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sexta-feira, novembro 05, 2021

Marcelo -- ou a arte de dissolver a Assembleia e, en passant, também dar uma ajudinha na dissolução dos partidos à esquerda e à direita do PS

 


A data deixa-me indiferente. A ter que dizer alguma coisa, direi que é razoável. Mas o tema não é a data. O tema é o absurdo disto tudo. 

Dois partidos de esquerda, desfasados da realidade e atados ao que pensam ser o fio de ariadne que os prende ao que resta do seu exíguo eleitorado, entenderam que deveriam impor ao PS medidas com que o PS, que tem a responsabilidade de assegurar as boas contas e que já tinha feito inúmeras e generosas concessões, entendeu não dever comprometer-se. O Orçamento era equilibrado e francamente à esquerda, beneficiando amplamente o eleitorado natural do PC e do Bloco. 

Marcelo, que gosta de ser ele a estar no centro da agenda mediática, em vez de ser sensato e esperar que o PCP e o BE caíssem neles e constatassem que nunca tinham tido orçamento tão favorável, não senhor, resolveu chamar o protagonismo a si e, precipitadamente, informou que, se o Orçamento fosse chumbado, liquefaria a Assembleia e convocaria eleições.

Ninguém o levou a sério: parecia ser mais uma das suas sound bites para conseguir saltar para as primeiras páginas.

Com os nervos à flor da pele -- e com medo de desagradar aos membros mais fundamentalistas dos respectivos partidos -- e marimbando-se para o 'povo', o orçamento chumbou mesmo. 

Para espanto e incompreensão de toda a gente, o Bloco e o PCP apareceram de braço dado com o PSD, o CDS, a IL e... quem poderia imaginar?... até com o Chega. A esquerda e a direita do PS unidas para fazerem o País perder tempo e andar para trás numa altura crítica em que o sentido de Estado aconselharia a unir esforços num sentido construtivo e não destrutivo. Uma vergonha de que os portugueses não se esquecerão.

O retratista do reino deveria ter mandado que se sentassem todos do mesmo lado da mesa para lhes tirarem um retrato para a posteridade.

Aí chegados, o Marcelo, enfiado na saia justa que ele mesmo costurou, não teve outro remédio senão passar das palavras aos actos.

Confrontados com a consequência dos seus actos, o Bloco e o PCP, na maior imbecilidade, vieram, então, dizer que não queriam que isto acontecesse, queriam esticar a corda mas nunca, jamais, em tempo algum, provocar a liquefacção do parlamento. Tarde demais. Pela segunda vez, a espúria aliança já tinha sido consumada. Uma vez mais, o Bloco e o PCP trairam os seus eleitores. Logicamente, o mais normal é que, nas eleições, sejam dissolvidos de vez.

E, perante este cenário, para animar a festa, o PSD e o CDS resolveram começar a devorar-se uns aos outros. Agridem-se à bruta e, não contentes com isso, deram também em fornicar-se mutuamente, a toda a hora, à frente de toda a gente. Uma orgia de tal forma alargada e assanhada que chega a ser indecente. De cada vez que um deles fala, demonstra aos eleitores que neles é que ninguém se pode fiar. Nem internamente conseguem ser civilizados e responsáveis, faria se se apanhassem aos comandos do país. 


Não é só o espectáculo de lavarem a roupa suja em público. É mesmo a falta de decoro. É agressão, fornicanço e canibalismo praticado a toda a hora, à frente de toda a gente. A maior pouca vergonha.

No meio disto, Marcelo apareceu hoje ao País com ar esvaído, quase a fazer beicinho, aspecto de quem se sente acossado (quando foi ele próprio que se meteu nesta ratoeira), esforçando-se por justificar o que aconteceu. No fim da alocução, saiu de fininho, curvado, enfiado, rabo entre as pernas. Longe vão os áureos tempos em que corria para observar o acidente do eléctrico na Baixa, para acudir na queda da avioneta ou para andar a distribuir beijinhos e selfies pelas feiras, pelas ruas, de casa em casa, e em que, arrebatadamente, não resistia a ligar em directo para o programa da Cristina Ferreira. Longe, muito longe, vão esses tempos.

