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segunda-feira, dezembro 30, 2024

Dia super feliz in heaven.
E a relação entre os signos e a gastronomia.

 

Entre sexta e sábado foi limpeza a fundo: os outsides todos varridos e lavados e esfregados, nos interiores, spray de cera de abelhas nas madeiras, limpeza de vidros, tudo sacudido, limpo, lavado, spray de lixívia em uniões e juntas das casas de banho e todo um vasto etc. e etc.

Fomos também ao supermercado da vila onde têm carnes excelentes. Também costumam ter bons peixes e afins mas não tinha o que eu queria (choquinhos pequeninos para fazer com tinta). Pena o senão do vagar das empregadas que conversam com os clientes que conhecem. Uma pessoa desespera sem saber quando é que a confraternização vai acabar. Mas ninguém parece ter pressa. Olho em volta e vejo toda a gente na boa, à espera. Parece que só eu é que ainda não aprendi a aguardar serenamente.

Este domingo foi dia grande, desde cedo a maltinha toda reunida in heaven. Corte de árvores, queima. Um avanço na limpeza que foi um gosto. Tanto o trabalho que um dos jovens trabalhadores até andou, parte do tempo, em tronco nu.





E o mais pequeno já anda de bicicleta que dá gosto, por lá anda, sozinho, em caminhos estreitos, subidas, descidas, curvas. E os mais crescidos fizeram corridas de trotinete e depois todos jogaram ao Monopólio para Batoteiros, coisa que dá muita luta e que até levou à expulsão do batoteiro-mor.... 

E o almoço foi um regalo, com o meu filho, uma inesgotável força de trabalho, que, depois de serrar, carregar, queimar, se atirou ao barbecue. 

Dia maravilhoso. Frio mas, ao sol, suportável. E em casa bem.

Mas vinha eu a pensar que já o meu pai, que era caranguejo, adorava cozinhar e ter-nos lá todos em volta da mesa. E eu e o meu filho também somos assim. Claro que o meu marido e a minha filha e a minha nora também gostam tal como a minha mãe também gostava, são todos muito bons anfitriões. Mas creio que não há aquela 'coisa' muito intrínseca de queremos dar de comer aos 'outros', parece que queremos ter a certeza de que se alimentam bem e de que temos aquilo de que gostam, 'coisa' essa que esses 'outros' nem sempre compreendem ou aceitam bem. 

Pois agora, ao ver a Madame le Figaro, vejo um artigo em que se fala na relação de cada signo com a gastronomia. Transcrevo a descrição de como é o Caranguejo. Por mais surpreendente que possa parecer para alguns, supostamente existe uma ligação entre a astrologia e a gastronomia. A astróloga Amélie Weill fez dela o tema do seu primeiro livro, Astro food (Éd. Flammarion). E, segundo ela, as sete estrelas da constelação em forma de panela da Ursa Maior seriam o sinal supremo.

Caranguejo

O Caranguejo, o primeiro signo de água do zodíaco, leva-nos ao território das emoções. O que mais gosta é de unir as pessoas e fazê-las felizes. O Caranguejo preocupa-se com os outros e, para ele, a comida é cuidado. Atento, adivinha e antecipa as necessidades de todos, e até se questiona porque é que os outros não fazem o mesmo... Em suma, não se limita a cozinhar, coloca amor em tudo o que faz.

A sua fantasia secreta? Vivendo numa antiga casa de pedra, rodeada por um magnífico jardim e repleta de amigos e crianças, todos se reuniam à volta de uma mesa para saborear os bolos da avó, desde mil-folhas gourmet a tarte de mirtilos acabada de sair do forno. O pequeno guilty pleasure alimenta a sua vida diária... E se não gosta do que ele lhe preparou, não lhe diga, nem use luvas de pelica. A cozinha é como uma família, não se lhe toca!

Só neste último aspecto é que não me revejo: não me importo que critiquem. Aceito bem críticas, reprimendas e sugestões. Claro que nem sempre as sigo (porque, como é óbvio, há coisas que são mais fortes que eu) mas, enfim, esforço-me e não levo nada a mal, até agradeço.

Para quem tenha curiosidade, aqui está o link para o artigo com todos os signos: Nos préférences et compatibilités culinaires signe par signe, selon une astrologue

E uma semana para todos!

quarta-feira, janeiro 10, 2024

O ano de 2024 quase pessoa a pessoa
-- as previsões de Paulo Cardoso na companhia do ganda maluco do Alvim que ali esteve caladinho a ouvir com atenção e muito respeitinho

 

Depois de talvez um mês de interrupção, eis que consegui voltar à piscina. E que bem me soube. Não foi só a água quentinha, foi o exercício, foi aquela confraternização no balneário, foi a graça da senhora muito obesa, nua, no duche, escandalosamente contorcendo-se para conseguir chegar com a mão às partes pudibundas enquanto na galhofa diz as coisas mais inverosímeis. Hoje uma delas, ao conversarem sobre uma reportagem da véspera sobre o tempo que as crianças levam agarradas aos telemóveis, dizia que tinha lá em casa uma com sessenta anos que era a mesma coisa. E dizia que o ameaçava: 'Não acreditas que tantas horas de roda dessa porcaria vão limpar-te a cabeça por dentro...? Quando estiveres maluco julgas que vou estar aqui para aturar as tuas maluquices? Nem penses! E já lhe disse muitas vezes: quando fores desta para melhor julgas que vou sentir a tua falta? Não. Nada. Já estou habituada a estar sozinha...' e ria enquanto várias outras, todas nuas, besuntando-se com creme, faziam coro com ela.

Eu, no meu canto, toda pudica, a toalha à volta para não me apresentar como vim ao mundo, sorria ao vê-la sempre tão desinibida e brincalhona. Outras vezes diz que vai arranjar um papagaio para ter com quem falar quando está em casa. Ainda gostava de ver o senhor para perceber como funciona aquela dinâmica.

Depois fui ver a minha mãe. Está melhor. Depois de a ter visto praticamente à beira de ir desta para melhor, graças à perícia e persistência da equipa médica, apesar das diversas maleitas graves, está a conseguir dar a volta. Daqui a nada está a ter alta. Melhor, a ser transferida. Alta não pode ter. Vai continuar a ser acompanhada mas fora do hospital. Só espero é que corra bem, que se adapte bem, que goste, que continue a recuperar bem. 

Preciso de descansar a cabeça. Acontece-me agora isto: ao fim do dia sinto-me esgotada. Deixo-me dormir no sofá e depois custa-me imenso a acordar. Ou é de toda esta situação ou é o somatório disso com o pós-gripe. Sinto-me mesmo esgotada. 

Enfim. Agora que a vejo a melhorar, já só me apetece ir de férias, afastar-me de preocupações, descansar a cabeça. 

Hoje também, num bocadinho de manhã, voltei a pegar numa coisa que andava a escrever e da qual me tinha afastado, incapaz de ter ideias ou vontade de puxar por elas. Senti-me bem ao reler o que tinha escrito. Parecia que estava a sentir-me a ressuscitar, quase como se nestas últimas semanas tivesse andado a viver numa realidade paralela, subterrânea, e agora esteja a voltar à superfície.

