se chegar a este ponto, pois este entendimento pode demorar, deveria ser obrigatório que as empresas de prestação de serviços médicos ou de enfermagem declarem o nome e o NIF dos médicos que, enquanto tarefeiros, trabalharão num qualquer hospital, clínica, lar, etc. E os hospitais, clínicas, lares, deveriam ser obrigadas a comunicar essa informação à AT.

E a AT, por seu lado, deveria, em paralelo, desencadear uma acção contra estas empresas unipessoais ou quase (usadas por profissionais de saúde para fugirem ao fisco, mas também por advogados, consultores, senhorios e sabe-se lá mais o quê, se calhar até jornalistas -- que, se calhar, por isso até fazem de conta que não percebem de que se fala quando se fala de tarefeiros...) que são apenas um ardil legal para pagar menos impostos.

E depois há a questão fiscal de base. Os médicos, se declarassem para efeito de IRS, tudo o que ganham ficariam todos no último escalão, ou seja, cerca de 50%. A somar a isso, a TSU. Ou seja, na prática, recebem menos de metade do que ganham. Concorde-se que não é motivador. É, isso sim, um esbulho.

Também já o referi. Sei de médicos reformados, a receberem a reforma, e que ainda trabalham. Fazem bem. Gostam do que fazem e com a falta de médicos, é útil que trabalhem. Mas mais do que dois dias por semana, dizem eles que é para os impostos. Por isso, não trabalham mais que dois dias por semana.

E é também este exagero de carga fiscal que faz com que muitos jovens que foram estudar lá para fora depois não voltem (pois rapidamente atingem os 35 anos e não estão para receber trocos face ao que ganham líquido lá fora).

Não sei quando é que vamos ter um Governo verdadeiramente reformista, que avance sem medo para uma reforma fiscal que acabe com tanto escalão e que seja justa e decente no dinheiro que retira aos contribuintes. Se houvesse justiça e razoabilidade não haveria tanta gente (tanta, tanta!) a recorrer a habilidades para fugir ao fisco.

Enquanto não se encararem os assuntos de frente, enquanto não se chamarem os bois pelos nomes e enquanto não se resolverem os assuntos pela raiz não sairemos da cepa torta, uns tontos às voltas dos problemas, incapazes de resolver o que quer que seja.

sábado, novembro 08, 2025

Elonzito será o nome do meio do Luís Montenegro?
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Não, não, o possível nome do meio do nosso PM não tem nada a ver com as opções ideológicas do Luís e do Elon. Se bem que, pensando melhor, ambos se aliaram à extrema direita ou por opção ideológica ou quando lhes pareceu uma solução para atingirem os respectivos objetivos. No seguimento da notícia de hoje sobre o prémio atribuído pela Tesla a Musk e também da notícia sobre o valor gasto pelo Montenegro na construção da casa de Espinho, somei dois mais dois e pensei que ou a Spinunviva ou outras empresas por onde o Montenegro tenha andado também devem dar prémios chorudos. 

Senão vejamos: segundo o chatGPT (que espero que não esteja a enganar-me), a aquisição da casa degradada de Espinho valeu 100 mil euros e o custo dos apartamentos em Lisboa cerca de 700 mil. Segundo as notícias de hoje, o custo da reconstrução da casa de Espinho foi 675 mil euros. Somando os valores acima vamos em quase um milhão e quinhentos mil euros. A este valor devemos acrescentar o custo das mobílias para Espinho e para Lisboa e das obras no apartamento de Lisboa. Estimando, por baixo, que o valor total das mobílias tenha sido 300 mil euros (não nos esqueçamos que a casa de Espinho tem nada menos que 6 pisos, com área total de 750 m2) e que o custo das obras em Lisboa 50 mil, chegamos a um valor entre o milhão e oitocentos mil euros e um milhão e novecentos mil euros. 

Também se deve notar que estas despesas foram feitas num período de poucos anos. Há três hipóteses: ou o Luís é rico, ou o Luís herdou uma fortuna ou o Luís pediu um empréstimo do caraças ao banco ou... lá está, as empresas por onde o Luís passou pagam prémios chorudos. 

No caso da última hipótese ser a correta, o nome do meio do Luís bem pode ser Elonzito, ou seja, Elon dos pequenitos. 

