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sexta-feira, fevereiro 02, 2024

O que é que Francisco Seixas da Costa, Vital Moreira e José Simões têm em comum?

 

No balneário da piscina, as minhas colegas encarniçam-se contra 'isto' e dizem que no dia 10 de Março é preciso ir votar para 'acabar com isto tudo', 'para os tirar de lá'. Tentei contrariá-las, contrapondo factos mas percebi que é escusado. Eu falo de números que confirmam o óbvio, não fujo do registo da objectividade, enquanto elas falam de uma fotografia que alguém lhes mandou com pessoas a dormirem à porta de um centro de saúde. Não sabem onde e muito menos sabem se a fotografia é verídica. Nem querem saber. Outra contrapõe com uma idosa que morreu à porta do hospital. Pergunto se a pessoa se salvaria se estivesse dentro do hospital ou se chegou lá já sem salvação. Não sabem nem querem saber. Sabem é que 'são todos uns gulosos' ou que 'há mais crimes violentos por causa dos brasileiros', 'uma vergonha'.

Quem vai votar no Chega não quer saber o que é que o Ventura fará se um dia chegar ao poder. Isso é coisa que não lhes ocorre. A única coisa que sabem é cavalgar a onda da maledicência e do deita abaixo.

Os meus filhos contam que colegas e amigos, técnicos superiores e gestores, pessoas em cargos relevantes e escolaridade elevada, dizem que vão votar no Chega pois acham que 'já chega de tantos anos de status quo' e que 'está na altura de rebentar com isto'. Uns são religiosos, frequentam missas e retiros, outros praticam muito desporto e têm muitos amigos. Não têm tempo nem pachorra para ouvir notícias, para ler artigos. Nasceram depois do 25 de Abril, só conheceram a democracia, não valorizam o que têm e, por desfastio e porque é cool, 'querem rebentar com esta porcaria toda'.

Numa entrevista, com pasmo, ouvi o pobre do Raimundo a apelar aos que antes votavam no PCP e agora vão votar no Chega. Diz, com ar de quem percebe que está a bater no fundo, que o PCP também é um partido de protesto. Já não quer saber de ideologia nem de coerência nem de nada. Desde que votem no PCP, tanto se lhe dá que seja gente que nem sabe o que faz e tanto vota na esquerda como na direita desde que seja do 'contra'. Demonstra que populismo é populismo, pinte-se de esquerda, pinte-se de direita.

Aliás, num grande cartaz Ventura diz que 'é preciso acabar com isto tudo' e põe cruzes em cima de Ricardo Salgado, Sócrates, Medina e Costa.  E, ao lado, Mariana Mortágua, num cartaz igualmente grande, diz 'Não lhes dês descanso'. Populismo igual a populismo. 

Quando a minha mãe morreu, a senhora da agência funerária perguntou se queríamos serviço religioso. Sendo a minha mãe crente, respondo que sim, mas uma coisa breve, simples. Pois, para meu espanto e, confesso, desconforto, já para não dizer mesmo desagrado, o padre falou que se fartou, um verdadeiro comício. Só faltou apelar ao voto no Chega. Disse que o país não está preparado para receber tantos imigrantes e por isso que não nos admiremos por haver tanto roubo e tanta desgraça, que cada vez se ouve falar mais em miséria e nem sei mais o quê. Eu estava como estava, prestes a despedir-me de vez da presença física da minha mãe e a ter que ouvir um homem que, em vez de dizer umas palavras simples alusivas ao momento, resolveu pregar contra o sistema de uma forma básica, quase boçal. Não consigo reproduzir mais pois, se antes já estava triste e enervada, às tantas comecei a ficar mesmo revoltada. Pois devo dizer que vi algumas colegas e amigas da minha mãe a acenar com a cabeça,  a concordarem, como se ele estivesse a dizer coisas acertadas. Escusado será dizer que os meus filhos e primos se mostraram, depois, incomodados, quase incrédulos com o que se tinha passado. Naquelas circunstâncias não me pareceu correcto interrompê-lo para o mandar calar e limitar-se ao que seria suposto. Mas fiquei a pensar que se, ali, junto a uma urna, numa capela mortuária, fez um tal comício, imagino o que será quando está à larga, nas homilias. E isto foi numa zona central de uma grande cidade. Imagino o que não será por essas igrejas afora... quanta lavagem ao cérebro será feita por estes padres, inchados de reaccionarismo...?