Poderão pensar que é fragilidade a mais da minha parte ter ficado assim com a crise de saúde da minha mãe. E até pode ser que seja. Tal como referi antes, talvez venha a falar no assunto mais tarde. Agora não. Mas acreditem que foi uma situação atípica, com contornos inesperados, em que me vi virada de pernas para o ar. Uma coisa é o desenrolar normal de uma doença. Outra, muito diferente, é o que tem acontecido com a minha mãe. Mas está melhor e isso é o que importa. 

Na segunda-feira, quando vínhamos do campo, como sempre quando estamos no carro a partir das sete da tarde, posicionámo-nos na Antena 3, com o Alvim e a sua impagável Prova Oral. Aí ele disse que esta terça-feira lá teria outro doido, o Paulo Cardoso, a falar nas previsões para 2024. Fiquei com pena de não ouvir pois imaginei um programa completamente louco.

Pois bem. Agora ao abrir o YouTube, aparece-me o vídeo da Prova Oral. Nem fazia ideia que gravam e que se pode ver depois.

Agora fui à procura das previsões para o meu caso. Boas. Fiquei contente. 

É coisa louca a gente ligar a isto mas não quero cá saber. A minha mãe disse-me muitas vezes que acha que a minha maneira de ser é um bocado racional de mais. Penso que preferia que eu embarcasse na dela, nas suas emoções, nas suas fobias. Mas cada um é como é e eu não sou assim. A maneira de ser dela tem uma forte componente que é o oposto. Perante os medos dela, tantas vezes irracionais, sempre consegui manter-me serena (pelo menos, exteriormente), não me deixando contagiar e tentando desmontar aqueles medos inibidores de que ultimamente tanto tem sofrido. Mas sou assim em geral (excepto quando há doenças reais, graves, daqueles que me são mais próximos, pois aí, sinto-me impotente e isso desarma-me, apeia-me, tira-me o tapete, o chão). No meu trabalho, quando o stress parecia tomar conta de toda a gente, eu também me mantinha intacta, tranquila, pés na terra, a cabeça a funcionar sem ceder aos arroubos emocionais dos demais. 

Ora esta minha racionalidade parece contraditória com esta parvoíce de gostar de ler os horóscopos. Bem sei que sim. Mas é o que é. Além disso, há que deixar espaço para as coisas sem explicação.

Os caranguejos nascidos naquele intervalo de datas que o Paulo Cardoso ali diz parece que têm tudo para virar o jogo, ir à luta e vencer. É o que preciso. Sorte e persistência. Tenho muita vontade de ter uma vida nova. A ver se é desta. A porcaria de 2023 trocou-me as voltas todas, foi chatice atrás de chatice, preocupações permanentes. Ora tenho necessidade de ter projectos e novos objectivos e entusiasmos em vez desta sucessão de preocupações que me minam por dentro, que me esvaziam, que me sugam a energia. Preciso mesmo. 

Pode ser que o Paulo Cardoso tenha razão, pode ser que os astros se alinhem para me levar ao colo em 2024. Vou fazer figas. Vou mesmo.

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Para quem queira saber como vai correr-lhe o ano ou o que fazer para se precaver caso as previsões não sejam famosas, aqui está o programa na íntegra.

Paulo Cardoso - As previsões para 2024 na Prova Oral


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Um dia bom
Saúde. Boa sorte. Paz.

sexta-feira, setembro 03, 2021

Os bons conselhos que o seu signo tem para si

 


Em minha defesa alego que  tenho a companhia de outros que, ninguém diria, também prestam ou prestaram alguma atenção ao alinhamento dos astros. Poderia referir alguns mas não quero que pensem que me passa pela cabeça que chego aos calcanhares deles. Por isso, fico caladinha mas consolada pensando que eles, que a gente acha inteligentes, se interessaram... porque não também eu...? Ora.

Claro que a minha costela pragmática, dada às ciências e com aversão ao esoterismo, me diz que só pode ser treta. Mas depois há aquilo de uma pessoa ler o que eles, os astros, dizem e parecer que tem mesmo tudo a ver connosco. E aí a gente acha que, por muito racional e pragmática que seja, também é filha de deus e com direito a uns momentos de maluqueira, abstração, crença à toa e alienação qb.

Portanto.

Sou caranguejo, inequivocamente caranguejo, ascendente caranguejo, e acho que a descrição astrológica dos caranguejos me assenta que nem uma luva. E se a coisa me parece bater certo na função principal a partir daí já vou de olhos fechados, indo na cantiga de todas as derivadas que alguém se lembre de engendrar. Seja qual o bolo mais apreciado pelos caranguejos, seja o perfil sexual dos ditos, seja a bebida mais indicada, seja a prática desportiva, seja o que for. Se vejo artigo que verta tese sobre o tema, aí estou caída. E nunca tem que enganar: acerta sempre. Mesmo que me surpreenda, depois de reflectir um pouco, logo percebo que estão certos os astros.

Andando preguiçosamente a flanar pelos onlines e incapaz de me fixar em coisa que se aproveite, é nas frioleiras que me detenho. Ou é da saison ou é de moi-même mas, confesso, quanto mais fútil mais me atrai.

Hoje foi a Vogue francesa que tinha para recomendar as práticas desportivas mais adequadas a cada signo. E lido em francês ainda mais adequada me parece.

 CANCER (du 22/06 au 22/07) - Signe d’eau

Planète : La Lune, les émotions

Véritable éponge émotionnelle, vous êtes plutôt d’une nature créative et artistique que sportive. Le sport est pour vous une manière de libérer vos émotions et d’écouter votre corps. Pas d’agressions, vous suivez le ressenti et les besoins de votre être. Vous avez besoin de vous sentir en contact avec la nature. Signe d’eau, la mer est un besoin vital, une seconde nature. 

Sports conseillés : natation, yoga, course à pied, paddle, aquagym, danse.

Dos que me recomendam, concordo na íntegra com a natação e com a caminhada. Pratico com a regularidade possível. Hidroterapia já fiz e também gostei. E há o ioga que venho adiando apesar de saber que não conseguirei fugir-lhe. Mas há uma falha: paddle no way. Talvez se tivesse menos duzentos anos. Paddle...? Não atinjo. Dança. Sim, dança, sim. Quem sabe um dia não me inscreverei em aulas de tango... ? Caraças, good idea. Como não me lembrei antes? 

Para os malucos que, tal como eu, gostam de espreitar para estas cenas, aqui vai à laia de conselho para a rentrée: Rentrée : quel sport choisir selon son signe astrologique ?

E depois há outra: o cocktail indicado para cada signo. Útil. Como sabê-lo sem me informar devidamente? De que é que um caranguejo gosta quando lhe apetece um copo? Ora bem. Vejamos.

Le cocktail pour les natifs du Cancer : le punch

De nature réservée mais créative, les Cancer vont quant à eux opter pour l’un des cocktails les plus classiques du monde : le punch. Mélange de jus de fruits, de fruits tout court et de rhum : son goût sucré à ce petit je-ne-sais-quoi qui rappelle les boums de fin de lycée et les premiers amours.