Para que não restem dúvidas e a malta não ande por aí a fazer apostas (no Solverde ou onde calhar) sobre qual a hipótese mais provável, parece-me aconselhável confrontar as declarações de rendimentos ou as de imposto de selo do Luís e confirmar (ou não) se tem rendimentos ou recebeu heranças que lhe permitam ser um quase nababo no nosso País. 

É que convém não esquecer aquele velho adágio invocado por um certo juiz num célebre caso: 'quem cabritos vende e cabras não tem, de algum  lado  lhe  vêm'.

sexta-feira, novembro 07, 2025

José Luís Carneiro - temos homem
(E uma breve nota sobre a ministra dos tarefeiros)
-- A palavra ao meu marido --

 

Vi ontem a entrevista do José Gomes Ferreira, personagem de que não sou fã, ao José Luís Carneiro. 

Sabe-se da muito pouca simpatia que o Ferreira tem por tudo que lhe cheire a PS, da antipatia que revela quando entrevista essa malta e das ideias muito liberais que defende relativamente à economia. Curiosamente, na entrevista de ontem começou com o ataque habitual, mais ou menos disfarçado, de quando lhe aparece alguém de esquerda à frente e, aos poucos, foi suavizando a atitude acabando, digo eu, por mostrar alguma simpatia pelo José Luís Carneiro. 

Após dizer que a entrevista tinha sido muito interessante, convidou-o para nova entrevista para abordarem assuntos que não tinham tido tempo para tratar. 

De facto, o José Luís Carneiro foi firme, de bom trato, respondeu claramente às questões que lhe foram colocadas, demonstrou não apenas um conhecimento profundo e pormenorizado dos vários sectores como também saber discutir e analisar aspetos bastante técnicos como quando o Zé Gomes tentou entalá-lo relativamente ao orçamento. Foi sucinto, justificou as opções que toma e também os objetivos de algumas políticas do anterior governo PS. Foi coerente e será seguramente uma pessoa honesta que gosta de servir a coisa pública e não servir-se da coisa pública em proveito próprio. 

Gostei bastante da forma como respondeu e da solidez dos argumentos, tal como já tinha gostado da forma como esteve na entrevista deu ao Vítor Gonçalves. 

O José Luís Carneiro já foi presidente de uma autarquia e membro de vários governos, o que dá uma tarimba que o Montenegro, que não passou de deputado, não tem. Já chega de gajos de extrema direita a berrarem na televisão contra os mais frágeis e a mentirem com quantos dentes têm, como Ventura. Também já basta de pantomineiros a prometerem isto e aquilo e não cumprirem com o prometido como o Montenegro. Sendo certo que o eleitorado hoje o que quer é promessas e estilos "reguilas", não sei se apreciará a forma calma, segura, conhecedora e honesta como o José Luís Carneiro está na política. 

Espero bem que sim! 

Veremos.

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Nota: 

A ministra da Saúde, seguramente seguindo orientações do PM, andou a dar dinheiro aos médicos como se não houvesse amanhã tentando, assim, tapar o sol com uma peneira. Quando o governo percebeu que era impossível continuar a gastar á tripa forra armou-se em forte e decretou que os valores tinham que baixar. Os senhores doutores tarefeiros não gostaram. Entende-se, ninguém gosta que lhe paguem menos pelo mesmo trabalho. A ministra, seguindo a política do governo, que é da responsabilidade do Montenegro, não tomou uma única medida que tenha contribuído para melhorar o SNS. No entanto, admito que tenha cumprido o seu objetivo principal e do PM, dar cabo do SNS. Foram tão radicais que, com os aumentos e condições que deram aos médicos, arriscam-se também a constipar os privados.

quinta-feira, novembro 06, 2025

Dias bons a caminho. Acredito nisso.

 

Ontem à noite estava aqui interessadíssima a acompanhar a evolução dos resultados nos Estados Unidos, na feliz expectativa de que os americanos mostrassem que não estão anestesiados e que os democratas não estão de tal forma a navegar na maionese que ainda seriam capazes de mandar o Trump dar uma grande volta. As notícias vinham nesse sentido e, portanto, quando me deitei, fui tranquila e preparada para um belo sono.

As previsões do tempo apontavam para bernarda da grossa mas eram duas da manhã e não ouvia nem vento nem chuva.

