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quinta-feira, novembro 28, 2024

Mentenegro às 20 horas, a árvore de Natal em que ninguém reparou, a Coisinha que não quis ser o Menino-Jesus do presépio humano engendrado pelo saloio de Espinho e as oferendas dos reis-maguinhos (azeitonas de contrafacção e chamuças quentinhas que as forças da autoridade apreenderam no Martim Moniz) que também ninguém viu:
- em suma, um acto falhado.
Daí que, por estas e por outras, possa passar-se a atribuir ao Mentenegro o cognome de o 'Ridículo'

 

Afinal foi mesmo o Mentenegro e não o Bolsonaro que, às 20 horas, horário do mais nobre que há, irrompeu pelas nossas casas adentro. 

Antes de soarem as vinte badaladas, ninguém sabia o que justificaria tal despropósito: iria anunciar uma reestruturação de monta? Iria anunciar grandes medidas de fundo, quiçá fracturantes? 

Afinal, depois de o ver e ouvir, toda a gente continuou na mesma. Um acto falhado, foi o que toda a gente, em todos os canais, concluiu. Parece que tudo se resumiu a anunciar, mais uma vez como se fosse coisa dele, a compra de carros de que o Governo do Costa já tinha tratado. Uma reincidência patética em querer ficar com louros do trabalho alheio, algo que deveria merecer tratamento psicoterapêutico.

Passou-se, disseram quase todos. Não tem noção, disseram os restantes. Absurdo, concluíram todos em uníssono.

Mas não eu. Eu alcancei o propósito da coisa.

Nem vale a pena imaginar grandes motivações pois 'o saloio de Espinho' (Marcelo dixit) é rasteiro demais para isso. Geralmente, com pessoas assim, os propósitos são apenas os que estão à vista.

E o que esteve à vista foi a árvore de Natal. E foi isso que ele ali esteve a fazer, nem mais nem menos: a mostrar a árvore de Natal.

Bem, talvez tenha tentado um pouco mais que isso. Bimbo que é bimbo, não perde oportunidade de exibir a sua bimbalhice. E, portanto, penso que não errarei se disser que ele ensaiou também apresentar-nos um presépio humano. Todos sabemos que, com aqueles seus arroubos de macho alfa e sorrisinho de joker, o seu pratinho é exibir-se em modo moderno, arrojado. E, portanto, ao lado da árvore de Natal, ali esteve o Presépio de São Bento à moda do saloio de Espinho.

Ele, o São José, claro (e nem vou comentar); a Rita Júdice (coitada, de tão boas famílias e agora a ver-se metida nestas alhadas), a Nossa Senhora; a fofinha Fiasco, o menino Jesus. Provavelmente, terá mesmo pensado em apresentá-la nuazinha, deitada nas palhinhas, a dar às perninhas, numa little manjedoura colocada ali em cima da mesa. Mas ela deve ter dito que estava frio, que se não fosse isso até dizia que sim, chefe, e para reforçar a sua posição, apresentou-se de echarpe enrolada ao pescoço. Dos restantes que ali estiveram a fazer figura de corpo presente, coitados, não sei qual aceitou fazer o papel de burro, qual o de boi (acho que eram homens pelo que vamos esquecer a vaca). E ainda estava ali gente que chegava para dar para os Reis Magos e para mais uns quantos carneiros.

Admirou-me foi o saloio de Espinho não ter levado a sua Senhora, que se veste tão a preceito, quiçá poderia desta vez não ir toda de pink com blusinha em transparências e rendas como se apresentou no Parlamento para comemorar o 25 de Novembro, mas ir toda de branco, com um piedoso véu, para tentar disputar o lugar de Primeira Nossa Senhora e atirar a Rita para um papel secundário. Cá para mim, alguém do protocolo deve ter aconselhado a desta vez não ir até porque já não cabia mais gente naquele presépio.

Quanto ao resto, cá para mim não vale a pena querer encontrar mais alguma justificação. Não há. Foi só isto.

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Até aqui tenho o vídeo do encontro dos Reis Magos antes de lá irem levar os seus presentes. Foi pena não termos visto o momento em que fizeram a oferta: provavelmente o senhor da ASAE levou as azeitonas que, segundo ouvi dizer, foram apreendidas naquelas magníficas rusgas, o da Judite uma carteira Kelly de contrafacção e o da GNR a cavalo deve ter levado umas chamuças ainda quentinhas que arrebanhou nalguma lojinha do Martim Moniz.


E mais não digo

domingo, novembro 24, 2024

Já existe o verbo tar?

 

Há uma questão que ainda não sei como ultrapassar. Ou melhor, duas. Isto é, pensando melhor, três.

1ª - Se alguém aqui escreve comentários com erros ortográficos ou gramaticais, devo publicá-los e fazer de conta que não dei por nada?

Eu acho que sim. Chamar a atenção à pessoa, seria envergonhá-la publicamente. Não o faço. Contudo, uma vez uma pessoa que, em tempos, tinha um blog, por sinal professora com livros publicados, criticou-me, dizendo que eu estava a expor a pessoa ao vexame de ficar patente perante o mundo que a pessoa não sabia escrever. Só que não tenho como chamar a atenção em privado. Portanto, publico e paciência. Mas é um tema que não tenho bem resolvido. O que penso é que se foi um lapso, a pessoa, ela própria, dará por isso e fará um novo comentário com uma errata. 

E, de qualquer forma, há que compreender que, mesmo que a pessoa escreva habitualmente bem, um dia, por escrever à pressa, por distração, por erro de digitação ou porque escrever no telemóvel torna tudo mais complicado, os deslizes acontecem. Sou tolerante quanto a isso. Aliás, quantas vezes, quantas mil vezes, já eu aqui tropecei, troquei as mãos, omiti ou juntei vírgulas onde não devia, acrescentei acentos onde eles não eram requeridos... sei lá...?

2º - Se alguém, conversando comigo, dá pontapés na gramática e usa expressões incorrectas (exemplo: usando quaisqueres em vez de quaisquer, dizendo houveram situações desconhecendo que o verbo haver, neste âmbito, não usa plural e que, portanto, se deveria dizer houve situações, dizendo há-des em vez de hás-de, ou há-dem em vez de hão-de, etc), como devo proceder? Uso as expressões correctas deixando a pessoa a pensar que não sei falar? Ou 'ajeito-me' e dou também pontapés na gramática?

Claro que falo sempre bem. Pelo menos, tento. Seria incapaz de dizer quaisqueres ou há-dem. Incapaz. Aliás, gostaria de ter coragem para dizer à pessoa que está a falar mal e explicar-lhe quais as regras. Mas obviamente não o faço. Receio passar por convencida ou inconveniente. Mas, limitando-me a falar bem, fico sempre com receio que os outros achem que eu é que sou a analfabruta do grupo.

3ª Quando nas mensagens, sejam sms ou whatsapps, se recebem frases que incluem tou, tão, tava, tá bem, etc, o que deverei fazer? Deixar estar, achar que é inevitável, ou chamar a atenção?

Se são os meus netos, claro que mando uma correcção de volta. Invariavelmente dizem-me que, nas mensagens, se escreve sempre assim, à pressa, de forma abreviada. Creio que até receariam escrever 'estar' e não 'tar' não fossem os amigos gozar e achar que, escrevendo o 'es' que incorpora a palavra, estivessem a parecer uns bonequinhos, apertadinhos, esquisitinhos, pondo-se a jeito para serem gozados.

Mas é um tema. Aliás, três temas.

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E, um pouco a propósito, sobre o uso da língua portuguesa, aqui vai uma compilação de momentos da Porta dos Fundos

COMPILADO | EH LINDO O IDIOMA PORTUGUÊS

Ah, as bonitezas do idioma português… mas também tem as incongruências, afinal, passamos anos chamando esquetes de “as esquetes” e pelo visto “esquete” é substantivo masculino e agora temos que falar “os esquetes”. É feio, a sonoridade é estranha, nem prazeroso de falar… mas isso foge da nossa ossada. Ops… alçada! 

domingo, outubro 27, 2024

A pessoa por detrás do Peçanha

 

Não se espantem por eu andar a passar ao lado dos temas da actualidade mas estou mais numa de peace and love, por exemplo a ver cogumelos (que irrompem aos montes por todo o lado -- uns gigantes como naves espaciais, outros gordos como farófias, outros pequenos e robustos como anõezinhos bem alimentados, outros que não parecem o que suponho que sejam), a andar a ver os reflexos de luz nas límpidas gotas de água que pendem das folhas, a fotografar tudo o que mexe e tudo o que está imóvel. 

Para além disso, de noite ouvimos um barulho não identificado e, acto contínuo, o cão desatou a ladrar freneticamente. Assustei-me, claro, o meu marido foi passar revista à casa e etc. Não descobriu nada mas ficámos intrigados. Com isso, claro que fiquei sem sono. Só voltei a adormecer já quase amanhecia. Por isso, agora que liguei o computador e me instalei no sofá, estou só a adormecer, estou com o computador no colo há séculos e tem sido uma luta, a maior parte do tempo a dormir.