Acho que nunca bebi um punch. Sangria sim. Mas sangria não é feita com rum. Rum apenas conheço do gelado, rum com passas, e gosto que me farto. Portanto, terei que experimentar já que sumos de fruta é do melhor que há e com rum à mistura deve ser uma maravilha.

E para quem não seja carangueja e não saiba o que pedir quando for beber um copo, cá vai. Quel cocktail en fonction de votre signe astro ?

E para acompanhar o copo: na hora de uma gulodice, que bolo escolher?

Muito bem: os astros recomendam-me um bolo que desconheço. Pelas fotografias quase parece uma bola de berlim e aí no way. Mas também pode ser um fofo de belas e aí, oh my dog, será na mouche. Love, love, love fofos de belas. E, se for para partilhar, melhor e mais doce ainda.

La pâtisserie pour les natifs du Cancer : la tarte Tropézienne 

Voilà l’été, voilà l’été… Et pour célébrer son arrivée et par là même l’entrée dans le mois des natifs du Cancer, pourquoi pas déguster une Tropézienne. Une pâtisserie à la fois douce, créative, et généreuse, que l’on peut partager avec ses proches. Bref, une option parfaite pour les natifs du Cancer et leur sens de l’accueil. 

E aqui fica o link para quem esteja a salivar por um bolinho e não saiba qual: Quelle pâtisserie correspond à votre signe astro ?

E, para o fim, la pièce de résistence. O perfil sexual segundo os astros. Poderia fazer uma introspecção e reproduzir os meus mais profundos feelings sobre o tema. Mas não. Caranguejo que é caranguejo também é dado às pequenas brincadeirinhas. Portanto, que falem os astros que eu cá não me meto nisso.

Cancer

La femme Cancer ne peut s'épanouir sur le plan physique, que si celle-ci est en accord émotionnel avec son partenaire, et qu’elle se sent aimée. Elle a besoin d’être l'objet d'attentions et de tendresse. Son attachement à l'image paternelle est si fort qu'elle recherche toujours, plus ou moins inconsciemment, une épaule solide, un bras protecteur. Elle n’est pas très constante dans ses envies. Elle peut être un jour passionnée, puis le lendemain vaguement indifférente, selon les variations de ses humeurs. Sensible aux ambiances, la femme Cancer peut facilement se livrer sans retenue lorsqu'elle est en confiance, mais se bloquer complètement dès que quelque chose cloche ou la dérange. Il faut beaucoup de délicatesse pour parvenir à la libérer de sa retenue. Mais la femme Cancer a une imagination débordante. Ses fantasmes sont parmi les plus fous et n’ont rien d’ennuyeux. Ils n’ont toutefois rien de pervers; elle a seulement cette grande capacité de se sentir femme jusqu'au bout des ongles lorsqu'elle est en parfaite confiance avec un partenaire.

Tirando aquilo da imagem paternal que, no que me toca, não me parece que se aplique, no demais tem graça. E caso queiram descobrir se o vosso também tem graça, aqui está:  Votre profil sexuel


E, no demais, tudo é um bom pretexto se for inócuo e tiver graça. E, além disso, ainda estamos no verão e, no verão, corações ao largo e bora mas é curtir.

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As fotografias foram feitas in heaven e, Francisco, espero que dê para ver com o que me tenho andado a entreter. 
Melody Gardot interpreta Sunset In The Blue
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Desejo-vos um dia muito bom

sexta-feira, maio 29, 2020

Nesta so hot and starry night até poderia dizer que I'm melting for you.
Mas fico-me pela economia pós-confinamento e pela cor e corte de cabelo mais adequados a cada signo.






Tanto calor. O dia fechada em casa, em reuniões, sem quase me aperceber do calor estival. Depois, o fim de tarde a banhos, tão, tão, tão bons, e agora, nesta noite tão quente, à janela, a ver o rio, a sentir o silêncio fresco que sobe das escuras águas. Olho as luzes da cidade, tento ver se algum barco atravessa o rio, procuro a lua. Mudei de mundo, estou agora num outro planeta.

Voltei a pôr máscara. Voltei a esquecer-me de ir a correr lavar as mãos ao chegar a casa. Voltei a sentir-me confinada, atrofiada, condicionada.

Mas comi uma maravilhosa pizza de alcachofras e presunto. Soube-me a outra vida. Vieram entregar cá a casa. O meu marido pôs a máscara para a receber. Eu retirei-a la caixa e fui pô-la a desinfectar no forno. Coisas desconhecidas no campo. Lá ninguém vai a nossa casa, não precisamos de máscara nem de nos desinfectarmos. Mas a pizza estava tão boa. 

Agora estou cansada, com sono, desfeita de calor, à beira de me derreter. Quando acabar de aqui estar vou beber um copo gigante de água gelada, vou lavar as pernas, os braços e a cara com água fria.

E não tenho falado nisso mas fui, uma vez mais, colocada perante um desafio. Não é a primeira vez nos tempos mais próximos. Tenho evitado decidir-me. Sei o que poderá estar à minha espera. E sei o que o o corpo e a mente parecem estar a pedir-me. Mas desta vez não posso continuar a fazer de conta que não percebo que um sim ou um não estão pendentes. Qualquer das opções tem riscos e consequências. Nunca fui de ambições mas o trabalho sempre me perseguiu. E digo-o com um certo cansaço. Sempre fui de me deixar aliciar por desafios mas agora o desafio que estava a apetecer-me era o de não estar sempre metida em trabalhos.

Enfim. Não posso continuar a desconversar perante quem quer convencer-me porque agora já estou quase entre a espada e a parede. 

Como cá em casa não estão para aturar estes meus dilemas e eu também não tenho paciência para sopesar prós e contras, resta-me o horóscopo. Desde que me confinei, vai para dois meses e meio, nunca mais tinha tido curiosidade. Agora fui ver. A coisa do costume: Travail intensif, dynamisé par votre sens du devoir et des responsabilités. O costume. Uma seca.

Tirando isso, a imprevisilidade do que aí vem. Do lado da Europa podem estar para vir boas notícias (isto se todos estiverem de acordo, o que pode a ser outra seca já que aqueles flausinos apertadinhos acham sempre que não é de bom tom dar esmola aos pobrezinhos). Mas agora, verdade seja dita, não é o momento de atirar dinheiro para cima dos problemas, agora é tempo é de perceber qual a verdadeira raiz dos problemas e agir aí, na raiz. Não na conjuntura mas na estrutura.

Mesmo recuperando bem, não irá recuperar totalmente, pelo menos não a curto prazo. Então, como absorver os que ficam de fora? E ficarão, disso não tenhamos dúvidas, alguns ficarão de fora.  Os mais pobres, os mais indiferenciados, os mais descartáveis ficarão de fora. É dos livros e é da sabedoria popular. Quando a coisa dá para o torto, há uma cascata de pouca sorte que se desenrola e quem apanha com o jorro em cima são os que estão cá em baixo.

