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domingo, setembro 15, 2024

Há casas e casas...

 

Enquanto escrevo, estou a ver um programa fantástico na RTP 1, 'Em casa de Amália' em Elvas. Muita gente na rua a assistir a contagiantes momentos de partilha com o António Zambujo, o Buba Espinho e o Luís Trigacheiro, apresentado por um José Gonzalez que eu não conhecia mas que é um tipo bem simpático. 

Muito bom. Penso que o país caminha no bom sentido quando se fomentam momentos assim, de comunhão em torno de uma língua comum, em que as pessoas saem à rua para ouvir cantar, quase tudo canções que toda a gente canta, em que há sorrisos no ar. O cante alentejano é maravilhoso. 

Mas não tem que ser o típico cantar alentejano. Canções que muita gente conhece, melodicamente ricas, em que se toda a gente se junta a cantar, são uma riqueza cultural inesgotável.

E estes três jovens cantam lindamente. Estou impressionada. Por exemplo, não conhecia bem o Luís Trigacheiro e tem uma voz e um poder de interpretação extraordinários. Neste momento está a cantar uma que não é muito conhecida (digo-o pois não o acompanham a cantar) mas que é uma canção linda. Estou encantada.

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Mudando de assunto. Ontem à noite, sem querer, dei com um documentário tocante. Fiquei a ver até ao fim. Foi na RTP 2. Feito pela Charlotte Gainsbourg sobre a mãe, Jane Birkin, mulher de uma inocência e franqueza totais.

Se não viram, sugiro fortemente que ponha a box para trás e o vejam. Partilho o trailer só para se perceber o género. 

Jane by Charlotte - Official Trailer (2022) Charlotte Gainsbourg

Watch the trailer for Jane by Charlotte, a documentary by Charlotte Gainsbourg about her mother, Jane Birkin. It features intimate conversations between parent and child, as well as footage of Birkin performing onstage, and explores the emotional lives of two women as they talk about subject matter that ranges from the delightful to the difficult: aging, dying, insomnia, celebrity, and their differing memories of their shared past, which includes Charlotte's father and Jane's husband, Serge Gainsbourg. 

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Como estou com um olho no burro e outro no cigano (e espero não ser censurada pela utilização deste ditado popular), não me dá para me pôr para aqui agora com divagações. Vou já direita ao assunto.

A forma como as pessoas vivem por esse mundo varia de uma maneira que se calhar não julgamos possível. Eu, se fizesse programas educativos, incluía o conhecimento de hábitos, dificuldades, excentricidades e gostos ao longo de todo o planeta. Penso que é bom que tenhamos noção das disparidades, da diversidade. O que aqui podemos observar atesta a criatividade humana quer a nível arquitectónico, quer tecnológico, quer estético ou económico quer a nível da própria sobrevivência.

Pode ser difícil de acreditar, mas as pessoas realmente moram nestas casas


A tod@s desejo um belo dia de domingo

segunda-feira, julho 17, 2023

Coisas da vida

 

Jane Birkin que, com a sua voz sussurrada e os seus suspiros embalou vários slows na minha adolescência, morreu. 

É o caminho inexorável da vida.

Estava doente. Foi encontrada morta em casa.

Mas a sua voz, os duetos com o bad boy Serge Gainsbourg, sobreviver-lhe-ão.

No grupo dos meus antigos colegas de liceu está a fotografia de grande parte de nós, o que éramos na altura e o que somos agora, quase um pouco como a fotografia de Jane, antes e depois. A muitos eu não reconheceria se não visse a fotografia da altura e, muitos, só mesmo com o nome, pois a minha memória tinha apagado alguns rostos.

Quando vejo estas fotografias emociono-me sempre. Fazem-me lembrar aqueles filmes sobre pessoas de verdade em que, no fim, aparecem as fotografias reais das pessoas, dizendo que idade têm agora e o que fazem ou onde vivem.

Fez-me também muita impressão saber que alguns dessa altura já morreram. Fico sempre um bocado sem acção quando o sei. Tenho vontade de saber de que foi que morreram, como se isso adiantasse alguma coisa. Contenho-me, não pergunto. Mas fico com essa dúvida a roer-me, como se não pudesse aceitar o facto sem conhecer as razões da morte.

Uma das que morreu foi uma que, creio, namorou o meu marido. Ele nunca se confessou, não sei porquê. Aliás, recusa-se, ainda hoje, a falar dos namoros ou affairs que teve. Desta sei pois ela contava-me, falava-me dele. Lembro-me de estar a falar comigo e depois despedir-se à pressa porque tinha combinado ir com ele à Feira do Livro. Lembro-me de a ver com um saco com compras, coisas de comida, porque ia fazer jantar, ele ia jantar lá a casa. Vivia sozinha num apartamento. Lembro-me do que ela, enlevada, me dizia dele, que era assim, assado e cozido. E eu, dizendo-me ela que ele era um gato, uma brasa, um borracho e mais não sei o quê, logo conclui que devia ser aquele que eu achava o máximo. E era mesmo.

Não me incomodava nada saber que ele tinha um caso com ela até porque eu também namorava com outro. Tinha, com muita clareza, a certeza de que o nosso tempo, o meu e o dele, haveria de chegar. E chegou.