E enquanto o PS não perceber bem isto, este caldo de gente desinformada, que não quer informar-se, que não está nem aí, enquanto não perceber bem a forma como o Chega está a manobrar e a manipular as opiniões, e enquanto não conseguir encontrar um antídoto eficaz, o risco de a democracia sair seriamente beliscada vai continuar a aumentar.

Seria também interessante que a gente do SIS andasse em cima das movimentações de bastidores pois não me admirava nada que a longa mão de Steve Bannon, quiçá alimentada por Putin ou afins e sei lá por mais quem, essa gente obscura que tem vindo a manobrar nas catacumbas para manipular as opiniões públicas e para conseguir levá-las a perder a confiança nas instituições democráticas. Não estou a alucinar. Basta fazer meia dúzia de pesquisas sobre a erosão que as democracias liberais ocidentais vêm sofrendo ao mesmo tempo que o populismo mais descarado e destruidor vem subindo para se perceber que este não é um mundo inocente, habitado por piedosas virgens.

E, no entanto, ao contrário do que dizem o Ventura, o Montenegro, a Mortágua, o Raimundo e toda essa gente que tem alimentado a opinião pública com o insistente discurso de que 'isto está tudo mal', a verdade é que não está tudo mal. Pelo contrário, na verdade é francos sinais de que as coisas estão a melhorar e que já não estão nada mal.

Passo a palavra a três ilustres bloggers que sigo pela sua coerência, inteligência, e objectividade, esperando que não levem a mal que puxe, na íntegra e com as formatações de origem, posts seus que me parecem ser exemplares, muito esclarecedores.

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duas ou três coisas

É isto

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Causa Nossa


Aplauso (34): Abaixo dos 100%!

1. Para quem, como eu, há muito anos considera essencial a frugalidade orçamental e a contenção do endividamento público - desde logo, porque fica caro! -, só posso saudar vivamente a notícia de que, apesar da grave crise da pandemia, voltámos a uma dívida pública bem abaixo dos 100% do PIB e que baixámos mesmo stock da dívida pública em termos líquidos, retirando o país do clube dos países mais endividados. Um notável triunfo político! 

Para além de confortável seguro contra qualquer crise orçamental superveniente, esta notável redução do peso da dívida pública traduz-se numa substancial poupança orçamental em jurosproporcionando maior flexibilidade na gestão da despesa pública aos governos que vêm.

2. Com este importante desempenho orçamental do governo do PS, um dos melhores da UE, ficamos menos longe e mais bem posicionados para atingir o objetivo do Pacto de Estabilidade da União, que é de 60% do PIB. Ponto é que os próximos governos não enveredem de novo pelo laxismo orçamental e pela "desbunda" na despesa pública ou num demagógico corte da receita, como deixam temer muitas das promessas eleitorais neste momento irresponsavelmente apresentadas por quase todos os partidos.

Neste quadro, é especialmente preocupante o programa do PSD, que, entre aumentos de despesa e um maciço e aventureiro "choque fiscal", propõe um rombo de mais de 5 000 milhões de euros nas contas públicas -, ou como um partido de governo outrora financeiramente responsável, passou a acreditar irresponsavelmente em operações de prestidigitação orçamental.

Eleições parlamentares 2024 (34): Azares do PSD

Como se não bastasse a pouco recomendável novela política sobre o governo regional da Madeira e a inquietante especulação sobre uma possível aliança de governo do PSD com o Chega nos Açores, no plano nacional acumulam-se as notícias pouco propícias, como a dos números sobre o crescimento do PIB em 2023, o maior da UE, ridicularizando a acusação de Montenegro sobre o "ciclo de empobrecimento" do País (como já havia mostrado AQUI).