E isso vai acontecer porque nós agora somos outros, parte da nossa maneira de ser foi-se, e, mesmo retomando, não retomaremos completamente.

Que outras actividades vamos, então, inventar? E como vamos evitar que um valente estouro nalguns sectores económicos -- por exemplo, das empresas que exploram grandes edifícios, sejam eles espaços comerciais, hoteleiros ou escritórios -- se traduza, de novo, num outro estouro financeiro que, por sua vez, fará tremer os alicerces da sociedade?

Nestas coisas a gente vê que aquilo do bater de asas de uma borboleta no cu de judas provocar uma tempestade na casa da mãe joana não é lorota -- não senhor, é mesmo verdade. Pode parecer coisa do capeta, e é, mas é também muito verdade. Um vírus passou dum bicho (ou dum laboratório) para um homem qualquer não se sabe exactamente onde e é o que se vê: o mundo a ajoelhar e sem saber bem como se levantar.

Não sei se é tema para uma noite quente, presumo que não, mas gostava que vissem este vídeo. Está bem explicado.


Para tirar o sentido de coisas que me trazem a modos que apreensiva, fui ver qual o corte de cabelo adequado ao meu signo. O corte e, já agora, também a cor.

(Tudo a ver com o tema deste post, certo? Mas é o que é. Quem disse que não sou loura? E das burras...?)

Antes, tentando não me deixar influenciar, fui ver de qual gostava mais. Este aqui abaixo. Depois fui conferir. Bingo.


Era mesmo. Dizia, como explicação, que “Un segno ad alto tasso di femminilità: la donna Cancro ama le acconciature classiche e rassicuranti, meglio se con un tocco romantico e retrò. Perfetta una coda bassa tenuta da un nastrino di seta rosa oppure trecce morbide. Bandite le colorazioni shocking: vincono i biondi e castani cenere”.


E, para terminar o dia com palavras mais consentâneas com o corte de cabelo, deixem que partilhe convosco um daqueles vídeos que me predispõem para a leveza.


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A segunda e a terceira fotografias são da autoria de Stella Asia Consonni na série Melting for you 
Não sei quem foi o autor da fantástica primeira fotografia que vi na Vogue italiana.
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E um bom dia a todos. Saúde e boa disposição, valeu?

terça-feira, janeiro 14, 2020

Astrologia e ciência. Uma vela que diz que cheira à vagina dela. Um robot vivo feito a partir de células de sapo. E os camelos que bebem água que faz falta às pessoas e que, por isso, já eram.

Hei-nos chegados ao admirável mundo novo.





Alguém fez um estudo usando as Big Data desta vida para estabelecerem correlações entre o que diziam os astros e os desenvolvimentos científicos. Gostei de ler. Há mil anos, nos tempos em que ninguém fazia ideia de que viria a haver dados a potes, já eu andava à volta de algoritmos e de correlações e a ler livros que analisavam as previsões baseadas em astrologias com estatísticas e probabilidades. 

E mais. Só para se ver o desaparafusamento aqui da je: andava eu enredada em modelos que me punham a cabeça em água, tantos os milhares de restrições e condições que se empecilhavam umas nas outras, fui uma vez à Buchholz para espairecer, como tantas vezes ia, e dei lá com uma coisa sobre construção de cartas astrais através de uma aplicação. E o livro trazia uma disquete. Coisas que hoje parecem do além. Aos jovens que nasceram nos tempos modernos talvez isto das disquetes soe e pré-história. Mas sou pré-histórica mesmo. Até cassetes eu tinha gravadas para ouvir música no carro. Tudo coisas assim, palpáveis. Portanto, em casa tinha um computadorzão, com um monitor maior que sei lá o quê, e enfiava lá a disquete. E punha-me a registar data e hora de nascimento, local, e mais não sei o quê. E aquilo dava o retrato da pessoa. E parece que batia sempre cedo. E já não me lembro como mas aquilo também dava para fazer previsões. Mas, às tantas, eu já nem lia os resultados, já dizia por mim. Aquilo dava-me pica. Não sei explicar porquê mas dava. E, portanto, andava por um lado a construir modelos que reproduziam a realidade com um rigor que eu aferia até à quinta casa, modelos que detectavam tendências e calculavam ocorrências futuras, a apresentar as minhas conclusões a gente incrédula, e, em casa, a fazer cartas astrais que, se necessário fosse, como se fosse uma brincadeira, apresentava depois às mesmas incrédulas pessoas. E tudo isto aconteceu mesmo. Parece que foi numa outra encarnação, num outro tempo. Mas era eu que ali estava, disso não tenho dúvida.

E isto era para dizer qualquer coisa que, entretanto, se me varreu.

Só sei é que hoje, entre um dia e outro, aqui chegada, à noite, fui espreitar as notícias e ou é que estou vesga ou está tudo maluco. Ah, já sei o que ia dizer. É que fui em demanda dos astros: é refúgio que conforta. A gente afogada no presente e vem um horóscopo gentil e leva a gente para o futuro. Mas isto é karma, sempre notícia de novos projectos, de trabalhos que se abrem deixando para trás obstáculos de longa data. Até tremo porque até pode ser. Estou entre reuniões e temas que fazem abalar os meus alicerces e eu nem quero pensar no que pode aí vir. Mas se o que os astros têm para me oferecer é projectos e trabalhos do caraças então batatas. Quero outra coisa, rêverie, poesia, coisinha boa. 

O pior é que, na minha demanda, só me aparece pepino, abacaxi, macacada.

Por exemplo: a  Gwyneth Paltrow está a vender uma vela perfumada.

Até aí tudo bem. Se lhe deu para vender cenas é lá com ela. Mas a que é que ela diz que a vela cheira? Se o nome da vela é literal então cheira à senaita dela (agora que aprendi o neologismo, não vou largar). This Smells Like My Vagina - é o nome da vela. Esgotou. Como a malta não tem oportunidade para chegar o nariz à boca do corpo da Gwyneth, então vá de ir a correr comprar a vela. Na literatura que acompanha o produto lê-se que a dita cuja cheira a gerânio, bergamota, cedro e rosa damasco. E só não fico a pensar que deve ser assim que cheiram as perseguidas -- outro bom nome -- das nossas senhoras ou das divas de hollywood porque me palpita que é jogada de marketing. Ademais parece que esta loura anda armada em médica ou paramédica ou paradoida e dali só sai mezinha maluca. Já em tempo tinha vindo com banhos de vapor, coisa capaz de depenar qualquer passarinha, mas agora veio com ovos vaginais de jade. Segundo ela são para ser usados todo o santo dia, apertadinhos, coisa para muscular os interiores da coisa. De tal maneira a recomendação deu brado que foi multada e desmentida pelos médicos que aconselharam as mulheres com dois dedos de testa a não irem na conversa de gente maluca. Agora uma coisa é certa, a vagina da Paltrow inspira-a e é uma fonte de rentabilidade.

E li ainda outra do além: cientistas fizeram um robot vivo a partir de células estaminais de sapo. Li não. Aflorei. Aflorei e fugi a sete pés. Não quero saber. Pode até vir a ser uma grande coisa. Mas os riscos são tantos de que a coisa derrape para o lado cretino da existência que mais valia que estivessem quietos. Qualquer dia esta bicheza inteligente, carregada de inteligência artificial, tem mais poder do que nós, humanos marretas que para aqui andamos.