Praticamente não tenho vi televisão, pois não se aguenta. Li o Expresso de ponta a ponta, por vezes em rápida diagonal, outras vezes bem devagarinho. 

E agora à noite estive a ver alguns vídeos bem interessantes, entre os quais uma entrevista a António Tabet, um dos meus preferidos da Porta dos Fundos.

Como sempre, só posso concluir que quem vê caras não vê corações. A vida dele, um miúdo pequeno a cuidar do pai com cancro, a mãe, viúva (na altura com um filho bebé, para além dos mais velhos, o António, na altura com 15 e outro com 13), que se passou e mandou o filho de 13 para casa dos avós e a ele para fora de casa, depois a andar de casa em casa, não foi nada fácil. Como tudo foi incorporado até se tornar um humorista como ele é é extraordinário.

A entrevista é longa, e ainda bem, e ouve-se de gosto do princípio ao fim, por vezes a rir. Por exemplo, como se viu livre de um ameaçador grandão que estava a barrar-lhe a passagem, incorporando a personagem do 'policial Peçanha' é de gargalhada.

Antonio Tabet fala sobre relação difícil com a mãe, personagem Peçanha e trote no 1º emprego

O roteirista e ator Antonio Tabet é o convidado desta semana do “Desculpe Alguma Coisa”, videocast da escritora Tati Bernardi em Universal UOL. Tabet conta como foi expulso de casa aos 16 anos, após perder seu pai para um câncer agressivo no cérebro. Humorista, ele relembra o policial que inspirou seu personagem “Peçanha”, esclarece seu posicionamento político e diz que o humor paga um preço que nenhum político pagou com a polarização política.  


E agora acho que vou mesmo dormir.

(Obrigada pelos comentários e não levem a mal não responder a cada um, está bem?)

quinta-feira, julho 18, 2024

O estado da nação aqui por casa
(aqui por casa e não só...)

 

Pois é. Continuo cheia de afazeres e, em todo o lado, a ter que esperar horas para ser atendida. Chego a um sítio e está um cliente com um funcionário em cada balcão ou secretária. E assim ficam, os mesmos, por mais de meia hora, se não mesmo uma hora. Não sei se as pessoas andam carentes e vão confraternizar para os espaços de atendimento ao público. Fico possessa, apetece-me ir mandar vir, insultar, desafiar as pessoas a irem conversar para outra banda. Depois respiro fundo, interiorizo que não ganho nada em estar enervada, forço-me a ser zen. O tempo passa, ninguém se despacha, sinto-me a desesperar e eu nada, caladinha. Por vezes penso que, em situações assim, seria normal que alguém se passasse, desatasse aos berros, aos pontapés, puxasse pelos cabelos os clientes que se sentam a conversar na maior das calmas. Avalio se poderia acontecer isso comigo. Concluo que não, sou demasiado atada para dar escândalo, não tenho voz para gritar de forma que imponha respeito. Ainda me saía um gritinho de falsete que pusesse toda a malta a rir à gargalhada.

Hoje, antes de mim, entrou  uma figura. Primeiro estive sem perceber se era um binário ou uma não-binária. Não estou a gozar, estou a falar a sério. O ser estava vestido de uma forma bizarra. Tudo em branco, uns calções largos abaixo do joelho, uma blusa branca, larga, de alças, com uma abertura nas costas e com um capuz. E um penteado que não dá para acreditar, empeçado, ripado, uma ponta para cima, outra para baixo, outras para o lado, cada ponta de seu tamanho, e como se contivesse carradas de laca ou, então, sujidade. Quando se virou, pareceu-me que seria um homem novo ou, então, uma mulher jovem em processo de transição. Ou vice-versa. Ou poderia não ser nada disso e estar simplesmente maquilhad@ ou, então, nem sei bem dizer. Uma figura que, vistas bem as coisas, até tinha a sua graça. E tinha uma argola no nariz e piercings variados numa das orelhas. E por todos os braços, costas, peito e pescoço, tatuagens de monstros, caras assustadoras como se a gritar, de boca aberta, algumas com sangue a escorrer dos dentes. Quando ficou, de novo, de costas para mim vi que tinha tatuada no pescoço a palavra humanoid. Tinha um ar infeliz. Fiquei intrigada. O que estava aquele ser a fazer ali? Claro que não se pode concluir nada pela aparência mas, fazer o quê?, uma pessoa, mesmo sem querer, tem preconceitos. Quando se virou de novo, fiquei com a impressão que é alguém conhecido aí do mundo artístico. Ou, quiçá, do mundo dos influencers. 

Quando chegou a vez, dele temi que fosse uma alma atormentada à procura de amparo e que tão cedo não desamparasse dali. Afinal não, nem um minuto, pelos vistos tinha ido ali ao engano. Lá se foi, cabeça baixa. 

Mas com isto e com aquilo, a verdade é que, nos últimos três dias, tenho saído de casa de manhã, regresso de tarde, e hoje, como havia outros compromissos, ainda foi pior. Eram para aí umas oito e tal, talvez nove da noite, enfiei-me na banheira para um duche a pensar que estava mesmo a precisar de me refrescar e de me sentar a descansar. Eis senão quando o meu marido apareceu à porta a perguntar se íamos fazer uma caminhada. A minha vontade foi dizer que nem pensar, que não conseguia. Mas depois lembrei-me que ainda não tinha andado, que se calhar até me saberia bem caminhar ao lusco-fusco. 

E assim foi. Soube-me bem, sim senhores.

Conclusão: jantei às dez da noite. E, para vossa informação, o meu jantar foi:

Salada de alface, cenoura ralada, um pêssego cortado aos bocadinhos, sementes daquelas que se compram para saladas, queijo fresco de cabra, tudo temperado com orégãos e com azeite. E fiquei bem. Para sobremesa, um pequeno quadrado de chocolate preto.

Portanto, como poderão compreender, não tenho nada a dizer sobre o Montenegro, sobre o Estado da Nação, sobre a legionella que se alojou na Presidência ou sobre a covid que veio atrapalhar ainda mais o Biden. E não tenho nada a dizer simplesmente porque não tenho informação, só tenho sono.

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E como, uma vez mais, o post padece desta pobreza franciscana, para tentar que não vão daqui com vontade de reclamar o preço do bilhete, partilho uma conversa que tem bolinha no canto não porque o tema seja cabeludo mas porque aquele ali não levou pimenta na língua quando era pequeno.

Mas, agora que escrevi que o tema não é cabeludo, estou aqui a pensar que é cabeludo, sim. Aliás é, até, chifrudo. 

Vade retro Satana.

Antonio Tabet tentou SALVAR a Jéssica na entrevista de emprego! 
| Que História É Essa, Porchat?| GNT


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Dias felizes

quarta-feira, fevereiro 07, 2024

Certidão permanente, caderneta predial, teor do artigo ou artigo do teor, matriz e o escambau.
Coisas que não sei como é que o Kafka deixou de fora
Salva-se, desta problemática, a maravilhosa casa de João Vicente de Castro

 

Continuo na minha tentativa de cumprir com as diligências. Mas parece que, em larga percentagem, me saio sempre mal.

Tento fazer como manda a lei mas não é fácil perceber o que manda a lei. Depois, faltam-me os termos e o conhecimento dos meandros das coisas. Não percebi ainda a diferença entre certidão urbana permanente, caderneta predial urbana, artigo de teor (ou teor de artigo?), matriz predial, etc.

Acontece que a casa em que viviam os meus pais, em termos dessas coisas está um bocado baralhada.

A história é a seguinte. Quando os filhos eram jovens, creio que talvez quando atingiram a maioridade, os meus avós paternos ofereceram-lhes um terreno. Os dois irmãos embrenham-se na construção de uma moradia dupla. Desenharam, contrataram técnicos e projectistas, acompanharam a construção. O meu pai orgulhava-se de que a casa levou muito mais ferro do que necessitava, queria que fosse boa construção. Eram muito jovens, os irmãos. Mas ambos levaram tudo muito a sério.

Não ligaram muito foi ao lado burocrático.

O terreno tinha uma determinada área e, depois de implantada a área habitacional, sobrou o terreno do qual fizeram respectivamente, atrás hortas e à frente jardins, uma divisão feita entre eles, daqui para ali, daquele lado da casa é meu e, de lá para acolá, deste lado, é teu.

Depois, tiveram o cuidado de ir à Conservatória desanexar a casa de cada um do edifício inicialmente registado como único. Ou seja, fizeram a divisão da coisa comum, por aquisição um ao outro. Isso está registado. Mas só desanexaram do artigo inicial, que era um todo, as respectivas zonas habitacionais especificando a área e depois escrevendo 'e logradouro', mas esqueceram-se de especificar a área de cada logradouro. Ou seja, o terreno remanescente, o chamado logradouro, em termos da certidão ou da caderneta ou do teor ou sei lá do quê, permaneceu comum já que não especificaram a área de cada logradouro que deveria ter sido desanexado tal como a zona habitacional.

Mas para eles estava tudo bem.

Além disso, em termos de IMI, cada um pagava o seu, ou seja, o correspondente à sua casa.

