Hoje estava no carro quando li o comentário do JCM relativamente ao que eu tinha escrito sobre os livros electrónicos.
Gostei de ler o que ele escreveu [embora confesse que ainda não distingo conceitos ou marcas associadas aos e-books e e-readers: kindles, kobos, ficheiros mobi ou epub].
De facto, ao ver nas praias, na beira da piscina, nas esplanadas, tanta gente a ler usando aqueles pequenos aparelhos, gente nova, gente de todas as idades - gente que se vê que não é gente pretensiosa a armar-se ao pingarelho - tenho percebido que já aí está no terreno uma nova moda. Ou melhor: que talvez não seja uma moda mas, sim, uma nova era.
Tal como os telemóveis hoje parecem normais - e há uns anos (muitos!) em Paris, antes de existirem por cá, ao ver uma pessoa num carro a falar ao telefone, me pareceu uma excentricidade do outro mundo - também os e-readers me começam a parecer normais.
Práticos, leves, as pessoas a folhearem como se fosse um livro, e afinal estão ali carradas de livros que não pesam coisa nenhuma - já isso me estava a deixar a pensar.
No entanto, como disse no outro dia, faz-me impressão não ter o livro em papel e eu sou muito apegada a esses bichinhos, gosto de lhes sentir a textura (estes do Jorge Luis Borges, na Quetzal, por exemplo, têm uma capa com um toque que quase parece seda virgem), e gosto de os ter insurrectos à minha volta, ao lado do sofá, na mesa, no chão ao lado da cama, e gosto de fazer uma dobrazinha no canto da página quando leio alguma coisa que me agrada.
Mas agora vem o JCM e diz que se pode sublinhar na mesma e diz que se lê muito bem e que há livros gratuitos e que se podem organizar textos num formato de livro e que é coisa que veio para ficar e que os miúdos deviam ter para usar na escola e eu fico a pensar. Aliás, ao pensar em voz alta, dizendo o que agora estou a escrever, e a imaginar-me já a usar um, o meu marido disse logo, 'pronto, já aí está mais uma...', pois sabe que, quando uma ideia se começa a formar com tanto entusiasmo, já não largo. Confirmei: 'Se calhar, está já encontrado o meu presente de natal'.
Claro que ainda estou cheia de dúvidas: todos os livros que saem em papel, saem também em formato e-book? Portugueses? Se em língua estrangeira, saem em tradução portuguesa? Pode usar-se o cartão FNAC ou isso deixa de fazer sentido? Aliás, deixa de fazer sentido ir às livrarias? E se os aparelhinhos se estragam: ficamos sem os livros? Não deve ser. Mas não sei como é. E, antes de se transportarem, deixam-se a carregar, certo? É que parece que têm uma grande autonomia pois vejo que estão a ler durante muito tempo.
E será necessário ter dois aparelhinhos, um para ficheiros de um formato e outro para outros? Não são compatíveis? Será como aquilo dos vídeos quando apareceram, os BETA e os VHS, que nunca percebi bem qual a diferença mas que me lembro de ouvir acaloradas discussões contra e a favor?
Não sei nada disso. Estou num nível de ignorância ainda muito básico. Vou ter que me informar e vou ter que perceber o que mudará na minha vida quando me render a isso.
Mas acho que é uma ideia que, sem dúvida, está a fazer o seu caminho dentro de mim.