Contudo, passado pouco tempo comecei a ouvir raspar na porta do corredor que dá para a zona do quarto. Deixamo-la fechada para que o cão não vá para a nossa cama. É grande e temperamental demais, às tantas tínhamos que lhe pedir licença para termos espaço para nós. Mas ele nunca tenta ir para lá. Quando regressamos do passeio nocturno, retira-se para os seus aposentos e lá fica até de manhã. Excepto quando está com algum problema. E, pelos vistos, era o caso ontem à noite. 

Comecei a ouvir que já gemia, que fazia barulhos estranhos. Pé ante pé, fui espreitar. O tapete da entrada e o do corredor já tinham mudado de sítio, estavam amarfanhados no extremo oposto. Estava inquieto. Não percebi porquê, disse-lhe que estava tudo bem, que fosse dormir.

Contudo, passado algum tempo, o que ele tinha intuído, concretizou-se. O meu marido pesquisou e confirmou que os cães se apercebem da trovoada bem antes de ela ser perceptível para os humanos. E assim foi. Uma ventania, relâmpagos, trovoada, uma chuvada diluviana. Uma tempestade das sérias. E o pobre cão numa aflição.

O meu marido, altruísta, decidiu que, a bem do descanso de todos, se sacrificaria. Vestiu-se e resolveu vir dormir para o sofá. Disse ao pobre e trémulo cão que fosse com ele para a sala. E eu poderia ficar no quentinho da cama a ver se dormia.

Na rua, o barulho acentuava-se. E, estranhamente, o cão não seguiu o meu marido. Manteve-se na choradeira ao pé da porta da zona do quarto, a arranhar a porta, a fazer barulhos, a andar com os tapetes num alvoroço. Isto enquanto a casa quase vinha abaixo com tanto vento, tanta chuva, tanta trovoada.

Fui ter com o cão. Tentou vir para o pé de mim. Chamei o meu marido. Disse-lhe que o melhor era trocarmos. Vesti qualquer coisa e fui ter à sala para me deitar eu no sofá. A alegria do cão foi incrível. Dava ao rabo, andava em minha volta, todo encostado a mim. Tremia como varas verdes, coitado. O meu marido foi para o quarto e eu estendi-me no sofá. No chão, encostado ao sofá, fui fazendo festinhas ao pobre cãobeludo, tentando acalmá-lo. 

De repente, um clarão imenso e, ao mesmo tempo, um estrondo, um ribombar intenso, e, ao mesmo tempo, um outro barulho e, logo a seguir, o aviso sonoro da central de segurança. Experimentei e vi que não havia luz. Fui ver o disjuntor. Estava para baixo. Fiz força mas não consegui. Tive medo de forçar, até porque poderia não ser aquilo. O cão todo encostado a mim, o vento, a chuva, a trovoada sem darem tréguas. Fui chamar o meu marido. No meio daquela tempestade, às escuras, só pensava que, se fosse preciso alguma coisa, às escuras seria pior. Isto sem pensar no frigorífico que poderia começar a descongelar. Chegou lá, pôs aquilo para cima. Refiro-me ao disjuntor, claro. Voltou a luz. E eu voltei para o sofá e o cão, atormentado, todo encostado a mim.

Eram já sete de manhã, o temporal abrandou. O cão acalmou-se, adormeceu. Pé ante pé, voltei para o quarto. Quando estava a adormecer, novo clarão, novo ribombar. E, de novo, o cão a raspar na porta, a chorar, a fazer barulhos de medo e chamamento.

Voltei a vestir-me e a ir para o sofá. E o meu amigo comigo.

Por volta das 9 horas, já tudo tranquilo, o meu marido a pé, fui finalmente para a cama. Dormi entre as 9 e as 11.

A glicínia grande, que estava linda, imensa, caiu toda, despregou-se do telhado, o gradeamento do muro em que estava presa também caiu. Uma tristeza. Não temos força para a levantar. O meu marido diz que terá que a cortar. E eu não vejo alternativa.

Do outro lado, tombou uma buganvília e caiu sobre uma grande suculenta de que se partiu também um bocado.

Tirando isso, está tudo bem. 

Os resultados nos Estados Unidos foram óptimos e estou contente. E o tempo levantou. Portanto, acredito que os tempos de bonança estão a caminho.