Agora que os oceanos estão a dar mostras de estar a aquecer mais rapidamente que o previsto e que o aquecimento já está a fazer o que se sabe, os humanos já nem sabem que fazer com animais que se reproduzem mais do que a falta que fazem e que bebem água que é tão preciosa e, vai daí, vão matá-los. Li: 10.000 camelos vão ser mortos. Estorvam. E eu penso: chegará o dia em que os robots, feitos de célula de sapo ou de barata e possuídos por algoritmos, vão matar humanos aos magotes. Os humanos também se reproduzem, também bebem água. Melhor dito: também nos reproduzimos, também bebemos água. Daninhos, raça magana. Bons para abater.

Virei-me para os blogs do lado e sai-me outra. Um comunicado do Livre que é de uma pessoa se atirar para debaixo da mesa. Conta o Linguagista que a desgraça bateu no fundo. Grau zero. Uma moção apresentada por cinco intrépidos militantes reza assim:
Hei-nos chegados a um ponto em que as causas defendidas pelo LIVRE parecem não conseguir sobrepor-se ao ruído constante provocado pelos faits divers mais estapafúrdios; em que o coletivo parece soçobrar numa desmedida exposição mediática do indivíduo; em que o partido se arrisca a ver a sua própria sobrevivência posta em causa. Assim sendo, no caso de a deputada não se dispuser [sic] a renunciar às suas funções, o LIVRE não tem outra alternativa a não ser retirar-lhe a confiança política.
Um desgosto ler uma anormalidade destas. O Livre vai acabar não tarda. Coitado do Rui Tavares, acho que não merecia uma palhaçada destas.

Enfim. Só, só desgraças. Mas desgraças pífias, coisas parvas, abaixo de macacadas. E não me refiro ao fim do Livre que isso, apesar de tudo, é para o lado que durmo melhor, mas à ignorância crescente da malta. Na volta a coisa resolvia-se era com um implante de células de macaco na cabeça deles, daqueles cinco. E dos outros todos também. E por todos quero dizer a humanidade. Contudo, acho que menos de mim que não preciso: já cá tenho os genes todos, obrigada. Dependo de bonobo com muita honra. E, sobretudo, com muito prazer.


Preferia notícias simples e só me sai disto. Vou mas é deslargar-me de ler o que não devo e procurar artigos sobre decoração, culinária, jardinagem. Não há pachorra. Na volta está é na hora de me entregar à escrita de um novo folhetim. Desta vez um erótico. Hot, hot. A fumegar de bom.

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Fiz as fotografias no domingo, enquanto passeava por Lisboa e observava as suas belas montras -- ao Príncipe Real, Chiado, Camões -- e as flores da florista da Garrett. Lá em cima, Kate Woolf interpreta Poet's Heart sobre fotografias de Henri Cartier-Bresson.

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Desejo-vos um belo dia.

quarta-feira, janeiro 08, 2020

Paulo Cardoso, Alexandre Silva e Gimba na Prova Oral com o Alvim e a Xana Alves.
E o João Habitualmente que parece ser do caraças.
E, tirando isso, qual o desporto para cada signo.





Agora que estou a começar a escrever, está o Paulo Cardoso, com papéis na mão, a ler previsões para cada dia do ano, para cada signo. Tem graça. Pena não o ouvir a fazer previsões que se me apliquem.  O Fernando Alvim, entretanto, está com umas calças do além. Há uns anos seriam calças de pijama, agora é capaz de serem fashion. Encaixam bem nele -- e estou a falar a sério. Nele e no programa. Quando venho para casa, no intervalo dos telefonemas diários à família, ouço a Prova Oral e, quanto maior é a maluquice dele ou dos ouvintes que lhe telefonam, mais eu gosto. Na televisão também tento não perder. 

Entretanto, preguiçosa que estou depois de ter estado duas horas a pesquisar aquilo que me ultimamente me prende, fui espreitar as notícias e, tirando alguns temas sérios e outros disparatados, nada me fez tocar campainhas. Mas o que poderia ter feito tocar também não fez. Tarde demais para campainhas.

E agora entrou o Gimba, outro ser iluminado -- e também não estou a brincar. Pelo meio, entrou o Alexandre Silva, que é muito bonito, muito simpático, com um encantador sorriso tímido, e que, segundo aprendi, um inspirado chef. Até contou que fez um perfume para a namorada a partir de flores de laranjeira que estavam caídas nos passeios de Vila Viçosa. Coisas especiais. Coisas que verdadeiramente importam.

Bem, isto para dizer que, tal como quando estou a querer desopilar vou a uma loja de roupa ou a uma perfumaria e experimento tudo o que me dá na bolha, aqui vou para as Vogues desta vida.

E, lá está, apareceu-me uma daquelas que acho uma macacada mas que não viro as costas antes de ir ver o que me toca. Qual o desporto a seguir em função do cada signo. Pimbas. Lá caidinha. É parvoíce? Ah pois é. Mas eu curto parvoíce, fazer o quê? 

Transcrevo o que a ciência recomenda aos caranguejos:
Signe d’eau
Planète : La Lune, les émotions 
Véritable éponge émotionnelle, vous êtes plutôt d’une nature créative et artistique que sportive. Le sport est pour vous une manière de libérer vos émotions et d’écouter votre corps. Pas d’agressions, vous suivez le ressenti et les besoins de votre être. Vous avez besoin de vous sentir en contact avec la nature. Signe d’eau, la mer est un besoin vital, une seconde nature. Sports conseillés : natation, yoga, course à pied, paddle, aquagym, danse.  
© Gilles Bensimon pour Vogue Paris
Traduzo com o Translator para ver se tem mais graça:
Sinal de água
Planeta: A Lua, emoções 
Uma verdadeira esponja emocional, você é mais uma natureza criativa e artística do que um esporte. O esporte é uma maneira de você liberar suas emoções e ouvir seu corpo. Sem agressão, você segue os sentimentos e as necessidades do seu ser. Você precisa se sentir em contato com a natureza. Como sinal de água, o mar é uma necessidade vital, de segunda natureza. Esportes recomendados: natação, ioga, corrida, remo, hidroginástica, dança.
© Gilles Bensimon para a Vogue Paris
Também vi por lá outro artigo, este com as previsões para o ano todo, signo a signo. Mas lá me aparece outra vez que vou finalmente poder fazer aquilo por que tanto ambicionei, que um grande projecto vai ser a minha consagração e o escambau. E que vou ter tumultos mas dá-me ideia que são dos bons porque a onda é de reestruturação na minha vida e que a minha força interior vai dar boa conta do recado. Mas não transcrevo esse porque o texto é longo e, de resto, tirando eu e a Gina, não sei se há mais caranguejos aí desse lado.

Ah o que estou a rir com a boa onda daquele grupinho ali na Prova Oral. Não sei como é que alguém tem paciência para outro tipo de programas. Futebol? Comentário Político? Bahhhh.... Já eram.

