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segunda-feira, junho 23, 2025

Varrer, regar, ver esquilos, fazer conteúdos digitais

 

Quem se dá ao trabalho de ver os meus inconcebíveis vídeos no Instagram, para além de constatar um indiscutível amadorismo e uma total ausência de propósito, já deve estar farto do chinfrim que faço ao andar, pisando caruma, folhas secas de azinheira ou de eucalipto, bolotas ressequidas e tudo o mais que por aqui se junta. 

É certo que eu poderia -- e, se calhar, deveria -- aprender a editar os vídeos, retirar-lhes o ruído ambiente, cortar e colar bocados disparatados, etc. Mas, sinceramente, não ando com paciência para gastar tempo com isso. E, ao escrever isto, receio que achem falta de respeito da minha parte apresentar produtos de tão insólita falta de qualidade alegando falta de paciência para aprender e para editar. Porém acreditem: não é falta de respeito, é mesmo uma quase incapacitante falta de paciência. Pode ser que me passe... Um dia que leve mais a sério isto de fazer 'conteúdos digitais' (como agora sói dizer-se) talvez me leve a mim mesma mais a sério (e agora devia aqui inserir um emoji a piscar o olho e a deitar a língua de fora para que percebam que estou a pensar que está bem, está). 

Em contrapartida, tenho passado os dias a varrer em volta da casa. Só que a casa, ainda assim, tem um perímetro que vai lá, vai, e os calores dos últimos tempos têm feito o chão encher-se de folhagem seca. Por isso, é um trabalho insano, uma never ending story, uma cena à moda do sísifo. Até não há muito, com as chuvas, era musgo por todo o lado e até nascia erva das pedras. Agora está tudo seco e é o que se vê.

Lá por baixo, na extensão grande do terreno, não há como varrer ou impedir que os meus passos façam barulho ao pisar isso, mas, em volta da casa, até por razões estéticas ou de segurança, obviamente tem que ser tudo limpo.

Em tempos, tínhamos contratado um senhor da aldeia para tratar das limpezas e das regas. Vinha duas tardes (completas) por semana. Queixava-se, dizia que não chegava, dizia que era trabalho a tempo inteiro. Mas também não queríamos que isto fosse o palácio de versalhes, não era nossa ideia ter um jardim imaculado em volta da casa. Sobretudo, o que queríamos era que, ao fim de semana, não tivéssemos que nos preocupar com isso. Mas o senhor, para nos demonstrar que duas tardes (inteiras) por semana não chegavam, pespegava-se cá ao sábado. Nós a querermos estar descansados e à vontade e ele a cirandar por aqui, a chamar-nos para nos mostrar isto, a chamar-nos para nos perguntar sobre aquilo, uma seca de que não havia memória. Mesmo quando lhe dizíamos que íamos cá ter pessoas, ele não despegava. Aliás, parece que fazia questão em estar, em ver e ser visto. Ficávamos passados. Com muita dificuldade e cuidado para não o melindrarmos, acabámos por dispensá-lo.

Mas isto não se dá conta. Precisa mesmo de manutenção. O ano passado o meu marido contratou outro senhor da aldeia. Veio recomendado pelo vizinho do início da rua. Avisou-nos que ele bebia um copito a mais mas que era trabalhador e sério.

Chegávamos cá e estava tudo na mesma, com excepção de beatas por todo o lado. E não era das puritanas que rezam, eram mesmo das que podem pegar fogo. Queixava-se que era um trabalho ingrato, que vinha limpar e varrer e apanhar ervas todos os dias e que chegava ao fim de semana e o que tinha sido cuidado na segunda-feira já estava outra vez a precisar de ser limpo. O vizinho confirmava que o via andar por cá a trabalhar, que não era tanga. No fim, pagávamos horas que nunca mais acabavam e não se via nada de jeito, só beatas. Dizia que tinha cuidado, que as apagava bem. Mas eu não podia ver beatas por todo o lado, é coisa que me me complicava com o sistema nervoso. No conceito dele, os cigarros são para se deitar para o chão e parecia não perceber que não o deveria fazer. Acabámos por agradecer e, uma vez tudo pago, nunca mais lhe dissemos para vir.

Resultado, somos nós que tratamos do assunto. O meu marido reclama, diz que é trabalho a mais.

A mim não me custa. Gosto imenso de varrer. Aposto que para a minha cabeça é como se estivesse a meditar: não penso em mais nada. Ando completamente focada a varrer e fazer montes. O pior é que, depois, encher os sacos ou os carrinhos custa um bocado. Uso uma pá grande mas, às tantas, o meu marido pega ele naquilo e anda ele a recolher os montes, a transportá-los para a terra. E queixa-se. Diz que, antes de eu acordar, já ele andou a cortar mato ou a fazer outras tarefas e que, depois, eu não sei parar e varro este mundo e o outro e que não está para isso. Mas esta nossa dinâmica, de reclamarmos um com o outro, já tem barbas, ou seja, já não ligamos muito aos protestos um do outro.

Outra coisa que fica para mim é a rega. Gosto imenso de regar. Quem me acompanha aqui há muito tempo, recordar-se-á que já contei que, de início, investimos fortunas (salvo seja) em sistemas de rega mas que, quando cá chegávamos ao fim de semana, estava tudo roído. Os coelhos (ou outra bicharada) roíam tudo. O meu marido substituía e eles comiam. Desistimos. O meu marido decretou que o que sobrevivesse sem rega seria bem vindo, o que carecesse de cuidados, podia desaparecer à vontade. E assim foi.

Mas o que está mesmo em volta da casa, do lado da frente, tem que ser regado. Agora do lado de trás e dos lados (se bem que a casa, pela sua arquitectura, na prática não tem frente, nem lados, nem trás) nunca é regado.

E, no entanto, está tudo gigante. Só as laranjeiras, e estão à frente, é que estão raquíticas e vão acabar por morrer. Não deveriam ter sido plantadas, não se dão aqui, é impossível. Quando comprámos o terreno já cá estavam, e já eram infelizes. Trinta anos depois ainda sobrevivem... mas coitadas.

E hoje já andei a apanhar orégãos, amanhã já vou montar o estaminé do costume: lençol em cima da mesa da casa de jantar e eles espalhados em cima, a secar. 

Adoro. São perfumados, frescos. Bouquets graciosos, delicados e com a graça adicional de serem comestíveis.

O campo, para mim é uma mistura de mil sensações boas: os sons, os cheiros, a luz, a paz, o vagar, o contacto directo com a terra, com o trabalho simples. Maravilha maior. Não há cá férias em resorts, em turismos de habitação cinco estrelas, o que for: aqui é que a minha alma rural se sente bem.

E, ao fim do dia, enquanto estava ao telefone com a minha filha, ia ela a caminho de casa depois de umas belas férias abroad, e eu por ali andava de um lado para o outro, uma surpresa daquelas que me deixam a sorrir, com vontade de agradecer, com vontade de trepar às árvores a ver se me aceitam como uma deles: um esquilo a andar por cima de um banco, a trepar a um muro e depois a subir pelo tronco da azinheira sob a qual eu estava. Que bênção, que alegria. Eu com receio que eles tivessem desaparecido e, afinal, ainda por aqui andam. Este é mais escurinho do que os que eu tinha visto antes. Este era mesmo castanhinho escuro. Lindo, fofo, um rabo enorme, ao alto.