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Um grande, grande discurso, grande, grande

“Trump, Turn the Volume Up!” — Zohran Mamdani’s Fiery Victory Speech Rocks NYC

Zohran Mamdani delivers a powerful and historic victory speech after defeating Andrew Cuomo to become New York City’s next mayor. Declaring, “We have toppled a political dynasty,” Mamdani vows to “make New York the light” and calls out President Trump directly — “turn the volume up.” 


Põe-te a pau Andrezito. 
Talvez novos ventos estejam a caminho

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Dias felizes

quarta-feira, novembro 05, 2025

A humildade da grande Patti Smith

 

Conheci-a tarde demais e, ainda assim, não foi logo que reconheci o seu valor. A primeira vez que soube da sua existência foi através das extraordinárias fotografias de Robert Mapplethorpe de quem sempre fui devota. Na altura, nem sabia que ela era a  Patti  Smith. 

Pensava apenas que era uma criatura um bocado atípica, meio andrógina, algo alternativa, que encaixava bem no mundo meio louco do excelente e controverso miúdo

Reconheço em mim, não sei se fruto de uma diferente disponibilidade ou de uma maior maturidade, uma evolução do meu gosto. Agora gosto muito de Patti  Smith e não apenas a nível musical. Por exemplo, gostei bastante de ler o seu autobiográfico 'Apenas miúdos'. E gosto de ouvir e ver as suas  entrevistas, parece que há nela não apenas uma grande sinceridade como uma grande candura.

A caminho dos 80, o rosto vivido de quem já atravessou muitas vidas, tendo também já pisado todos os palcos do mundo, tendo sido entrevistada por tutti quanti, eis que continua a expor-se como a mulher simples que aparentemente sempre foi.

Patti Smith faz uma descoberta pessoal enquanto escreva um novo livro de memórias

Patti Smith está em digressão para celebrar os 50 anos do seu álbum de estreia, "Horses". Ela fala sobre a sua carreira e a descoberta surpreendente que fez enquanto escrevia o seu novo livro de memórias.

terça-feira, novembro 04, 2025

A ministra da Saúde é destituída ou pensa que nós somos mentecaptos?
-- A palavra ao meu marido --

 

Na sequência de tudo de mau o que tem acontecido com o SNS desde que esta ministra está no cargo, e depois das sucessivas tragédias que aconteceram desde sexta-feira devido à inoperância do sistema de saúde -- cujos responsáveis são, obviamente, o primeiro ministro e a ministra da saúde --, ouvi hoje a ministra, cujo fácies parece denunciar uma deriva para outra espécie que não a humana, apontar o dedo ao problema da deficiente informação que lhe foi transmitida esquecendo-se, ou tentando fazer esquecer-nos, que o verdadeiro problema está longe de ser esse: é, sim, o caos em que se encontra o SNS devido às políticas que prosseguiu e que resultaram nas tragédias que conhecemos. 

A ministra
  • substituiu as administrações e as chefias intermédias apenas por questões partidárias esquecendo-se do fundamental, que é a competência,
  • criou uma baralhada insolúvel no INEM,
  • aumentou muito os custos do SNS embora a qualidade do serviço tenha diminuído imenso, 
  • tornou a direção executiva do SNS um apêndice sem quaisquer objetivos, 
  • para garantir o aumento de proveitos aos médicos alavancou os serviços de tarefeiros e simultaneamente aumentou valor do pagamento horário (é ou não verdade que hoje há médicos que já não trabalham à sexta-feira e à quinta feira à tarde porque fazendo um fim de semana como tarefeiros recebem mais do que se fizessem horário completo?), 
  • enfim, conseguiu virar de pantanas o serviço público de saúde do País.

Das duas uma: ou padece de défice cognitivo ou pensa que somos burros. Existe uma terceira hipótese que é ser uma cínica egocêntrica que não tem conhecimentos nem capacidade para ser ministra e que não tem o mínimo de humanidade (como bem o demonstrou na intervenção que fez na AR culpabilizando a pobreza e a falta de conhecimentos das pessoas pelas tragédias cuja responsabilidade é dela e que nunca assumiu). 

Esta forma de estar na vida pública mete-me nojo. 