Tirando isto, posso acrescentar que antes disto, apanhei a recta final de outros dois bacanos, um dos quais o João Habitualmente. Só a cara dele já é todo um programa. Aliás, o nome também. Quando se levantou pensei que todo ele, de alto abaixo, era um programa. Alto e magro como uma haste ao vento. E, em cima, no topo, aquela carinha. E, por causa do dito vento, o cabelo todo no ar. O sentido de humor dele deu-me vontade de ir conhecer a poesia. Não deve ser poesia romântica. Com aquela cara ninguém escreve poesia romântica. Está lá, na livraria, um livro dele e, por algum motivo, ainda não me saltou para o colo. Mas, agora que o vi e ouvi, talvez leia os poemas de outra maneira. Parece que nas horas livres é médico. Quiçá cirurgião. Pelo menos foi o que deduzi. Fiquei a gostar dele. 

Mais? 

Bem. Só se for que estava eu, justamente, a ver onde poderia gastar o dinheiro que, segundo uma sms recebida, tenho no cartão quando, por mero acaso, encontrei uma pessoa que me é muito querida. De imediato desatámos a conversar, resolvemos ir almoçar e fomos, sempre a conversar, acabámos de almoçar e continuámos a conversar e, tarde e más horas, saímos -- e a conversar fomos para o parque de estacionamento. Claro que cheguei tarde. Um daqueles casos em que se costuma dizer que a noblesse oblige.


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E lamento informar mas acabei agora de ler uma notícia tenebrosa e juro que estou a falar muito a sério. Tenebrosa. Devia apagar tudo o que escrevi e escrever sobre isso. Mas não dá. Prefiro alienar-me. Há coisas estúpidas demais. Podia ser ficção, pesadelo, coisa de terror. Mas é verdade. Tem a ver com camelos e com a Austrália e nunca imaginei ler uma coisa assim. Devia ser dia 1 de Abril para eu ter esperança que fosse mentira. Mas Abril ainda vem longe. Prefiro ir enfiar a cabeça debaixo dos lençóis. 

Ah, e agora também o Irão a atirar mísseis para cima de bases americanas no Iraque. Aquele Trump fê-a bonita. Estupor. Não há pachorra. Fónix.

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As fotografias são de Laura Okita

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Um dia feliz para si

quinta-feira, agosto 15, 2019

O segredo por detrás dos dons divinatórios de Dave, o mago.
[Ou como os mágicos, cartomantes ou espiões têm agora a vida facilitada]
Ora vejam, por favor.
Ah, e já dei nome ao meu folhetim: 'A Agente Secreta'.




Andava sem saber que nome dar à minha história. E chamo-lhe história sabendo que história não será bem o termo. Folhetim. Talvez folhetim como nas vezes anteriores em que me deu para ficcionar. Não sabia que nome dar a este folhetim. Ao escrever cada episódio nunca sei onde vai dar e, por isso, não sabia se ia contar a história do Manel, a da Clara, a do roubo de informação sensível, ou a de viver uma vida de segredos ou o quê. 

Mas hoje acordei com um nome. Como tantas vezes, é no escurinho de uma noite de sono que se me faz luz. E foi, de novo, o caso: acordei a pensar que lhe ia dar o nome de 'A agente secreta'. Simples. Sem rodeios. Claro que o título, em si, encerra uma subtileza mas isso é coisa que, cá para mim, é muito bem capaz de ficar só para mim. Neste momento ainda não sei se conte mais uma ou outra coisa ou se já chega. A bem dizer nem sei se, de facto, até já não disse demais. Mas já disse, está dito. 


E conto-vos mais: já me chamaram a atenção para que me estava a esticar, que tivesse cuidado, que há coisas que não são para ser reveladas. Não acho. E sou assim: se sinto que tentam constranger-me, esperneio. Esperneio às claras, dou um chega para lá. Preciso de espaço e sei o que faço. Podendo parecer que digo demais, na realidade só digo o que considero que faz sentido ser dito. E o que contei no meu humilde folhetinzinho é coisa pouca, nada, só efabulações. Nada daquilo aconteceu. Pelo menos não a pessoas com aqueles nomes.

Enfim. Agruras cá minhas.

É como eu saber, quase antes de se saber, que o Pardal não é flor que se cheire e que é bom que quem tem o caso em mãos se despache para que quem ainda não percebeu o que ali está fique rapidamente a saber quem é o 'artista' que está a armar toda esta baderna. E não é que tenha pena do Bloco de Esquerda ou do PSD ou de todos quantos ingénua ou oportunisticamente apoiam o Pardal e as suas 'habilidades': tenho, isso sim, pena dos motoristas, dos trabalhadores honestos que não sabem com quem se meteram e a quem esta brincadeira vai sair cara.


Mas o tema deste post é outro. Tem a ver com a forma como nos movemos, como agimos. Tem a ver com a forma como nos colocamos a jeito. Como nos tornamos vulneráveis. E aqui uso o nós  -- que não é majestático mas, apenas, humilde -- apenas para que não pareça que me sinto acima das armadilhas que aí estão a cada passo. 

Vejam, por favor, este vídeo. Vejam com atenção. E aceitem, por favor, a minha sugestão: pensem.


Facebook, Instagram, até o WhatsApp: a vida toda exposta, tudo registado, partilhado -- conversas, fotos. Mesmo o LinkedIn. Tudo. O que se faz, por onde se anda, por onde se andou, aquilo de que se gosta,  as pessoas com que se dá. Dir-se-á: há coisas que são privadas, apenas para quem faz parte do grupo. Pois, pois. Poderia explicar como um amigo passa a outro que passa a outro... até que vai parar onde não se faz ideia. Mas acho que não são precisas muitas explicações.

Poderia ainda referir a vida facilitada que agora têm todos os que, por um motivo ou por outro, pretendem obter informação sobre alguém. Mas também acho que não são precisas grandes explicações. Dá para perceber.

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E agora vou pensar se acrescento mais algum bocadinho de prosa à 'Agente Secreta'. Mas não é fácil: como dizer o que não pode ser dito sem que me desnude?

E espero que gostem das pinturas de Jason Anderson tal como espero que gostem de ouvir Leonard Cohen com Hey, That's No Way To Say Goodbye. É que, por vezes, não há maneira de dizer adeus.  E eu detesto dizer adeus. Por isso, não vou dizer. Nem agora nem amanhã, ao acordar. Se calhar, nem nunca.

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quinta-feira, agosto 01, 2019

Qual o filme que melhor descreve o seu signo?


Claro que, no meu íntimo, penso que não há racionalidade nenhuma nisto dos signos. 

Mas a verdade é que não sei cruzar a física com a astronomia e com a psicologia e, ainda, com a data de nascimento de cada um e, a seguir, da intersecção dos quatro planos, fazer nascer uma teoria sobre os traços de personalidade de cada um -- nem, muito menos, a partir do alinhamento astral diário, derivar para a previsão dos acontecimentos vindouros. Gostava de de saber mas não sei. É muita sabedoria para os meus lassos neurónios. E, como não sei, não posso aferir da veracidade e do rigor de quem o sabe. Portanto, por via das dúvidas, mantenho-me agnóstica.

