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terça-feira, outubro 19, 2021

Oito filmes razoavelmente eróticos

 



Segunda-feira nunca é um bom dia. É daqueles axiomas que é bom que ninguém ouse questionar. Segunda-feira é o início do que pode vir a ser uma sucessão de dias carregados de chatices. Numa segunda-feira as tréguas do fim de semana ainda estão longínquas. 

[Os Leitores reformados, ao lerem isto, esfregam as mãos de contentes: para eles todos os dias são fim de semana. Bem sei. São uns sortudos. Mas lá chegaremos, nós os pobres coitados que por aqui ainda andamos a trabucar.]

Enquanto não, tenta levar-se o melhor possível embora haja quem não se aguente sem moer a paciência aos outros. Para mim o pior é quando olho para a agenda e penso que tenho ali um buraquinho que virá mesmo a calhar para repousar a minha beleza e, acto contínuo, logo recebo uma chamada a pedir que arranje um bocadinho para uma reunião urgente. E uma pessoa tenta que não mas, às tantas, não tem como não e lá se vai o buraquinho à vida. 

[A língua portuguesa é traiçoeira, também sei]

Agora tenho aqui uma coisa a chamar por mim. Ainda antes de ir para a cama terei que ver e despachar esse assunto. Não me apetece nem um pouco pois estive a trabalhar até há pouco, estou mais do que saturada. Mas, quando o dever me chama, parece que não consigo entregar-me ao desfrute da escrita mesmo se de uma colecção de frioleiras postas em palavras se tratar.  Podia saltar por cima disto, do blog. Pois podia. Mas, enfim, ficar sem escrever também não consigo. Addicted to writing.

E, então, pensei escrever sobre uma coisa que li na Vogue francesa: as cenas mais eróticas do cinema. Fui conferir, curiosa. Como é costume nestas coisas, parece que quem escolhe os melhores livros, os melhores filmes, as melhores cenas faz de propósito para deixar os outros a sentirem-se ignorantes. Dos oito filmes, apenas conheço três. E das cenas que consegui ver, talvez por descontextualizadas, não achei grandes espingardas. Além disso, agora acontece uma coisa que me encanita solenemente: ao seleccionar um vídeo que contenha alguma ceninha mais encaloradita, o Youcoiso pede que comprove que sou adulta. Não estou para isso, era o que me faltava. Portanto, como não estou para fornecer comprovativos, marimbo-me para as ditas cenas. 

A beatice vai alastrando. Claro que há que acautelar que as coisas não sejam vistas por crianças. Mas, caneco, parece que preferia as salas de cinema em que a barragem era feita à porta. Agora aqui...? Não basta a publicidade em cima de tudo senão ainda isto...? Que seca, caraças.

Por isso, com tanto entrave e chachada, desisto das listas alheias. Acontece que, para listas próprias, tenho um problema do escambau: não as tenho anotadas, não as tenho de cabeça e, pior ainda, a cabeça não está formatada para fazê-las.

Posso aqui enunciar algumas cenas ou alguns filmes que tenho a certeza que amanhã me ocorrerão outros, provavelmente mil vezes melhores. E não estou certa de que o algoritmo que é mais lápis azul e beato que fedorentozinho de antanho me deixe abrir o vídeo para conferir. Vou tentar mas, acreditem, não garanto que seja muito para levar a sério. E são oito apenas porque não posso ficar aqui a noite toda a puxar pela cabeça ou a tentar encontrar vídeos que expliquem o critério. 

.  1  .

Lady Chatterly, na versão de Pascale Ferran, com Marina Hands e Jean-Louis Coulloc'h um filme belo demais. Mas, mais do que caliente, é belo, belo demais. As cenas mais eróticas apenas são disponibilizadas a quem provar que é adulto. Portanto, vai o trailer.


.  2  .

Dangerous Liaisons de Stephen Frears com Glenn Close, John Malkovich e Michelle Pfeiffer, um filme sensual da cabeça aos pés, passando pela insolente língua de Malkovich (e isto já para não falar do olhar, da voz, das mãos, do andar dele, o descaradão e perverso do Visconde de Valmont)


.  3  .

The Horse Whisperer de Robert Redford com ele e com Meryl Streep, envolvente demais


.  4  .

Damage de Louis Malle com Juliete Binoche e Jeremy Irons. Tem a chatice de não acabar bem mas, antes de acabar, é bom até dizer chea, a começar e a acabar na voz do Jeremy Irons


.  5  .

The Unbearable Lightness of Being de Philip Kaufman com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche, Lena Olin, um filme para sempre, com cenas inesquecíveis (a Lena Olin ficará para sempre na minha memória com aquele seu chapéu)


.  6  .

Closer de Mike Nichols com Julia Roberts, Jude Law, Clive Owen
[Larry : You like him coming in your face?; Anna : Yes!  Larry : What does it taste like?; Anna : It tastes like you but sweeter!]



.  7  .