Estava a falar ao telefone, não consegui fotografá-lo. Mas acreditem, ainda por aqui andam. Provavelmente, enquanto ando a varrer, estão eles lá em cima a tentar compreender que animal é este que, cá em baixo, se entretém a fazer montes de folhinhas e bolotas (e pinhas que eles deitam para o chão depois de as roer). Esse animal sou eu que, tal como eles, vim de outras paragens para usufruir do privilégio de respirar este ar tão puro, para viver nesta paz tão mágica.

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Desejo-vos uma boa semana

Be happy

sábado, junho 21, 2025

Um dos mais lindos metros do mundo

 

Isto é uma manifestação

Não sei há quantos anos não ando de metro em Lisboa. Décadas, seguramente. Habituámo-nos a andar de carro. Bem sei que é uma parvoíce. Mas, quando sugiro ao meu marido que, em vez de andarmos preocupados com o trânsito ou com o estacionamento, podíamos usar transportes públicos, pergunta-me onde é que deixávamos o carro. Não há transporte directo para o centro, pelo menos que saibamos. Por isso, ou fazíamos transbordo ou íamos de carro até um lugar mais ou menos periférico. Mas desabituámo-nos, isso parece-nos mais complicado do que irmos de carro desde que fechamos a porta de casa até quase à porta do lugar onde vamos. Há hábitos difíceis de quebrar.

Isto é uma (subtil) performance

Quando eu andava de metro, e gostava de andar por ser prático e rápido, esteticamente nada tinha que se lhe dissesse. Mas mudou e, do que tenho ouvido dizer, mudou para melhor, para muito melhor. Tenho ouvido falar de algumas estações que me dizem ser espectaculares, quer do ponto de vista arquitectónico quer do ponto de vista artístico. Do ponto de vista técnico, nomeadamente do ponto de vista de engenharia civil, tendo em conta as particularidades da cidade, nem falo pois não tenho competências para avaliar -- mas imagino que cada estação seja um desafio, especialmente as da baixa, debaixo de água, no meio de estacaria e de ruínas.

Estas são as três graças

Mas hoje, depois de um dia longe de trânsitos, poluições e outras confusões, um dia dedicado a varrer (não dou conta da caruma, das folhas secas das azinheiras, das bolotas), a caminhar entre árvores, a fotografar flores e florzinhas, pés de orégãos, searas imaginárias, luzinhas mágicas a envolver pomponzinhos fofos, eis que pouso aqui, no bem bom, e recebo, de presente do youtube, um vídeo que mostra a beleza do metropolitano de Lisboa.

Diz ele que é dos mais belos do mundo. E eu fico contente por saber isso. Adoro Lisboa, adoro Portugal, adoro as coisas lindas do meu País.

Para quem esteja como eu -- a milhas de o conhecer -- aqui fica. Lindo, de facto, moderno, elegante, arejado e convidativo. Um dia destes vai ter que ser.

This Is the Most Beautiful Metro (that no-one talks about)

When transport fans, enthusiasts, tourists, guidebooks and listicle websites talk about the most beautiful underground systems in the world, the same small handful of cities tend to be mentioned. You've just immediately thought of at least two of them.

But no-on ever seems to bring up the Metro in Lisbon, which is, in my opinion, definitely worth including on the list. Using footage from my recent trip to the city, let me show you what I mean...


Dias felizes

quarta-feira, junho 04, 2025

Isto é sobre uma história de amor

 

Às vezes acredito em coincidências. Outras vezes acho que qual coincidências, qual carapuça, o que se passa é que ele há coisas

Se o Instagram e o Blogger estivessem associados a uma plataforma comum, poderia dizer que o algoritmo caçava coisas num lado para influenciar ou impressionar noutro. Mas não é o caso. O Instagram é Meta e o Blogger é Google. Não se contagiam. De resto, não é a primeira vez que ando com uma em mente, sem deixar pistas no google, e, ao abrir o YouTube, me aparecem vídeos justamente relacionados com isso. Parece que o caraças do algoritmo do youtube consegue captar-me os pensamentos.

Hoje, como tantas vezes acontece, andava imersa na natureza, a sentir-me feliz, em paz, parte integrante do lugar, não mais importante que os pássaros, não mais relevante que os bichos que por ali andam, aspirando o ar limpo e perfumado, sentindo que sou abençoada por me ser dado sentir tão benfazeja comunhão, sentindo-me humilde, efémera, um conjunto de partículas que o acaso mantém unidas até que um dia se dispersem e se agrupem com outras, quaisquer, talvez provenientes de flores, de borboletas, de raios de luz, de musgos. 

Fiz um vídeo que publiquei no feed do Instagram sobre o cedro que caiu e que ainda ali está, enorme, digno, verde, belo. E fiz um outro, que publiquei numa story, sobre uma flor que parece um pompom (esta aqui ao lado) e disse que não tarda que se desfaça e fique a pairar, podendo eu respirar partes dela, flores dançando dentro de mim. 

Sinto-me feliz ao andar por ali, por pensar e dizer coisas assim -- mas não me alieno a ponto de não perceber que o mais certo é que quem me ouve ache que tenho uma pancada, e das grandes, nesta minha cabeça. Mas, como isto é inócuo, não sinto necessidade de disfarçar. Sou muito autêntica no que escrevo e no que digo.

Por exemplo, ao aproximar-se da casa, de longe, vi um losango dourado, flutuante. Achei maravilhoso, uma aparição. Não percebia o que era, mas adorei. Sou míope. Por isso, de longe a minha visão é impressionista. Quando cheguei mais perto, percebi que era a luz a incidir no tronco de uma azinheira. Achei lindo. A natureza, a luz, a sombra, as mutações cromáticas, as texturas -- tudo me parece arte, tudo me parece beleza.

Depois pensei: mas a casa e a azinheira estão aqui desde sempre; como é possível que eu nunca tenha visto isto? A verdade é que não. Se calhar, a esta precisa hora, nesta altura do ano, nunca me aproximei da casa por este lado. Parece-me pouco provável mas nunca antes tinha visto esta figura geométrica de luz sobre o tronco da árvore. Ou, então, os nossos olhos nem sempre veem o que está disponível para ser visto -- e hoje eu estava disponível para ver a luz que se concentrava no tronco e se espraiava pelo chão, nessa direcção.

Pois bem. 

Andei nisto e, depois, ao cair do dia, andei nas minhas regas -- ando de mangueira, rego e rego e rego --, depois jantei, vi um bocado de televisão, e, ao ligar o computador, fui ver os mails e espreitar as notícias e, de seguida, abri o youtube. 

Logo à cabeça, o vídeo que aqui abaixo partilho. Ao vê-lo, pensei: caraças, até parece que tinha visto este vídeo antes de fazer os meus. Como é isto possível? Como é que, logo hoje, depois de ter publicado aqueles meus vídeos, me aparece isto aqui?

Mas, depois da surpresa, estupefacção mesmo, fiquei contente. 

Não tinha dúvidas, sabia que aquilo de que abaixo se fala é mesmo verdade, mas gostei de o ouvir dito por uma cientista, gostei de ouvir dito como ela o diz. 

