Cá em casa, jantamos tarde e, porque não conseguimos ver televisão antes, ligamo-la durante a refeição o que, por todos os motivos e mais alguns, não será o melhor acompanhamento - mas, enfim, é o que é. E, portanto, apanhamos sempre com os debates televisivos e com os painéis de comentadores que os canais têm a seguir às nove da noite.
Hoje não foi diferente. Na SIC lá estava aquela insuportável, a Teresa Leal Coelho. Ressabiada, com os pés presos ao passado, manipuladora, querendo fazer passar toda a gente por parva, omitindo os anos de indigente desgovernação PSD e CDS, como se estivéssemos a passar directamente de 2011 para Novembro de 2015 -- a sua conversa é enervante.
Eu, apesar de me irritar ver uma pessoa sem escrúpulos na argumentação, ainda queria perceber até onde a raiva perante o desfecho dos resultados eleitorais a iria levar; mas aquela mulher causa erisipela ao meu marido, mesmo à distância. Começa por ficar incomodado, ao fim de meio minuto já está furioso e, se eu o forço a tal provação, fica possesso não apenas com ela como também comigo. Mudámos, então, para a TVI.
Continuava a 'cena' dos comentários; em todo o lado, toda a gente debate tudo -- o que aconteceu, o que acontece, o que pode acontecer, o que não devia ter acontecido, o que talvez nunca aconteça -- uma coisa insuportável, onde tudo o que é cão e gato opina, ad nauseam, sobre tudo e sobre todos.
Pois bem, lá estava o José Alberto Carvalho a fazer um endoscopia e colonoscopia e toda a espécie de exames invasivos à realidade política actual -- mas isto numa perspectiva escatológica, já quase chegando a fazer apostas sobre a duração do governo (e sei lá que mais). Neste caso, dos três comentadores, dois até eram gente com boa cabeça, um de barba de que não me lembro o nome e que o meu marido diz que é do Expresso e a Constança Cunha e Sá. Mas o terceiro, o João Miguel Tavares, introduziu tamanho ruído, baixou de tal forma o nível da conversa, que todo aquele espaço virou mais uma daquelas cegadas televisivas que de informativo nada tem: só circo, e circo de quinta categoria. Uma insuportável baderna.
Aquele João Miguel Tavares parece que virou o comentador da moda: espalha a sua indigência intelectual pelo Público e pela TVI e cada vez em doses mais abundantes. Não sabe nada, é inculto, é primário, rege-se pela sua fraca experiência profissional, pelos seus fracos conhecimentos e pela obsessão por Sócrates. Hoje, por exemplo, ao falar do processo negocial entre o PS, o PCP e o BE, demonstrou que não faz a mínima ideia de como se negoceia. Mas, vendo os acontecimentos à luz da sua ignorância, opina como se alguém o tivesse incumbido de falar como se fosse a consciência moral do país. Uma coisa absurda. Mas, sobretudo, a criatura parece precisar de apoio clínico pois aquela pancada que tem em relação a Sócrates, é, na prática, uma cegueira doentia que o impede de raciocinar e, até, de se comportar capazmente em sociedade. Quase insinua que os ministros que já trabalharam com Sócrates foram contaminados pela peste negra, e as explicações que dá revelam uma mente (eu ia dizer mesquinha mas não é mesquinha, é pior que isso) deformada, paranóica, intelectualmente lobotomizada.
Agora, face a isto, pela cabeça de quem é que passa ter um doente destes na televisão ou mesmo com uma coluna de opinião no Público? Não consigo perceber quem faz estas escolhas: será o director de informação ou o de entretenimento? É que uma pessoa fica com a sensação que fazem questão de ter sempre alguém que faça o papel de sarrafeiro (agora, enquanto escrevo, enquanto não começa a Quadratura do Círculo, estou a ver o Paulo Rangel que, antes, parecia um sujeito inteligente e que agora se porta como um vulgar trauliteiro; neste momento até está a provocar, com uma deselegância estapafúrdia, a Constança Cunha e Sá), alguém que faça o papel do burro, alguém que faça o papel do pateta, alguém colado à conversa pafiosa e, vá lá, um ou outro bem pensante que, apesar de terem tino, quase desaparecem no meio da sarrafada que os outros para ali armam.
Uma coisa é ter gente culta, informada, emocionalmente equilibrada, para fazer análise política, sociológica, filosófica, o que for - isso é útil, é formativo, traz diversidade às opiniões. Outra é ter as televisões infestadas por uma praga de comentadeiros que denigrem a política, que afastam os cidadãos do cerne das questões, que arrastam para a lama a imagem do jornalismo e o papel fundamental da informação e anulam a importância da discussão sã, elucidada, clarividente.
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De raspão, agora outro assunto.
Mas, enfim, por muito mauzinho que tenha sido o discurso de Cavaco, também não exageremos. Ele e a sua santa esposa poderiam ter feito pior: com a vontade que estavam de estragar a festa, poderiam ter aparecido aos convidados disfarçados de assombrações, a assustar os amigos e familiares dos novos ministros e secretários de estado. Mas não, contiveram-se. Do que tenho ouvido, parece que o senhor se limitou a fazer o que sempre fez: a mostrar os seus maus fígados e os seus genes enviesados.
Mas compreende-se: depois de anos e anos primeiro a ver se dava cabo do Sócrates, depois a andar com o Láparo ao colo, agora a ver se impedia os socialistas de formarem governo, como se podia querer que o senhor agora estivesse?
De raspão, agora outro assunto.
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Um fantasma em decomposição |
E a verdade é que, com isto tudo, ainda não consegui ver o discurso do fantasma do palácio cor-de-rosa nem o discurso de António Costa. Por onde quer que me desloque só apanho comentários. Pode ser que amanhã, cedo, enquanto estiver a comer o meu doce e carnudo dióspiro e o meu kefir com muesli, consiga ver, nos noticiários, aquilo de que já tanto ouvi falar.
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Vesgo e parece que já um bocadinho diminuído, o que se poderia esperar de um senhor que andou tantos anos aos tiros? Tudo tiro nos pés, claro.Portanto, acabou o seu mandato com os pés em sangue, a engolir um sapalhão do tamanho de uma orca, a dar posse a um governo do PS com o apoio do PCP e do BE e, assim sendo, a indigestão que se lhe vê no fácies é permanente e indisfarçável. Coitado. Tenhamos, antes, pena do senhor.
(É que, como disse, a tomada de posse podia ter sido assim)
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Volto aqui só para dizer uma coisa: tenho outro post praticamente pronto mas quero colocar umas fotografias e estou outra vez com o disco a rebentar pelas costuras pelo que vou ter que apagar filmes, power-points e coisas do género e a ver se amanhã de manhã já o publico. Me aguardem.
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Assim sendo, até já e, entretanto, vou já desejando uma bela sexta-feira.