Em condições normais, o PS deveria obter uma vitória folgada nestas eleições. Mesmo que o PS pareça não querer explorar excessivamente os resultados económicos da sua governação de oito anos, os portugueses não podem deixaram de notá-la, no emprego, nos rendimentos e no poder de compra. Não se vê como é que o PSD pode contrariar eficazmente este panorama daqui até às eleições.

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por josé simões, em 01.02.24


Com o país a crescer acima de média da União Europeia, a Segurança Social com um excedente de 5,46 mil milhões de euros, a dívida pública abaixo dos três dígitos - 98,7%, Portugal como o sétimo país mais seguro do mundo, o partido da taberna vai passar a campanha eleitoral a berrar nas ruas "Isto é monhés por todo o lado! Alguns até rezam virados para Meca!", "Um gajo quer sair à rua e não pode que é logo assaltado!", e o irmão gémeo Ilusão Liberal a martelar contra a carga fiscal, a AD - Anedota de Direita, contra o "gonçalvismo" que nos esbulha com impostos, coadjuvados pelos ex líderes partidários, agora comentadores "independentes", nas noites de domingo da televisão do militante n.º 1 e na CNN Portugal, mentira azar, a "carga fiscal foi de 38% em Portugal em 2022, abaixo da média europeia". Daqui até 10 de Março vai ser terrível com os "Goebbels" de pacotilha nas televisões. 

[Link na imagem] 

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Um dia bom

Saúde. Lucidez. Paz.

terça-feira, outubro 27, 2015

José Sócrates, Luaty Beirão [A propósito da náusea demonstrada por Daniel Oliveira no Eixo do Mal e da censura do Embaixador Seixas da Costa no seu blog Duas ou Três Coisas]






Hoje, enquanto ia no carro à hora de almoço, ouvi Isabel do Carmo a falar da sua experiência de greve de fome. Em tempos, cumpriu 30 dias. Luaty Beirão já cumpriu 36 e, ao que hoje ouvi, começa a aproximar-se do ponto de não retorno. Explicou Isabel do Carmo que o corpo começa a formar açúcar a partir das gorduras dos próprios músculos mas que o cérebro, sendo um órgão bem preservado nestas situações limites, se mantém bem, lúcido. O soro mantém alguma hidratação mas, mesmo transportando alguns sais, não é suficiente, há um ponto em que os órgãos entram em falência. Contou que, a cada momento, a pessoa em greve se interroga sobre se 'eles' vão ceder, sobre se 'eles' a irão deixar morrer. Dizia ela que nenhum poder quer ficar com um morto na consciência pelo que é normal que acabem por ceder. 

Mas com Angola não se sabe e, além disso, há o drama da longa duração com que já vai o jejum de Luaty.

É admirável a coragem deste jovem que, tendo uma mulher que tanto o ama e uma filha pequena de que tanto lhe custa estar longe, coloca a sua vida em risco em luta contra um regime ditatorial que atenta tão grosseiramente contra os mais elementares direitos humanos, que atenta tão despudoradamente contra a liberdade de opinião dos seus concidadãos.

Faço votos que aquela gente de Angola perceba que se diminui aos olhos do mundo com actos prepotentes como o da prisão de Luaty e de todos os outros que, por motivos idênticos, se vêem privados da sua liberdade. Por vários motivos, Angola está a atravessar um mau momento e a última coisa que deveria querer era ser vista como um país atrasado, perecendo às mãos de um regime de tiranos.


O caso de Luaty Beirão não é igual ao de José Sócrates, claro que não. Luaty foi preso porque foi apanhado a ler um livro suspeito e porque era sabido que lutava (com a força das suas palavras) contra os métodos ditatoriais do governo angolano.


José Sócrates foi privado da sua liberdade por outros motivos - mas eu não os conheço pelo que não posso pronunciar-me sobre eles. Até há meia dúzia de dias José Sócrates também não os conhecia. 