Quando comecei a namorar com ele, falei-lhe nela. Mostrei-me admirada. Via-o sempre rodeado de raparigas, lembro-me de o ver de braço ao peito e umas sentadas ao colo dele e outras a escreverem-lhe dedicatórias no gesso, e, no entanto, pelos vistos, tinha namorado com aquela minha colega de liceu que eu achava muito simpática mas pouco bonita e que, ainda por cima, tinha as mãos sempre frias. Ele não ligou nada a isso, limitou-se a dizer que ela tinha um corpo fantástico. Nunca eu lhe tinha reparado no corpo. 

Fez-me muita impressão quando soube que morreu. Lembrei-me logo das mãos frias.

No outro dia, vi uma fotografia em que estava um grupo dos mais boémios. Eram giraços, cabelos meio compridos, ar de bon vivants, volta e meia faltavam às aulas, fumavam, iam jogar snooker, eram uns bad boys. Agora são uns homens grisalhos, outros sem cabelo. Mantêm-se bonitos mas eu, se os visse, jamais pensaria que eram eles. E fiquei a saber que um que era dos mais terríveis, um que, numa das fotografias, aparece com um cigarro ao canto da boca, sorriso malicioso, sentado com as pernas completamente abertas, uma rosa numa das mãos, já morreu. Fiquei bloqueada. Parece que não pode ser. Não bate certo.

Agora soube que um desse grupo, um dos mal comportados, para mim o pior dos piores, um por quem a minha melhor amiga da altura incompreensivelmente se apaixonou perdidamente e com quem se casou, num casamento que foi sol de pouca dura, também morreu. Fiquei a lembrar-me dele todo gingão, todo gozão, todo convencido e mal comportado. Tinha a vida toda nas suas mãos. E afinal já morreu.

Outro, já aqui o referi, lembrei-me dele numa história que escrevi, tornei-o personagem, e sem saber porquê, escrevi que ele tinha morrido. E, afinal, morreu mesmo. Fiquei muito incomodada e o meu marido também.

Claro que a larga maioria está viva, bolas, mas, na minha cabeça, seria natural que, sendo meus colegas, gente da minha idade, ainda estivessem todos vivos.

Enfim. É o que é. É a vida. Uns morrem, outros envelhecem.

Mas o curioso é que a 'malta' mantém o espírito folgazão e até adolescente de então.

Quando entrei para a faculdade senti muito a falta dos meus amigos divertidos, descontraídos, tudo gente que gostava de passear, ir à praia, ir ao cinema, dançar. Na faculdade era tudo gente ensimesmada. Custou até que conseguisse descortinar outros que gostassem de alinhar numa vida agradável. Curiosamente, uma dessas que me salvou daquele cinzentismo tinha sido minha colega de liceu, embora de outra turma. Mas trazia aquela leveza e gosto pelo bom humor que me são fundamentais. E continua assim, tal e qual, brincalhona.

Mas, pronto, já chega de conversa. Hoje estou completamente pedrada de sono e, pelos vistos, isso está a dar-me para o sentimento.

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From the archives: The iconic Jane Birkin


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Desejo-vos uma boa semana
Saúde. Humildade e disponibilidade para desfrutar cada pequeno instante desta nossa vida. Paz.

sábado, dezembro 05, 2020

Um milagre de Natal avant la lettre

 

Chega a casa sensivelmente à mesma hora de sempre. Descalça-se na entrada, onde os chinelos de chambre o aguardam. Depois pousa a chave, despe o casaco e vai para a casa de banho onde lava escrupulosamente as mãos. Só então retira a máscara.

A seguir, vai guardar as compras que trouxe mas apenas depois de as ter lavado, mudado de embalagem, lavado as mãos.

Vai, então, verificar o correio no computador. Essa etapa do seu dia é precedida do ritual de sempre. Faz um chá, leva o chá, coloca um pano da louça dobrado em quatro debaixo da chávena, ajeita a almofada na cadeira, endireita o livro do lado direito, a pilha de três livros do lado esquerdo, endireita o pequeno candeeiro de mesa que acenderá quando a luz exterior se for. Depois tira o telemóvel do bolso, desinfecta-o,  e coloca-o à frente do computador. 

O seu mundo é um mundo sem surpresas. Em tempos teve uma gata. Noutra vida. Agora não tem. 

Trabalha ao computador. É perfeccionista mas de uma forma burocrática. 

Raramente alguém lhe telefona e ele também pouco telefona. Todos os dias liga à mãe, conversa monótona, breve e desinteressada, quase como se fosse uma tarefa que é obrigado a cumprir. A mãe pergunta-lhe se está bom, ele diz que sim, depois pergunta à mãe se estão bons, ela diz que vão andando, ele pergunta se está frio, ela diz que sim, frio e chuva, ele diz que ela se agasalhe, ela diz que sim e pergunta se ele precisa de alguma coisa e ele diz que não, mãe, está tudo bem. E despedem-se, adeus filho, diz ela, um beijinho, mãe, diz ele, a voz já a desligar-se. Acaba o telefonema com a sensação de que já cumpriu uma das tarefas diárias. Vê as horas. Pensa que daqui a nada são horas de ir pôr a comida ao lume. Vai à casa de banho e aproveita para lavar cuidadosamente as mãos. Quem o observe, pensará que vai entrar para o bloco operatório. 