O vídeo está legendado. E é um prazer. Espero que também gostem.

Nature Isn't a Place - It's Who You Are | Laurence Nachin | TEDxGöteborg

When was the last time you "visited" nature? What if that whole concept is based on an illusion? Laurence Nachin reveals why our separation from nature might be the biggest myth we've ever created.

Discover how breaking down the illusion of separation from nature could be the key to creating a more joyful and sustainable future for all. From microscopes to mindfulness, Laurence's journey from completing her PhD in microbiology and cell biology to becoming a nature-based facilitator offers a revolutionary perspective on our relationship with the natural world. She demonstrates how we're constantly connected to other living organisms, whether we're in a forest or a city office. As the founder of Sense in Nature, Laurence helps organizations make nature their business partner, showing how this connection boosts wellbeing, creativity, and pro-environmental behaviors. Her insights reveal how acknowledging our inherent connection to nature isn't just about environmental awareness - it's about becoming fully human again. 


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Dias felizes!

terça-feira, maio 20, 2025

Reflexões na ressaca

 

Isto não está fácil, confesso. Não me apetece escrever. No domingo à noite deitei-me tarde, atordoada. Os resultados das eleições viraram-me do avesso. Eram seis da manhã e ainda não dormia. Já o dia clareava e eu sem sono. Depois acordei às oito e picos e parecia-me que já não tinha sono. Forcei-me a dormir mais um pouco. Mas pouco mais. Íamos ao ginásio e depois ainda tínhamos várias coisas a fazer. Ou seja, mal dormi.

Por isso, de tarde, lá para as cinco, deitei-me ao sol, na espreguiçadeira, e adormeci. Não muito pois as nuvens passavam a vida a cobrir o sol e ficava frio. 

Há pouco, estávamos a ouvir o Paixão Martins, adormeci de novo. Micro-adormecimentos mas o suficiente para não ter conseguido acompanhar com seguimento.

Ainda não recuperei do entorpecimento, do estupor catatónico em que, interiorente, fiquei.

Do que me chega, há pessoas bem na vida, instaladas, umas que ainda guardam ressentimentos do 25 de Abril e que votam no Chega pois acham que o Ventura vai ajustar contas com esse passado. Outras, quadros em boas empresas, querem simplesmente rebentar com 'isto tudo'. Se calhar, pessoas mal sucedidas na sua vida pessoal (mas isto já sou eu a dizer). Quando pergunto a quem conhece essas pessoas o que é que, na verdade, elas acham que o Ventura pode fazer por elas, a resposta é que isso não é questão que se ponha. Não pensam tão longe, limitam-se a querer rebentar com as coisas. O que vem a seguir é tema que não lhes ocupa o pensamento. Outro caso, nos antípodas, um conhecido que não estudou muito, que começou a trabalhar, trabalho pouco qualificado, faz uns 'ganchos' ao fim de semana para compor o ordenado. Vota no Chega porque diz que os 'outros' não fazem nada por ele, acredita que o Ventura é capaz de fazer. Pergunto: mas fazer o quê, em concreto? A resposta é a mesma: o pensamento dele não vai até esse ponto.

No outro dia, vi na televisão uma dessas que vive certamente numa realidade pobre, suburbana, mas que deve sentir que vive numa realidade alternativa ao viver permanentemente nas redes sociais. Percebe-se que, certamente, tem como ídolos algumas conhecidas influencers. Usava várias vezes a expressão: 'quero tudo a que tenho direito'. Ao ver as influencers andarem pelos hotéis, pelos ginásios, institutos de beleza e restaurantes, sonha, certamente, atingir esse patamar. Pela conversa, acredito que vote Chega. Deve ser daquelas que acha que o Ventura diz tudo o que tem a dizer, não tem medo de nada, tentam calá-lo mas ele não se fica. Ou seja, veem-no como um líder que merece ser seguido. Claro que se lhe perguntarem o que é que o Ventura pode fazer por ela, não saberá dizer. Isso já é uma segunda derivada e o raciocínio não vai tão longe. Se lhe perguntarem também em que é que os 'poderosos e corruptos' de que o Ventura tanto fala a prejudicam, claro que também não saberá o que dizer. 

O Ventura navega nestas águas turvas da ignorância, do ressabiamento, da ilusão. Em bom rigor, de concreto ele não promete nada. Aliás, de concreto, ele não diz nada. Limita-se a apresentar-se como um líder, o que está aqui para salvar os descontentes, o enviado de Deus, o que vai vingar os que se sentem prejudicados. As pessoas acreditam nele sem precisarem de provas, tal como acreditam em Deus sem precisarem de provas ou tal como, antes, acreditavam no PCP sem cuidarem de saber em que país é que aquele modelo comunista funcionava. As pessoas que votam no Chega, em larga maioria, fazem-no por uma questão de crendice, de fezada.

Numa reportagem de há pouco tempo, um pastor evangélico, no Seixal, um que aluga quartos num armazém sem condições, dizia que recomendava o voto no Chega. Os iguais reconhecem-se.

Porque é que nestes subúrbios há tantas igrejas maná, evangélicas, do sétimo dia e coisas assim? O que é que aqueles pastores fazem pelas pessoas? Nada. Ficam-lhes com o dinheiro e prometem coisas, umas divinas, outras estratosféricas. E as pessoas acreditam, gostam.

Não sei como se combate isto. As pessoas com ética, com sentido de responsabilidade, honestas, não recorrem à mentira, às promessas vãs, não se prestam ao papel de fazerem vídeos estúpidos, manipulados ou falsos, apelando à vingança ou  difundindo mensagens xenófobas ou racistas, nem usam a ignorância das pessoas para explorarem as suas emoções, os seus medos, os seus anseios. Ou seja, as pessoas decentes não são capazes de usar as mesmas 'armas' que os populistas. No fundo, o terreno está livre para que os do Chega, os das igrejas alternativas ou outros movimentos do género, possam ocupá-lo e aproveitar a crendice, a ingenuidade ou os ressabiamentos de quem ali se sente entre iguais.

Como se explica a uns e a outros, ao milhão e trezentos mil que votaram no Chega, que o que está a ser feito no País é isto e aquilo, que há contas e orçamentos, que, no caso dos que ganham menos, não pagam impostos e podem usufruir de tudo (hospitais, escolas, policiamento nas ruas, etc.) sem pagarem nada. ou que há um défice demográfico no País e os imigrantes são necessários, úteis e deveriam ser recebidos de braços abertos? 

Como falar com pessoas que não querem ouvir coisas 'complicadas', cujo tempo de atenção se esgota com uma frase de cinco palavras, que não querem saber da ética dos líderes que adoram? Que apenas querem imaginar um eldorado em que elas serão tratadas como princesas com tudo a que têm direito e eles serão machos, viris, ricos, com grandes carrões?

Aqui, em França, na Alemanha, em Itália, nos Estados Unidos... agora ou há cem anos... como se combate o populismo? 

Acresce a isso, a circunstância presente, ubíqua, desregulada: como se combate o efeito nefasto das redes sociais?

Não sei.