O Correio da Manhã, a revista Sábado, o Jornal i e o Expresso, entre outros, enquanto o processo estava em segredo de justiça, iam, contudo, divulgando os motivos: que os investigadores achavam que o dinheiro do amigo era de Sócrates, que as casas do amigo eram de Sócrates, que a casa da ex-mulher de Sócrates era de Sócrates, que Sócrates tinha favorecido negócios em Angola, que não, que a coisa se tinha passado na Venezuela, que não, que afinal era em Vale de Lobo, que não, que era coisa da farmacêutica, que não, era coisa do Grupo Lena, que não, que era coisa com os direitos de transmissão de desafios de futebol - etc, etc, etc.

E, pasme-se, tudo isto se teria passado enquanto Sócrates era primeiro-ministro, trabalhando, como era sabido, de sol a sol, sempre com reuniões de trabalho, e enquanto a sua vida era passada a pente fino nomeadamente a propósito do outlet de Alcochete.


Como já o disse mil vezes, não faço a mínima ideia do que se passa ou passou na vida privada de Sócrates e pode ser que daqui por algum tempo passe a andar de queixo caído, de espanto, por se descobrir que afinal Sócrates tem uma gruta cheia de arcas transbordantes de jóias e pedras preciosas, que é dono de cem prédios nas avenidas mais caras de Lisboa, duzentos apartamentos em Paris, quinhentos flats em Nova Iorque, que tem, acostados na Riviera Francesa, seis veleiros e vinte iates, que aí num aeródromo qualquer tem uma dúzia de jactinhos e duas dúzias de helicópteros, que tem um armazém cheio de Ferraris, Bentleys, Porsches, Carochas de colecção e Bicos de Pato amarelos, e que, não contente com isso, para cúmulo, ainda tem 50 espanholas, 60 moldavas e 80 brasileiras por conta. Pode acontecer. Pode também acontecer que afinal haja outro, um gémeo que, com o seu acordo, se faz passar por ele para praticar toda a espécie de ilícitos. Tudo é possível. 
Nessa altura - e estando tudo isso provado e comprovado e que não restem aos tribunais dúvidas de que, apesar de tanta indecorosa riqueza, pagava IRS apenas sobre o salário mínimo e que todo o dinheiro que possuía tinha sido obtido por esticão, rebentamento de caixas multibanco, assalto a velhinhas ou suborno de construtores civis ou de agentes de futebolistas - então, aqui estarei para dizer que o filho da mãe me enganou bem enganada e, nem que fosse só por isso, devia ia pagar as favas bem pagas em Évora ou no Cu de Judas. 
Mas, volto a dizer, acharei bem que sofra as consequências se for julgado e condenado. 
Até lá, ele e todos os que não forem julgados e condenados, são inocentes. 
Claro que, não sendo eu uma santinha, até poderia franzir o nariz e pôr-me a querer fazer eu justiça pelas minhas próprias mãos (isto é, por exemplo, condenando-o aqui) se conhecesse a acusação e os indícios fossem tantos, tantos, tantos, e tão aparentemente irrefutáveis que, à luz da minha omnisciência, me parecesse que nem valia a pena julgá-lo, que se poderia fazer um short cut e passar já para a fase da guilhotina. Mas nem isso.

De resto e até prova em contrário, Luaty Beirão em Angola ou, cá em Portugal, José Sócrates, o Daniel Oliveira, o Luís Pedro Nunes, o Embaixador Seixas da Costa, a minha mãe ou você, meu Caro Leitor, são, aos meus olhos e perante a justiça, inocentes, digam lá o que disserem deles e de si. Bem podem o Correio da Manhã, a Felícia Cabrita, o João Miguel Tavares, amantes despeitadas, vizinhas invejosas, primas rancorosas, jornalistas ressabiados, meia dúzia de bloggers e uma dúzia de comentadores ou quem quer que seja dizer coisas ou insinuar 'cenas' que eu continuarei a achar que são inocentes. E, sendo inocentes, como inocentes devem ser tratados.



