Não percebo nada, eu sei. Ainda há bocado me vi aflita para que alguém me explicasse porque é que o golo não tinha valido, não me parecia nada que fosse fora de jogo. Acham que já explicaram vezes de mais. Mas pronto, lá vi na repetição enquanto ouvia a explicação e percebi. Mas, mesmo sendo uma naba nas regras daquilo, há coisa que eu sei reconhecer. Sei reconhecer quando há homens em campo.
Muito bem, eu sei que há futebol feminino mas eu disso também não sei nada. Futebol para mim é brincadeira de homens.
E sei bem como os homens, os mesmo homens, se entregam à luta como se da vitória dependesse a vida deles.
Quando lá na empresa se organizavam torneios de futebol, eu via como alguns se transfiguravam, viravam umas feras, aquilo era matar ou morrer.
E lembro-me dos jogos de futebol nos quais o meu pai, os meus tios, os primos do meu pai e da minha mãe, amigos e colegas, jogavam em torneios que organizavam entre empresas, e sei como se partiam todos como se aquilo fosse a sério. O meu pai partiu uma perna e ainda lá tem placas e parafusos, partiu um dedo, outra vez, na sequência de uma cabeçada, ficou amnésico, nem me reconhecia. E vibravam todos com aquilo, de uma forma limite, valia tudo para marcar golos, para vencer, era uma adrenalina inacreditável.
E lembro-me dos jogos de futebol nos quais o meu pai, os meus tios, os primos do meu pai e da minha mãe, amigos e colegas, jogavam em torneios que organizavam entre empresas, e sei como se partiam todos como se aquilo fosse a sério. O meu pai partiu uma perna e ainda lá tem placas e parafusos, partiu um dedo, outra vez, na sequência de uma cabeçada, ficou amnésico, nem me reconhecia. E vibravam todos com aquilo, de uma forma limite, valia tudo para marcar golos, para vencer, era uma adrenalina inacreditável.
Ora isso não é compaginável com esgares de maria-amélia, com risinhos aturdidos, como se lhes tivessem pregado alguma partida, como se lhe tivessem escondido o apara-lápis, como se daí a nada fossem amuar ou fazer uma birrinha. A homens que estejam ali para se rasgarem todos para conseguirem o melhor resultado, não lhes ocorrerá fazer daqueles risinhos como se estivessem a ser injustiçadinhos ou sei lá o quê.
Talvez tenha havido pouca sorte, sei lá, acredito que sim, aquilo do penalti deve ter sido mesmo um mau momento. Mas houve falta de killing instinct, de bravura viril. Isso, santa paciência, mas faltou.
Estava a queixar-me que até o guarda-redes anda com uma luva de cada cor, um sapato de cada cor, só frescuras de menina pirosa que gosta de ganchinhos às cores. Ofensa cá em casa, que não, disparate, que o Rui Patrício não é maricas. Mas eu não estou a falar de orientações sexuais, quero cá saber dos gostos de cada um, eu gosto é de ver virilidade nos jogadores, não pintainhos vestidos de verde alface, com sapatinhos e luvinhas às cores. Ou trejeitinhos afectados ou risinhos de diva. Não gosto.
Estive até ao fim à espera que o Fernando Santos percebesse isso e mandasse entrar o Bruno Alves. Mas não, deve estar de castigo. Não há pachorra. A ver se não se sentia logo a diferença. A ele corre-lhe nas veias aquela febre que também corria a Zidane em que, às vezes, de forma involuntária o corpo pede uma agressividade sem razão. Deslizes que não se podem defender mas que eu, fazer o quê?, perdoo.
E hoje, em campo, o tempo a correr e nem uma concretização, era de sangue guerreiro que ali se precisava.
Mas, claro, isto digo eu que de futebol não percebo mais do que isto que acabei de dizer. Seja como for, para quem não souber bem de que raça é que eu estou a falar, mostro alguns exemplares.
E pronto. É o que tenho a dizer e acho que era bom que o seleccionador me desse ouvidos.
Claro que sobre isto nenhum dos comentadores que se amontoam, em cachos, nos balcões das televisões fala. Divagam, enumeram lugares comuns, dizem tretas -- nível exibicional, graus de expectativas e trololó -- e não passam disso. Em testosterona ainda nenhum falou. Ou seja, ir ao cerne da questão cá para mim só mesmo aqui eu, a pobre coitada da UJMzinha que não percebe patavina de futebol.
A banda sonora do Braveheart tem a ver com a espécie ilustrada nas quatro últimas fotografias.
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Figo: um portento, um homem feito e um senhor |
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Pirlo: um guerreiro, e, claro e não por acaso, um homem com muita pinta |
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Zidane: talvez uma pantera, não sei, mas sei que, ainda por cima e não por acaso, um dos homens mais sexy do mundo |
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Bruno Alves: sarrafeiro, talvez, mas também um comboio e, seguramente e também não por acaso, um homem também muito sexy |
E pronto. É o que tenho a dizer e acho que era bom que o seleccionador me desse ouvidos.
Claro que sobre isto nenhum dos comentadores que se amontoam, em cachos, nos balcões das televisões fala. Divagam, enumeram lugares comuns, dizem tretas -- nível exibicional, graus de expectativas e trololó -- e não passam disso. Em testosterona ainda nenhum falou. Ou seja, ir ao cerne da questão cá para mim só mesmo aqui eu, a pobre coitada da UJMzinha que não percebe patavina de futebol.
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A banda sonora do Braveheart tem a ver com a espécie ilustrada nas quatro últimas fotografias.
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