Até que um certo dia, na sequência da informatização nas Finanças, começou a aparecer como se as duas casas fossem uma única e em que cada um era dono de 50% de cada.

A minha mãe falava disto en passant. Chegou a ir às Finanças dizer que se tinham enganado. Presumo que não deve ter percebido nada do que lhe disseram pois, por algum motivo, se calhar por não estar esvaziada a área do artigo inicial, não corrigiram. O meu pai tinha tido o AVC e as prioridades e os problemas dela eram outras. E das minhas nem se fala. Ouvia falar disso como coisa remota, desinteressante.

Quando o meu pai morreu e se teve que fazer a habilitação de herdeiros, apareci como dona de uma parte da casa dos meus pais e de uma parte da casa dos meus tios. Um disparate. A minha mãe disse-me que vinha desse 'erro' das Finanças. E, creio que nessa altura, falou com os meus tios que também estavam admirados com tudo aquilo. A minha prima, sem tempo para coçar, muito menos tempo teve para se preocupar com tal coisa. E eu idem. Ficou.

Quando a minha mãe estava internada fui eu que paguei o IMI dela. Lá estava a pagar 50% do IMI da casa dos meus pais e 50% da casa dos meus tios. Falei com a minha prima que foi ver e disse que com os pais acontece o mesmo mas que, no conjunto, pagamos o valor correcto portanto, mais coisa menos coisa, 'que se lixe'...

Concordei. Preocupada, aflita e angustiada que andava quis cá eu saber disso.

E agora estou nesta situação absurda e sem saber por que ponta pegar. Nas Finanças falam-me em pôr em propriedade horizontal. O Conservador ri-se: 'Mas propriedade horizontal de quê? Isso era antes de eles, nos idos de 1900 e troca o passo, terem desanexado cada um a sua casa...'. Portanto, estou nisto.

Provavelmente terei que contratar um solicitador. Mas tem que ser ao mesmo tempo que os meus tios. E eles são idosos, isto deve fazer-lhes confusão, o lógico é que não sejam perturbados. E a minha prima, cheia de trabalho, ainda menos pachorra deve ter para isto.

Só que, nestas circunstâncias, para o que quer que seja, não consigo fazer nada da casa pois, para todos os efeitos, em termos de Finanças, sou dona de apenas uma parte da casa e os meus tios donos do restante. Um absurdo de todo o tamanho.

Ao ouvir-me queixar desta trapalhada, o Conservador ria-se : 'Se não tivesse recebido nada em herança não teria trapalhada nenhuma...'. Pois. Mas herdei.

Liguei para as Finanças e fiquei desconcertada, desanimada. Falaram-me em ir à Câmara. Liguei para a Câmara, expliquei. Pediram-me uma série de coisas, escritas com as siglas. Tive que ir descodificar. Mas olho para o que tenho e não percebo o que corresponde a quê. E na Câmara dizem-me que o não sei quê que devo apresentar, se quiser fazer não sei o quê, deve ser actualizado. Pergunto-lhe se está a falar daquele livrinho escrito à mão, na Conservatória, e parece que ela nem sabe de que é que estou a falar. Às tantas apetece-me desistir. Não tenho pachorra, não tenho conhecimentos para tão exigente empreitada, não tenho tranquilidade para pesquisar ou pensar nestas coisas.

E acho que tenho prazos para tratar destas coisas e receio não conseguir encontrar o caminho deste emaranhado, a tempo e horas.

Enfim. Uma seca de todo o tamanho.

E continuo com avaria de comunicações desde segunda de manhã. O operador tinha mandado mensagem a dizer que devia ficar resolvido esta terça à tarde. Nada. O meu marido ligou e agora dizem que talvez na quarta a virar para quinta. Nem televisão, nem internet, nem telefone. Só o telemóvel funciona nesta casa. É da rede do telemóvel que estou a alimentar o computador.

Está bonito, isto, está mesmo.
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Salva-se deste relambório chato para caramba, o vídeo da lindíssima casa de João Vicente de Castro. Fico perplexa com tamanha e tão bela casa. Não por acaso a Vogue faz reportagem com ela. Só conheço o João Vicente de Castro da Porta dos Fundos. Não sei se é daí que vem o budget para um casarão tão impressionante mas, verdade seja dita, é coisa que não me diz respeito.

Espero que gostem. Garanto que merece muito a pena.

Tour pela casa sofisticada de João Vicente de Castro | CASA VOGUE

No Jardim Botânico,  Rio de Janeiro, a casa de 500 m² do ator João Vicente de Castro, com reforma recém-finalizada pelo Estúdio Orth, ficou exatamente do jeito que ele imaginava: confortável, convidativa e contemporânea. Faça um tour!


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Desejo-vos um bom dia

Saúde. Ânimo. Paz.

sábado, outubro 07, 2023

Sexta-feira presencial

 

Lembro-me de um dia, uma sexta-feira de um Março que me parece longínquo, participar numa reunião ao mais alto nível, na maior e mais nobre sala de reuniões. Estávamos todos surpreendidos e muitos sem perceber ainda o que estava a acontecer.

Sendo uma empresa tão grande, dispersa por várias geografias e com muitas instalações a funcionarem vinte quatro horas por dia, todos os dias do ano e operando num sector estratégico e crítico para o país, tínhamos que tomar uma decisão. E tomámo-la. Ali mesmo foi criado um comité de crise, traçadas as linhas gerais, escrito um comunicado com carácter de urgência. 

E ali mesmo combinámos que todos os que tivessem computador portátil pegariam nele e trabalhariam a partir de casa até ordem em contrário e durasse isso o tempo que durasse.

É uma imagem de desolação que guardo desse dia. Naquele escritório, em concreto, toda a gente tinha portátil. Uma pessoa estava cheia de tosse e sentia-se febril. Foi mandada embora de imediato.

E todos pegámos nos computadores e, olhando uns para os outros com espanto e preocupação, despedimo-nos sem saber quando voltaríamos a vê-los.

À maioria deles não voltei a ver.

A partir daí a empresa entrou numa voragem para tentar que todos conseguissem fazer o seu trabalho a partir de casa e para que os que tinham que estar 'presenciais' o fizessem em segurança.

Poucos dias depois, o pai de um colaborador directo morreu de covid. Os casos na empresa sucediam-se. Tínhamos que arranjar maneira de recompor equipas. Foram meses muito difíceis.

De seguida, surgiu-me um convite que não podia recusar, um desafio de loucos. Fui trabalhar para outra empresa. Portanto, deixei de trabalhar com aqueles de quem me tinha despedido em Março.

Durante muito tempo, por segurança, o trabalho foi remoto para quem isso era possível.

Depois passou a híbrido.

Ainda bem que assim é. O normal é que se ajuste a forma de trabalhar. Desde que o trabalho se faça, é bom que haja flexibilidade de parte a parte. 

E é verdade: quando alguém se recusa a trabalhar a partir de casa e defende intransigentemente o trabalho presencial não arredando pé do local físico de trabalho, já parece um pouco estranho. Confirmo que, por exemplo, ao ver um colega que entrava todos os dias quase de madrugada e era o último a sair, eu e toda a gente pensávamos que o fulano só podia ser alguém sem vida própria.

É disso que o episódio de hoje da Porta dos Fundos trata. O que aqui abaixo está escrito e que transcrevi do Canal deles não tem nada a ver.

Sexta-feira presencial

É sexta-feira, o expediente começa às 10h. Mando uma figurinha de "bom dia" no grupo da firma e continuo caminhando pela praia. Vou pro judô, tomo banho, chego ao computador de cabelo molhado às 11h30. Vejo vídeos no Youtube enquanto uma reunião acontece. Opa, meio-dia, hora daquele almoço de 2 horas. Mais uma reunião começa e eu entro no link ainda do restaurante. A partir das 15h, ver séries. 16h? Passar um café. Ok, hora de mandar um e-mail que enrolei tanto pra escrever, já são 16:55, hora de uma parada pra um cigarro porque às 17h encerro meu expediente mais cedo. Mais tarde é meu vôo pra Itália. Muito bom ser um CEO que exige trabalho presencial obrigatório.


Desejo-vos um bom sábado

Saúde. Bom descanso ou bom trabalho ou bom passeio. Paz.

quarta-feira, maio 17, 2023

Receita para curar hipocondríacos

 


Por acaso, e pelo menos até ver, não sou hipocondríaca. Mas sei bem o que isso é pois tenho convivido de perto com quem o é.
 
Não é coisa de que se deva gozar pois é uma doença se calhar pior do que as doenças de verdade. 

As pessoas hipocondríacas julgam que estão doentes (talvez porque tenham um medo descontrolado de estar) e, a partir daí, desenvolvem toda a espécie de sintomas que comprovam que têm mesmo essa doença.

O google e a própria bula dos medicamentos incentivam bastante este tipo de problemas. Para quem sofra desta síndrome, os sintomas aí estão à disposição. À la carte.

Quando dizemos a essas pessoas que o problema delas é a ansiedade e que deveriam procurar apoio psicológico ou tomar um ansiolítico ofendem-se e rejeitam liminarmente essas sugestões pois temem que, com isso, desvalorizemos os seus sintomas ou que, ao ficarem menos ansiosas, os sintomas fiquem ofuscados. 