E vou criticar qualquer sistema judicial por prender durante quase um ano uma pessoa sem que se sinta na obrigação de lhe dizer porque o prendeu tal como vou criticar um outro sistema que prenda uma outra pessoa porque suspeita que essa pessoa quer derrubar um regime apresentando como índícios as palavras que profere ou o que lê. São faces distintas da mesma iniquidade, da mesma prepotência, da mesma injustiça. Condenáveis, de qualquer maneira.
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Lá em cima Zeca Afonso canta Alípio de Freitas. 
As imagens mostram trabalhos em gesso de Rachel Dein.

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Muito gostaria que visitassem o meu outro blog, o Ginjal e Lisboa, onde hoje vou pela mão de Mia Couto ao som de Dvořák

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Mais logo conto-vos quem vai ser quem no governo de Passos Coelho: tenho sabido de uns nomes que são de deixar qualquer um de boca aberta. Mal tenha tempo, já aqui vos digo.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.

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quarta-feira, julho 08, 2015

Belíssima, pedagógica e convincente intervenção televisiva do Embaixador Seixas da Costa na TVI 24 sobre a situação na Grécia. Também excelente e sólida intervenção a de Ricardo Paes Mamede. Boa e segura intervenção de Mariana Mortágua. E uma lástima, mas mesmo uma lástima (demagógica e oca), a conversa trapalhona de José Luís Arnaut.


De vez em quando lá calha. Estava um grupinho na TVI 24 que conseguiu manter uma conversa proveitosa, esclarecedora, sobre o que se passa na Grécia e nesta descabelada Europa. Paulo Magalhães, com a elegância e delicadeza de sempre, moderou e moderou bem. 

Eu conto.

Penso que Seixas da Costa valoriza imenso estes espaços de discussão porque introduz um tom que dissuade quem tenha pretensões de ali estar para armar confusão. 


Tem um raciocínio muito bem articulado, consistente, muito bem informado, por vezes fora da caixa, alinhando argumentos que não são os mais óbvios mas que, uma vez ouvidos, logo se vê que fazem sentido e enriquecem a leitura dos acontecimentos. E tem uma visão humanista. É um socialista para estes novos e conturbados tempos que vivemos: arejado, descomplexado, flexível - mas com respeito pelas pessoas, pela sua vontade, pelos seus direitos. E, apesar do tom quase suave, é combativo, não deixa de as dizer. É bom que comecem a aparecer rostos fortes associados ao PS. Assim as pessoas habituam-se a associar, no PS, rostos a áreas temáticas.

Outro que agora tem aparecido imenso e que está sempre muito bem é o Ricardo Paes Mamede. Tem uma liberdade de movimentos, uma assertividade e um domínio dos assuntos de que fala que é sempre uma mais-valia nestes debates. 


Aprende-se sempre com ele. Desmonta com segurança as bocas dos fala-baratos que lhe aparecem pela frente, acrescenta explicações bem fundamentadas. E tem a simplicidade na argumentação que é própria de quem sabe do que fala. A esquerda tal como é representada por Ricardo Paes Mamede é uma esquerda aberta, inteligente, cosmopolita, interessante.

Mariana Mortágua é uma força da natureza. Combativa, informada, serena (falsamente serena, diria eu, pois dá a ideia que, a todo o momento, pode saltar para a jugular dos adversários). 


Não se deixa ficar -- mas terá que aprender a esperar pela sua vez para falar pois alguns dos seus argumentos não se ouvem por falar sobre o que os outros dizem. Hoje saltou algumas vezes para rebater as vacuidades do Arnaut mas, ao falar em cima das palavras dele, ficámos sem ouvir o que dizia. Mostrou também alguma atrapalhação com a farpa lançada por Seixas da Costa a propósito de o Syriza se ter coligado com a extrema direita e não lhe deu troco quanto ao facto (também inteligentemente lançado pelo Embaixador) de o governo grego não ter ainda pretendido taxar os armadores gregos ou a igreja ortodoxa grega.