Ou será que nem vale a pena matar a cabeça a tentar matar a charada? Será que é esquecer esta franja que sempre votará irracionalmente? Ou não? Será que deve é haver um pacto entre a comunicação social para não dar cobertura aos populistas? Ou quem está no Governo deve, simplesmente, focar-se em resolver problemas concretos e divulgar eficazmente a sua resolução? Ou não é bem isso e o melhor mesmo é ser-se capaz de criar uma utopia -- mas uma utopia realizável -- e deixar que as pessoas que precisam de acreditar em miragens tenham algo com que sonhar... e depois concretizar esses sonhos?

Em paralelo, enquanto se pega pelos cornos (ou de cernelha) o populismo, tentando impedir que cheguem mesmo ao topo, há que construir uma alternativa. Vi na TVI uma caracterização do eleitorado do Livre e da Iniciativa Liberal: um alinhamento entre escalões etários (gente mais jovem do que nos outros partidos) e formação académica (largamente com formação superior). Reforçou a minha convicção de que o futuro passa por aqui. Tivesse eu menos uns quantos anos e era bem capaz de fazer de tudo para explorar as convergências entre eles e tentar arranjar uma plataforma que fosse o motor de um movimento progressista, dinâmico, arejado, que atraísse mais gente, que gerasse iniciativas agregadoras, que avançasse com propostas de melhoria nos diversos sectores da sociedade, que mobilizasse mais gente para participar na construção de novas propostas de acção.

Enfim. Ando para aqui às voltas, preocupada com o mundo cada vez mais estúpido, disfuncional e distópico em que vivemos.

Vou ver se durmo melhor esta noite. E vou ver se, durante o dia, me entretenho mais a olhar e a fotografar as florzinhas que estão por todo o lado. Estão viçosas, lindas, os campos estão cobertos, felizes da vida como se a os temas da política lhes passassem totalmente ao lado.

sexta-feira, maio 02, 2025

Gatinhos made in heaven

 

Claro está que, mal tomei o pequeno-almoço, fui, pé ante pé, atravessando um canteiro (no qual tinha plantado na véspera um medronheiro e uma murta), espreitar a mamã-gata e os seus bebés-gatinhos. Numa das passagens para aquele espaço o meu marido colocou uma espreguiçadeira dobrada e uns paus, para evitar que o cão por lá passe e, num outro lado, mais largo, colocou uma rede. Se não fosse isso, os pobres gatos não teriam sossego. O nosso guardião, à falta de rebanhos para guardar, guarda-nos a nós e, à falta de lobos ou outras ameaças, atira-se a tudo o que mexe. Sempre que a pobre gata se aventura para fora do seu esconderijo, provavelmente para procurar alimento, o cão-segurança atira-se a correr e a ladra, ladra, furibundo, pronto para resolver o assunto de qualquer maneira. Felizmente a gata é ágil. 

Mas, então, dizia eu, pé ante pé, lá fui. Subi para um banco de pedra e filmei (publiquei uma story no Instagram) e fotografei. A gata põe-se a olhar fixamente para mim enquanto estou naquilo, e eu percebo-a. Se eu visse algum lobisomem a rondar-me a mim e às minhas crias fazia o mesmo: embora sentindo uma certa impotência, não deixaria de atacar quem se aproximasse, possivelmente para roubar ou atacar alguma cria. Os gatinhos, em contrapartida, ignoram-me. Mexem-se encostados uns aos outros, um passou por cima da mãe e foi pôr-se do outro lado. Ainda não têm noção dos perigos.

Olho-os enternecida, maravilhada. São de uma fofura extrema. E acho a gata, pintalgada, um verdadeiro encanto. E pelo menos dois dos gatinhos parecem ter saído à mãe. Engraçado que um me pareceu todo preto e outro todo branco. A natureza é uma conjugação de milagres, de maravilhas, de coisas incompreensíveis e de uma beleza extraordinária.

Pareceu-me que são seis, os gatinhos. 


O pior é que, à tarde, quando lá voltei já só vi dois. O meu marido diz que talvez estejam escondidos no meio daquela tralha, mas andei a espreitar e só vi estes dois, espantados, imóveis. Um deles parece que tem uma máscara. Só visto. Só me apeteceu pegar neles, aconchegá-los, trazê-los para casa, arranjar-lhes uma caminha quentinha, pôr leitinho num pratinho. Mas claro que não fiz isso, acho que seria pura maldade. Estão certamente muito melhor com a sua mãe e com os irmãozinhos. 

De qualquer forma, receio que a mãe-gata, temendo as minhas intenções, tivesse pegado já em alguns e estivesse a levá-los para um lugar menos exposto aos meus arroubos fantasiosos ou às minhas sessões de paparazzi. 


De que se alimentará a mãe-gata? Ratinhos? Há séculos que não vejo nenhum. Outros bicharocos? E encontra-os sempre por lá? Nunca me apercebo de perseguições, caçadas. A vida dos animais in heaven surpreende-me. E ocorreu-me que, se há gatinhos, então, para lá da gata, há também, com certeza, um gato. Mas que será feito dele?

Só espero é que vão todos ficando por lá. O paraíso deve ser isto. Flores, animais, canto dos pássaros, ar puro, uma paz que se se impregna em nós.

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Claro que, talvez por tudo isto, porque nos habituamos a um certo grau de pureza, o nosso grau de paciência para com os disparates da Clara Ferreira Alves nos deixam transtornados.

segunda-feira, abril 07, 2025

No reino da beleza

 

Desde que frequento as agitadas paragens do Instagram deparo-me com milhares (quais milhares... certamente milhões, biliões, zetaliões) de coisas. Cada um mostra ali o melhor que sabe e pode, ou o que lhe apetece, ou sabe-se lá o quê. Mil obras de arte, mil arranjos florais, mil restauros de móveis, mil maneiras de parecer mais nova, mil maneiras de parecer bronzeada, mil maneiras de cortar o cabelo, mil exercícios e mil dietas para perder barriga, mil maneiras de fazer bolos sem ir ao forno, mil maneiras de fazer panquecas, mil livros, mil citações, mil gracinhas do cão, do gato, dos filhos, mil arco-íris, mil decorações de nails, mil, mil, mil de tudo e tudo elevado a um expoente que transforma os mil em muitos, muitos mil.

Apercebo-me, como se me pusessem uns óculos de realidade aumentada, excessivamente nítidos, quase insuportavelmente saturados, que há gostos para tudo, conceitos díspares a propósito de tudo, teorias para tudo. Não que não o intuísse, não que não o soubesse da minha vida real. Mas a amostra era curta: era apenas a realidade que eu conhecia. Agora a amostra é o mundo. Aparecem-me imagens e vídeos e palavras de todo o mundo.

E, no entanto, se, ao fim do dia, eu quiser dizer o que é que me ficou de tudo o que vi, vou ter a maior dificuldade. Talvez fiquem umas palavras límpidas ou uma pintura singela de alguém que já conhecia de outras paragens e que fui ali encontrar, talvez as imagens genuínas e as palavras espantosamente sinceras e simples da Gina, talvez uma forma engraçada de dobrar camisolas com capuz.

Mas aquilo é o mundo. Uma tremenda cacafonia em que parece que o que é mesmo relevante se esbate no meio de tanta exposição.

