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segunda-feira, dezembro 14, 2020

Presentes de Natal -- muito económicos e... DIY

 



Andando por estas bandas há algum tempo, não consigo ser sempre original, em especial quando falo de aspectos relacionados comigo. Foi o que foi e, se falo nisso, forçosamente repito-me. 

O tema tem a ver com presentes. Quando os meus filhos eram pequenos, eu pedia sempre que me dessem coisas feitas por eles como, por exemplo, cartõezinhos ou desenhos. Gosto do que tem um cunho pessoal. É como quando recebia cartas. Adorava receber cartas. Ansiava pela passagem do carteiro e, se ele trazia carta, já eu sentia a adrenalina a bombar. Empolgada e curiosa, abria o envelope e, quanto melhor recheado ele estava, mais antecipadamente feliz eu me sentia. Sempre gostei de cartas grandes. A primeira coisa que fazia era folhear para ver quantas páginas tinha. Era tempo de seu que quem escrevera me tinha dedicado e isso é o melhor que uma pessoa pode oferecer a outra. O afecto tem muitas vertentes mas uma das principais tem a ver com que uma pessoa dá de si própria a outra. Deve dar atenção, cuidado, disponibilidade, carinho, ajuda, companhia. Etc. Se pouco dá, então esqueçam. 

Quando me casei, deixei de ser a menina que recebe presentes para ser a mulher casada também com o dever de oferecê-los. Mas com vinte anos ainda não se tem bem a noção. Faz-se o que se gosta de fazer, com toda a generosidade de que se é capaz.

Como sempre considerei que dar uma coisa a uma pessoa tem que ser uma verdadeira dádiva, alguma coisa pensada mesmo para a pessoa a quem querermos fazer um agrado, achava que não fazia sentido ir a uma loja e comprar coisas impessoais. Então, com antecedência, punha-me a fazer eu 'obras' artesanais. Fazia panos de tabuleiro ou individuais, por exemplo. Fazia em crochet, peças originais que inventava, coloridas, ou feitas em linha crua com aplicações coloridas, flores amarelas, por exemplo. Eu achava que ficavam bonitas, eram úteis, e sobretudo, era coisa mesmo minha. Para os homens já não me lembro, presumo que nada disto. Se calhar para 'eles' seriam livros, cada livro segundo quem o ia ler. Mas, para minha surpresa, notava que, mais do que agrado, toda a gente que recebia os meus trabalhos mostrava algum espanto e a coisa acabava inevitavelmente com um irónico 'mas tão prendada...' e as pessoas de mais idade mostravam alguma perplexidade pois eram trabalhos muito diferentes das tradicionais rendas e as mais novas não estavam nem aí para coisas naquela base.

Persisti por mais algum tempo até que me rendi ao consumismo e esqueci o que me seria natural. 

Mas, até hoje, tenho pena de continuar na onda de oferecer presentes adquiridos em vez de ousar presentes confeccionados. No entanto, claro que fazer coisas para oferecer tem o seu quê. O gosto de quem faz pode ser o oposto do de quem recebe.

Volta e meia vejo em casa da minha mãe algum objecto que me intriga. Sem excepção, são presentes de amigas que frequentam ateliers e que se entretêm a fazer objectos artesanais: peças em madeira pintada, saquinhos com ervas de cheiros ou coisas assim. Por acaso, ultimamente até são coisas com um gosto aceitável e que, por sinal, até são úteis. Mas tempos houve em que, embora se visse que havia ali um esforço e alguma perícia, estava tudo longe de encaixar harmoniosamente lá em casa. Era como quando acabava o ano lectivo: vinha carregada de flores que às tantas nem sabia onde pôr e de peças que, por vezes, eram de gosto altamente duvidoso. Imagino que o móvel onde guardava os tesourinhos deprimentes ainda os lá tenha. Uns feitos outros adquiridos, supostamente peças que quem dava achava que fariam as delícias da professora. Por vezes nem sabíamos o que era, tal a excentricidade.

Continuo, contudo, a ter vontade de voltar a ter coragem para ser eu a fazer os presentes. Quando vejo artigos ou vídeos com sugestões DIY (Do it yourself) não resisto a ver se seria coisa que me agradaria. Tem que ser útil, agradável, relativamente neutro face ao gosto. O vídeo que abaixo partilho tem ideias que acho que são assim.

E partilho-o acolhendo-vos com hospitalidade neste espaço que diariamente componho como se conversasse convosco: mostrando um pequeno arranjo que a minha filha hoje fez em meia dúzia de minutos, juntando umas pinhas e urze (que apanhámos numa nesga de campo no limite da horta) com umas bolas de natal que sobraram, também o vaso de poinsétia cheio de gotinhas de chuva, uma madona com um bebé e, por fim, umas bolas de natal que suspendemos nas árvores do jardim. 

E, lá em cima, escolhi, para 'acompanhamento musical', um vídeo que é mais do que apenas música: é leveza, elegância, beleza. Espero que gostem. 

Mas, pronto, já chega de conversa. Está na hora do vídeo: vejam, por favor, o vagar e o cuidado na preparação dos presentes, úteis, bonitos, e sintam a simpatia que os envolve. Espero que o conforto da casa e o espírito acolhedor que acho que se sente cheguem até vocês (mesmo que não apreciem o lado de menina-prendada aqui da Niamh -- que a ver se recupero também para mim).

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Desejo-vos um dia feliz