Quanto ao Arnaut foi a mesma coisa de sempre: papagueou a argumentação trauliteira dos PaFs, no estilo arruaceiro de salão que tão bem o caracteriza a ele e os seus correlegionários. 





Um zero à esquerda. E foi um zero à esquerda e não um desastre a sério porque ali, na televisão, estava só a falar -- e não a defender os seus poderosos clientes em mais alguma privatização lesiva dos interesses do Estado ou contrato milionário daqueles que, em teia, se cruzam com interesses que nos aparecem como algo dúbios.

Se todos os intervenientes ligados à esquerda tivessem, nos debates públicos, a qualidade de Seixas da Costa, Ricardo Paes Mamede e Mariana Mortágua, a esquerda teria uma ampla vitória nas próximas eleições. E, como praticamente todos os PaFs são do calibre do Arnaut, os direitolas desapareceriam do mapa se tivessem gente escorreita destas pela frente e não alguns dos artolas que volta e meia os partidos arranjam para encher chouriços.

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quarta-feira, junho 03, 2015

Augusto Santos Silva na TVI 24 e Francisco Seixas da Costa na RTP 2. E, de raspão e em contraponto, O piqueno polegar também conhecido por pequeno Bruxo de Fafe, a Senhora Cristas e o Paulinho, o Larápio das farófias e a sua biografia, o super-Alex, o pai da criança e outros. E, dito isto, e sem saber se em Portugal ainda há alguma coisa que seja dos portugueses, tenho que ir para a Porta dos Fundos.


Este é o meu 4º post desta noite. Os três que se seguem usam matéria que recebi de Leitor a quem agradeço e a que, depois, acrescentei o meu tempero pessoal.
Quem por aqui me veja assim, toda produtiva e eficiente, não poderá imaginar como, a esta hora do dia, nem posso já ouvir falar de tais palavras. Mas, enfim.
Ando numa fase que não dá para explicar e de que nem gosto de falar para não azucrinar a cabeça a quem gostava de ter trabalho e não tem (e, que fique claro, não me estou a queixar pois tenho é que dar graças por ter trabalho; razões de queixa têm todos quantos gostariam de trabalhar e não encontram onde).

Mas, pela fase que atravesso, não sei de notícias, não sei de nada e, aqui chegada, nem paciência tenho para me ir pôr a ler notícias pífias que envolvem criaturas pífias. E de tal forma tenho a cabeça feita em água que, no carro, só consigo ouvir a Antena 2 e, vá lá, vá lá, de vez em quando a Smooth FM.
No entanto, enquanto escrevo estou a ouvir o Augusto Santos Silva na TVI com o Paulo Magalhães. Dá gosto ouvir gente inteligente. Irónico, truculento, arguto, Augusto Santo Silva é daquelas pessoas que dão gosto ouvir. Não as poupa, dispara certeiramente e, se necessário for, a seguir esboça um sorrisinho de quem está mais do que pronto para outra.
Hoje, ao vê-lo a disparar, num só movimento, contra Cavaco, Governo, e Carlos Costa só me fez lembrar o Jake de Silverado



Queria aqui colocar
aqui uma fotografia
de Seixas da Costa
mais desconstruída mas não encontrei.
Tive eu que lhe dar um toque,
warholiando um pouco as cores.


Também, há bocado, enquanto jantava, tínhamos a televisão ligada na copa e ouvi outra pessoa que tem um raciocínio e uma linguagem crystal clear: Francisco Seixas da Costa. 


No que ele diz tudo faz sentido, tudo se compreende. Além do mais, estando eu em sintonia com o que diz, ainda maior prazer tenho em ouvir uma pessoa assim. 


Tomara que leve a sua intervenção cívica um pouco além e o tenhamos como ministro dos Negócios Estrangeiros no próximo governo.



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Mas, ia eu dizendo, portanto, que tenho vivido uns dias repletos que nem ovos, meio fora do mundo do dia a dia e das tricas partidárias.