Fica-me, isso sim, a vontade de silêncio, de alguma reclusão, de regresso às origens, às flores, à terra molhada, ao canto dos pássaros, a vontade da amabilidade sincera, simples, autêntica, a saudade de palavras transparentes.

Debruço-me, então, e vou em busca de uma pedra, de um cogumelo, de um líquen, de uma gota de água a escorrer de uma folha, do reflexo de uma nuvem na água que fica sobre a terra.

E depois é isso. Só isso. O reino da beleza das coisas simples. E chega-me.



quarta-feira, novembro 06, 2024

Só não digo que os cogumelos in heaven são lindos de morrer, porque, enfim, andamos a apanhá-los à força toda para que não aconteça nenhum desastre.
Também há o tema da grande vitória do Sporting que é de gritos.
Depois há a expectativa do caraças sobre os resultados das eleições nos States.
Para me manter serena, vou antes ver a casa de Taís Araujo e Lázaro Ramos

 

Como tem sido hábito nestes últimos dias, o meu marido, depois de ter tomado o pequeno-almoço, foi para o campo com uma pequena pá e um balde apanhar cogumelos. Quando chegou, vinha a bufar, que estava farto da m.. dos cogumelos, que rebentam da noite para a manhã seguinte, que não se dá conta de tanto cogumelo.

Depois estava a chover e não pude ir andar por lá. 

Quando fui, para onde deitava o olho, via um cogumelo. Acho que nascem de hora para hora. 

Voltei para trás para buscar a pá e o balde e fui eu apanhá-los. O meu marido já me tinha dito: ao princípio, nos primeiros dias, apareceram os grandes cogumelos castanhos e os brancos, agora estão a aparecer cor-de-laranja e amarelos. Já ontem os mostrei. Pois, não imaginam. Hoje, quase só desses coloridos mas em tamanho pequeno. Uma gracinha de cogumelos. Parece que brotam a todo o instante.

Tirei uma fotografia a uns quantos já dentro do balde, a fotografia que está lá em cima. Não são tão lindinhos?

Na fotografia estão sujos pois quando enfio a pá, enterro um bocado para apanhar o pé e, portanto, depois trago também a terra, os musgos.

Tirando isso, posso dizer que o meu marido está contentíssimo com o resultado do Sporting. É obra.

Quanto às eleições nos Estados Unidos, espero mesmo que ganhe Kamala Harris e que ganhe por uma margem que não permita ao alarve-mor vir com as suas habituais e prometidas patranhas.

Neste compasso de espera, se me permitem, vou antes entreter-me a ver casas bonitas. E esta, aqui abaixo, é uma maravilha. Um apartamento amplo, luminoso, tranquilo, com móveis com um belo design.

Taís Araujo e Lázaro Ramos abrem o seu apartamento muito brasileiro 

| CASA VOGUE

[Por defeito, acho que vem dobrado em inglês. Para falar com a voz deles é escolher o português, no audiotrack nas definições]

E que os próximos dias nos tragam e confirmem boas notícias

Be happy

terça-feira, novembro 05, 2024

Terra maravilhosa
- E receita de arroz de feijão com picadinho e quiche de frango e espinafres --

 


Choveu que deus a deu. Mal deu para sair de casa. Ao fim do dia, então, foi torrencial. O maluco do cão andava sabe-se lá por onde. O meu marido chamou por ele e nada. Mas com o barulho da chuva, estando ele longe, dificilmente ouviria. Passado um bocado apareceu. Escorria. Um pinto.

De tarde, estávamos na sala, sentados no sofá que dá para a rua. O meu marido, então, exclamou: 'Olha ali, um esquilo.' Mas, com a chuva e sem saber exactamente onde, não vi. Passado um bocado o meu marido viu outra vez. Andava nos cedros. O meu marido acha que eram dois.

Pouco depois, vi um vulto a dar um grande salto na pedra grande aqui ao pé da porta. Levantei-me para tentar confirmar mas já não o vi. 

Por debaixo dos pinheiros há pinhas roídas como nunca vi. Tantas, tantas. Ou andam esfomeados ou são vários. 

Mas talvez ainda mais extraordinário são os novos cogumelos. 

Nascem todos os dias. O meu marido levanta-se cedo e vai apanhá-los. Com a Lens do Google temos visto que vários são venenosos e, por isso, não vá o cão algum dia sentir algum interesse, é melhor não os ter por aí. Claro que o meu marido já anda saturado pois apanha baldes e baldes deles. A curiosidade é que, embora ainda haja dos marrons e brancos, agora aparecem amarelos, cor de laranja, cor de coral. 

E são vibrantes, brilhantes, aparatosos. Lindos. Estes aqui acima bem como o último, lá mais abaixo, já tinham sido arrancados pelo meu marido. Fotografei-os antes de serem levados.

Como é que da terra brota tal quantidade e variedade de seres extraordinários? O que há no subsolo para estas maravilhosas criaturas lá serem geradas desta maneira, tão perfeitas, tão coloridas?





Ando à chuva, a ver tudo isto, a fotografar, encantada com os pequenos filamentos de musgo, as inocentes folhinhas verdes, os líquenes, os pauzinhos, tudo. 

Tirando isso, fiz um arroz de feijão com picadinho para o almoço.

Fiz assim. No outro dia tinha comprado igual quantidade de carne limpa de vaca e outro tanto de porco, tendo pedido no talho para picar 1 vez. Foi para fazer hambúrgueres recheados de queijo para os meninos. Mas era carne a mais e, por isso, não usei toda e congelei o que não usei.

Hoje, numa frigideira coloquei um pouco de azeite, uma cebola picada, uns 3 ou 4 dentes de alho, salsa picada, 1 folha de louro. Quando alourou um pouco, juntei um tomate aos bocados, uma mini, e a carne, entretanto descongelada. Temperei com um pouco de sal e um pouco, mesmo pouco, de açafrão-das-índias. 

Entretanto, para outro fim, tinha a cozer, 2 peitos de frango do campo.

Quando o frango estava cosido, deitei o caldo no tacho do arroz. No conjunto, a olho, calculei que o caldo que estava no tacho deveria ser o equivalente a 2 copos. Juntei, então, 1 copo de arroz. Já sabem que uso geralmente o basmati. Acho mais saboroso e mais fiável.

Quando o arroz estava quase, juntei 1 frasco inteiro de feijão encarnado cozido com caldo e tudo (mas quase não tem caldo). Este foi do Lidl. É bom. Misturei.

Quando o arroz estava cozinhado, desliguei. Coloquei um fio de azeite e deitei umas esguinchadelas de vinagre. E, com um garfo, misturei ao de leve. Ficou a apurar. Ficou bom (modéstia à parte).

Claro que sobrou mas é da maneira que esta terça-feira não preciso de cozinhar. Até porque, para o jantar, fiz quiche de frango e espinafres e sobrou bastante.

Esta fiz assim.

Liguei o forno no máximo. Tinha comprado uma embalagem de massa quebrada já estendida. Untei uma forma com azeite e orégãos. Forrei-a com a massa. Piquei e levei ao forno, colocando o formo em 180º.