E a gente percebe que ele percebe que corre sérios riscos de ficar para a história como o presidente que dissolveu não apenas a Assembleia da República mas também os partidos à esquerda e à direita do PS. Dissolvidos, feitos em água, reduzidos a pó. E a ver se, no processo, não se dissolve a ele próprio.

Está bonito isto, está, está.


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E, já agora, a propósito de se sentarem do mesmo lado da mesa para ficarem todos no retrato, aqui fica a Última Ceia by Mel Brooks

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Inté

quinta-feira, janeiro 03, 2019

Mulheres sem cuecas no jardim com as 50 sombras do greg em mente
(que até me fizeram desviar da reportagem fotográfica chez-moi que tão bem comportadamente queria fazer para ilustar o tão badalado Mudar de Vida)





Ele há coisas, sempre o disse. Ainda hoje. Depois do trânsito e das outras coisas que me maçam, cheguei a casa inspirada, bem comportada. Fui-me à máquina e fotografei a pilhinha de livros aqui ao meu lado. Era pequenina e, como costuma acontecer às pilhinhas, desatou a crescer e agora já está de um tamanho que começa a impor respeito.

Depois virei-me para o sofá ali da parede ao fundo onde ontem estive a ler as entrevistas a fotografei o livro e a soft mantinha. 


Resolvi, então, ir buscar mais dois presentinhos de papai noël, a eau de toilette que cheira a figueira e o passarinho que, quando a gente o aperta, pipila tal e qual. Não sei se é passarinho se é passarinha nem sei de que raça é porque me desfiz da documentação antes de perceber o que continha, mas é fofinho e faz um piu-piu de dar gosto. Quanto ao perfuminho, o meu marido diz que tem passado horas a podar figueiras e que nunca percebeu que dali viesse perfume. Disse-lhe que ele não dava para ser nez e ele disse que até é bastante sensível a cheiros. Disse-lhe que não, senão saberia bem qual o cheiro das flores da figueira ou do chá verde de figo que vai tudo dar ao mesmo. Ficámos assim. Como não foi ele que mo ofereceu, permite-se reagir desta forma e eu acho que há temas em que a discussão não leva a lado algum. Posso não ser tal e coisa, coisa e tal, mas sábia eu acho que sou.


Depois resolvi virar-me para a pilhinha dele, pequenina, modesta. De livros que recebeu do Santa Klaus, quero eu dizer. Fotografei-a também. É a de aí de cima.


E depois fui-me ali à estante e fotografei algumas particularidades, nomeadamente o Santo António que, em vez de ser pendurado, ficou ali a bater uma soneca e a menina, ao seu lado, que em vez de também ir apanhar ar, se deixou ficar deitada ao lado do Santo. Lá sabem.


Ou seja, estava numa de deixa cá ver, o ano está a começar e giro, giro, era eu mostrar como já estou a cumprir o ponto 1 da minha lista de to-do's que é mostrar que isto a partir de agora é sempre a abrir, lifestyle, auto-ajuda, pensamentos evoluídos e do mais positivos que há, reflexões bué elaboradas -- ou seja, nada que se lhe possa botar defeito, que a idade diz que dá juízo e eu não quero ser desmancha-prazeres que com a minha idade já devia ser capaz de rezar uma missa quanto mais dissertar num blog fajuto. 

Mas, então, chego eu aqui ao meu sofá, ponho-me a passar as fotografias para o computador, a imaginar fazer um post a explicar como é bom fugir da barafunda da grande cidade não para o campo mas para o sofá para dizer coisas pequenas que mostrem que penso grande e, na minha inocência, toda eu cheia de teorias imbatíveis.

Só que há aquele grande deus que acompanha os meus passos e que, mal se apercebe das minhas boas intenções, à sorrelfa me prega uma rasteira. E logo resolveu que nem pensasse eu em dar passo maior que a perna. Que é como quem diz não pensasse eu em meter-me a besta, ensaiando conversa filosófica ou beata. E então, vai daí, com aquela driving force que sempre me faz desviar dos bons caminhos, pôs-me a ver as estatísticas do blog, nomeadamente mostrando-me o que as pessoas, naquele preciso instante, tinham escrito nos motores de busca e as tinha trazido até aqui. E eu, instantaneamente, cagüei (por favor, ler o ü para não soar a inconveniência) para as boas intenções e resolvi aqui dar conta do fantástico sucedido.