Também não tenho ouvido comentadores, papagaios avençados e outras aves de fraca plumagem. E, portanto, posso estar para aqui descansada e, entretanto, os chineses já terem comprado o Novo Banco e levado o Banco de Portugal com o titubeante Costa e o esperto Varela lá dentro como bónus, ou algum brasileiro já comprou a TAP e levou o super bock Pires de Lima de brinde, ou, sei lá, alguns russos, às tantas, já compraram o Metro e a Carris e levaram o Museu dos Coches e o Palácio de Belém (com o Cavaco, a Maria e um casal de cagarras lá dentro) de bónus. Não me parece nada improvável, nada mesmo.

Não sei também se algum dos pimpolhos da Senhora Cristas já tomou o CDS de assalto e se, a esta hora, o Paulinho das Feiras, destituído, já está algures a vender sorvetes na neve ou, até, se o Láparo não estará numa banquinha da Feira do Livro a autografar a sua biografia ou até, sei lá, a vender farófias nalguma caravana na mesma Feira do Livro. Tudo me parece provável.

Nem sei se o senhor com ar de ciclista reformado que comprou a PT como quem compra uma sapataria de rua, agora que já acabou com o nome da empresa (e quantos rios de dinheiro se esbanjaram, nos good old days, em nome do goodwill da marca PT...), já encontrou alguém para presidente da empresa ou se aquilo já nem de presidente precisa. Ou se está é à espera que a tropa fandanga do desgoverno vá à vida nas eleições e aproveite algum deles, o Sérgio Monteiro por exemplo. É bem capaz de ser isso, às tantas já está a apalavrar algum. Não me parece improvável.

E eu aqui nisto, completamente out, sem fazer a mínima de coisa nenhuma. Sei lá até se o país já foi anexado por alguma organização secreta, aquela que anda a vigiar o super-judge Alex.

Eu sei lá, sei lá (quem é o pai da criança).


Adiante.

Como no sábado também não vi o Piqueno Polegar Show com o pequeno Bruxo de Fafe, não ouvi nem os seus ladinos comentários sobre o sucedido transactamente nem as suas previsões larocas para esta semana. Estou aqui, portanto, completamente, mas completamente, às escuras. 

Por isso, não podendo eu falar sobre nada do que está a dar, vou pregar para outra freguesia. Tenho que ir.

E vou bem acompanhada, com os meus amigos da Porta dos Fundos (e não liguem à cena, que não tem a ver com nada -- já ontem vos disse que ando numa de nada a ver com nada e, quanto mais nada a ver com nada, melhor eu me sinto.)

Ora bem.

O texto de apresentação do vídeo 'Tenho que ir' reza assim:

Vale tudo para garantir uma transa. Quem nunca mentiu sobre quem somos, achou graça em coisas chatas, fingiu que assiste novela ou que curte Jorge Vercilo? O problema é que depois da gozada vem aquele momento de clareza e sobriedade, e você se toca que aquela pessoa já tá com a conchinha armada do seu lado.



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Se me permitem a sugestão, não deixem de ir deslizando por aí abaixo porque há para todos os gostos.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira.

E boa sorte, saúde e alegria para todos.

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terça-feira, abril 21, 2015

Gente como nós



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O que naufraga


[Sinais de Fernando Alves]


(...) o que é que vão fazer? Já sei que a resposta vai ser "lutar contra as máfias do tráfico de pessoas", que vivem à custa da exploração daquela pobre gente, com travessias de imenso risco. 

Até aí estamos todos de acordo. E depois? Está a Europa disponível para acolher no seu solo os muitos milhares de africanos que chegam às costas da Líbia (onde hoje não há Estado)? E quantos? E como os distribui? Ou será que se está apenas a aproveitar esta indignação para, através do pretexto da luta contra as máfias, tentar, afinal, evitar que os africanos entrem no continente europeu? Será que a Europa está disponível para dar uma solução de vida a essa gente? Ou será que apenas pretende um modelo como aquele que existe em Ceuta, com centenas de pessoas penduradas nas redes de metal que encerram a primeira praça da nossa expansão? Não será isso, lá no fundo, o "sonho" europeu?