Mas Ana Paula Martins não está sozinha. Quando ouvimos o "Lentão" Amaro falar de "reengenharia" a propósito da imigração ou o Montenegro defender a putativa lei da nacionalidade e a lei da imigração  como se fossem determinantes para a segurança nacional, devemos estar alerta e equacionar quais são os verdadeiros valores destes tipos e quais são os seus verdadeiros interesses e objetivos. 

Cavalgar a agenda do Chega revela mais que um mero tacticismo, revela também que, para o PSD de Montenegro, os mais elementares valores humanistas não passam de uma moeda de troca sem qualquer valor facial.

segunda-feira, novembro 03, 2025

Maria João Pires, ainda a descobrir o que vai fazer da vida

 

Com 81 anos, Maria João Pires continua a ter o mesmo ar gaiato e inconformado que sempre lhe conhecemos. Digo inconformado não no sentido de rebelde mas de não acomodado. 

Já viveu várias vidas, já habitou várias casa, já correu mundo e pisou mil palcos, já conheceu os aplausos de todas as plateias, já sentiu todos os reconhecimentos e já recebeu todas as condecorações, já alimentou e concretizou muitos sonhos - e nunca sentiu que tinha atingido o cume a partir do qual apenas lhe restaria contemplar as suas memórias e os feitos.

Agora que o piano já  não tem um papel muito relevante na sua vida, está em fase de recomeço. E é uma maravilha ver como esta mulher ainda tem a mesma disponibilidade para o futuro que uma miúda.

Maria João Pires tem Belgais à venda: “Já não sou pianista”

Confessa que nunca teve o “espírito do pianista que dá concertos, que tem sucessos, muito público e, que viaja muito”. Aos 81 anos, Maria João Pires diz que “não toca muito”. A artista que recebe este sábado, na Gulbenkian, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, está preocupada com a “fome de consciência” das crianças.


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Dias felizes

domingo, novembro 02, 2025

Corram com a desgraçada* da ministra da saúde
-- A palavra ao meu marido --

 

Como é possível que a ministra da saúde continue no lugar? 

Após tudo o que se tem passado na saúde, e continua a passar!, as tragédias de sexta feira e de sábado são chocantes. E hoje também se soube que uma grávida teve um bebé no próprio carro, depois de ter estado na  maternidade e ter sido mandada para casa. 

É preciso ser absolutamente indigna, não ter o mínimo de decência, ser cretina, cínica, irresponsável e completamente desprovida de empatia e de compreensão pelo que é a coisa pública para a ministra da saúde não se demitir. 

Já aqui escrevi várias vezes que terão que estar a suportar a ministra poderosos interesses que nada têm a ver com os interesses dos portugueses, para que, na situação de caos e de calamidade em que o SNS se encontra, o Montenegro mantenha a ministra. São, provavelmente, os interesses dos laranjas que foram nomeados para os diversos cargos, dos grupos privados que querem uma fatia maior da prestação dos serviços da saúde, não esquecendo os médicos que recebem o salário e o complementam regiamente como tarefeiros. 

A ministra "dirige" a saúde há dezoito meses e tudo piorou. A ministra tem que sair, e isso deveria ser condição sine qua non para a oposição negociar um pacto para a saúde. Esta ministra não serve! 

Espero que, quando tiverem que votar, os portugueses não se esqueçam que o Montenegro prometeu que resolvia o problema da saúde primeiro em sessenta dias e depois em seis meses e que, no entanto, ao fim de ano e meio, a situação é muitíssimo pior do que a situação que tanto criticou quando era oposição. 

Apesar de todas as evidências, e são muitas e algumas bem dramáticas, o Montenegro manteve uma ministra que não tem o mínimo de competência para o cargo sendo, obviamente, responsável pelo estado a que chegou o SNS. 

Prometer é fácil - fazer é que é tramado. 

Muitos portugueses estão anestesiados pelas redes sociais e o discernimento não é o melhor.  Contudo, esperemos que não se esqueçam que, numa área tão crítica como é a saúde -- e tão penalizadora para todos nós quando funciona mal -- o governo revelou uma total inoperância. 

Fora com a ministra da saúde, já! 

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Nota minha 

*  É certo que «desgraçada» = mal sucedida, que tem má sorte, etc., mas, ainda assim, eu não usaria esta expressão. Mas o texto é do meu marido e ele, nestas matérias, é menos meigo que eu.