Entretanto, desfiei os peitos de frango. Numa frigideira, coloquei um pouco de azeite, uma cebola grande às rodelas e fritei-a ao de leve. Juntei, então, uma embalagem inteira de espinafres folha baby e volteei-os com um pouco de sal. Com o lume baixo, coloquei uma tampa, apenas para não irem inteiramente crus ara a tarde. Mas tive-os lá coisa de uns cinco minutos, se calhar nem tanto.

Num copo misturador, juntei 4 ovos inteiros, um pacote de natas light, umas pedrinhas de sal e também uns pós de perlimpimpim de curcuma (coisa que dizem que é super saudável). Bati, mas não é preciso muito, 1 minuto chega.

Tirei então do forno a forma com a massa já um pouco cozinhada. Coloquei o conteúdo da frigideira, depois o frango desfiado e, a seguir, os ovos com as natas. Tapei com queijo ralado, 1 embalagem. Polvilhei com orégãos e coloquei um fio de azeite.

Foi ao forno a 180º. Cerca de 30 minutos.

Boa. Comemo-la ainda quentinha e acompanhámos com salada.

Sobrou, claro. Com sorte, entre a quiche e o picadinho, com salada à mistura, ainda sobra alguma coisa para quarta-feira...

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Lá em cima Dinah Washington interpreta What Difference A Day Makes

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Desejo-vos uma bela terça-feira

Boa sorte para todos

[E, claro, que ganhe a Kamala Harris]

segunda-feira, outubro 28, 2024

O tempo dos cogumelos

 











Hesitei ao dar o título a este post. Pensei em escrever 'o tempo da magia'. Para mim, o que se passa é mágico. Até há pouco tempo a terra estava seca. Agora, com as chuvas, todos os dias dela irrompem estes pequenos seres. 

Já ontem aqui falei neles. Aliás, todos os anos, por estas alturas, falo deles. Fascinam-me. Nascem já feitos. Vêem-se a levantar a terra e as folhas secas que têm em cima. Se são grandes, nascem logo grandes. E, apesar de virem de dentro da terra molhada, vêm limpos. Os brancos, por exemplo, vêm imaculados. Dá ideia que depois sacodem os grãos de terra pois aparecem polvilhados mas depois ficam limpinhos.


E, com o auxílio da Lens do Google, já vi que tenho cá uns lindos branquinhos que são super-venenosos, nomeadamente os que aqui mostro. Vamos ter que arrancá-los pois embora o nosso cão nunca tenha mostrado interesse por cogumelos, não fico descansada enquanto eles ali estiverem.

Alguns, no dia ou dias seguintes, aparecem com bocados a menos, presumo que haja quem ande por ali a banquetear-se.




A propósito, há bocado fiz iscas para o jantar. Quando ia cozinhar, resolvi ir apanhar umas folhinhas de louro e um pé de alecrim. Mas, com a mudança da hora, já era de noite. Liguei a lanterna do telemóvel e lá fui. Pois bem, digo-vos: fez-me um bocado de impressão. Ao pé de mim, ouvi correr. Não sei se era gato, coelho ou outro bicho mas nitidamente ouvi uns pezinhos a correrem ao meu lado. Depois uns barulhinhos não identificados. Voltei rapidamente enquanto pensava que para a próxima tenho que me abastecer durante o dia. Nem tão cedo me apanham em incursões nocturnas...

Mas não é só da terra que irrompem os cogumelos. Até das nesguinhas de musgo que se formam de  pequenas brechas nos caminhos de pedra eles nascem. Uma coisa extraordinária (mágica, não é?)

Depois, ou porque são comidos ou porque secam, ao fim de poucos dias desaparecem. Nem fica rasto deles.

Fiz não sei quantas fotografias. Encanto-me.

E, ao fim do dia, com o sol dourado por entre as árvores, foi aquela paz que me invade e que me deixa feliz e agradecida.


E portanto, para resumir, o que posso dizer é que por aqui ando, tranquila, descansada e bem disposta, um misto de estar de férias, de ser turista e de ser uma criança à descoberta de tudo.

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira.

Saúde. Boa disposição. Paz.

terça-feira, outubro 15, 2024

O primeiro cogumelo, um pesadelo, o stress de domingo de manhã.
E, para um momento simpático, a bela casa de Daniela Mercury e Malu Verçosa

 

Já vi um primeiro cogumelo grande e, por sinal, já um pouco danificado. Antes já tinha visto alguns pequeninos, surgidos com as primeiras chuvas. Mas este prenuncia que muitos mais estão para vir. Isso enche-me sempre de felicidade pois vejo como esta terra se fez mulher, parideira, fértil, generosa, dando vida a muitos seres.

E choveu muito. Estávamos na rua quando desabou uma carga de água. O cão chegou a casa feito um pinto. E depois foi a tourada do costume primeiro que me deixasse limpá-lo: tenta arrancar-me a toalha, salta, rodopia, põe-se de pé com ela na boca. Uma festa.

Mas, tirando esse momento de super energia, como em todas as segundas-feiras em que, no domingo, temos a casa cheia, o cão só quer dormir. Assim estou eu. É que, ainda por cima, acordei muito cedo com um pesadelo e depois não voltei a adormecer. Foi outra vez aquela cena em que desespero com o que tenho para fazer temendo não me despachar a tempo. Desta vez estava fora, tinha ido em serviço. No dia de vir embora, uma carrinha ia buscar-nos para nos levar ao aeroporto. E eu não dava a mala feita. As coisas não cabiam na mala. E encontrava camisolas e casacos do meu marido e não percebia como era possível, achava que tinha trazido, por engano, uma mala dele. Por isso, as minhas coisas não cabiam. Depois, para me maquilhar, ia a uma casa de banho no corredor pois tinha espelhos e luz. Mas estava cheia, tinha que desistir. Depois não tinha tempo para tomar o pequeno almoço e tinha visto uma mesa que devia ter sido de pequeno-almoço descentralizado, no hall junto aos elevadores, mas já só tinha pastéis de nata. Eu ao pequeno almoço só como fruta e iogurte mas não tinha outro remédio senão comer um pastel de nata. E já estava na hora da carrinha partir e eu ainda tinha a mala por fechar, queria lavar os dentes, arranjar-me minimamente e não conseguia. Quando acordei ainda estava nesta azáfama e a tentar perceber como é que tinha tanta roupa do meu marido na minha mala.

Enfim. isto deve ter sido porque no domingo, precisando eu do forno para os meus cozinhados, o meu marido, que tinha resolvido fazer uns bolos que viu no programa da Joana Barrios no 24 Kitchen, ainda estava de roda deles quando fui para a cozinha e mobilizou o forno para ele, fazendo com que os meus tabuleiros só fossem para o forno quase uma hora depois da hora que eu queria. Gosto de fazer tudo antes da hora para, quando o pessoal chega, estar tudo pronto, pratos, acompanhamentos, molhos, saladas, frutas, etc. E, portanto, fiquei em stress com os meus planos atrapalhados. E gosto de estar sozinha, a mexer-me de um lado para o outro e não tê-lo a lavar louça quando preciso de lavar legumes. Portanto, deve ter sido isso que me deu a volta ao miolo e, de noite, deu naquela confusão.

A ver se amanhã ou outro dia conto como fiz os rolos de carnes, um recheado com maçã e farinheira e outro com mozzarella fresca e transparências de bacon. E também os doces que o meu marido fez. Hoje estou cheia de sono...