Vai fazer ervilhas com ovos. Lembra-se de que era prato que muito apreciava quando era pequeno. Agora usa bacon. A mãe fazia com chouriço de carne. O que ele gostava quando algumas rodelas de chouriço ficavam presas na clara do ovo escalfado... Mas, agora que é ele a cozinhar, escolhe um espaço entre as ervilhas e coloca o ovo com cuidado, para ficar perfeito. 

Põe, então, a mesa. Liga a televisão, não gosta e não presta grande atenção mas, afinal, sempre é uma companhia. Além disso faz parte do ritual e ele não é capaz de beliscar os seus rituais. É quase uma superstição. Acha que a vida lhe corre bem sem sobressaltos cumprindo todos os rituais, não quer arriscar, incumprindo-os. Depois, ajeita um individual, enche o copo de água, põe uma fatia de pão sobre o guardanapo, serve-se e senta-se à mesa. Come rapidamente. Depois apaga a televisão, lava a louça, lava os dentes, lava as mãos. Senta-se, então, num outro cadeirão, pega num livro e num lápis, vê as horas, e entrega-se à leitura, fazendo algumas anotações nas margens.

Meia hora depois, arruma o livro e o lápis e volta para o computador.  Um mail deixa-o transtornado. Para qualquer outra pessoa um mail daqueles seria irrelevante. Mas ele parece precisar de alguma emoção e, portanto, arranja aquele mail como pretexto para se enervar. Diz um palavrão em voz alta. Levanta-se, vai à janela como se precisasse de descomprimir. Pensa que, se ainda fumasse, agora puxaria de um cigarro. 

Vai até à cozinha, vai preparar outro chá. De manhã é um, de tarde outro, à noite um de tília ou camomila.

Volta para o computador. Pensa na resposta que há-de dar ao mail. Abre o calendário para avaliar prazos. Escreve um mail que relê cuidadosamente.

Começa a escurecer. Pensa: mais outro dia. Vê as horas. Diz em voz baixa: cada vez mais pequenos, os dias. De vez em quando, ao falar assim, sozinho, fica admirado ao ouvir a sua própria voz. Sem perceber porquê, relembra os dias em que vinha da escola, a mala às costas, trabalhos de casa para fazer, e já era quase de noite. Comia pão com marmelada quando chegava, vinha sempre cheio de fome. A mãe dizia: daqui a nada são horas de jantar, não te enchas de pão com marmelada.

Olha para o relógio. Parece que quer que o tempo passe depresse mas, se pensar na razão por que o quer, acha que não faz sentido. Volta a trabalhar. Passado um bocado, olha para a janela. As recordações voltam. Levanta-se. Põe as mãos nos bolsos do casaco polar e fica a pensar. Repara que anoiteceu. A rua vazia.

Tocam, então, à campainha. Sobressalta-se apesar de estar à espera. Põe álcool gel nas mãos, coloca a máscara, abre a porta.

Vêm entregar a encomenda. Abre a porta e recebe a caixa. Deve ser o único presente que recebe, o dele próprio. Foi escolhido após demorada selecção. Viu todos os sites, fez quadros comparativos, pensou, deixou pousar os pensamentos, reviu, leu comentários. Até que se decidiu. Seria aquela. O seu presente de natal. Especial. 

Tirou-o da embalagem, pôs a caixa do lado de fora da porta. Depois desinfectou as mãos com álcool gel, tirou a máscara, voltou a desinfectar as mãos. Com mil cuidados, com emoção, retirou o seu presente da embalagem de plástico. Há quanto tempo não recebia um presente. Isto de alguém vir entregar em casa até disfarçava o facto de ter sido encomenda sua. 

Pensou: finalmente vou ter companhia pelo natal. Pegou nas instruções, sentou-se a ler, concentrado. Antecipou a hora em que ia sentá-la a seu lado, ele com o braço sobe os seus ombros, ela com a cabeça encostada ao seu peito. Disse, como se contasse um segredo: vou ler-te poemas. Imaginou-se, à noite, o Je t'aime... moi non plus em fundo: Sissi, vais gostar deste, escuta. Depois sorriria. O que é? Porque te ris? Não gostas que te chame Sissi? E antecipava as noites loucas que estavam por vir.

E a sua vida, de repente, qual milagre do Menino Jesus, parecia ser outra.

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E, esperando que tenham gostado de mais este conto de Natal, desejo-vos um belo sábado.

sábado, setembro 14, 2019

As afinidades explícitas entre os casais.
No Minho tal como no Algarve.





Já no outro dia, depois de ter estado em Lagos e ao falar das afinidades entre os elementos dos casais felizes, que resistem ao tempo, mostrei um conjunto de casais que, caminhando à beira-mar, revelam como o seu andar e a sua atitude corporal involuntariamente traduzem a convergência que habita o seu afecto.

Agora, não a Sul mas o mais a Norte possível, volto a deixar registo daquilo que, ao longo de anos, venho constatando. 