Em suma, se é certo que a metade da minha cabeça dada à parvoeira se péla por espreitar os horóscopos, especialmente os que me parecem elegantes e que se apresentam em francês, e que a outra metade até tem vergonha de o confessar, é também certo que o resultado destes mixed feelings é que, se vejo artiguinho com ar de engraçado a acasalar tema com signo, caio lá direitinha (ainda que meio à socapa).

E assim foi que hoje, por aqui me arrastando em total estado de indolência e não vendo hora de ir de vacances, fui dar com uma coisa que não lembra ao careca (e uma vez mais clarifico: nada contra os carecas que, por acaso, até aprecio): na Revista Bula, lugar onde se encontra de tudo um pouco, encontrei De Áries a Peixes: 12 filmes que descrevem perfeitamente os signos do zodíaco

Como tenho a mania de me armar em adivinhadora, antes de abrir a caixa, tentei adivinhar o que de lá ia sair, isto é, qual seria o filme que melhor me iria descrever. E pensei naqueles de que mais gostei, isto, claro, na medida do que a minha limitada mente conseguiu alcançar. E, então, cliquei, pensando: vamos lá a ver qual destes é, soi-disant, a minha cara.

E, espanto dos espantos, outro. Nem de tal me tinha lembrado. Gostei, é verdade. Gostei até bastante. Mas não me tinha ocorrido que fosse o filme que melhor encaixasse num caranguejo, ascendente caranguejo, caranguejo dos quatro costados. Uma Mente Brilhante (2002), Ron Howard. 

E quando fui ler a razão da escolha, encontrei a verdadeira gola inflamável, no caso, inflamável de egos. Fora eu dada a combustões a frio e a seco e até ficava a sentir que os meus neurónios adormecidos desatavam a reluzir, tanto o piropo:
Com um dos signos mais delicados do zodíaco, os cancerianos são simples, destemidos e dispostos a se adaptar pelo bem dos outros, desde que isso não fira seus valores. Nem todos entendem as profundezas da mente dos cancerianos, mas eles são brilhantes. Além disso, possuem uma sabedoria notável.
Querendo ver se também dizem coisas tão lisonjeadoras para o vosso signo e qual a vossa alma gémea em forma de filme, ide até lá. 

Eu, pela parte que me toca, só digo: let-aze luke at de treila.


Uma mente brilhante 

com o Russell Crowe a fazer de John Nash, o fabuloso matemático


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Os bebés fofinhos e dentudinhos são obra de Amy Haehl e cacei-os no Bored Panda

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[E agora vou ver se me ponho a dormir ou se vou relembrar a maravilhosa teoria dos jogos. Ou isso ou a ver uma apresentação para a reunião que tenho à primeira da manhã que isto é bem verdade que toda a gente tem uma cruz para carregar.

terça-feira, dezembro 04, 2018

Que presente de Natal para cada signo do Zodíaco?


Tem graça isto que acabei de ler na Vogue parisiense: o presente ideal para cada signo.
Isto dos signos é aquela coisa cuja defesa não abona a meu favor. Mas eu não defendo, só espreito. E sou racional: penso que há milhões de caranguejos, incluindo os que se comem (bem, dependendo da interpretação, todos se comem -- mas isso agora não vem ao caso) e nem todos hão-de ser iguais a mim pelo que não pode ser que estas coisas dos horóscopos batam certo para toda a gente. Mas o meu lado racional tem momentos. Ou seja, volta e meio questiono-me -- mas na volta e meia em sentido contrário estou-me nas tintas para raciocinar e acho graça a qualquer parvoíce. No outro dia, uma pessoa dizia-me: exponha o que tem a dizer sem emotividades, use apenas o seu lado racional. Isto porque eu estava destemperada, a disparatar por tudo o que era canto e esquina, sem poupar vivalma, disposta a pisar a pés juntos a linha mais vermelha de todas as linhas vermelhas. Ouvi aquilo e fiquei cheia de vontade de rir: então uma pessoa desbocar-se à cara podre é sinónimo de ser irracional? Emotivazinha? Adiante.
Bem. Dizem os oráculos que há que atender que os Caranguejos são assim:
Você adora ficar enroscado em casa, no seu interior reconfortante. Sua criatividade é inerente à sua personalidade e você não pode imaginar uma vida sem arte, cultura ou criatividade. Você precisa de se revigorar num local de aconchego com materiais envolventes.
E, assim sendo, são estes os presentes de sonho: uma aula de ioga, uma assinatura cultural, uma jóia de talismã que a proteja da agressão externa, um perfume que lembre a infância, uma vela, uma manta.
E isto tem graça porquê? Pois bem. Tenho paixão por mantinhas. Há sempre uma mantinha para um just in case. No outro dia quando a minha filha aqui esteve à noite com os meninos, pediram logo uma mantinha. Fui buscar uma ultra macia, quentinha. Adoraram. Há nos sofás, há perto da salamandra, há na cama. E, por onde passo, quando ando às compras, se vejo uma, logo vou passar a mão para sentir o toque. Se vou com o meu marido, puxa-me logo pelo braço: chega de mantas. Mas o ano passado viu-me tão encantada por uma ultra leve, ultra macia, de um veludo quase intangível em verde turquesa, que se deve ter sentido arrependido de não me deixar trazer e, então, voltou lá e surpreendeu-me completamente no natal. Quando abri o saco e vi aquela maravilha até me comovi. 

E velas. Agora parei por já não ter onde colocá-las. Tenho vários castiçais, várias velas, de vários tamanhos, de várias cores. E aqui ao meu lado tenha aquela grande de que gosto tanto e que foi presente do meu filho: 'Under a fig tree'. Nem a acendo para não a gastar. Gosto de fazer render aquilo de que gosto. (Será que isto significa que, na volta, tenho em mim, oculto mas bem vivo, o meu lado conservador?)

E perfumes. Aquela minha demanda por um que seja pura essência de violeta como aquele que, quando era miúda, ofereci à minha mãe? De vez em quando, entro numa perfumaria e, se vejo cara nova a atender, tento: 'tem algum perfume baseado na essência de violeta?'. Nunca têm. Mas não sou esquisita. À falta de melhor, qualquer Chanelito me serve. Este nº 5 em edição natalícia, o frasco perigosamente vermelho, é uma tentação escandalosa. O pior é o preço. E aí o meu lado racional fala mais alto. Mas a verdade é que este frasco que já de si é tão sobriamente elegante, agora em rouge, parece que chama por mim. Que querem? Tenho este meu lado feminino, coquette, fraca, sempre tentada a ceder às tentações.

Jóias que sirvam de talismã, todas. Aliás: jóias, todas, sirvam ou não de talismã. Não ando sem uns fiozinhos, sem um brilhante como piercing, sem colares, pulseiras, brincos. Discretos. Não forçosamente tudo ao mesmo tempo. Ou indiscretos. Jóias verdadeiras ou de meia dúzia de euros. Tudo serve. 

