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quarta-feira, agosto 06, 2025

Papa João Paulo II, Fidel Castro, Woody Allen, Mick Jagger, etc., etc. -- todos em fotografias com Epstein na sua galeria de conhecidos e amigos

 

Ver mais imagens da casa de Epstein em NY aqui ou aqui

Se há personagens misteriosos e fascinantes, sem dúvida que Epstein é um deles. Já vi uma série na Netflix sobre ele, já li muitos artigos, já ouvi entrevistas com quem o conheceu bem, e, no ponto em que estou, o meu desconhecimento sobre a sua vida e sobre a sua motivação permanecem totais.

Vejo que ninguém conseguiu descortinar a proveniência da sua extraordinária fortuna. Identificam-se algumas parcelas, mas nada que atinja a totalidade, identificam-se algumas alavancas (pessoas a quem ele pode ter burlado ou manipulado) mas, identicamente, nada que justifique o brutal amontoado de bens. Em tudo o que vejo e leio a conclusão é a mesma: não se compreende de onde veio toda a sua extraordinária fortuna.

Há muita gente que pensa que parte da sua fortuna proveio de chantagem. Havia câmaras por todo o lado. Milhares de horas de gravações. Muitas fotografias, algumas guardadas no seu cofre. Para alguma coisa seriam. Mas pode a chantagem atingir valores desta natureza? E, de resto, nas fotografias, se algumas daquelas pessoas estavam a ser chantageadas, pareciam felizes por sê-lo.

Já ouvi diversas referências a ele ter sido apontado como um activo da Mossad e/ou da CIA, que interviria em situações de chantagem, e isso justificaria parte do secretismo de que as denúncias e os processos judiciais sempre parecem ter estado revestidos. Mas, sendo tudo secreto, como saber se isso é verdade ou se é mais uma das muitas teorias da conspiração em que a cultura americana é fértil?

E é tudo muito estranho. Vindo de uma família 'normal', sem riqueza, não acabou nenhuma licenciatura mas, não se percebe como, conseguiu enganar um prestigiado colégio onde deu aulas de matemática. Por ser lá professor, foi contratado como analista financeiro para uma empresa. Depois, por lá trabalhar e por desviado dinheiro, foi contratado por quem queria uma pessoa com o perfil dele, ambicioso, inteligente, fura-vidas, sem escrúpulos. Aí geria um esquema fraudulento em pirâmide e, claro, pessoa de 'confiança, cativante, insinuante, tornou-se próximo do big boss, a que se aliou e com quem burlou meio mundo. Quando a fraude foi descoberta, o big boss foi preso, mas ele, milagre, safou-se. E assim foi andando e, em pouco tempo, já tinha conseguido comprar casarões, mansões, um big rancho, uma ilha privada, um avião, um helicóptero, arte a gosto e a eito, pagar a não sei quantos funcionários, pagar 200 dólares a cada miúda que ia fazer um serviço e 200 a cada miúda que arranjava outra, e era normal haver desses serviços três vezes por dia, pois, segundo diziam, sexualmente, era insaciável -- e, sempre, em tudo, à grande e à francesa. 

Pelo meio, tudo o que era CEO das grandes empresas americanas, políticos e académicos e gente do cinema, cientistas, prémios Nobel, realeza, tudo estava caído nos encontros que ele organizava, uns meramente de tertúlia (embora sempre houvesse meninas a circularem pelas casas), outros de pedofilia pura e dura. Toda a gente lhe conhecia a fama. E mesmo depois de ter sido condenado e cumprido uma pena (ridiculamente baixa), ou seja, mesmo depois de ser público que era comprovadamente um pedófilo compulsivo, continuou a reunir em volta de si a habitual corte de amigos e admiradores. Como se ser pedófilo fosse coisa de somenos. Foram identificadas centenas de vítimas mas admite-se que possam ultrapassar as mil. Não só abusava delas como as traficava. Ele e o seu alter ego feminino, a sinistra Ghislaine Maxwell, presença constante na sua vida. 

Era também um conhecido filantropo. Oferecia dinheiro a rodos para partidos, para associações de beneficência, para pagar estudos e investigações, para bolsas. Dizem que parecia sempre bem informado e toda a gente gostava de falar com ele. Prestava atenção, parecia ter estudado os assuntos. Diziam-no uma pessoa interessante, interessada, afável, cativante. 