Este é o mesmo casal da primeira fotografia. Aqui, aparentemente, o jovem preparava a cana com a ajuda dela.
Lá em cima, bem mais tarde, era ela que segurava a cana, ambos esperando um peixe ao entardecer

Nesse mesmo post uma Leitora dizia-me, num comentário, que achava não ser forçoso que os membros de um casal sejam almas gémeas, gostem das mesmas coisas. É um facto. Concordo. Almas gémeas num casal acho que só pode correr mal. Só um narcisista quereria ter uma relação com alguém igual a si já que, assim como assim, ficava dispensado do trabalho de se ver ao espelho. Mas uma coisa é uma alma gémea e outra, muito diferente, é existir o conjunto de afinidades básicas que constitui o chão comum do relacionamento. Claro que se um não gosta de praia ou de uma tarde na piscina, o outro pode ir sozinho. Ok, vai sozinho. Ou se um não gosta de picnics no campo e o outro gosta. Ok, vai sozinho. E, quem diz sozinho, diz com amigos (mas não com ele). Ou se um não gosta de ler e o outro gosta. Ok, lê. Mas falar sobre livros não é coisa que possa fazer com ele. E quem diz isso diz muitas outras coisas. E, associado a isso, haverá as conversas desconfortáveis em que um quer, o outro não, um gosta e o outro não -- e em que o clima entre ambos vai secando, esfriando. E o que acontece é que essas divergências, cada uma pouco grave quando vista de per se, se vão acumulando ao longo do tempo gerando uma pesada solidão e um cavado fosso entre os dois. E, portanto, é quase inevitável que o relacionamento não tenha pernas para andar. Não há frutos que daí possam nascer porque não há o chão comum mínimo. Até que, um dia, um dos dois vai inevitavelmente dizer: 'Se é para isto, então, mais vale cada um ir à sua vida -- e amigos como dantes, quartel general em abrantes. Adeusinho e bye-bye'


Em contrapartida, há os que andam lado a lado, partilham gostos, ajustam-se, há cedências mútuas, espontâneas, e olham na mesma direcção, trazem estabilidade emocional e alegria um ao outro, caminham na direcção de um futuro que não é baseado em ficção mas numa realidade prazerosa. 

A jovem aqui acima está grávida, linda e feliz, tal como é bonito e animado o seu companheiro. Até nas cores há coerência. Andando sintonizados, a bom passo, nitidamente com o futuro pela frente, ali iam na maior esperançosa alegria.

Tal como, frequentando já o futuro, o casal abaixo caminha lado a lado, ajudando-se mutuamente, preparados ambos para as mesmas circunstâncias, sempre um para o outro, parceiros de longa viagem.


O casal abaixo, ambos muito elegantes, caminha na direcção da Praia do Moledo que é contígua à de Caminha. 
Ah, a propósito. Respondo-lhe aqui, Lucilia: o lugar maravilhoso é Caminha. Espanha em frente. Banhada pelo rio cuja foz separa a praia de rio da praia de mar. Conhecíamos Moledo: ainda há muito pouco tempo lá tínhamos estado, uma vez mais. De Caminha guardávamos a ideia do que era a Vila há uns anos, coisa apagada, achávamos que nem valia a pena lá dar um salto. Pois bem. O que era nada tem a ver com o que é hoje. Alindou-se, deixou à vista os seus encantos que são múltiplos. Está outra, está um dos lugares mais lindos em que já estive. 
Atravessamos a rua, chegamos à foz, vamos por um passadiço, atravessamos as dunas, entramos na praia e vamos caminhando. Uma imensidão de costa. Praia quase deserta. Linda, linda, linda.

O percurso que o casal abaixo fez, estávamos também nós a fazer. Em Modelo já há mais gente que na praia de Caminha e há surf e kite surf. No entanto, este 'mais gente' é relativo porque, na verdade, como se vê, é pouca.


Dentro do pinhal, nas dunas, há um pequeno parque de campismo que não se vê, nem da estrada nem da praia.  Não sei se o casal aqui abaixo ia para lá. Mas, uma vez mais, iam coordenados, alinhados.
Nunca fui dada a campismo. Já contei aqui que fizemos uma única tentativa. Comprámos duas tendas, uma para os meus filhos, outra para nós. Fomos com amigos que faziam campismo com frequência, descobrindo sempre espaços naturais, com pouca gente, bem cuidados. Daquela vez quisemos fazer a vontade aos nossos filhos. 
Eram tendas redondas, acho que de bom tamanho. Acontece que, de noite, o meu marido não conseguia encontrar posição. Não cabia lá dentro. Não conseguia estar com as pernas encolhidas. Às tantas, abriu o fecho da portinhola e pôs-se com as pernas de fora. A noite toda a entrar dentro da tenda. Eu a tentar que ele parasse quieto mas qual quê, punha-se de lado, esticava as pernas, revirava-se. Mas eu própria não estava confortável. Incomodava-me especialmente a perspectiva de, se precisasse de ir à casa de banho, ter que ir pelo campo, às escuras. De madrugada, ele desistiu e foi para o carro, tentando dormir lá, e eu lá consegui descansar alguma coisa. Quando viemos de lá, convergimos: não era para nós. Até hoje.
Contudo, em bungallow ou cabana ou coisa do género, não vejo por que não. Seja como for, não sei se este casal ia para o cmpismo mas que iam bem coordenados iam.