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sábado, novembro 01, 2025

Em noite de Halloween... que entre Hannibal Lecter... Fssss-fsss-fssssss...

 

Se há actor por quem nutro grande admiração, ele é Anthony Hopkins. Há mais, claro, mas é dele que quero aqui falar. Todos os filmes em que o vi me deixaram uma forte impressão. Parece que há qualquer coisa de muito íntimo entre ele e os personagens que desempenha.

Contudo, se há papel em que se transcendeu de forma absoluta e que para sempre lhe ficará associado é o de Hannibal Lecter, o criminoso em série, canibal, sem remorsos, sem consciência. 

A sua voz que modelava a ameaça velada e ciciada através do silêncio, a sua perspicácia cortante, tudo ali assustava. Estar perante alguém tão demoníaco deve ser aterrador e nós, no conforto da sala de silêncio, sentíamos o medo que aquele coração gelado e aquela mente perversa destilava.

Colbert apresenta uma entrevista que lhe fez, e é um prazer vê-los à conversa. 

Anthony Hopkins revela como a sua intuição, o seu conhecimento intrínseco dos meandros mais primitivos da mente (os mecanismos do medo, por exemplo) e algumas fontes de inspiração serviram para compor o personagem. E é um prazer assistir a isso.

Sir Anthony Hopkins, As Hannibal Lecter, Can Make Any Classic Movie Line Sound Terrifying

O vencedor de um Óscar, Sir Anthony Hopkins, revela que personagens de filmes influenciaram a sua interpretação de Hannibal Lecter em "O Silêncio dos Inocentes" e aceita o desafio de Stephen de ler algumas frases famosas do filme como o célebre assassino em série fictício.

Não vou aqui partilhar todos os vídeos dessa entrevista mas não posso deixar de aqui colocar o seguinte. O tema não é apenas o do 'grande segredo' mas essa parte, o da finitude, é muito interessante. Diz ele que já viveu muito, nunca esperou chegar até aqui, que está tudo bem, já não tem medo. E ninguém escapa. Por isso, quando o momento chegar, que chegue. Tema complexo para toda a gente mas é agradável ver alguém a falar disso a rir, sem drama.

"One Day I Will Learn The Big Secret" - Sir Anthony Hopkins Says He's Too Old To Fear Death

A entrevista de Stephen Colbert à lenda de Hollywood, Sir Anthony Hopkins, dividida em quatro partes, termina com uma conversa sobre ser o ator mais velho a ganhar um Óscar e porque é que, aos 88 anos, superou qualquer medo da morte. As suas memórias, "We Did OK, Kid", estão disponíveis.

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E estamos em Novembro. O tempo corre. Os dias estão mais pequenos. 
E as lojas já mostram os enfeites de Natal. 
Vita Brevis. Tempus fugit.

Dias felizes

sexta-feira, outubro 31, 2025

Um salão de baile com muito que se lhe diga

 

Muito se tem dito, e creio que está à vista, que Trump nunca foi bom na cabeça e que, agora, com a idade, o regime alimentar desadequado e uma vida de excessos, a demência está a fazer o seu caminho. E, no entanto, parece que ninguém se chega à frente para correr com ele. Ora, parece que a principal razão é que, aí, quem ascenderia à presidência seria J.D. Vance que, dizem, é verdadeiramente sinistro. Não o conheço assim tão bem mas a verdade é que, quando vejo alguns vídeos em que ele discursa, fico agoniada, visceralmente incomodada.

Está assim o país mais poderoso do mundo, entre um narcisista doentio, mentiroso, vingativo, corrupto, vigarista, ainda por cima agora já meio taralhouco, e um sujeito frio, ambicioso, prepotente, com uma agenda bem definida, ultra reaccionário, daquelas pessoas que coloca a interpretação mais limitada, deturpada e inquisitória da Bíblia acima da Constituição dos EUA, que, se puder, sem pestanejar, se tornará um ditador bem mais perigoso que o actual ditador-orange-clown.