A seguir peguei nas palavras e fui eu experimentar se conseguia chegar até mim -- e não consegui. Portanto, ainda mais extraordinário: alguém lembrou-se de fazer tais pesquisas e o maluco do algoritmo achou que aqui, neste santo blog, é que há disso. Mas, se for eu, está bem, está, vá mas é dar banho ao cão.

Pois eu, para mostrar ao algoritmo que sou mais esperta que ele, vou arranjar maneira de que não apenas os depravadões encontrem aqui com que se entreter como eu própria hei-de ser capaz de vir parar ao Um Jeito Manso: vou escrever essas palavras no título do post, ah vou, vou.

Portanto, a partir de agora, o sol nascerá para todos: para os malucos da net, para as malucas sem cuecas, para os que gostam de andar à sombra e para mim. E passa a ser oficial: quem queira ver mulheres sem cuecas no jardim ou as 50 sombras do greg, tem aqui o que procura, oh oh, se tem. Olha aí. 

Aqui é fazer de conta que a menina estava a jogar à malha no jardim, ok?
Este não sei se é o tal do Greg ou se estão à sombra; mas, pronto, é fazer de conta.

E, assim sendo, e nada mais tendo, por ora, a declarar, vou suspender o expediente e dedicar-me à tapetaria antes que a tal sinistra driving force que me desvia dos meus bons propósitos continue a fazer das suas e vos deixe a todos de olhos estarrecidos.


Com vossa licença, inté. 

terça-feira, setembro 18, 2018

A transferência da Cristina Ferreira e a morte da Princesa Diana,
a evidência científica de que há imbecis,
a gaffe literal da cuecona do Goucha,
o mistério da minha cara pós-férias e
Mr. Beans, Hillary Clinton, Forest Gump
(no inferno eles estarão em boa companhia)




Dado que não me saíu o euromilhões lá tive que regressar ao trabalho. E foi aquele velho déjà-vu com toda a gente a fazer a observação do costume: 'Então...? Já se acabaram, não foi...?' e eu que sim, que acabam depressa. Vintage com vintage se paga. A seguir: 'Pois... E foram boas...?' e eu que sim, que foram mesmo boas. Especialmente porque, ao contrário dos dois anos anteriores, não as passei em hospitais (dois anos... ou três...? acho que talvez três; três senão mesmo quatro, já nem sei que isto, de facto, nos últimos anos tem sido uma festa). E isto já para não falar em pior ainda. Ainda no outro dia, um dos miúdos me perguntou se a bisavó já estaria em esqueleto. E eu, apanhada, sem estar de sobreaviso : 'Credo, rapaz, que conversa'. E ele, pensativo: 'Mas como é que isso se passa?'. E eu, já aflita: 'Oh pá, cala-te lá com isso, que raio de conversa essa'.  Foge. Já bati três vezes na madeira. Caneco, nem é bom a gente falar porque às vezes até parece que atrai. Caraças, vade retro. Mas este pimentinha, para além de artista, é todo cientista. Vínhamos no carro, ele e os irmãos no banco de trás, os outros já meio a dormir, e pergunta ele: 'De que é que é feita a luz?. O meu marido, surpreendido: 'Olha, olha, agora esta...'. Lá lhe falámos de fotões, de ondas, de campos. E eu, tão pro em física das partículas e o escambau, a patinar sem saber bem como explicar uma coisa tão banal a uma criança que acabou de fazer seis anos. Sim, Leitor, de que é feita a luz, não me dizem como se estivessem a falar com uma criança de seis anos?

Mas pronto. Adiante. Sobre o meu regresso.