Mas, antes de desligar o computador, deixo-vos com a simpática casa do simpático casal Daniela Mercury e Malu Verçosa. É sempre bom visitarmos uma casa bonita.

Tour pela casa repleta de afeto de Daniela Mercury e Malu Verçosa | CASA VOGUE


quarta-feira, agosto 14, 2024

É verdade. Têm razão. São vespas! São vespas!

 

Hoje mais um monte delas. Não percebemos por onde entram em casa pois, quando damos por elas, já estão a voar ou pousadas lá dentro. O meu marido inclina-se para a chaminé da cozinha pois há sempre na cozinha. Estivemos a espreitar pela chaminé e não vimos nenhum ninho mas a chaminé tem uma inclinação e não se consegue ver até lá acima. Se calhar tem que se ir ao telhado.

Mas também há na sala de televisão, é onde têm aparecido mais, em especial mortas. Mas podem ir da cozinha para lá, claro.

Também poderia ser pela chaminé da lareira mas nunca vimos nenhuma perto da lareira. A menos que desçam por lá e rapidamente voem para outro lugar.

Fotografei duas, infelizmente já cadáveres. Fotografá-las vivas e em movimento é impossível.

Esta é a que eu acho que estava falecida há pouco tempo

Esta é a que já estava ressequida

A primeira é daquelas que encontrei já mortas sem ser mortas de fresco (hoje na cozinha encontrei umas múmias num parapeito alto) e a segundo também estava morta mas devia ter morrido há pouco tempo pois eu tinha lá estado e não a tinha visto. 

Fiz upload das duas fotografias (que, infelizmente, não estão muito nítidas) para o ChatGPT e perguntei: 'O que é?'. A resposta que obtive foi a seguinte:

As imagens mostram vespas mortas.

Pela aparência, parecem ser vespas europeias ou vespas asiáticas. Aqui estão algumas características que podem ajudar na identificação:

  1. Vespa Europeia (Vespa crabro):

    • Tamanho grande, geralmente entre 2 e 3,5 cm.
    • Abdômen com faixas amarelas e pretas, mas não tão brilhantes.
    • A cabeça é grande, com mandíbulas robustas.
    • O corpo tem uma coloração amarelada ou marrom-avermelhada.
  2. Vespa Asiática (Vespa velutina):

    • Menor que a vespa europeia, geralmente entre 2,5 e 3 cm.
    • O corpo é em grande parte preto com uma única faixa amarela no abdômen e uma face amarela ou laranja.
    • As pernas são em grande parte pretas com as extremidades amarelas.

Essas vespas são conhecidas por serem agressivas quando provocadas, especialmente se sentirem que seu ninho está ameaçado. É importante ter cuidado ao lidar com esses insetos. Se encontrar vespas em grande número, é recomendado entrar em contato com especialistas para o controle.

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Tentei afinar um pouco a imagem da primeira e pedi ao ChatGPT para ver melhor. 

A resposta foi:

A imagem mostra uma vespa, e ao observar com mais detalhes, parece ser uma Vespa crabro, conhecida como vespa europeia ou vespa gigante europeia.

Características que suportam essa identificação:

  • Tamanho grande.
  • Corpo com listras amarelas e pretas no abdômen.
  • Cabeça grande, com mandíbulas proeminentes.
  • Coloração marrom-avermelhada na cabeça e no tórax.

A Vespa crabro é a maior espécie de vespa na Europa, e apesar de seu tamanho intimidador, é menos agressiva do que outras vespas menores, como as vespas comuns. No entanto, como todas as vespas, pode ser perigosa se seu ninho for perturbado.

Se encontrar várias dessas vespas, é recomendável manter distância e, se necessário, contatar profissionais para remoção do ninho.

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Será caso para contactarmos a Câmara ou a Junta ou a Protecção Civil ou isso será apenas quando se suspeita que são vespas asiáticas?

Ou elas desaparecerão por si? 

terça-feira, junho 25, 2024

As muitas Meryls
-- com orégãos e com um animal-mistério a despropósito

 

Não me lembro se a primeira vez que a vi foi no Kramer vs Kramer ou se foi em A amante do tenente francês. Sei que, desde sempre, fiquei fascinada com a sua capacidade de encarnar personagens, sempre com uma intensidade tal que parece que ela é os personagens que representa. Mas, ao mesmo tempo, parece haver nela uma leveza extraordinária, uma graça, uma espontaneidade. Podem ser exigências díspares, pode ser necessário ser o oposto do que foi na última vez mas, em todos os seus papéis, ela está inteira, de corpo e alma.

E agora que estou a escrever, lembrei-me do The deer hunter (que em Portugal acho que era 'O caçador') que creio que também foi dos primeiros. Ou em Manhattan?

Lembrar-me-ei sempre dela no pungente A escolha de Sofia ou no terno e romântico As pontes de Madison County ou no maravilhoso Africa minha ou no divertido O Diabo veste Prada. Ou a fazer a incrível Margaret Thatcher na Dama de Ferro.

E noutros.

Além disso, Meryl Streep, 75 anos feitos esta semana, não é apenas um nome grande do cinema (e também canta...): ela tem sabido usar o seu prestígio para divulgar causas como a da democracia e da cidadania informada ou a dos direitos das mulheres no cinema e não só.

O vídeo abaixo mostra-a em diversas actuações e numa gostosa entrevista.

(Dá para pôr legendas, claro, mas, neste caso apenas daquelas geradas automaticamente o que, já se sabe que, por vezes, são sai lá muito bem)

Meryl Streep: "The Many Meryls" | 60 Minutes Archive


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Enquanto ando, não resisto a ir apanhando mais uns pezinhos de orégãos. Tão bonitos. Hoje até me lembrei de que se um dia voltar a casar-me poderei levar, como bouquet, um molho de orégãos (e, no copo de água, servia caracóis, claro).


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Já agora um mistério. O meu marido, quando andou a caminhar de manhã, encontrou outra vez um esquilo. Estava a andar. Por aí, começa a ser normal. Mas diz que, quando ia a passar ao pé de uma casinha de arrumos que temos cá em cima, não muito longe da casa, ouviu um barulho e, quando se virou, viu o vulto de um bicho grande que se enfiou no meio dos arbustos. Diz que lhe pareceu maior que esquilo ou gato mas não conseguiu perceber o que era.

Foi numa altura em que o nosso cãobeludo de guarda estava em casa pelo que não houve perseguições. 

Resta saber, pois, que bicharada por aqui anda. 

Hoje, por exemplo, estava a cozinhar e no tronco da figueira que está à frente da janela passeava-se um animal que parecia vindo dos Galápagos, nem sei se seria lagarto, se big lagartixa esbranquiçada e escamosa com umas patas de impor respeito. Ou, quando ia lá em baixo, senti o que me faz arrepiar, uma bicha a rabiar no chão, ondulando: uma cobra.