Durante as fases de hipocondria aguda, as pessoas que disso padecem ficam voluntariamente entregues, quase a 100%, a si próprias, a olharem para dentro de si, tentando identificar e caracterizar os sintomas, validando na documentação a que acedem que esses sintomas confirmem a doença, tentando identificar outros que o reforcem, tentando verificar se também os sentem.... etc. 

Não querem conviver pois não querem perder de vista os seus sintomas não vá a coisa agravar-se, não querem que os outros digam que é tudo inventado (ou imaginado). Geralmente ficam deprimidas, mal encaradas. Comportam-se como se estivessem mesmo mal e melindram-se com o descaso que verificam nos outros.

A hipocondria pode focar-se em maleitas distintas que vão variando. Um dia estão muito mal, com todos os sintomas, com um problema na cabeça, e não descansam enquanto não são vistos por um médico e não fazem exames. Mal sabem que estão bem todos os sintomas desaparecem, sendo desvalorizados. E nem querem que se fale no assunto. Pouco tempo depois, estão com outra doença, sempre grave, localizada no peito, com sintomas irrefutáveis. Podem descrever de tal forma o que têm que a única solução é ir para as urgências. Dias depois tudo isso se varreu e já estão noutra. 

Quando lhes dizemos que padecem de hipocondria mórbida negam em absoluto, dizem que ninguém no mundo quereria mais não padecer de nada do que eles. Falam como se um hipocondríaco fosse alguém que gosta de estar doente. Não é. Um hipocondríaco é alguém que desenvolve medos quase paralisantes de estar doente.

Uma pessoa hipocondríaca não é apenas uma pessoa que destrói a sua própria qualidade de vida como a dos que a cercam pois, quem está por perto, teme sempre o dia em que algum daqueles sintomas seja real e que, por o ter desvalorizado, fique responsável por a pessoa não ter sido acudida a tempo. E, por outro lado, não é confortável ficar no papel de quem é insensível e inconsciente a ponto de não prestar atenção a alguém gravemente doente. Mesmo perante o hipocondríaco que se sente portador de doença grave e/ou terminal, como ficamos se mostramos que aquilo não passa de mais uma daquelas invenções habituais e transitórias?

Por isso, que não se menospreze o poder devastador da hipocondria.

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Mas passo a palavra ao ChatGPT

Eu:

O que é, a que se deve e como se trata a hipocondria?

ChatGPT:

A hipocondria, também conhecida como transtorno de ansiedade de doença, é um transtorno psicológico caracterizado pela preocupação excessiva e persistente com a possibilidade de ter uma doença grave, mesmo na ausência de evidências médicas que justifiquem essas preocupações. As pessoas com hipocondria geralmente interpretam sintomas físicos normais como sinais de doença grave e tendem a buscar constantemente exames médicos e investigações para confirmar suas preocupações.

A causa exata da hipocondria não é conhecida, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Pessoas com histórico familiar de transtornos de ansiedade, traumas passados ou experiências negativas com doenças podem estar em maior risco de desenvolver hipocondria.

O tratamento da hipocondria envolve uma abordagem multidisciplinar que pode incluir:

Terapia cognitivo-comportamental (TCC): A TCC é uma forma de terapia que visa identificar e modificar os padrões de pensamento negativos e distorcidos associados à hipocondria. O terapeuta ajuda a pessoa a examinar e desafiar as crenças irracionais relacionadas à saúde, desenvolvendo estratégias para lidar com a ansiedade e reduzir os comportamentos de busca por reassurance médica.

Terapia de exposição: A terapia de exposição gradualmente expõe a pessoa a situações temidas, como consultar médicos com menos frequência ou adiar a procura de informações médicas, com o objetivo de reduzir a ansiedade associada à hipocondria.

Medicamentos: Em alguns casos, medicamentos como antidepressivos ou ansiolíticos podem ser prescritos para ajudar a reduzir a ansiedade e os sintomas relacionados à hipocondria. É importante lembrar que os medicamentos devem ser prescritos por um profissional de saúde e seu uso deve ser acompanhado de perto.

Além dessas abordagens, é fundamental o suporte de uma equipe médica e profissionais de saúde mental especializados no tratamento da hipocondria. É importante que a pessoa com hipocondria tenha um ambiente de apoio, com familiares e amigos compreensivos, para ajudar na superação desse transtorno.

Se você ou alguém que você conhece está lidando com a hipocondria, é recomendado buscar ajuda de um profissional de saúde mental para obter um diagnóstico adequado e um plano de tratamento personalizado.

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Uma outra abordagem 

- que entre a malta da Porta dos Fundos

Segundo o Google, tenho apenas mais dois dias de vida. Tudo começou com uma coceira de nada no pescoço, cocei tanto que desloquei meu ombro e chamei meu amigo Jorge para colocar no lugar. Ele não conseguiu ajudar e devia estar gripado, pois agora também estou espirrando e com uma dor de garganta muito forte. E juro que não tem nada a ver com a mamada que eu dei nele na hora. Adeus, mundo!

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domingo, abril 30, 2023

Para ver se esclarecemos de vez os mistérios das notas do Galamba e das desnotas do Frederico, tal como antes, o mistério do desparecer do Medina e dos pareceres da Mariana e da Catarina, não sei se chega uma Mortágua. Não seria de arranjar uma Leninha para correr aquela malta toda à bofetada?
Pergunto.

 

Tenho a dizer que graças a um telefonema que recebemos perto das duas da manhã tivemos que sair de casa e, ala moços que se faz tarde, aí vão eles, feitos à estrada. 

Cumprida a missão, entrámos na cama perto das quatro, uma espertina do caraças. Portanto,  podem imaginar: o sono foi pouco, muito pouco.

Aproveitei para, em jejum, ir fazer umas análises que estavam prescritas e que estavam à espera do dia certo para serem feitas. Afinal, quando ia a sair de casa já com o frasco com a devida urina II, reparei que não eram para ser feitas agora mas sim daqui por uns cinco ou seis meses. Mas já não estive para me reorientar e fui na mesma. Que se lixe. A seguir fomos comprar o comprimido desparasitante para o cão.

Por acaso, de tarde, dormi um pouco. Mas nada que chegasse. 

Mas depois, porque hoje foi dia, fomos jantar fora. Pelo caminho perguntei ao meu marido se queria viver comigo outros tantos. Disse que não respondia porque a pergunta estava para lá de surreal. Não percebi porquê. 

A seguir ainda fomos buscar o urso cabeludo que tinha ficado em boa companhia.

Como é bom de ver, só quando, ao almoço, lá para as duas da tarde, ligámos a televisão é que vimos qualquer coisa. Mas o meu marido teve um acesso e desligou-a. Conclusão, não apenas não pude debruçar-me sobre o magno problema que absorve os neurónios de tutti quanti como, do que ouvi, não consegui extrair uma conclusão que fosse.

Primeiro: afinal para que é mesmo a comissão sobre a TAP? Não era para perceber quem é que aprovou aquela cena da indemnização da Alex Tomba-Todos? Isto, quiçá, para perceber que aquilo lá não é uma felga?

Ou não? 

Será que aquela Comissão é um daqueles exemplares topológicos sem contornos, a materialização daquilo a que se chama geometria variável? Será que os objectivos variam consoante?

NB: É mesmo assim. Consoante. Sem palavra a seguir porque é o que me parece que acontece na comissão. Se, um dia, um qualquer diz batatas fritas na sessão seguinte o tema é sobre batatas fritas. Se nessa um diz gatinho azul, na seguinte anda tudo às voltas de gatinhos azuis. Uma never ending Comissão em que começou na indemnização da Gand'Alex e já vai nas notas que um tomou numa reunião qualquer que me parece que não tem nada a ver com o caso.

Isto já para não falar que, para o tom inquisitório ser ainda mais apurado, só falta mesmo haver ali uma pide Leninha (*) para andar à bofatada (escrito assim mas soar mesmo a estaladão) com aquela malta toda.

E, de cada vez que algum inquirido se descosesse e dissesse que sim, senhor, bebeu água antes de ir para ali, primeiro soltavam a Leninha e só depois é que se chamavam os macacos avençados para saltarem para as televisões e para as rádios a macaquearem o que foi dito. Claro está que os macacos não fazem a mínima sobre o tema, este ou qualquer outro, estão ali só mesmo para se macaquearem uns aos outros. O facto de todos, encarniçadamente, se porem a debater o dislate que é beber água antes de entrar para a sala de audiências é apenas porque sim, porque são pagos para isso. E isto quando o tema é beber água. Porque pior ainda quando algum inquirido entra em contradição e diz que se esqueceu de lavar as mãos depois de ter feito chichi quando todos assistiram que afinal até as lavou três vezes e até trocaram whatsapps a comentar o caso, Aí, sim, aí cai o carmo, a trindade e a portugália, e, por isso, ie, por causa dos bifes, o Montenegro desata a formar governo (à sombra, não vá apanhar algum escaldão). 