No sábado ao fim do dia, quando fui aos meus pais, a minha mãe, olhou-me com aquela atenção que costuma ser acutilante e, quando eu estava à espera que me dissesse que me podia ter penteado, saíu-se com esta: 'Até estás com melhor cara' e eu: 'Pudera, tenho dormido que deus o dá'. A minha mãe olhou-me melhor, apurou o olho clínico: 'Ou estarás um pouco mais gorda...?'. Nem respondi. Aliás tenho ideia que não engordei mas, lá está, melhor nem falar senão parece que atrai os quilos.

Mas hoje, ao entrar de manhã no escritório, depois de uma noite sem dormir 
(uma espertina do catano, acho que se dormi meia hora foi muito. Fui para a cama sem sono e deu no que dá sempre: voltas e reviravoltas e sono, nickles. Mas, na meia hora em que dormi, tive um pesadelo que me deixou ó tio, ó tio. Estava eu no campo, numa planície, vejo vir uma mega nave espacial, um rectângulo imenso deslizante. Agora que revejo a imagem do ovni estou a lembrar-me que no outro dia estive a ver fotografias da Biblioteca de Buenos Aires e, na volta, sem me aperceber, aquilo assustou-me. Mas, então, estava eu numa bela planície, num campo de trigo dourado, e vejo aquela coisa a vir a grande velocidade, a descer, a descer, quase a planar e eu em pânico a ver aquela caixa gigante, em vidro, e a emanar uma luz misteriosa. Vinha quase a rasar, quase a esmagar-me ou sei lá o quê. Eu aflita, a chamar nem sei por quem, a querer salvar não faço ideia quem. Depois acordei e fiquei naquela, feita estúpida, assustada e a ver-me aflita para perceber que estava na cama e não espalmada pela maqueta gigante da biblioteca de Buenos Aires. Portanto, estão a ver o que descansei).
fui tirar um café na copa. Era cedinho e eu estava a preparar-me para o primeiro round do dia quando chega uma colega que, depois da célebre constatação do 'então, já se acabaram...', olha para mim atentamente e me diz: 'Fizeram-lhe bem... Está com melhor cara...' Chegou outra que me inspeccionou e confirmou: 'Está, está'. Fiquei em silêncio não fossem elas, se eu lhes desse troco, também acharem que aquilo era mas era gordura alojada no facies.


Mas, para meu espanto, a coisa não ficou por aqui. Estava eu numa reunião, à tarde, quando um colega, olhando-me com ar um bocado intrigado, me diz: 'Está com melhor cara'. Arrisquei: 'Dormi muito'. Mas depois lembrei-me que ontem quase não preguei olho. E ele: 'Pois. Está mesmo'.

Agora, depois de jantar, fui lavar os dentes e olhei-me com atenção. Não noto nada de diferente. Mas lembrei-me: 'Eh pá... querem lá ver que foi daquela ginástica facial que fiz na outra noite e que repeti mais duas ou três vezes?' Não cumpri, pois a ideia era fazer todos os dias durante um bocado (ou seria duas vezes por dia? Também não me lembro. A verdade é que me esqueci, não só de qual a regra mas também de a fazer). Se calhar só a ideia rejuvenesce. Uma ideia das boas, portanto.

Seja como for, com a cura de pouco sono a que me vou submeter nos próximos tempos, o lifting virtual rapidamente há-de ir para o galheiro. C'est la vie, já lá dizia o outro.

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[Agora não... dói-me a cabeça... preciso de dormir...]

E nada mais tenho a acrescentar pois qualquer outro tema (brexit ou não brexit, conversas-de-café do Rio ou remoques do cagalhotas a propósito do medinho do outro, a cintilante Cristina Ferreira que fala ininterruptamente como uma sorridente matraca autocentrada e que acha que a sua saída da TVI para a SIC só tem paralelo na morte da Princesa Diana, a saída do lindo e fofo Paulo Gonçalves de papel de braço direito do Luís Filipe Vieira) me parece pouco relevante quando comparado com o mistério que envolve o estado da minha cara.