Quando a maré está vazia, como é o caso da fotografia abaixo, há uma linha, a toda a volta, em que há um declive. Aliás, quando está cheia, também, só que não se vê.  Entrei na água, toda afoita, e tentei avançar mas senti que mais uns passos e mudava de piso, caía. Faz alguma impressão. Afunda. 

Há zonas sob vigilância mas, ainda assim, para quem, como eu, não está habituada a um mar assim, o banho fica-se pela entrada até meio corpo, andar dentro de água... e pouco mais. Na zona de rio é diferente, a água é tranquila, tudo na boa (e também com nadador-salvador).

Ao fazer a fotografia abaixo, eu ia a andar dentro de água e o casal, lá em cima, como que em linha de fuga. Gostei de ver. No fim, já eram um pontinho. Único.

Lá em cima seguia também o meu marido, que também fotografei, andando a bom ritmo enquanto eu ia curtindo a beleza envolvente.


E há a Ínsua de Caminha com a sua fortificação. Se fosse outro o piso, talvez as pessoas se abalançassem a ir a nado. Assim, o que vejo a ir para lá são barquinhos. E as pessoas saem, passeiam naquele lugarzinho no meio do mar. É muito bonito a qualquer hora do dia. 

O casal abaixo, de mão dada, conversando, também já dentro do futuro, um futuro que certamente foram construindo a dois, pareceu-me muito bonito, envolto pela luz doce de um entardecer quase outonal de tão sereno.


E termino com o jovem casal da fotografia abaixo. Eu estava sentada, no piso de cima do areal, a observá-los. Iam, lá em baixo, pela orla do mar, e riam, brincavam, depois simplesmente conversavam para, logo de seguida, ele lhe passar o braço pelos ombros, para depois o deixar deslizar até à cintura dela e ela fingir que fugia -- pareciam querer perseguir-se embora não se afastando. E riam e brincavam, na maior felicidade. É a ternura dos apaixonados. Claro que o abraço tinha que acontecer. Há momentos em que a imensidão do mar e o perfume da maresia tornam urgente o estreitamento entre corpos, os beijos e as palavras de amor.


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A todo o tempo dizemos que só é pena Caminha ser tão longe. De manhã, à tarde, ou mesmo, quando saímos a passear à noite pela beira do rio, dizemos que temos que voltar, pena é ser tão longe. Claro que em Portugal qualquer longe é um longe relativo. Mas, ainda assim, não é escapada que se possa dar numa de escapadinha, um fim de semana de ir e vir. Mas se, para quem mora a meio do País, Caminha é um bocado longe, já para quem mora in between é perto -- e o que vos digo é que é daqueles lugares que qualquer pessoa, podendo, deve conhecer. Um lugar de sonho.

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Tenho aqui tanta coisa para mostrar. As freirinhas, as capelinhas, as sereias, etc. Mas não sei se ainda consigo habilitar-me a começar novo post. 

Portanto, até já ou até amanhã, quiçá durante o dia.

quinta-feira, setembro 01, 2016

O cinema e o topless
- ou quando o cinema (e a sociedade) não era moralista e os seios das mulheres não eram maldição a evitar


 Brigitte Bardot e Jane Birkin no filme Don Juan 73 ou si Don Juan était une femme, 1973





Se já soube que havia um Dia do Topless esqueci-me. Pois se nem o dia da mãe eu tenho de memória quando é, fará isto, o dia do topless. Mas parece que há e que já foi.


Leio um artigo e gosto do que leio: por estética, transgressão ou desinibição as mulheres descobrem os seios, em especial no cinema.

Sofia Loren em La Traite des Blanches, 1952
(naõ sei o nome original ou, se passou cá, qual a tradução)

Mas cada vez se vê menos pois as redes sociais parece que vieram para estimular o lado mais populista e primário dos seus aderentes que, sendo aos milhões, se tornam efectivamente numa imensa mole, informe, de moralismo e força de pressão.

Aqui no Algarve, por onde ando, é raro ver alguma mulher em topless, muito menos a fazer nudismo. Circulo por estes dias entre gente que notoriamente não tem nada a ver com os alternativos de Sagres ou o com o de tudo um pouco de Lagos. Aí o topless não é raridade e, em alguns recantos de algumas praias mais solitárias, também se podem ver, com toda a naturalidade, pessoas nuas. Parece-me ser tão normal que uma mulher desnude os seios que aqui me espanto com a sua ausência.

Charlotte Rampling no filme Portier de Nuit, 1974.

Nas televisões - e ainda no outro dia mostrei como a estupidez americana já vai ao ponto de desfocar ou tapar a imagem de seios em obras de arte, mesmo em obras abstractas - já é raro vê-los de forma natural. Por outro lado, por cá - em alguns canais de cabo - passam filmes que são pura pornografia. 

Pois bem, é quase com alívio que, circulando por uma revista online dou com uma homenagem a alguns chamados filmes de culto no qual as mulheres mostraram, orgulhosas, os seus seios.

O dia do topless já foi no dia 28 de Agosto mas penso que os meus Leitores relevarão o meu atraso já que isto das férias me traz alguma indolência suplementar.

