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domingo, maio 17, 2015

Noite dos Museus em Lisboa - Obras marcantes [2º de 5 posts]


Este é o papel singular da alegria 
a lei errante do país 
é o maior dos silêncios. 

Caminhei por entre rios pontos de água 
estações de novembro 
pequena razão dos ventos da manhã. 




Não trafiquei não porque seja forte 
mas porque falo da alegria do estar sobre vós 
nestes pontos de água 
na acidez da flor 
neste país frequentado 

algumas coisas nunca mudarão. O rigor 
da luz torna invulnerável o desejo de perder 
esta pressa de verão. 




Algumas coisas serão sempre as mesmas: manhã 
encosta o teu ouvido sobre a porta escuta 
era a voz os cavaleiros roubados a Ucello 
longínquos. 




(Profanamos a casa não o corpo 
esta forma desenhada ruga a ruga 
esta cor amarela sobre a praia.) 



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A primeira fotografia mostra, no Museu de Arte Antiga, os Painéis de S. Vicente de Fora de Nuno Gonçalves.

As duas seguintes mostram, no mesmo museu, partes de Tentações de Santo Antão do pintor holandês Hieronymus Bosch

O poema é Este é o Papel Singular da Alegria de João Miguel Fernandes Jorge

Lang Lang interpreta Serenade de Schubert

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segunda-feira, novembro 25, 2013

Foi um imenso desperdiçar de gente para que ela fosse aquela perfeição solitária exilada sem destino




                                          Para que ela tivesse um pescoço tão fino
                                          Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
                                          Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
                                          Para que a sua espinha fosse tão direita
                                          E ela usasse a cabeça tão erguida
                                          Com uma tão simples claridade sobre a testa
                                          Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
                                          De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
                                          Servindo sucessivas gerações de príncipes
                                          Ainda um pouco toscos e grosseiros
                                          Ávidos cruéis e fraudulentos 
                                           Foi um imenso desperdiçar de gente
                                           Para que ela fosse aquela perfeição
                                           Solitária exilada sem destino
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A imagem representa a Princesa Santa Joana e é atribuída a Nuno Gonçalves. O poema é "Retrato de uma princesa desconhecida" de Sophia de Mello Breyner Andresen e é dito por Luís Lima Barreto. Pode ser visto no You Tube e foi publicado por quixote 1615.


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