Só se for aquela descoberta científica de que afinal existem mesmo imbecis. Essa, sim, capaz de ser notícia bombástica. Transcrevo um pequeno excerto:
Já o tipo autocentrado corresponde a pessoas com muitos pontos em extroversão, mas marcas mais baixas em agradabilidade, consciência e abertura. Luís Amaral descreve-as ao The Washington Post em termos "não técnicos" de forma simples: são "imbecis". 
Portanto, pardon my french mas, depois de assistir à dita esfusiante entrevista que acabou com a loura, autocentrada e glamourosa criatura a ameaçar o desgraçado Rodrigo Guedes de Carvalho de que o quer desmanchar, fico sem saber se a imbecil é ela, se é quem a contratou ou os fãs que colocam os programas delas nos primeiros lugares das audiências. Mas, enfim, não quero estragar a minha beleza com tão profundo trilema. 

Até porque uma outra coisa vos digo: o povo não quer cá saber de dilemas, trilemas, silogismos e filosofia profunda, poesia de qualquer espécie, política grega ou jota-partidária, prosa enxuta, pensamento pensado. O povo gosta é de boca brejeira, gaffe soando a palavrão atirado ao ar, cueca estendida e, sorry Mr. Cagalhoças, graçolas de café. Isso, sim, é que está a dar. 

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E agora vou mas é fazer massagem facial para ver se retrocedo até à minha carinha laroca dos 15 anos. 
Me aguardem.

quinta-feira, julho 19, 2018

Explicação prática de porque é que as mulheres vivem até mais tarde do que os homens.
[Nada que não se soubesse já -- mas nada como voltar à carga]


Números. Contra a especulação ou a desconfiança, números. Dados oficiais de 2016: 

Em 2016 a esperança média de vida em Portugal era de 78,1 anos para os homens e 84,3 para as mulheres. E o padrão é idêntico em todos os países que a Pordata analisa.

Pergunta a minha iguinorância: será coisa de hormona? A hormona da mulher dá vida mais longa que a do homem? Será que o sangramento mensal durante o perído fértil é coisa boa, limpa bicheza maligna?

Ou será que mulher é mais inteligente que bicho homem e sabe poupar-se? Inclino-me para isso. Já aqui falei muita vez: homem é bicho infantil, cheio de orgulho besta, capaz de maluquice só para parecer leão, capaz de se entregar ao medo só para parecer que não tem medo. Coisa triste, é verdade -- mas coisa verdadeira. E qualquer homem que aí está pode assegurar que não estou a blasfemar. 

Seja como for, o Bored Panda fez uma súmula de situações que provam, de prova comprovada, porque é que a vida das mulheres é, em regra, mais longa do que a dos homens. Resmas de situações. Resmas. Paletes. Mostro só algumas para não maçar a vossa bela paciência mas se dois pontos traçam uma recta e três um plano, seis fotografias alicerçam uma teoria..

Um método seguro de vigiar uma demolição (repare-se como estava com capacete e colete refractor).
E, lá está, era um homem.

Mas bora lá com música que, com música, a coisa marcha melhor.
In hell I'll be in good company


E siga a demonstração.

Um colete salva-vidas muito original para provar que homem é sinónimo de valentão.
(Pior é se as garrafas furarem).

Uma máscara de protecção para soldadores.
Desde que uma fagulha não faça buraquinhos no garrafão de plástico

Capacete obrigatório e, finalmente, um que é cumpridor.
Em caso de queda, a rasta cabeleira está safa.
(Pior mesmo é os protectores auriculares não terem mais guita, assim não chegam às orelhas)

Cá está uma maneira segura e económica de mudar lâmpadas num sítio como este:
nem andaimes, nem escadas, nem arnês. Um super-herói ou um homem-aranha em grande estilo.
Tomara é que não lhe dê comichão num testículo.

A segurança primeiro, pois claro. Está bem visto, este.


PS: Só espero é que os artistas que aqui aparecem ainda estejam todos vivos.

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E queiram, por favor, dar uma descidinha para verem a graça das palavras com sentido.

quinta-feira, maio 24, 2018

Bruno de Carvalho está em directo a mostrar que não está bom da cabeça.
Não me admirava nada que entrassem uns quantos a enfiar-lhe uma camisa de forças


O meu marido não quer ver. Acha degradante. Não quer assistir à miséria que ali está. Eu quero ver. Não sei porquê mas quero. Sempre senti curiosidade em perceber os confins, os labirintos e os alçapões da mente humana. Gostava de ter sido psiquiatra mas não consegui coragem para estudar medicina, ver mortos e tudo isso que sempre me assustou. Depois queria ser psicóloga mas não havia muitos cursos e parece que não eram reconhecidos, acho. Portanto, fiz a agulha e fui numa direcção completamente inesperada.