Poderão ver toda a escolha aqui mas, para que conste, cá estão cinco magníficas portadoras de cinéfilos seios. A preto e branco, que sempre têm mais patine,

Monica Bellucci no filme Malena, 2000.
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Algum de vocês, meus Caros Leitores, se sente chocado com estas imagens?

Se se sente, lamento (que se sinta).

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segunda-feira, abril 04, 2016

OMGYes que é como quem diz Oh my God...Yes...!
-- é o nome do site que explica tudo o que há a saber sobre o Big O
ou seja, o Orgasmo Feminino
Vamos lá a aprender, minha gente: é pr'ó menino e pr'á menina.
E, por causa disto, nem vou desenvolver aquela decisão inteligente do Láparo de se rodear de 4 belas espingardas na vice-presidência do PSD
E, claro, muito menos, falo dos Offshores e dos bichos caretas que, por lá, escondem e lavam o Big Money


Ora bem. Depois de ter partilhado convosco a minha breve visita à Tapada das Necessidades e de ter divulgado a hilariante campanha #PutMeFirst, chego então ao Big O. E, antão, assim sendo, vamos lá.


Oh my god... yes!




Nota introdutória

Mas primeiro deixem que confidencie: esta não era a minha ideia inicial. Estava numa de falar do estarola do Láparo que ainda não percebeu que, se uma coisa tem virtudes, pode deixar de as ter se ingerida em overdose. Já com aquilo da troika foi a mesma coisa: ele poderia ter seguido o memorando na dose recomendada; mas não: foi tudo em dose reforçada e à bruta. A menina padece de diarreia? Pois então vai Imodium, mas, se o Imodium faz bem, pois tome a menina três de cada vez e de hora a hora. E quando a menina, entupida até ao pescoço, for parar ao hospital a culpa terá sido da menina que é uma piegas.

E, portanto, seguindo o mesmo brilhante racional, se o Bloco de Esquerda se está a sair bem com a Catarina Martins e a Marisa Matias e se o PS também promoveu a Ana Catarina Mendes e se o CDS também lá tem agora a Cristas, pois ele há-de ultrapassá-los a todos e, de uma assentada, puxa 4 (quatro!) mulheres para vice-presidentes. E olha quem... : uma Pinókia, uma Peixeira, uma Sócia de uma boutique law firm e uma não sei bem o quê. Diz o meu marido: vai ser bonito quando desatarem todas a falar ao mesmo tempo... E todos os males fossem esses. Tem olho para tomar boas decisões, este Coelho. Não aprende, mas é que não aprende mesmo. Coisa nenhuma. Um caso perdido.

E, estando eu com esta em mente, vou ver as notícias para confirmar, não fosse ter percebido mal, e dou com aquela fuga de informação que revela parte da big laundry que grassa por esse submundinho da alta finança, do futebol, da baixa política, dos negócios, dos big cartéis de tudo e mais alguma coisa, off shores para tudo o que é bicho careta. E, perante, esta inundação de água suja, fico a pensar: caraças, mas o que é aquela infantilidade acéfala do láparo ao pé desta enxovia?

No entanto, estando ainda em fraca forma e ainda algo debilitada, senti que estava sem fôlego para tema tão longe da minha fraca sapiência na matéria. E, enquanto pensava que, a um domingo à noite, ninguém merece sujar os dedinhos com dinheiros escondidos por putins, pais de camerons, messis e até por idalécios de castro rodrigues de oliveira, resolvi refugiar-me num abrigo que, face a tudo isto, me saberia a edulcorado paraíso: a Madame Le Figaro. E por ali andava eu, descansada, vendo toilettes de casamento, sabendo da escolinha do petit prince George, quando dou com uma notícia que envolve a carismática jovem Emma que se tem destacado na luta feminista no mundo do cinema. Eu conto.

The Big O



Emma Watson veut démystifier l'orgasme féminin, ou seja, a jovem e bela feminista quer desmistificar o orgasmo feminino.


Curiosa, claro está, fui ver - é que nem fazia ideia que a coisa se tinha deslocado para terreno místico. Pois bem, diz a bela Emma que, desde que começou a contactar esta realidade, o OMGYes, tem sido uma revelação, que anda a descobrir os impenetráveis mistérios do orgasmo feminino.
Para começar, não sei se a palavra impenetrável aqui está bem escolhida e, a seguir, não sei se a coisa é misteriosa. Mas adiante.
Ou seja, avancei na leitura.
E estou a escrever isto em tom de brincadeira mas, por acaso, não é. Lembro-me de uma Leitora ter escrito que falo sobre o prazer feminino como se fosse um dado adquirido e não é, e contou que é um problema que tem e que lhe tem causado graves dificuldades ao longo da vida. Ao ler as suas palavras sentidas, imediatamente apresentei as minhas desculpas. É um assunto que não deve, mesmo, ser levado na ligeireza pois o prazer faz parte da vida e quem o não consiga alcançar deve mesmo procurar ajuda. Por isso, é sobretudo a pensar nas mulheres que não conseguem atingir o orgasmo (em França são 49%) ou nos homens que não fazem ideia de como agir ou de quem tem vergonha de assumir dificuldades, que aqui trago este tema. Sem tabus. O nosso corpo não deve ser um mistério nem uma fonte de vergonha. O nosso corpo deve ser compreendido e estimado. E o prazer não é pecado: é um direito. E um dever.
Couples who constantly explore new ways to increase pleasure are 5 times more likely to be happier in their relationships and 12 times more likely to be sexually satisfied.