Trump, de uma maneira ou de outra, acabará forçosamente mal, pois tão longe está a levar a corrupção, o desafio à lei e à ordem, tão longe está a levar o torpedeamento à democracia, tantos são os desvarios e tantos os indícios de que andou metido em alhadas das sérias que, de alguma forma, a coisa irá dar para o torto. Isto se não cair para o lado (há médicos que dizem que, para além do problema circulatório e da degeneração mental, também já terá tido um avc).

Além de tudo o que se passa na vida deste personagem, há o passado que o persegue e que, presumo, o deve atormentar até ao limite. E ele vê o que está a passar-se com o ex-Príncipe Andrew, igualmente amigo de Epstein: a pública descida aos infernos de que não consegue esconder-se (e ainda deve estar a ver-se apenas o princípio).  Para Trump, também não deve haver dia em que o tema não venha bater-lhe à porta, nem que seja para o relembrarem de que os ficheiros devem ser divulgados. Isto para não falar do processo movido por Michael Wolff a Melania, que vai fazer correr rios de tinta e que poderá ter consequências imprevistas.

O recente escândalo do Salão de Baile, que ele anuncia como um projecto régio, dourado, luxuoso, majestático, e que o levou a demolir parte do edifício da Casa Branca, é bem a metáfora do que move Trump, de como se move e do desrespeito que sente por tudo e todos.

Os fulanos do The Lincoln Project são incansáveis na denúncia dos desmandos do Trump. 

Quando se anuncia que o Salão de Baile vai chamar-se The Trump Ballroom, provavelmente, precedido de Big and Beautiful, eles aparecem a dizer que bom, bom é que se honre também o bom amigo Epstein, chamando-lhe o Epstein Ballroom, ou Trump and Epstein Ballroom

Epstein Ballroom

The Epstein files stay hidden, but the Epstein Ballroom will be a prominent display

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Desejo-vos uma feliz sexta-feira

quinta-feira, outubro 30, 2025

O que 85 anos de investigação apontam como a verdadeira chave para a felicidade

 

Continuo com severas limitações no computador e isso corta-me a disposição para escrever pois estou habituada a deixar que os dedos se aventurem à vontade sem que eu tenha que vigiá-los. Ora, agora, para conseguir usá-lo é uma ginástica e um esforço mental para os quais já estou destreinada. Para além das limitações que só com muita dificuldade consigo ultrapassar como, por exemplo, colocar acentos graves ou travar letras que ele desata a escrever sozinho e que me vejo aflita para controlar... Terei que levá-lo a uma loja, mas, caraças, custa-me deixar a minha caixinha dos segredos nas mãos sabe-se lá de quem. Não sei, não.

Por exemplo, estive a ver um vídeo com uma interessante entrevista a Brian Cox, um bacano por quem desenvolvi uma embirração de estimação só porque aquele cabelinho à f...-se e aquele sorrisinho que me parece um misto de falso maroto e de sonsinho abetalhado (abetalhado, de betinho apetatado) tendem a distrair-me do que ele diz. Mas ele sabe do que fala e sabe falar de forma clara e explícita, e isso eu tenho que receber.

Só que o tema da entrevista é, de facto, tão interessante e tem tanto que se lhe diga que me sinto inibida sabendo que vou estar a lutar com o teclado, a tentar encontrar atalhos ou correcções para os disparates que vejo aparecer no ecrã. 'Há vida depois da morte'', é um dos temas que ele aborda. Ora, posso eu chapar aqui um vídeo com temas tão do caraças e não dizer de minha justiça? Não posso, não é? Por isso, tenho que passar adiante.

Assim sendo, vou antes partilhar um vídeo, não tão complexo mas também imperdível, no qual o psiquiatra e professor em Harvard Robert Waldinger fala de um estudo que vem sendo conduzido há 85 anos sobre a felicidade. Não é coisa pouca. A felicidade é dos temas mais relevantes em qualquer sociedade, em qualquer extracto social, em qualquer faixa etária. Sermos felizes, verdadeiramente felizes, é o que todos queremos para nós e para aqueles a quem mais queremos. Contudo, não me parece que seja um objectivo a perseguir a qualquer custo, uma daquelas felicidades instagramáveis, enquadradas em cenários cinéfilos, em que as poses são estereotipadas e as conversas são vãs, conjugadas em torno de lugares comuns. Essa felicidade é efémera, artificial. Vejo mais a felicidade como o prazer de estar bem com as pequenas coisas, como a alegria simples de existir. Mas isto sou eu, leiga, leiga, a dizer.