Mas, adiante que isso não vem ao acaso.


Não sei o que revelaria um exame neurológico, um tac, uma ressonância, uma coisa assim à cabeça deste marau que ali está com cara de doido varrido. Mas forçosamente revelaria que há ali muitos bocadinhos de miolos feitos num oito. Fusíveis fundidos, neurónios empecilhados, buracos negros, ratoeitas, janelas partidas, portas arrombadas. Um desastre, em suma..

E ao lado dele tem um senhor com um ar meio enfiado, meio de fuínha. Havia dantes uns desenhos animados em que um pássaro era igual ao senhor que ali está a fazer figura de corpo presente.

Interrogo-me: como é que alguma vez alguma pessoa inteligente conseguiu deixar-se enganar por um maluco destes? Ou o futebol tem mesmo o condão de dar um nó cego nos neurónios e nas sinapses de qualquer adepto?

Já agora, Leitor (que deve ficar azul quando eu escrevo barbaridades que envolvem a mente como, por exemplo, aquilo que hoje escrevi) enviou-me os Estatutos do Sporting. Partilho convosco.

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Esta cegada que se está a viver no Sporting, cá para mim, só vai ter fim quando ele for preso e, também cá para mim, só ainda o não deve ter sido porque o Super-Judge Alex deve andar com mais do que fazer. Mas pronto, isto não deve ficar nos autos porque não tem qualquer fundamento, é apenas uma intuição cá minha. Bem intuição é como quem diz porque acho que toda a gente pensa como eu uma vez que me parece provável que muitos indícios vão ter até ele.

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E sai um bailinho mandado para animar

No inferno estarei em boa companhia

[The death south]


sábado, novembro 11, 2017

Rescaldo de uma semana





Chego a sexta feira à noite com vontade de virar do avesso a semana que acabei de viver. Há coisas que são tão tenebrosas que só me dão vontade de rir. Outras tão parvas que só me apetece fazer parvoíces ainda maiores.

Para acabar o dia em beleza, jantámos num restaurante simpático. De um lado estava um grupo de professoras que não fizeram outra coisa durante todo o santo jantar senão dizer mal de outras, mas mal a sério, uma coisa espantosa tal a quantidade de raiva acumulada. Do outro lado, uma família em que uma mulher falava enervadamente do mal que amigos fingidos lhe faziam no facebook fazendo-se passar por amigos de verdade. E o resto da família dava-lhe estranhíssimos conselhos sobre a forma de desmascarar os hipócritas e vingar-se dos cruéis, ao que ela rebatia com revelações ainda mais parvas que as anteriores mas que desencadeavam, nos outros, curiosas reacções de solidariedade.


E nós no meio, incapazes de dizer mal de quem quer que seja a não ser um do outro. Só que a nós o mau feitio passou mal veio a comida porque, na verdade, o nosso mal era fome.

E, no rescaldo, concluímos que éramos mais felizes por não andarmos metidos no Facebook. E eu falei naquela coisa esperta que o Facebook anunciou: quem não quiser correr o risco de ter a circular fotos ou vídeos comprometedores deve... enviá-los para lá. Dizem que traçam o ADN de cada coisa dessas e, a partir daí, mapeiam essa informação contra o que lá cair, conseguindo identificar se algum meliante ou zinha vingativa lá os quiser pôr.


Mas eu pasmo: será preciso ser-se ainda mais desesperado mental do que os incautos que usam o Facebook para entregar justamente ao Facebook aquilo que se quer esconder. Mas vai haver quem se sinta completamente seguro ao fazê-lo. São os mesmos que acreditam no Pai Natal. Que os há.

Bem. 