Dado o adiantado da hora, segue mesmo em francês. Quem não saiba o suficiente da língua, pode tentar o translator da google mas, atenção, nada de conclusões precipitadas porque é sabido que o translator é useiro e vezeiro em aguadas.
Lancée en 2015 par la photographe Lydia Daniller et un pro du numérique, Rob Perkins, la plateforme OMGYes a pour but de montrer les bons gestes pour atteindre l'orgasme féminin, à travers des vidéos réalisées par des femmes et, dirons-nous, plutôt explicites. Témoignages, astuces, diagrammes, démonstrations, exercices pratiques... Valorisé par de véritables recherches médicales, le site promet « la première étude à grande échelle consacrée aux spécificités du plaisir féminin ».
Concrètement, près d’une cinquantaine de vidéos sont proposées, au prix de 25 euros chacune. Un investissement honnête pour des résultats semble-t-il garantis : « J’aurais aimé que l’expérience dure plus longtemps, s'est enthousiasmée Emma Watson pendant le débat. Le montant de l'inscription peut sembler cher mais les résultats sont vérifiés, ça vaut le coup », a précisé l'actrice, qui trouve nécessaire aujourd'hui de « démystifier l’orgasme féminin ». Selon une enquête de l’Ifop publiée en décembre 2015, 49% des Françaises admettent avoir « assez régulièrement » des difficultés à atteindre l’orgasme.

Ora, então, apesar do intuito do site ser vender vídeos a 25 euros cada, vamos lá entrar nele, só para ver como é: cliquem, por favor, no link.

Levantando o véu do prazer feminino, Oh my God... Yes:
OMGYes.com


Para quem não queira aventurar-se pelo site, aqui fica o vídeo de apresentação.

OMGYES Research based study exploring women's sexuality




E, para os que entraram no site e não são bons na navegação mas gostariam de perceber de que se trata, aqui fica o link para alguns exemplos, com casos práticos (atenção: com bolinha encarnada no canto). Estes podem ser vistos sem serem comprados pois são de curta duração e meramente exemplificativos. Não sei se conseguirão vê-los directamente ou se terão que, antes, confirmar que têm mais de 18 anos. E admito que os meus leitores sejam maiores de idade porque, se o não forem, deverão parar aqui e pedir informação aos papás e às mamãs, está bem?

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E, ao verem o que aqui coloco à vossa disposição, espero estar a contribuir para melhorar a vossa qualidade de vida - pelo menos, das minhas Leitoras (ou dos meus Leitores que têm parceiras e que ainda não perceberam bem a coisa, que é como quem diz).
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Acabemos com um pas de deux



Melody Mennite e Ian Casady dançam Petite Mort numa coreografia de Jiri Kylian

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E, agora, caso ainda não tenham lá estado, convido-vos a descerem até à Tapada das Necessidades
(depois deste post, o nome 'Tapada das Necessidades' até soa algo dúbio, ou é impressão minha?)

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quinta-feira, março 03, 2016

Gainsbourg, ou como um homem muito feio e muito desregrado atraiu várias mulheres muito belas


Vou repetir-me outra vez mas, desta vez, para disfarçar, parafraseio Vinicius: os muito feios que me perdoem mas beleza é fundamental. 

Até hoje, que me lembre, nunca nenhum homem muito feio me atraíu. Acho que a fealdade distrai e eu acho que, nos homens, nada deve distrair a atenção da sua essência. Por exemplo, se vejo um homem todo aperaltado, fatinho à maneira, imaginemos cinzento escuro, boa gravata, nó bem dado, camisa a propósito, digamos que branca, e, de repente, reparo nos sapatos e vejo uns sapatos bons, bem tratados, em castanho, como é de bom tom entre os queques, então logo são os sapatos que captam a minha atenção e dou por mim a pensar, olha, um cagãozinho, e, vá lá saber porquê, parece que já nada do que o pobre faça ou diga fará mudar a minha opinião: um pipi armado em carapau de corrida. E sou assim com tudo. Horrível, isto. Sempre fui assim. As minhas amigas diziam: diz onde é o teu caixote do lixo. E estavam certas: muito homem capaz foi, directinho, para o meu caixote do lixo. E o drama é que, por muito que faça, dificilmente de lá sai.

E, se isto é com sapatos ou uma camisa disparatada ou relógio amaricado ou coisa do género, imagine-se o que é com uma cara de meter medo ou um corpinho mal jeitoso. E não vale a pena virem dizer-me que ninguém tem culpa e que ser feio não é problema. Sei disso. Aliás dou-me lindamente com toda a espécie de camafeus. O que digo é que, numa perspectiva de atracção sexual ou amorosa, digamos, comigo não dá. 

Mas os muito feios que não se entristeçam: é que, se eu sou de má boca - para mim só filet mignon - o que não falta são mulheres que parece que, quanto mais feios, melhor.