Há dias andava o zoo comentadeiro às voltas com o parecer. Há ou não?, quem o tem? quem o escondeu? A malta toda a brincar ao lencinho queimado ou, na versão mais moderna, à caça ao ovinho da páscoa. E o Medina e as duas ministras não foram logo ali apedrejados, açoitados e alvejados com ovos podres porque não calhou. Mas foi por um triz.

Agora o tema são as notas. Há notas? Alguém escondeu as notas? Onde estão? Quem é que sabia das notas? E não há alho nem bugalho que não opine sobre as notas. E, uma vez mais, cinquenta vizinhas saltaram para a arena comentadeira, todas de língua e faca afiadas, tudo a clamar por justiça e só não cortaram ainda o pescoço ao Galamba porque parece que não apreciam arroz de cabidela. 

E eu pergunto: mas não é normal tirar apontamentos nas reuniões? Meio mundo o faz. O que não é normal é andarem a cheirar as notas uns dos outros quais cães a cheirarem o rabo uns aos outros.

Mas parece que é o que os neo politicos, os jornalistas, os comentadeiros e os tomateiros gostam de fazer: cheirar o cu uns dos outros.

Sim, leram bem, Os tomateiros. Toda a gente opina sobre as notas, desde os mais ilustres desconhecidos, até às descabeladas do costume, até a uns pobres coitados que foram arrebanhados na rua e, à falta de melhor, quando já não há cão nem gato para opinar, já nem os pobres tomateiros escapam.

E tudo para quê? Para fuçarem nuns apontamentos que uns quaisquer tomaram numa reunião que não interessa nem ao menino jesus.

Até ouvi, de passagem, uma qualquer a descobrir a pólvora: que a ex-CEO do magnífico nome tinha reunido com o Galamba. Estava exorbitante a desgrenhada e enlouquecida criatura com a descoberta que tinha feito. E quem a ouvia, um entrevistador com ar alucinado, não foi capaz de lhe perguntar se ela não sabia que isso era o que era suposto acontecer: a tutela reunir com os órgãos de gestão da empresa. Se o Galamba reuniu com a ex-CEO fez apenas o que tinha que fazer. Mas aquela alimária falava como se tivesse descoberto que a Christine andava a vender coca ao ministro. 

Parece que o país ensandeceu, de repente o espaço público transformado num filme cómico.

Não há pachorra.

Contudo.

Isto dito.

Tenho que perguntar ao Costa se ainda não percebeu que tem que ter cuidado com a marabunta que se acoita lá pelos ministérios. Quem é que selecciona e quem é que avaliza as competências daquela canalhada miúda que, sob o título de assessores e adjuntos (e recebendo como tal), se aboleta em lugares que deveriam estar reservados a gente de elevado calibre? O Costa ainda não percebeu que é tempo de chamar a brigada anti pragas? Ou tenho que ir lá levar desparasitantes de cão a ver se fazem fazem efeito também nessa tropa fandanga?

Pergunta a minha inocente ignorância: que conhecimentos e experiência de vida e da área em causa tem o jeitoso Frederico Pinheiro para ter sido Adjunto de um Ministro?

Li o CV do moço e nem para meu estagiário eu o quereria (isto quando eu ainda estava no activo, claro). Que credibilidade tem aquele rapaz para andar a coordenar reuniões, para acompanhar dossiers, para lidar com informação reservada? Alguém me diz?

Será que aquela rapaziada de quem dizem ser a gauche do PS, para agradar aos amigos da ex-geringonça, ainda acoitam maltinha dos Blocos, das Jotas e de sei lá onde mais?

E o nosso ubíquo Marcelo não consegue puxar pela sua iluminada cabeça e ver como se há-de (colectivamente) conseguir trazer para a vida pública gente capaz, competente, respeitável? Não consegue arranjar maneira de proibir a entrada a maltinha que pode ter muita graça a fazer teses de doutoramento (a expensas nossas) sobre temas que não interessam nem à carochinha ou a maltosa que gosta de fazer tricas laricas entre jotas mas que não tem a mínima competência ou respeitabilidade para assessor ou adjunto nem do raio que o parta, muito menos de um secretário de estado ou de um ministro?

Tempos houve em que os Ministros e Secretários de Estado eram a nata da sociedade, o melhor que o País tinha, O que se passa para gente dessa se recusar a ir agora para o Governo? Mas não vão nem que os banhem em ouro... E, se não há gente capaz que queira ir, depois é o que se vê. Só disto que agora se descobre que por lá anda.

Não pode ser.

Já agora: quem é que autoriza as bolsas para essa malta que para aí anda, eternamente, a fazer teses de mestrado e de doutoramento sobre bugigangas de assuntos, sobre tretas que não servem nem servirão nunca para nada que se aproveite? Andei eu anos e anos a trabalhar, de sol a sol, na economia real, como uma moira, deixando grande parte do meu ordenado em impostos, e ando agora a deixar parte da minha pensão de reforma, para andar a financiar o que me parece ser uma alegada trupe de imprestáveis que, em vez de trabalharem a sério, andam por aí entretidos a fazer merda respaldados pelas bolsas que recebem para fazer teses da treta? (Pardon my french)

Olhem, não há mesmo pachorra.

NOTA: Apesar de tudo, os indicadores económicos são fantásticos, a democracia funciona e, digam o que disserem, o PS ainda é a melhor alternativa para governar o País. Tem muito trabalhinho de casa para fazer? Oh se tem... Mas, enquanto não houver melhor, há que respeitar o voto dos portugueses e deixã-los continuar o trabalho que têm estado a fazer e que, por sinal, estão a fazer bem Que fique claro que o mecanismo fundamental nas democracias é o voto. E quem vota é o povo. Não é a comunicação social.  

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Olhem, se é para atirar pedra, que entrem os meus amigos da Porta dos Fundos

E, já agora, pedra por pedra, que entrem também os meus amigos Monty Phyton


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(*) Sobre a Pide Leninha recomendo o magnífico documentário da RTP

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Desejo-vos um bom dia de domingo
Saúde. Esperança. Paz.

terça-feira, abril 04, 2023

O céu é dos ateus?

 

Hoje, depois dos compromissos, fomos fazer turismo para um dos sítios mais bonitos e turísticos de Lisboa (e do país). Já há algum tempo que não passeávamos por ali. À Champalimaud temos ido, gostamos daquele espaço. Mas da Torre de Belém ou do Padrão das Descobertas temos estado mais distanciados, tememos as multidões. Mas hoje fomos. Estava com saudades.

Muita gente, como seria de esperar, e agora também, em frente ao Museu de Arte Popular, com barraquinhas turísticas, barraquinhas de recuerdos insignificantes e banais, barraquinhas de comes, música. Não é nada de mais, não se pode dizer que seja uma tragédia. Em qualquer lugar turístico isto é normal. Dito isto, não quer dizer que goste. Não gosto. Mas compreendo que, havendo procura, é natural que surja a oferta.

Tirando isso, é aquilo de sempre: muitas pessoas, muitas nacionalidades, muitas línguas, diferentes idades. Heterogeneidade a todos os níveis. Disso eu gosto muito. Gosto de andar no meio da diferença, no meio de desconhecidos. Aliás é onde me sinto melhor, no meio de gente que não conheço e que transporta em si outras culturas, outros hábitos.

Fiz fotografias (e a ver se arranjo disposição para as passar para o computador), comi um gelado, senti-me livre, descontraída, turista.

E gosto imenso da Torre de Belém, acho uma obra de arquitectura fantástica e com um sentido histórico de que me orgulho. E, ao contrário de muita gente, também gosto do Padrão das Descobertas. 

Todo aquele espaço, em cima do rio que se faz ao mar, é uma maravilha.

Claro que, mal o carro arrancou, qual bebé, comecei logo a pegar no sono. Micro-instantes de sono intercalados com o receio que o meu marido também adormecesse. Vim nessa luta até chegarmos ao supermercado onde fui comprar ervilhas, entrecosto e bacon para fazer tudo isso guisado com ovos. Afinal esqueci-me do bacon. Mas, não desfazendo, ficou bom na mesma.

Entretanto, há pouco caiu-me a ficha: recebi uma mensagem com as alterações no funcionamento da piscina nestes dias de páscoa. Com estes problemas todos, covides, doença da minha mãe, hospitais e quejandos, parece que ando meio desfasada do calendário. É certo que tenho conversado sobre as férias dos miúdos, sobre as suas notas, etc. Mas não estava a relacionar que, no fim desta semana, vai estar a páscoa à nossa espera.

Nunca foi data a que eu ligasse. Lembro-me de um colega muito dado a práticas religiosas que, escandalizado, me dizia que a páscoa é 'só' a data mais importante para os católicos.

Sempre me senti distante das práticas católicas e à páscoa, então, nunca liguei mesmo nada. Se puxar pela cabeça e quiser invocar uma lembrança familiar relacionada com a páscoa, a única coisa de que me lembro é do ninho de páscoa ou do bolo em forma de ouriço que a minha tia fazia, óptimo, uma massa de chocolate e bolacha, com lascas de amêndoas ou pinhões espetados, ambos com uma palha de ovos que ela também fazia, húmida, deliciosa.