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Dias felizes

domingo, junho 16, 2024

Filho de Betty Grafstein ainda não pagou conta hospitalar de cerca de 50 mil euros e está a tentar negociar a dívida
Diz o bem informado Correio da Manhã. E a turma da Noite das Estrelas comenta

 

Ao pesquisar uma coisa no google no meu telemóvel, aparecem-me notícias. Desta vez, a primeira, nem que de propósito, era que a Teresa Guilherme estava muito admirada por Lady Betty ter deixado uma dívida de 60.000€ na CUF

Nem de propósito. Quando entrou, certamente, Lady Betty, ou alguém por ela, teve que pagar uma caução. Provavelmente qualquer coisa na ordem dos 2.500€. Portanto, dos 50.000€, na volta, a CUF apenas viu esses 2.500. Isto, a propósito do Caro Comentador Ccastanho ter dito, e eu percebi que estava escandalizado com isso, que, quando foi internado, solvo erro para uma cirurgia, teve logo que pagar uma caução. Pois.

Agora, segundo li, o filho da Senhora Dona Lady está a tentar negociar... Não sei o que é que há para negociar numa conta de hospital. Na volta quer pagar a prestações ou está a pedir desconto. E este é um dos problemas com que os hospitais (tais como muitas outras empresas) se debatem: os calotes.

Abri o vídeo que me aparecia mas, salvo erro, só consegui ouvir até um comentador, de nome Rui Figueiredo, falar pois não consegui ouvir mais. Tirando a Teresa Guilherme que conheço e a apresentadora Maya, não sei que dois são aqueles que ali estão. Qualquer gato-sapato é chamado à televisão para opinar. Assim se (de)forma a opinião pública. Mas, então, dizia o rapaz que não compreendia porque é que a CUF não tinha cobrado logo à saída ou a tinha deixado sair sem pagar. Falava como se quem fosse de censurar não fosse quem se prepara para deixar uma dívida mas, sim, quem vai ficar a arder.

Ora bem.

Em termos práticos. Verbas desta ordem (esteve internada mais de um mês, deve ter feito inúmeros exames, deve ter feito fisioterapia, foi acompanhada até aos Estados Unidos por um médico e por um enfermeiro, etc,, pelo que os gastos devem mesmo ter sido exorbitantes) frequentemente não se conseguem pagar via multibanco. Pode também acontecer que não se tenha toda essa verba à ordem e tenham que mobilizar depósitos a prazo ou outras aplicações. Claro que quem tem um familiar internado num hospital privado deve tratar de tudo isso antes que a pessoa tenha alta. Mas sabemos que este caso é atípico. De qualquer forma, com gente séria, é normal que mandem a factura para casa e que as pessoas as paguem. Mas há gente que não é séria.

Mas, voltando ao espanto, de terem deixado a senhora sair sem ela pagar... O que sugeriria o dito Rui Figueiredo? Que a CUF não lhe desse alta? Que a forçassem, se fosse preciso sob ameaça, a dar o código do multibanco... ? Que a forçassem a ficar internada? A fazer mais despesa...? 

Claro que não. Quando a pessoa tem alta tem que se deixar sair até porque as camas fazem falta para outros doentes e, de resto, nestes casos, ficar mais tempo é incrementar a dívida.

Acho que desliguei quando ouvi alguém a interrogar-se porque é que a senhora não tinha um seguro. Mais uma vez, uns pseudo-comentadores demonstrando que não têm vida, mundo, conhecimentos do que quer que seja. Não sei se a Dona Betty tinha seguro, se não tinha. Mas um seguro de saúde tem um tecto para cada tipo de despesa. Para algumas, nem sequer há cobertura. Se ela tivesse seguro, poderia, por exemplo, não cobrir internamento. Ou poderia ter e o limite já ter sido excedido com internamentos anteriores. Ou poderia excluir internamentos por certas condições como, por exemplo, por violência doméstica. Além disso, os seguros são caríssimos para pessoas de idade e algumas seguradoras nem têm sequer seguros para pessoas com mas de 60 anos. Podem ter planos de saúde, que dão descontos em algumas coisas mas não cobrem internamentos.

Ou seja, sabendo que uma pessoa de idade tem algumas probabilidades de ter internamentos e cirurgias o que pode vir a traduzir-se em muita despesa, as seguradoras, que também são empresas que não querem ir à falência, também se cortam.

Ou seja, só o SNS não se previne contra calotes, contra despesas desmedidas. Na prática, é sempre a abrir. De cada vez que há pessoas a fazer cirurgias caras, a fazer tratamentos muito caros, a ter que estar internadas nos cuidados intensivos durante muito tempo, etc, etc, aparece sempre dinheiro para fazer face a qualquer despesa, aparece sempre dinheiro para aumentar médicos, para pagar horas extraordinárias, para pagar fortunas pelos contratos de manutenção dos equipamentos médicos em especial os mais caros como os de imagiologia, para pagar medicamentos, alguns dos quais caríssimos. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o dinheiro não sai de um saco sem fundo.  Os montantes de que o SNS dispõe para fazer face a todos os imponderáveis não são ilimitados. Parecem... mas não são. 

Não será por acaso que uma das maiores fatias dos impostos cobrados vai para a Saúde: 22% 


Com uma população envelhecida e felizmente a viver muitos anos (mas com pluri-patologias e a requerer frequentes cuidados médicos), se a área da Saúde não for criteriosamente gerida não apenas vai ter falhas permanentes e cada vez potencialmente mais graves como vai ser um incrível sorvedouro de dinheiro.

[A componente da Protecção Social também é preocupantemente alta. Aqui a demografia é também um desastre: com uma natalidade continuadamente muito baixa, com muita gente nova a emigrar e com uma população muito envelhecida, é imprescindível que haja mais gente a fazer descontos (TSU), mais imigrantes a trabalhar e a fazer descontos em Portugal, é preciso que a economia se aguente e dinamize para haver poucos subsídios de desemprego, é preciso que se auditem bem as actividades que não descontam para a Segurança Social (ou que descontam pelos mínimos dos mínimos) e que se traduzirão em pensões e subsídios para os quais não existiu a contrapartida dos descontos]

Enfim. Um tema inesgotável.

Mas é fim de semana e não vos maço mais. Conto apenas mais duas coisas:

1 - A andar por aqui, sempre encantada (embora levemente apreensiva pois a natureza, quando pujante, tem uma força difícil de controlar), encontrei uma flor inacreditável. 


Nunca tal tinha visto. Já coloquei o pé que veem numa jarra aqui na sala. Recorri à app que permite a identificação de espécies e aqui está: lomelosia stellata

A perfeição, a delicadeza, a beleza desta flor parece-me uma coisa do outro mundo

2 - E andava nisto quando vejo, a meu lado, um esquilo a descer do pinheiro ao lado do qual eu ia, depois a andar à minha frente e, logo, a subir o tronco de um cedro mais à frente. A meio do tronco parou, ao alto, e ficou a olhar para mim. Com a atrapalhação, levei tempo demais a desbloquear o ecrã do telemóvel e a encontrar o botão da  câmara. Quando estava a postos para disparar já ele tinha subido. Estava lá em cima a olhar para mim. Fofo. Ainda o chamei, bsch-bsch-bsch, como se fosse um gatinho. Mas não o convenci. Não desceu.


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Enquanto escrevo, vejo Marcelo na Suiça e, como sempre, está a dizer coisas. Atrás dele, um a imitar o emplastro. Não sei se viram. Se viram, digam-me se não parecia mesmo.

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Desejo-vos um belo dia de domingo