Apesar da sua reputação e do seu cadastro, parecia que as pessoas gostavam de ser vistas com ele. Ou, então, era ele que gostava de ser visto com elas. Nesta história não consigo perceber os contornos de nada.

Nas revelações que hoje vieram a público no The New York Times e já com reflexo noutros media, nas molduras de uma das suas incríveis casas, em Nova Iorque, há fotografias dele a visitar o Papa, dele com Fidel Castro, dele com Musk, dele com Mick Jagger, dele com Woody Allen. Muitas fotografias. Não se vê ninguém com ar de ter sido torturado para ali estar a sorrir. Todos parecem felizes, aparentemente descontraídos e orgulhosos por estarem em tão importante companhia. 

Leio que era visita do Palácio Real britânico e que, aparentemente, emprestou dinheiro a Sarah Ferguson, a ex do Príncipe Andrew. A teia de amizades vai sendo revelada, parece infinita. E inexplicável. Como chegou ele a tanta gente? E para quê?

E depois há o seu grande amigo, Best Friend Forever, Trump. Li que se zangaram não por Epstein ter 'roubado' uma menina de 16 anos que trabalhava em Mar-a-Lago mas porque Trump deu cabo de um negócio imobiliário milionário que Epstein queria fechar. Dizem que Trump seria testa de ferro de oligarcas russos. E aqui entram os russos, de mão dada com Trump? Outra teoria da conspiração? Ou outra vertente do mistério?

Questiona-se também qual o papel de Melania no meio deste filme. E as hipóteses que tenho ouvido são todas igualmente bizarras. E, também aqui, o mistério tem contornos imprecisos.

Os grandes jornais americanos não estão a largar o que a Justiça americana, pela mão de Trump, anda a querer esconder.

Não sei se alguma vez vamos perceber os contornos desta história mirabolante mas, pelo que se vê, entretanto vamos continuar a ser brindados com novos episódios que, em vez de revelarem, ainda adensam mais o mistério sobre esta estranha nebulosa.

Para quem não consegue ver o artigo que hoje está a bombar no NY Times, aqui fica um vídeo onde se fala disso.

A Disturbing New Look at Jeffrey Epstein's NYC Mansion

New photos reveal strange statues, cryptic and disturbing letters, and the presence of long-rumored hidden cameras inside the townhouse on Manhattan's Upper East Side. 


Desejo-vos dias felizes

sábado, novembro 26, 2016

Fidel Castro - o carisma de um guerreiro sonhador


Não sendo eu dada a ídolos ou a paixões assolapadas de cariz político, não tenho grandes arrebatamentos de alma nem a favor nem contra o regime castrista. Coisas boas, coisas más. Um ideal magnífico sem hipóteses de se concretizar, uma utopia sem motor -- qualquer coisa assim.

E a Castro sempre olhei como um combatente muitas vezes sem tropas suficientes, muitas vezes sem capacidade para avaliar melhores alternativas, muitas vezes cercado pelos seus sonhos.

A história o julgará. A mim falta-me competência para tal.

Mas sempre foi um inegável líder, um daqueles homens cujo carisma foi capaz de aguentar os quereres e os desquereres de um povo ao longo de décadas, um daqueles homens cujas palavras largas e gestos soltos atravessavam o coração de quem o ouvia -- quer se concordasse ou não com ele, já que a indiferença não foi reacção que ele tivesse aprendido a despertar nos outros.


Discurso poético de Fidel Castro na ONU em 1979



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sexta-feira, setembro 30, 2011

Isaltino Morais foi preso? Finalmente? Pois bem, já não tenho paciência para a Justiça em Portugal, prefiro falar da autorização da comercialização de veículos em Cuba


Se há coisa que me dá pena ver é a imagem dos carros velhos, a cair de podres, em Cuba. Claro que poderemos apelar ao nosso lado romântico, sentir a nostalgia dos primeiros carros americanos, modelos antigos, com mais de 50 anos. Mas se as pessoas só usam estes carros não é por opção: é apenas porque em Cuba estava, até agora, proibida a comercialização de veículos. Aos nossos olhos ocidentais e consumistas, isto é absurdo, ridículo.

Pois bem, Raul Castro, finalmente abriu mais esta porta. A partir de hoje os cubanos já podem trocar de carro. É o lento mas inexorável fim do regime.