Ioga é sabido que ando com essa curiosidade. Não fosse aquilo de uma pessoa estar sossegada a fazer posições e já estaria mais convencida. Mas é coisa que vem trabalhando na minha cabecinha.

E assinatura cultural claro que sim. Mas enquanto andar nesta minha vida de escravatura não dá. Mas não vejo a hora. Ainda hoje, ao fazer a nossa caminhada, viémos a falar nisso. Bem. Não exactamente. Eu disse: 'Quando tiver o tempo por minha conta vou aprender a tocar piano'. Ele disse: 'Acho bem, era só mesmo isso que te faltava'. Gozão. Mas afinei a ideia: 'Melhor: violino. Mais fácil de ter em casa para praticar'. Ele disse: 'Isso. Devia ter graça'. Acrescentei: 'E tu também'. Disse uma brejeirice que não posso aqui transcrever. Não é dado a cenas artísticas, é escusado. E eu só para ouvir. Tocar nem pensar. Se fosse uma pessoa dada à erudição iria aprender grego (mas do clássico) e piano.  Haveriam de me ver depois, tal e qualzinha a Khatia Buniatishvili a tocar uma valsinha de Chopin.

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E queiram descer para espreitar um cheirinho do Calendário Pirelli 2019

quarta-feira, agosto 08, 2018

Cenas fora da caixa




Por alguma estranha forma de distopia -- e é se distopia for a palavra adequada para isto -- tudo o que é muito bonitinho e perfeitinho me desagrada. Uma paisagem muito feita ao boneco, uma carinha demasiado laroca, uma pessoa muito boazinha, um livrinho cheio de lindos pensamentos -- tudo isso me parece prova de mau gosto.
E agora, por livro com lindos pensamentos, lembrei-me do que uma vez um sujeito que eu tinha por inteligente e de pensamento escorreito me perguntou com o ar iluminado de quem tinha tido uma epifania: 'Já leu O Alquimista?'. Eu não tinha lido. Ele, superior, feliz por me aconselhar: 'Leia. É a sua cara.'. Nestas ocasiões tento apôr a minha melhor poker face a ver se não deixo transparecer que a minha consideração cai a pique de forma irreparável. Nunca mais fui capaz de olhar aquela cara ou conversar como o fazia antes. Impossível. Não é apenas por ele gostar de Paulo Coelho ou achar que aquela filosofia é coisa que se aproveite. É também pela dificuldade demonstrada na avaliação: o que é que eu fiz ou disse que o tenha levado a crer que o alquimista do paulo coelho era a minha cara? Não disse que se fosse catar porque sei conviver elegantemente com desaforos mas nunca mais a convivência foi a mesma, isso não. 

Para mim, tem que haver nas pessoas um grão de mau comportamento, o gosto indisfarçado por pisar o risco, a capacidade de me fazer ver as coisas de outra maneira, e o livro tem que ser capaz de me levar pela mão e, de quando em vez, trocar-me as voltas, e as palavras têm que ter uma vida nova, e a música tem que ser surpreendente, tem que me transportar para outras paragens, tem que me fazer ter vontade de fechar os olhos para melhor a ver e a pintura tem que ser quase louca, imprevista, nunca vista. E tudo assim. Naquele caso do alquimista a coisa podia ter corrido bem se, depois de me ver com ar de quem comeu e não gostou, ele tivesse gozado comigo por eu ter caído na esparrela, por eu ser tão burra que tivesse achado possível que ele tivesse gostado daquilo. aí eu teria desatado a rir e alguns pontos teriam sido somados na consideração que tinha por ele.

Enfim.

Os meus dias não têm andado muito fáceis. Quando a coisa parece sair dos eixos, eu gosto de ir ver o meu horóscopo. Podia rezar, fazer promessa, fazer jura, acender vela. Mas dá-me para ver o horóscopo. E cá está, confirmado com todas as letras: o Julho viria feito besta, alarve, pulha.

E foi. Quase me deixei abalar. Quase deixei que a onda me passasse por cima. Dormi mal. Pensei: é do calor. Mas de noite ficava a pensar no que me tinham proposto, no que estava a ser quase intimada a aceitar. Como sempre faço, tento dar a volta: comecei a tentar descobrir uma forma de melhor me habituar, de melhor aceitar, de minimizar, de fazer com que até me fosse agradável. 


Mas, sei lá eu como, uma noite dormi bem. Pela primeira vez desde há dias, foi sono de pedra. E, mal acordei, era dia 1 deste mês, como se o sono me tivesse dado a volta ao miolo, pensei: vão dar banho ao cão, comigo não, violão. Fui todo o caminho a pensar que ia partir a louça. Mas á bruta. Na base do rais ta parta. E assim foi. Logo nesse dia. A mesa virada, coice que até ferveu. Não que me tivesse armado em mula. De mula não tenho nada. Égua talvez. Coice de égua selvagem. E, de aí para cá, uma força brava parece ter tomado conta de mim. Virei a mesa e, desse modo, virei o jogo. Inteira onde os outros se dividem. Viraram-se para mim, espantados: Não?! Não...?! Cuidado... está a entrar por caminhos muito complicados...

-- Ai é? Explique lá bem isso. O que é que está a dizer-me? Está a ameaçar-me? - devolvi.

Esta segunda-feira nova conversa muito complicada. Decisiva. Um não redondo. De frente. Sem vacilar: não.

Agora não sei qual o caminho à minha frente. Nem sei se, à frente, ainda há caminho. Ou se há mas são caminhos muito perigosos. Não sei. Não sei mesmo. E, curiosamente, não quero saber.

O que for soará.

Mas continuo inteira. Mal comportada, fora da caixa, incontrolável, desalinhada. Mas inteira.


Já agora: o horóscopo diz que em Agosto viro a mesa, que o Agosto vem em meu socorro e abre-me as portas do futuro e que, a seguir, vêm as férias e que o regresso será radioso.

Tomara. Como gosto de acreditar no que me convém, vou acreditar -- até porque isso me dá ainda mais força para enfrentar o pelotão de fuzilamento que ousou encostrar-me à parede.


Eis aquela que parou em frente
Das altas noites puras e suspensas.

Eis aquela que soube na paisagem
Adivinhar a unidade prometida:
Coração atento ao rosto das imagens,
Face erguida,
Vontade transparente
Inteira onde os outros se dividem.

[Sophia]
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Reparei agora que comecei o post com uma em mente e que, a meio, quando fui buscar imagens para aqui intercalar e quando fui escolher uma música, regressei ao post e, como se não tivesse escrito nada antes, comecei a escrever num registo que nada tinha a ver com o anterior. Claro que agora poderia apagar a primeira ou a última metade para a coisa não ficar incoerente. Mas fica como está. Desculpar-me-ão. É como se estivessemos a conversar e, depois de eu interromper para ir buscar um copo de água, voltasse com outra conversa. Acontece.

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As fotografias são de Michael Goldrei e têm a ver com essa coisa boa que é a serendipidade. Andreas Scholl interpreta de Antonio Vivaldi: Cantata "Cessate, omai cessate" - " Ah, ch'infelice sempre"