E, na política nacional, a coisa também anda frouxa.
Ou, então, sou eu que ando com mais sono do que é costume. Tive que madrugar em dois dias e isso desestabiliza-me os humores. A verdade é que o que se passa não me dá pica.
E é que nem Madame Teodora (a Cardoso, of course) já consegue entusiasmar-me. Senhora muito datada para o meu gosto. Não está a envelhecer bem. A nível mental, quero eu dizer -- porque, calma aí, a nível físico, está do melhor que há. Não desfazendo.


Faz-me falta o láparo, o Vai-estudar-ó-Relvas, o Ex-Vice-Irrevogável, a Lulu e o seu pit-bull, o Lombinha dos Briefings, o Maçães e as suas polacas. Até do totó do Gaspar e daquele Álvaro com um ar sempre saudável eu tenho saudades para me despertarem os maus instintos. Ou do Cavaco com a sua Cavaca, agora promovida a fada-madrinha do maravilhoso Reino Encantado de São Marcelo. Olha, agora por falar nisso, lembrei-me que, por esta altura, tadinhos (dos Cavacos), haveriam de estar a preparar a árvore de natal para servir de pano de fundo à sua imprescindível mensagem natalícia. Fofos. Eles e a Joana dos naperons e dos tampões. Toda essa gente faz falta para a gente ter com que se rir à séria. 

Deveríamos tê-los ainda por aí, todos juntos numa espécie de portugal dos pequenitos, num reality show transmitido em directo, com uma Guilherma a atiçar ânimos e a fazer com que fossem para a cama uns com os outros.

Sem eles, o panorama mediático acinzenta-se. É certo que os números da economia estão mais para o côr-de-rosa mas isso dá é para sorrir de gosto. É que sem totós de jeito, a gente vai rir-se de gozo de quê? Dos moços-candidatos, o Rui e o Pedro, que agora deram em ser mais laparianos que o Láparo? Não posso, não é? Não quero passar por parva. Senão isso, então, de quê? De uma lagarta passeando por entre uma salada comprovadamente biológica? Não dá, não é? Ia defender que pusessem pesticida na salada da escola? Não, não é...? Ou vou falar de quem, na escola, achou que o vídeo não tinha qualidade artística e critica agora a aluna? Não... parece-me motivo meio pífio. Seria bater no fundo: chegar ao ponto de que o único motivo de conversa já não passasse disto.

Portanto, olhem, paciência, nada mais me resta senão tentar aliviar a maçadoria que se acumulou ao longo da semana, procurando cenas que, para mim, valham a pena. Portanto, aqui estão: rãs descaradamente verdes, pretas do além*, uma das quais branca, (e daqui a nada já verão a que propósito se puseram naqueles preparos), crianças metafísicas, majorettes d'après la lettre, uma Melania assombrada na muralha da China, um jordano bué de bacano, todo LGBT. É o género de coisa que me interessa.


Entretanto, já cá tenho outra vez na sala o porta-voz de todos os ramos da sociedade portuguesa, seja qual for o ramo e o tema: o ubíquo e omnisciente Marcelo (a quem o E. trata por Marcelo-afilhado), aquele nosso bem conhecido santo padroeiro que dá conta de tudo. Nem sei de que é que agora fala mas reparei que fala com ar de quem sabe de tudo. Para além de ter muito amor para dar, está sempre pronto para dar uma lição ao povo. Mas, enfim, isso já nada tem de novo.


Salva-se, pela graça, a notícia de que alguns gays maléficos andaram a influenciar alguns leões quenianos e de tal forma que já apanharam alguns a reproduzir o que viram. Upa-la-la em cima um do outro. Se isto dá em tudo o que é cão e gato vai ser um ver se te avias a sair do armário


E é isto. E se houver aí alguém que tenha registo de alguma coisa mais importante, que se levante e diga. Senão, ficamos assim.

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Fotografias quase todas vistas no The Guardian. A dos leões que são macacos de imitação não.

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* Ah, sim. É verdade. Salva-se ainda outra coisa. Oh lá se salva...!

Alice! Alicinha! Vem ver, Alicinha.

Calendário Pirelli 2018 por Tim Walker


A beleza em negro em Alice no País das Maravilhas. Pura magia.



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E a história das wild roses vai ter que esperar.

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