(La Decadanse: muito dancei eu ao som disto)


Fez esta terça-feira, dia 2 de Março, 25 anos que Serge Gainsbourg (nascido Lucien Ginsburg) se foi. Tinha 62 anos e uma vida preenchida, transbordante. Escandaloso, polémico, excessivo, foi também uma pessoa extremamente talentosa. Compôs cerca de 550 canções e os sucessos foram inúmeros, tal como inúmeros têm sido os covers a partir dos seus originais.


E feio. Feio, feio todos os dias, e um corpinho franzino, sem história, todo ele mal amanhado. E, contudo, como acontece a tantos homens assim, com uma fenomenal saída junto das mulheres. Mas que, quem não conhece a história, não pense que foram as muito feias, ceguinhas e vencidas da vida que, à falta de melhor, não tiveram outro remédio senão resignar-se a ficar com os restos. Nada disso: mulheres belíssimas, cortejadíssimas, caíram sob o efeito do seu sex-appeal (por muito escondido que, à vista desarmada o sex-appeal estivesse, a verdade é que consta que o homem era uma bomba). As fotografias mostram-no feiozinho, coitadinho, e ao seu lado, belas e cobiçadas mulheres que podiam escolher o que quisessem. Fumava uns atrás de outros, os dedos já queimados, uma chaminé a céu aberto, a toda a hora com um cigarro nos dedos; e bebia, bebia até cair para o lado -- e as mulheres sempre a olharem-no com paixão, doidas por ele.

(Foi o coração que o atraiçoou mas falava-se também de cirrose.)

Mostro, então, as principais mulheres da vida de Serge Gainsbourg


(por facilidade, vou buscar algumas das fotografias legendadas que aparecem no Madame Le Figaro).

Com Juliette Gréco para quem numa noite, em 1959, escreveu a célebre La Javanaise

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Françoise Pancrazzi, a segunda mulher (a primeira foi Elisabeth Levitsky): tiveram dois filhos e divorciaram-se em 1964 pois Françoise não suportava o comportamento de Serge, tinha ciúmes e ciúmes mais que fundados. 
[E eu olho para a fotografia e pasmo: como era possível? Ela linda e ele um feio deslavado]
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France Gall que ganhou o festival da canção com Poupée de Cire, Poupée de Son, composta por ele. Gainsbourg compôs outras canções para ela, tal como Les Sucettes, canção cujo teor erótico ela diz que apenas compreendeu mais tarde, já mais crescidinha. 



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Brigitte Bardot, um amor interdito (já que ela era casada). Sobre a relação que os uniu, confessou ela mais tarde:
« La beauté c'est quelque chose qui peut être séduisant un temps. Ça peut être un moment de séduction. Mais l'intelligence, la profondeur, le talent, la tendresse, c'est bien plus important et ça dure beaucoup plus longtemps. »
Para ela, compôs ele várias canções, entre as quais Je t'aime moi non plus e Initials B.B.


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Com Jane Birkin, o grande amor. Começaram por detestar-se. Depois tornaram-se inseparáveis. Jane torna-se a sua inspiração, a sua musa, e com ela ao lado, os sucessos sucedem-se. Faz uma nova versão de Je t'aime.. moi non plus. Para ela faz também, entre outras, 69 Année Erotique



Com a filha, Charlotte Gainsbourg, em 1971, em Londres

Com a filha Charlotte Gainsbourg, ainda uma miúda, faz um dueto que deixou quase toda a gente escandalizada com a canção Lemon Incest (1984). Compreende-se.


A seguir, faz um filme, também com a filha, Charlotte Forever, que causa igualmente a maior perplexidade (digamos assim). Em vez de um excerto do filme, partilho convosco uma entrevista em que se pode ver a timidez de Charlotte e o polémico pai. Desconcertante, no mínimo.


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Depois da ruptura com Jane, segue-se Catherine Deneuve que o ajudou a esquecer o seu grande amor.
Para ela e para o filme Je vous aime, compôs Dieu fumeur de havanes


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Caroline Paulus, mais conhecida por Bambou, a última mulher. Com ela teve o 4º filho
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Com Vanessa Paradis em 1990, a última musa, para quem compôs, para além de uma outra, Tandem


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Para terminar, uma emocionante homenagem que reuniu alguns dos seus devotos. 
Em 1990, perto do fim.


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Em 2011 saíu um filme sobre a sua vida

Gainsbourg: A Heroic Life 




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Repesco as palavras de BB -- não é a beleza ou o breve instante da sedução: são a inteligência, a profundidade, o talento, a ternura que perduram. Deve ter sido isso que fez com que elas o amassem tanto. E, de resto, admito, a beleza tal como o amor e tantas outras coisas são una cosa mentale.

[NB: Centrei o texto na relação dele com as mulheres mas, bem entendido, o talento de Gainsbourg foi e é apreciado enquanto multi facetado e talentoso artista]
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E agora, se ainda não viram, desçam, por favor, até ao post seguinte: aí se pode ver o hábito que Pablo Iglesias, o líder do Podemos, tem de beijar na boca os seus correlegionários. Pelo que se vê, ele beija qualquer um em qualquer lugar, incluindo no Parlamento. Os cartazes humorísticos começam a surgir e eu imaginei casais que gostaria de ver a cumprimentar-se assim na nossa Assembleia e até me ocorreu uma forma original dos nossos deputados do sexo masculino se despedirem do ainda Cavaco.

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