Há cerca de dois anos, o meu filho foi passear para aquelas bandas e trouxe de lá algumas peças de artesanato. São peças simples com que os cubanos tentam aumentar o seu diminuto pecúlio.

Dessas peças, destaco dois carros feitos em papier mâché, muito ingénuos, muito coloridos. Imagino, naquelas casas pobres, sem electricidade, alguém a desfazer jornais velhos, a fazer uma pasta, a modelar com cuidado, a pintar. Com o valor pago pelo meu filho, alguém comprou algumas coisas, para nós irrelevantes, para eles essenciais.

Os carrinhos cubanos que o meu filho me trouxe de presente

Ainda bem, fico feliz por eles, devem ter ficado todos contentes, já podem ter um carro novo.


Nota 1: Quero lá eu saber se o Isaltino, depois de recursos mil, foi agora preso? Se amanhã, conforme o advogado espera, já está cá fora? Estes romances pífios da nossa justiça já chateiam.

Hoje vinha no carro a ouvir que o caso do empresário que há 11 anos deu ou quis dar um jeep a cada um dos colaboradores, está agora em julgamento; que o psiquiatra diz que ele não estava bom da cabeça e mais não sei o quê. Mas, ó senhores, 11 anos depois?! Mas que raio de justiça é esta? Vou-me embora e já venho.


Nota 2: Por favor, não se fiquem por aqui. Desçam um bocadinho mais para levantarem o bilhete para a Música no Ginjal.

sábado, setembro 18, 2010

Miguel Sousa Tavares e Fidel Castro, brothers in arms



No Expresso de hoje o Miguel Sousa Tavares esclarece-me sobre uma dúvida que eu já aqui tinha formulado no dia 28 de Agosto. Diz ele:

“Temos 3.5 milhões de pensionistas, 2.2 milhões de estudantes, do pré-primário ao universitário, subsidiados pelo Estado (…), temos 700.000 funcionários públicos, não incluindo os funcionários da profusão de empresas públicas e municipais, institutos públicos, fundações públicas e sei lá que mais; e temos 300.000 desempregados a receberem subsídio de desemprego mais os que recebem RSI. Façam as contas: são 7 milhões de portugueses, dois terços da população, que vivem integralmente dependentes ou subsidiados em grande parte pelo Estado. Nem Esparta! Já nem Cuba. Talvez só a Coreia do Norte.”

Refere também: “o que se chama Estado Social, traduzido financeiramente na despesa corrente do Estado (isto é, despesa não produtiva) aumenta a um ritmo de 2.5 milhões de euros…por hora! Vai já em 87% do PIB, isto é, de toda a riqueza produzida anualmente no país! O serviço da dívida pública rouba-nos todos os anos milhares de milhões que poderiam servir para financiar o desenvolvimento ou serem libertadas da carga fiscal e entrarem no circuito económico, gerando emprego e riqueza”


 (de Cartoon do António, hoje no Expresso)

Pois bem, noutra notícia do Expresso (Pedro Cordeiro, pag 39), podemos ver que esta semana Fidel Castro, ‘El Comandante’, que se diz "uma espécie de ressuscitado", afirmou que ‘o modelo cubano já não funciona, nem para nós’, isto enquanto foi anunciado o corte de meio milhões de funcionários públicos.

Os despedidos vão receber um mês de salário por cada 10 anos de trabalho (!). A intenção é que sejam recolocados no pequeno emprego privado e cooperativo.

A Central de Trabalhadores de Cuba, a única central sindical, aplaudiu a iniciativa governamental, defendendo o aumento da produtividade cubana através da redução dos “avultados gastos sociais, subsídios excessivos”.

Ou seja, não há Estado Social nem em Portugal, nem em Cuba, nem em lado nenhum do mundo, que resista a uma população com uma esperança de vida cada vez maior (implicando com isso, uma sobrevivência maior à custa do Estado, em todos os sentidos), com tanta dependência do estado, tantos funcionários públicos, tantos subsídios.

A receita de esmifrar com impostos os poucos que trabalham fora do estado dará o resultado que deu a dieta do cavalo do inglês.

Ou seja, tem razão o Miguel Sousa Tavares em chamar a este estado, Estado Fatal, e tem razão El Comandante ao reconhecer que nem em Cuba um Estado assim é já suportável.
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