O vídeo é longo mas é muito interessante. E também não tem que ser visto de penálti... E está legendado. E tem matéria interessante. Solidão, isolamento, partilha, convívio. E de quantos amigos chegados precisamos para sermos felizes? E a nossa experiência infantil tem impacto na nossa felicidade'

What 85 years of research says is the real key to happiness | Robert Waldinger

“Podemos aumentar as nossas hipóteses de sermos felizes construindo uma vida que inclua as condições que contribuem para a felicidade.”

E se o segredo para uma felicidade duradoura estivesse mesmo à frente dos nossos olhos? O psiquiatra de Harvard, Robert Waldinger, revela as conclusões do estudo mais longo do mundo sobre a vida adulta, com 85 anos de dados que desafiam as nossas suposições sobre o sucesso, a saúde e a realização pessoal.

Waldinger explica como as nossas relações e ligações — e não a nossa riqueza, fama ou sucesso — impactam diretamente a nossa mente, o nosso corpo e a nossa longevidade.

 

Dias felizes

quarta-feira, outubro 29, 2025

Olhemos para o Montenegro como para Frei Tomás


Explicação prévia

Esta tarde choveram cães e gatos, granizo e toda a espécie de actos de deus (como se diz em gíria jurídica). Isto incluiu uma trovoada violentíssim que colocou o cão a tremer, encostado a mim, e que deitou a eletricidade abaixo.

Tinha deixado o computador em cima de uma mesinha junto a uma porta/janela. Acabámos de almoçar antes que a casa viesse abaixo tamanha a carga de relâmpagos e trovões.

Quando regressei à sala, chovia copiosamente. Provavelmente as telhas entupidas com caruma. Não sei. Só sei que a água caía em cima do computador... Sequei e fiz o que podia (sem secador e sem poder usar qualquer coisa que o secasse, pois a luz custou a vir), agora parte do teclado não funciona. Na prática, não posso usar o computador.

Portanto estou a fazer isto no telemóvel, com as limitações que isso tem.

Explico também que o meu marido escreveu o texto abaixo nessa altura, ou seja sem ter visto o arranca-rabos que o execrável taberneiro desencadeou na AR e antes da votação. Quando vínhamos no carro ao fim do dia, ouvíamos a pouca vergonha que o cavernícola Ventura provocou. Ao ouvir as estúpidas bacoradas, disse que, à noite, acrescentaria uns pontos ao texto. Só que se meteu isto e aquilo e, entretanto, adormeceu. Portanto, o texto segue como ele o escreveu.

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Ontem o Luís, na AR, encheu-se de brios e explicou ao Ventura que a ditadura é corruptiva e geradora de corrupção, ao contrário do que acontece com a democracia. Esteve bem neste particular. Tenho para mim que só se atirou ao André porque sabe que a direção do PS é gente de palavra e, no seguimento da decisão que tomou, vai mesmo abster-se na votação do orçamento na generalidade. Precisasse o Luís do André para o orçamento passar e meteria a viola no saco para não o "chatear". Temos visto que o Luís só chateia mesmo o André quando não prevê grandes consequências do ato. 

A triste "cena"  da burka é elucidativa e vir dizer que aprova a lei por questões de segurança é ridículo. Será que alguém já viu mais do que uma pessoa com burka em Portugal? Um dos problemas do Luís é que, dizendo de vez em quando coisas acertadas sobre a democracia, a forma como entende a prática e a ética democráticas quando os seus atos estão a ser julgados está nos antípodas do que apregoa. Para ele, a democracia é porreira desde que, por exemplo, não implique o escrutínio dos  atos do PM Luís Montenegro. Para ele, a ditadura é um problemazito quando se trata de ser mais papista que o papa e trazer para a ordem do dia assuntos que são bandeiras do André numa tentativa de caçar votos aos apaniguados do taberneiro, independentemente dos assuntos serem mais relevantes em regimes autocraticos do que em democracias maduras. 

Na verdade, entre aquilo que o Luís diz e aquilo que o Luís faz há uma enorme diferença que, manifestamente, não abona a favor do Luís. É o Luís que temos. Não me parece que seja o Luís que merecemos.