O meu marido há bocado perguntou-me: então e como vai ser a páscoa? 

Respondi: sei lá. E ia acrescentar: até lá não me doa a mim a cabeça. E então lembrei-me da mensagem da piscina e de que já nem meia dúzia de dias falta. Ou seja, já não tenho muito tempo para me organizar.

Quanto a práticas religiosas penso que, neste período pascal, seria uma boa atitude por parte dos católicos que, como forma de se distanciarem das práticas pedófilas dos padres e do encobrimento por parte dos bispos e demais hierarquia, não pusessem os pés nas igrejas. Isso é que era ser um bom cristão.

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O céu é dos ateus

(petisco apetitoso servido pela Porta dos Fundos)

Você acreditou nos sete princípios herméticos quânticos, na Bíblia dos espíritos, no Seicho-no-ie do pentateuco, no papa babalorixá, no rabino com bota de couro de python, na umbandista coach, na bruxa Wicca da Shopee, no Xamã de Sepetiba. Botou ayahuasca na hóstia ao som de atabaque em plena mesquita. Bom, ao menos você se divertiu?


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Um dia bom
Saúde. Bom humor. Paz.

quinta-feira, fevereiro 16, 2023

As dicas do grande Peçanha sobre OVNIS e balões.
E, já agora, uma breve inexplicação sobre as minhas actuais inoperacionalidades

 

Têm sido dias não muito fáceis de explicar. O tempo corre sem que o saibamos domar. Há muita coisa a tratar. Até aqui, a vida, em aspectos logísticos relevantes, estava-nos simplificada. Havia sempre quem tratasse das coisas por nós. Sorte a nossa, claro. 

[Ontem recebi um mail de alguém que está a passar por momentos muito complicados e que me dizia que estava a habituar-se. E dizia: como sabe, habituamo-nos a tudo. Várias vezes, noutros contextos, ao admirarmo-nos com coisas antes impensáveis e que, por força das circunstâncias já aceitávamos, concluíamos que acabávamos por nos habituarmos a tudo. É verdade.]

Uma pessoa é uma privilegiada e habitua-se de tal maneira a isso que, às tantas, nem se lembra que há uma multitude de coisas para tratar. Alguém delas se ocupava. E nem dávamos por isso. Nem nos apercebíamos do trabalho que davam.

As coisas mais simples. Agora tudo é uma aventura. Nunca as fiz. E ainda não cheguei ao ponto de me pôr a andar de metro ou coisas complicadas do género. Aí, então, deve ser uma odisseia.

Haverá quem leia e pense: uma dondoca. Exacto. Confirmo.  

Eu própria, agora que quero pôr-me a andar por mim e me vejo às cabeçadas, sem saber bem como fazer ou quais as precedências, e em que parece que há sempre um pequeno grão cuja existência eu desconhecia mas que atrapalha todo o plano, tento relativizar: calma, não pode ser difícil, meio mundo o faz. Lamento-me, de mim para mim: és um totó mal habituada, isso é que és, caraças.

E há ainda uma outra faceta da coisa -- deparo-me com um mundo paralelo, insuportável: ligar para qualquer sítio para tratar do que quer que seja ou para pedir uma porcariazeca de uma informação. O mundo dos contact ou call centers. Uma pessoa liga e sofre horrores até conseguir chegar à fala com um humano. Uma pessoa tem que digitar algarismos, tem que percorrer um labirinto de opções até que, depois de muito esperar, a chamada cai. E tudo recomeça. Isto quando, estando eu concentrada para não perder nenhuma das opções, não acontece o pior: o dog desatar a ladrar, impedindo-me de ouvir. E pimba: não há outro remédio senão abdicar do caminho percorrido. Ou seja, tenho que desligar e voltar à casa de partida.

Se os meus filhos, à noite, nos perguntam o que fizemos, parece que pouco ou nada tenho para dizer. E, no entanto, não sobrou um minuto e stress foi o que não faltou.

Com isto, lamento mas também não me sobra tempo para responder aos comentários; e mails para responder que, julgava eu que por estes dias ia ser canja de galinha, tenho uns poucos. Uma ineficiência, uma vergonha. E agora, a escrever isto, já adormeci várias vezes. Alguém que me explique isto.

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E, neste estado, como é bom de ver, não me dá senão para coisas do outro mundo. Mas em versão light. Balões chineses, ovnis americanos, tautau no rabinho dos espiões, chumbinho no olho dos espreitadores.

Nada de pânico: 

o especialista em ufologia Peçanha veio a público mostrar como abater um objeto voador 

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A bela fotografia lá em cima é de VCG/Getty Images e foi tirada na China

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Um dia bom

Saúde. Boa onda. Paz.

quarta-feira, janeiro 11, 2023

O Sargento-Tenente-Major Peçanha analisa o que se passou em Brasília e dá uns conselhos à Polícia Militar de lá
[Post impróprio para ouvidos sensíveis]

 

Parece que ao outro lá já passaram as dores de barriga. Dizem que nada de grave. Na volta era flato. 

Pior foi mesmo o que os desinteligentes que o seguem fizeram por lá, por Brasília. Uma carneirada acéfala e desencabrestada. Faz impressão ver o estrago que fizeram. Gentinha mais bronca aquela.

Percebe-se, pois, a reacção do grande Major Peçanha. Diz ele que, com ele, nada daquilo teria acontecido. Ah pois.

ESPORRO NA PM DE BRASÍLIA

Por que não contrataram o Sargento-Tenente-Major Peçanha pra ser o interventor de Brasília? 


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E queiram, por favor, descer e ver a mulher que se enfiou numa máquina de lavar e ficou com o rabo de fora

domingo, dezembro 25, 2022

Natal ecuménico

 

Já em casa não fossem os do IPMA e da Protecção Civil acertar e ainda termos que vir para casa a nado, eis que aqui estou para vos desejar um bom Natal. 

Já festejámos a consoada -- numa casa belamente decorada, com uma refeição cuidada -- já recebi presentes muito bonitos, já oferecemos presentes, já pregámos uma partida, já nos divertimos.

Por acaso estou com um torcicolo daqueles, creio que por no outro dia, nas compras, ter carregado toneladas. Tenho espírito de estivador mas, como se vê, estrutura de donzela. Vou tomar um ben u ron a ver se acordo boa porque o dia é cá em casa e não dará muito jeito andar assim e, ainda por cima, com dores. 

Como quem é bom de dizer coisas aqui, ali e acolá e, pelo meio, cumprir a tradição da ginjinha do Barreiro é o nosso ubíquo presidente, eu não me vou alongar. Quero apenas deixar claro que tenho bem presente que Natal é o que é para quem lhe dá valor e o quer festejar. Para muitas religiões o Natal não é nada de mais (nem de menos) e mesmo para muitos dos que foram criados nos preceitos da religião católica, o Natal é sobretudo um altura de reunião e troca de presentes. Portanto, fico-me por aqui (até porque o pescoço não me deixa ter pensamentos iluminados), partilhando convosco um Natal com todos à moda da rapaziada da Porta dos Fundos. Salvé.

O Jesus certo

Dependendo do momento, ore para um Jesus que lhe convém. No bar, o que transforma água em vinho. Na hora da larica, o que multiplica pão e peixe. Quando te sacaneiam, o que fala "quem nunca errou, que atire a primeira pedra". Quando você quer sacanear, o que chega expulsando geral no chicote. E se reclamarem que você só tem amiga piranha, não temas, Jesus também teve.

Um bom dia de Natal ou, simplesmente, um bom dia de domingo.

Saúde. Afecto. Paz.

terça-feira, dezembro 06, 2022

Noé & Deus - uma parceria win-win

 

Se calhar, um dia destes, vai mesmo ser necessário criar cápsulas flutuantes, blindadas e impermeáveis, resistentes ao passar do tempo e às intempéries, em que se possa garantir a continuidade das espécies. Com chuvas diluvianas e com a subida das águas do mar em vários lugares, não tarda muito que a vida, tal como a conhecemos, seja inviável.

Já se sabe que a maltinha da Porta dos Fundos se diverte a dar com força nas convicções religiosas e gosta de causar urticária a quem olha com fundamentalismo para os ensinamentos e para as figuras mais icónicas do catolicismo.

Desta vez, Noé e Deus estabelecem uma parceria à maneira. Tanto que, na minha vida profissional, tenho tentado estabelecer recompensadoras parcerias e nunca consegui uma assim, com retorno tão proveitoso e tão imediato.

Parceria 

Noé foi o primeiro a topar uma parceria com Deus em troca de visibilidade. Sua história é contada em 4 capítulos do livro de Gênesis, ou seja, 0,33% de toda a Bíblia. Valeu a pena?


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Um dia bom
Saúde. Bom humor. Paz.

sexta-feira, novembro 11, 2022

Ceninhas do meu dia a dia
[E dois momentos do humor: o do Klebão e o do supositício ex banqueiro Carlos Costa]

 


Só para dizer que, há uns três anos, na empresa, mudaram de empresa de cartões de refeição. Fiquei com saldo de dois euros no cartão antigo(e sei porque me enviam o saldo). Em relação ao seguinte, como mudei eu de empresa, passei a ter um cartão novo e do velho não sabia o saldo. A última vez que tentei usar no supermercado (para quem não saiba, estes cartões tanto podem ser usados em restaurantes como em supermercados) não consegui pagar, saldo insuficiente. 