A Europa tem de ter a coragem de dizer, alto e bom som, sem eufemismos, que não tem condições para receber milhares de cidadãos oriundos de Estados africanos (e outros) que se revelam incapazes de dar condições de vida decentes a essas pessoas. E tem de ter a frontalidade de dizer que, apesar dessa gente passar por lá fome, violência e imensas provações, não está disposta a abrir-lhes as suas portas. Mas tem de assumir isto, caramba! Andar com discursos piedosos a "fingir que faz" é de uma imensa hipocrisia política. 


O que a Europa podia fazer, e não faz, é promover políticas decentes e eficazes de cooperação para o desenvolvimento nos Estados emissores de emigrantes, que fossem estímulos para a fixação das populações. Basta consultar as conclusões das cimeiras entre a UE e os países africanos para se ter um completo e bem elaborado catálogo do que neles se proclamou, assinou e não se cumpriu.



[Excerto de 'Gente a sul da sorte' do blogue Duas ou Três Coisas do Embaixador Seixas da Costa]

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'Genocide' in the Mediterranean: ANOTHER migrant ship tragedy on Europe's shores as packed



 

'Genocide' in the Mediterranean: ANOTHER migrant ship tragedy on Europe's shores as packed boat washes up on Greek island - just hours after 900 died 'like rats in cages' off coast of Libya. Over 900 feared dead after boat overturned Libya in one of the worst maritime disasters since end of World War Two. At least three migrants killed when a vessel sailing from Turkey ran aground on the Greek holiday island of Rhodes Malta's. PM Joseph Muscat demands the EU tackle civil war in Libya that allows traffickers to operate with impunity. Compounded by rise of ISIS which has threatened to send 500,000 migrants to Europe as a 'psychological weapon' .'Genocide' charged as boat capsizes in Mediterranean (...)

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Another tragic day off the Italian coast: 400 migrants die, witnesses report


 

Tuesday (April 14, 2015) marked "another tragic day":http://www.euronews.com/2015/04/13/fr... off the coast of Italy. Migrants arriving in the port of Reggio Calabria, at Italy's southern tip, told the charity "Save the Children":https://www.savethechildren.net/ that some 400 people died when their boat capsized en route from Libya. Italy: Hundreds of migrants still missing off Lampedusa after latest boat tragedy


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Italy: Hundreds of migrants still missing off Lampedusa after latest boat tragedy




Dozens of bodies have been recovered from the Mediterranean Sea and brought ashore on Lampedusa after one of the worst tragedies involving African migrants trying to reach Europe. The mayor described the scenes on the quayside as "horrific, like a cemetery". Hundreds of people are missing after their boat sank about a kilometre from the Italian island. It is thought the boat capsized after migrants poured to one side of the vessel to escape a fire on board.

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Lampedusa: Way to Paradise or Hell for African migrants? 



As the turmoil of revolutions brought economic instability to many African countries, their citizens began to look across the sea, to Europe, for a chance to improve their lives. The Italian island of Lampedusa is often seen as “a gateway” to the EU paradise. Getting there, though, can be sheer hell. The journey is hard to arrange: it’s costly and travelers are at the mercy of boatmen, often unscrupulous traffickers. The waters are treacherous and have already claimed hundreds of lives. The authorities are determined to intercept would-be illegal immigrants before they can reach the EU border. Yet, in spite of all the hardship and danger, desperate African men and women continue to take their chances. Those who survive and reach the island for which they risked their lives, soon discover that, without papers or knowing the language, the future in a foreign country may be even more uncertain than in their own.

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Quem tem responsabilidades, directas ou indirectas, no estado insustentavelmente caótico a que chegaram os países de onde foge esta gente, gente como nós, que faça alguma coisa. E mesmo os que não têm qualquer responsabilidade que se unam para ajudar aqueles países de origem a ser um lugar bom para se viver, Não é humanamente suportável que se permita que tantos milhares de sonhos se afoguem no inferno da fronteira para o paraíso imaginado.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom dia.

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