La vie d'Adèle de Abdellatif Kechiche com Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos
O azul definitivamente a cor mais quente


. 8  . 

The French Lieutenant's Woman de Karel Reisz com Meryl Streep e Jeremy Irons. 
Intemporal, belo.


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Desejo-vos uma boa terça-feira
Saúde. Alegria. Boa sorte.

domingo, outubro 06, 2013

'Escrevo-te, logo existes'? - Emma Bovary e Flaubert, Rui e Dulce Maria Cardoso, Milena e Lídia Jorge, refere, a título de exemplo, Ana Soromenho na Revista do Expresso. [A (des)propósito: alguém sabe o que é feito de Eva? Ou se a Lídia e o Paulo terão adoptado uma criança?]


Na Revista do Expresso, Ana Soromenho escreve um interessante artigo sobre personagens literários que ganham contornos de gente de verdade e que acabam por ficar para a história de forma vívida, como se tivessem existido de verdade.


Vários exemplos são referidos, alguns escritores foram ouvidos (incluindo o Valtinho a quem parece que toda a gente teima em incluir na categoria dos escritores). Se há um Mário de Carvalho que cria, usa e depois arruma os seus personagens, há os outros que, de forma geral, ficam com eles a viver uma vida paralela dentro da sua cabeça.




Tenho pensado por vezes nisto. 




Quem é mais real? Personagens como uma Maria Eduarda (de Os Maias de Eça de Queirós) ou um Ravic e Joan Madou (do Arco do Triunfo de Erich Maria Remarque) ou Robert Jordan e Maria (de Por quem os Sinos Dobram de Hemingway), e tantos, tantos outros, que quem teve o prazer de conhecer não mais esquecerá, ou o Zé Maria dos Anzóis que teve carne e osso mas de quem nem os bisnetos se calhar ouviram falar quanto mais eu e você, meu Caro Leitor?



(Foi pura coincidência a repetição da Ingrid Bergman. Lembrei-me dos personagens dos livros e, apenas ao escrever sobre eles aqui, me dei conta de que, em ambos os casos, foi Ingrid Bergman que lhes deu corpo. No entanto, a própria Ingrid Bergman já se foi há uns anos e são essencialmente as personagens que interpretou que ficarão na nossa memória, mais do que, propriamente, a vida real dela - que, por acaso, até foi uma vida bem cheia de romance e aventura)




Na minha vida fora da internet não sou nada de me colocar no centro da conversa mas, aqui, em que não posso ouvir as vossas opiniões, tenho eu que fazer a conversa toda. Por isso, trago à liça tantas vezes o meu caso pessoal. Percebam que não me considero referencial para coisa nenhuma mas, à falta de quem aqui exerça o contraditório, tenho eu que me chegar à frente.

Vem este aparte agora a propósito de que, também a mim - que não me considero escritora, mas nem de longe nem de perto mas que na minha useira e vezeira insustentável leveza do ser, já me deitei a ficcionar por estas bandas uma dúzia de vezes - me acontece ficar com alguns personagens a viverem ao meu lado, uma existência quase paralela à minha.

Lídia, a mulher triste, Eva, a sedutora, Isabel, a ciumenta (cuja história nunca foi acabada), Tomás, o carpinteiro calado e digno, Paulo, o homem que restituíu o sorriso a Lídia, são alguns em quem penso muitas vezes. O que andarão a fazer? Por onde andarão? 

Por vezes, dou por mim curiosa como se eles fossem gente de verdade. Para mim são. Dei-lhes um bom bocado da minha vida e depois ganharam vida própria. Quando me sentava aqui a escrever nunca sabia o que ia sair, eram eles que me contavam o que faziam. Afeiçoei-me a eles. De cada vez que acabei uma das minhas histórias foi sempre com pena por me ir separar deles.

Ora se isto acontece comigo e com os meus personagens, imagino o que se passará com escritores de verdade.

O mundo é habitado por muitos seres, uns a quem o sangue alguma vez correu nas veias e outros que, apesar de sempre terem sido intangíveis, são eternos.

*

E, já agora, por insustentável leveza do ser, aqui vos deixo o trailer da adaptação do livro homónimo de Milan Kundera, com realização de Philip Kaufman


Daniel Day-Lewis é Tomas, Juliette Binoche é Tereza e Lena Olin é Sabina

(E não me venham dizer que Tomas, Tereza e Sabina nunca existiram... Então eu não li a história deles? Eu não os vi depois? Não me lembro eu tão bem, até, do cão que a Tereza tinha e do desgosto tão grande no fim? Então não me lembro? Vão agora dizer-me que inventei tudo?)


*

Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo.

quarta-feira, abril 27, 2011

'A insustentável leveza do ser' - grandes momentos da literatura e do cinema

The Unbearable Lightness of Being

Baseado no livro homónimo de Milan Kundera, o filme, realizado por Philip Kaufman, conta com a participação de três carismáticos intérpretes: Daniel Day-Lewis, Juliete Binoche, Lena Olin.