Em relação ao primeiro, ainda não usei pois nunca mais me apareceu uma conta de dois euros. Em relação ao segundo, fiquei também com ele em stand by até perceber como saber o saldo e tentar encaixar uma conta nele.

Até que, no outro dia, no supermercado, a pessoa à minha frente, por sinal uma brasileira anafada, extrovertida e com um cabelo num louro ostensivamente irreal, ao pagar decretou: 'É pa parcelá'. Fiquei sem perceber. Parcelá? Já estou como o Bolsonaro, sem perceber. Seria 'parcelar? Mas parcelar a conta do supermercado? Contudo, o rapaz da caixa não estranhou: 'Quanto no primeiro cartão? E ela: 'Dezassete e meio'. Passou o cartão. A seguir passou o segundo. Fiquei bege. Afinal dá para pagar a conta do supermercado com dois cartões!? Como é que nunca me tinha lembrado de tal? Como é que nunca me tinha apercebido disso?

Mas, assim sendo, problema resolvido. Só tinha que descobrir o saldo do segundo que, pelas minhas contas, ainda teria dinheiro que se veja.

Então, hoje ao ir ao supermercado, tive uma ideia peregrina: ir primeiro à máquina do multibanco e ver se me dava o saldo do cartão. 

Enfiei o cartão. Ainda mal tinha introduzido o código já aquilo me estava a mostrar opções. Mas uma coisa atípica. Apenas duas opções 'Outras Operações' e 'Mb way'. Tentei  'Outras operações'. Em vez de me aparecer a opção 'consulta de saldos', não senhor, fui parar ao ecrã anterior. Tentei o Mb way. E, aí, nem saldo nem dinheiro nem nada. Zero. A máquina disse-me que, por razões de segurança, me ia reter o cartão e que contacte eu o banco. 

Fiquei siderada. Sou avessa a situações destas, sinto-me impotente, indefesa, fico a temer que o mundo me sugue, que um meteorito me caia em cima e me esmague para todo o sempre.

Mas, pronto, a vida continua. Fui fazer as compras. Pouca coisa e, sem saber como, cinquenta e dois euros. Isto está bonito, está. Imagino o sufoco para quem tem miúdos em casa e um ordenado curto ou para quem tem uma reforma baixa e medicamentos e despesas inadiáveis. 

Quando fui pagar, ao procurar o cartão normal, vi na carteira o outro cartão de refeição e constatei que, na máquina, me tinha enganado. Usei o cartão dos dois euros. Foi esse que, afinal, foi engolido. Ou seja, coloquei o código do cartão mais recente. Não percebo porque não assinalou que o código estava errado. Só sei que agora tenho que ligar para o banco e depois hei-de ter que ir buscá-lo. Ou deixá-lo lá ficar pois não sei se vale a pena grandes maçadas por dois euros.

Quando cheguei a casa, peguei no outro, o dito mais recente, aquele de que não sabia o saldo, e pus-me a vê-lo com olhos de ver. Vi que tem números de telefone. Nunca tinha reparado. Liguei. E fui guiada pelo atendedor automático: introduza o código. Depois: se quiser saber o saldo, digite 1. Digitei e aquilo disse-me o saldo. 29€.

Mas isto para dizer que andei este tempo todo sem saber como descalçar a bota e, afinal, era de caras: bastou ligar e fiquei logo a saber o saldo. E ando há anos a ir ao supermercado e desconhecia que dá para parcelar e pagar com dois cartões.


Às vezes acredito mesmo que devo ser de outro planeta, que não vejo e não ouço o mesmo que a maioria dos terrestes pois ignoro o que a maioria das pessoas sabe de cor e salteado. Ou então sou uma terrestre altamente limitada. É o mais provável, acho eu.

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As fantásticas ilustrações são da autoria do fantástico Paweł Kuczyński e lá em cima os Ok Go que, talvez por serem tão doidos eu acho o máximo, interpretam Here it goes again. 

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E, por falar em cartões, em especial os que parece que não têm saldo ou de que não se sabe se a culpa é do cartão, da máquina, do cu ou das calças, aqui fica o Klebão.

Aproximação segundo a Porta dos Fundos

Nunca foi sobre crédito ou débito, é sobre conexão, sobre estar junto em todos os pratos, em cada acompanhamento. É aquele acalento na alma na hora de pedir a conta e o coração chega a errar as batidas até a maquininha chegar. Ame seu garçom em praça pública!


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Já agora, o grande momento de humor do dia: o socialmente ainda respirante Carlos Costa parece estar a ver se ressuscita e, ao que consta, vai publicar um livro onde parece que faz de tudo a ver se se limpa. Está bem abelha. Aselha mais aselha não se conhece. Enquanto estava no posto armou-se em macaquinho tricéfalo: um não via, outro não ouvia, outro não falava. Os bancos a caírem como tordos, meio mundo a ficar a arder, e ele, tataranha, a fazer de conta que não sabia de nada e que, além disso, não era nada com ele. E agora, ao que parece, vai sair à pena com um livro em que parece que se põe a sacudir para cima de um e de outro. 

De gargalhada. Outra múmia paralítica que, volta e meia, quer fazer-se de viva. 

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Um dia bom
Saúde. Boa sorte. Paz.

terça-feira, novembro 01, 2022

Doçura ou travessura...?

 

E se alguém vos pedir que experimentem imprimir maior realidade a uma situação para ver se funciona, pensem duas vezes... É que pode ser uma naquela base... doçura ou travessura...

Rangendo, dando choque... 

Tá bem, tá... me engana que eu gosto...


😇

terça-feira, julho 19, 2022

10 mandamentos...
Só...?
Não devia haver um a proibir tanto comentário na televisão...?

 

Parte da Europa a sul está a arder, aliás como desde há algum tempo se sabe que iria acontecer, e as televisões mais os seus comentadores avençados andam numa fona a ver se descobrem o culpado. Passei de raspão e fiquei estupefacta. Esta gente não tem noção. 

Bastaria que se informassem para perceberem que a discussão que importa é outra: como travar a anunciada desertificação destas zonas, como travar o desastre que já aí está? 

Bastaria consultar a imprensa internacional para ver que, tal como por cá, na Grécia, em França e em Espanha o calor prolongado é excessivo, as terras estão secas, a vegetação seca é o combustível infalível e os ventos são o abanico perfeito para melhor atear todos os fogos. Perante o que por aí se vê, ainda muita sorte temos tido.

Inteligente seria que estes países se juntassem (se calhar também com Marrocos) para, em conjunto, estudarem uma forma de garantir a habitabilidade humana por mais umas décadas nestas regiões que tão seriamente ameaçadas estão. 

Felizmente há o Pantanal para me ajudar a ir para a cama gostosamente alienada. Aqui não há conversa fiada, não há gente inteligente que se vê obrigada a baboseirar, não há políticos que apenas dizem banalidades, não há jornalistas que querem a todo o custo atiçar todos contra o Governo. No Pantanal há vida ao ar livre, natureza, saudades, paixão, música de roda, mulheres que viram onça, velhos que viram sucuris. 

Isso ou alguns vídeos de parte-a-louça ou rebola a rir. Coisa que pode não ginasticar o neurónio mas ao menos não embrulha o estômago nem revolve a entranha.

Os muito apertadinhos que fechem já a porta e voltem para sua casa que agora, aqui, a malta da Porta dos Fundos vai chegar com a língua a precisar de pimenta e as mãos a precisar de umas boas reguadas. Maltinha mais mal-comportada.

10 Mandamentos

Amar o próximo. Ok, mas quão próximo? 3 metros? Até a esquina? Ou 5 km? Seria na verdade um recado para nunca voltar com o ex? Já são 10 anos esperando Deus ser mais específico nessas orientações


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Desejo-vos um santo dia

domingo, fevereiro 13, 2022

Vou já avisando: este post não é para almas sensíveis ou tementes
[E agora, José?]

 

Eu acredito em tanta coisa, tanta. Mas, acima de tudo, acredito no supremo mistério da harmonia que nasce do acaso e do caos. 

Tudo o resto em que acredito são derivadas desse supremo mistério.

Milhões de representações dessas infinitas derivadas: a beleza das flores, a bondade dos animais, a inteligência da natureza, a magnificência do mar, a magia da arte, o indecifrável jogo de luzes e de sombras que é a poesia, o privilégio que é a vida que nos é dado testemunhar. Tantos exemplos.

Acredito nesse mistério que não quero compreender. Não encontro explicação para ele nem a procuro. Seríamos esmagados pela imensidão do que há para saber sobre a improbabilidade do caos se transformar em harmonia que a toda a hora, em todos os lugares e sob as mais diversas formas acontece. 

A nossa ínfima capacidade de compreensão humana jamais poderia abarcar a explicação para o inexplicável. O frágil equilíbrio e a beleza harmoniosa que acontecem a cada instante são indecifráveis e assim devem continuar. 

Há quem chame deus a esse mistério e há quem o vista com roupas humanas. 

Há quem acredite no enorme edifício de regras, segredos e vícios que, ao longo dos tempos se foi construindo em torno do nome dado a esse mistério. Mas há quem lhe chame outros nomes. 

Para mim, neste caso, os nomes não importam. O que importa, penso eu, é respeitar esse mistério e as suas diferentes emanações: as pessoas, ou outros animais, as flores, os rios e os mares, os céus e as montanhas, as pedras e as grutas e as crateras e os labirintos. 

Por isso, acho que não se devem estabelecer hierarquias, preceitos, preconceitos ou mandamentos que procurem reger o nosso pensamento. 

Devemos, penso eu, ser inocentemente livres para nos descobrirmos e deslumbramos com toda esta imensa maravilha que nos rodeia. Não vejo necessidade nem compreendo o propósito de dar nomes, estabelecer limites ou incutir medo e a necessidade de prestar contas. Ou a necessidade de se criar a ilusão de uma outra vida com toda a maravilha que há nesta.

Pelo menos, tal como vejo e sinto, basta-me fazer parte do milagre dos infinitos e permanentes acasos que acontecem sem se perceber como ou porquê. Da separação de uma célula em duas e de duas em quatro e de toda essa virtuosa multiplicação pode nascer um lobo que atravesse a noite, uma águia que deslize junto às nuvens, uma rosa azul que se deposite aos pés dos incréus, pode nascer um filho. Fazer parte deste milagre e senti-lo é um dom que nunca saberei como agradecer nem a quem agradecer. 

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Porque é assim que penso, não me sinto chocada ou ofendida com os vídeos religiosos da Porta dos Fundos. Pelo contrário, acho saudável e divertido que questionem e riam dando largas à sua imaginação em reinterpretações pouco canónicas de episódios fundadores da história e da cultura em que a maioria de nós foi nada e criada. Mas a quem pense de outra forma aconselho que considerem a abstenção em relação ao que se segue. 

E agora, José? - segundo a endiabrada rapaziada da Porta dos Fundos

Dizem que pai é quem cria, mas mesmo assim Jesus largou a carpintaria pra se dedicar ao projeto do Outro Pai. Complicado


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Pinturas de Odile Redon ao som de Amarumar - Francis Mann
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Desejo-vos um feliz dia de domingo
Tudo de bom

domingo, dezembro 26, 2021

Um dia de Natal bom que termina com um mágico que alguns dirão ser algo controverso

 




Estou a escrever com uns dedos em cujas extremidades há umas nails num tom quase very peri. Gosto de me ver assim. No pulso tenho uma coisa totalmente preta que é uma espécie de relógio fininho, e que me poderá dar informações sobre passos, sobre saúde, sobre mensagens e sobre mais não sei o quê. Por enquanto apenas sei ver as horas e o número de passos e já vou com sorte. Nos pés tenho umas sapatinhas pretas muito confortáveis e bonitas. E tenho vestido um macio e chic bomber jacket. E ao jantar, tendo afirmado com total assertividade que nem pensar em comer, só chá e era para fazer companhia ao meu marido, acabei a comer tostas com requeijão e doce de maçã com canela, rematando com uns deliciosos bombons trufados. Nos lábios tenho um bálsamo que os deixa macios e a saberem-me bem. Tudo presentes. Mal os recebo, começo logo a dar-lhes uso. Recebi mais e todos bons. 

Desde que deixei de dizer o que queria, dizendo é que não quero nada, só recebo presentes que me agradam e surpreendem. Nada como a gente ter zero expectativas para ficar contente com tudo o que recebe, pois deixamos espaço para a criatividade e bom gosto dos outros que, frequentemente, são melhores que os nossos.

A noite da véspera para o dia não foi extraordinária: uma ventania que fazia um rugido cavo que nos entrava pela janela. Durmo com o vidro aberto, acho que durmo melhor se sentir o ar frio a vir de fora e eu quentinha entre lençóis. Mas a chuva e o rugido do vento eram fortes demais. Poderia ter-me levantado e fechado a janela? Sim, poderia. Mas não me apeteceu.

Talvez também pelo vento mas, certamente, também pela excitação de termos novos habitantes cá em casa, o urso peludo também dormiu mal. Mas, enquanto eu, quando não durmo fico quieta e calada no meu canto, a fera cabeluda não senhor, tenta acordar toda a gente. É ele e o dono. Para mal dos meus pecados, fazem sempre de tudo para eu perceber que estão acordados e a quererem companhia. Maçadores.

O dia foi muito bom. Não começou exactamente muito bem pois de manhã houve uma falha de energia que fez perigar o programa de festas. Ter um monte de janelas e serem todas eléctricas é daquelas que não se recomenda: estores corridos e sem electricidade é do mais frustrante que há. O meu filho já punha a ideia de irmos fazer o Natal em casa dele. Mas sou pessoa de fé. Por isso, depois de termos tomado o pequeno almoço quase às escuras, fui preparando os comes à luz das velas enquanto a minha filha foi buscar a avó e ajudá-la a fazer o teste. 

E, entretanto, veio a electricidade e tudo se compôs. Ganhei novo ânimo, palavra. E começaram a chegar os restantes convivas.

A casa cheia, toda a gente bem disposta, a casa quentinha, a lareira a dar aquele ambiente bom, os meninos todos numa alegria e nós também. E o cão eufórico no meio de tanto saco, tanto papel, tanto alarido.

Para entrada, tínhamos tostas com queijo fresco e salmão, tábua de queijos, tábua de carnes frias.

A minha mãe trouxe mini quiches: umas de frango e espinafres, outras de frango e cogumelos. E quiches normais, das grandes.

Eu fiz timbales, uns de bacalhau e outros de salmão. Uns com puré de batata, puré de abóbora e cenoura, grão, ovo cozido, e outros com puré de batata, espinafres crocantes, pouco grão, ovo cozido e todos com pão tostado grosseiramente picado por cima.

O meu filho fez uma deliciosíssima e maciíssima porchetta que esteve seis horas no forno e ficou suculenta, e que acompanhou com um saboroso molho de tomate com ricotta. 

Para sobremesa a minha mãe trouxe dois bolos, tínhamos o fudge de chocolate com iogurte grego que a minha filha fez em dose dupla e que depois de frio ficou ainda melhor, vindos da mãe da minha nora tivemos também azevias e coscorões, eu tinha também umas broinhas de doce ovos. E bombons.

Portanto, gordices que me sabem pela vida mas que me devem acrescentar cinquenta quilos aos duzentos que devo estar quase a alcançar. 

E jogámos ao joker, equipas mistas, os meninos a fazerem um chinfrim que quase fazia saltar a tampa da moleirinha à minha mãe. 

E o cão correu atrás dos meninos e os meninos atrás do cão e os rapazes jogaram futebol na play station e a minha menininha mais fofa e mais linda encantou-se com o presente hand made por uma amiga da tia, presente delicado e amoroso feito especialmente para ela.

A árvore de Natal tinha as luzinhas a piscar e a lareira crepitava e o ambiente estava caloroso e feliz. 

À noite, depois da jornada festiva, dividiu-se a comida por todos e ainda me sobrou o suficiente para ter esperança de quase não precisar de fazer nada nos próximos dias. Sou uma mulher de fé, já o confessei.

Saíram todos carregados com os presentes recebidos e com a marmita.

Depois fomos levar a minha mãe a casa. Ia toda contente. Imagino que durma uma data de horas de seguida pois vai daqui feliz mas com a cabeça um bocado esvaída.

O urso felpudo também foi. Quando regressámos, mal entrou em casa atirou-se para o chão, logo ali mesmo, em pleno hall. Estava KO, completamente KO. Não apenas dormiu muito menos de noite do que é costume como não pregou olho durante o dia, ao contrário do que lhe é costume. Espero que esta noite durma a noite inteira, se seguida, de preferência até às dez e tal da manhã a ver se eu faço o mesmo.

E é isto. O Natal de 2021 já se foi. O que vale é que agora tenho o dia seguinte para rebater. Se tivesse que ir trabalhar é que era pior. Assim, sendo domingo, está perfeito.

E para o ano há mais. Tomara que se possa estar à vontade, marimbando-nos para a covid:  um convívio mais alargado, todos à volta da mesma mesa, todos perto uns dos outros. Assim, em mesas separadas por agregados familiares, fica estranho. É certo que as mesas estão na mesma sala e nos vemos e ouvimos uns aos outros e conversamos de mesa para mesa e levantamo-nos e vamos ao pé uns dos outros. Mas não é a mesma coisa. 

Seja como for, estamos bem de saúde, bem dispostos e isso é que interessa.

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E agora, para terminar os festejos do dia, os muito crentes que me perdoem mas irreverência é fundamental.

Por isso, recebam com um sorriso e o vosso melhor aplauso... o Mágico do dia


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Desejo-vos um belo dia de domingo
Saúde e sorrisos para alegrar os vossos dias