De diferente em relação a aparições diferentes, tenho a destacar o facto de Paulo de Morais ter aparecido de cabelo mais aparado. Menos mal. Aquele capacete capilar distrai a nossa atenção. A mim, pelo menos, distrai: olho para ele e dou por mim a pensar que ele deveria cortar o cabelo bem curto e, se não tenho mão em mim, já estou é a tentar ver como ficaria ele de cabelo à escovinha e, pronto, deixo de o ouvir. Mas depois concluo que não perco nada porque ele diz sempre a mesma coisa.
Tirando isso, nada. Toda a gente normal é contra a corrupção, toda a gente fica chocada com contratos absurdos em que uma das partes tem rentabilidades de 20% sendo a contraparte o Estado, toda a gente quer lisura nos processos públicos. Claro. Mas se as suas ideias se resumem a isso mais vale arranjar maneira de ser convidado para ajudar o Super-Judge Alex ou o Procurador Rosarinho. De um Presidente da República espera-se mais do que alguém que ande permanentemente de bandeira na mão contra a corrupção.
Numa escala de 0 a 10, para aí um 3 ou 4. Não sei nem me parece relevante mas de certeza que o chumbava -- nem que fosse pelo cabelo.
Tirando este número de dizer que sim a tudo e repetir, pateticamente, que já disse o mesmo que os outros disseram e que elogiou os adversários quando eles se pronunciaram e que defendeu o mesmo que os outros defenderam, e outras balelas quase infantis, Marcelo tem uma fixação (e não é de agora): só esteve dois ou três anos à frente do PSD e fala como se tivesse estado durante uma dúzia de anos, tivesse estado à frente de algum governo e tivesse feito reformas de estadão no País. Que nada... Nem ninguém se lembra do que ele fez ou deixou de fazer nessa altura. Parece aquelas mulheres de idade que foram uma vez cortejadas num baile quando eram novas e passam a vida a falar disso como se tivessem tido uma empolgante vida de cortesã, permanentemente cobiçada pela gula masculina e invejada pelas amigas.
Zelig fica preto quando está ao pé dos pretos
Já para não falar que, nesse seu período áureo se envolveu com o Paulo Portas e que, não percebendo que esse era outro que tal, continuou na intrigalhada, acabando com a careca destapada em público pelo pérfido ex-amigo, o país inteiro a saber que é um mentiroso encartado. E, por via disso, saíu pela porta baixa, de rabo entre as pernas e com uma vichyssoise colada à cara para o resto da vida.
Para além dessa sua deriva que correu mal, meteu-se também a concorrer à Câmara de Lisboa e teve o mesmo inglório destino: depois de fazer de tudo para dar nas vistas, acabou objecto de toda a espécie de zombaria e, claro está, perdeu as eleições. Tirando isso não me lembro de mais nada que ele tenha feito de espectacular, tirando isto de andar anos a vender refrescos ao domingo à noite, nomeadamente agora por fim com uma submissa Judite pela frente, dando-lhe as deixas para ele fazer o seu número dominical.
Claro que é professor e, aí, admito que seja um bom professor: não tem contraditório, pode ar asas ao seu lado histriónico e ao seu gosto pelo palco já que está bem é no registo de stand up, stand alone, one man show.
Zelig fica chinês quando está ao pé
de algum chinês
Por isso, andar agora a dar a entender que fez, que desfez, que aprovou, que defendeu, que foi graças a ele que o sol se pôs e que, as pessoas podem não se lembrar, mas até alguns galos continuaram a cantar ao romper da aurora é uma coisa delirante.
Confesso que não tenho visto quase debates nenhuns. Não sei os horários, o meu marido não tem paciência para aturar malucos e eu, para dizer a verdade, não me parece que seja caso para andar aqui à luta com ele para lhe arrancar o comando das mãos.
Mas hoje vi este e fiquei com pena do Marcelo. A continuar assim ou se tem estado assim em todos, ainda acaba a perder as eleições. Parecia o Zelig: papagueou despudoradamente tudo o que o outro disse.
Parece que não tem personalidade nem vontade própria. É tal a vontade de agradar que parece ter perdido a noção do ridículo. Coitado.
Zelig porta-se como um médico e usa jargão médico quando está ao pé de médicos
Marcelo, o Zelig dos tempos modernos, e a miragem de Belém
- (vamos lá a ver se não é mais uma cena de tipo interruptus)
...
Zelig, um dos grandes filmes de Woody Allen
...
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira.
Obviamente que também não vi. De resto, só sei que existiu porque agora ouvi de raspão os dois Pedros (Marques Lopes e Adão e Silva) a falarem disso. Mas também não prestei atenção ao que disseram.
Não quero saber de Paulo de Morais, um tal senhor que, sendo matemático (acho eu que é - mas não garanto), resolveu adoptar a táctica da bissectriz, jogando na equidistância em relação a tudo, ou então do divisor comum, dizendo coisas que servem para tudo e para o contrário. É contra a corrupção e a favor da transparência e bla-bla-bla. Como se alguém fosse para ali apregoar que é a favor da corrupção e contra a transparência. Não há paciência para tantos sacos de vento.
E a Maria de Belém, para mim, só como último recurso, numa situação de ter que escolher entre ela e o Marcelo. De resto, ainda não percebi o que anda por aí a fazer. Entre ela e o Nóvoa ou a Marisa, escolho alguns destes dois. A Maria de Belém é muito politicamente correcta, muito apertadinha, muito seguradinha, não traz nada de novo, mais parece a fadinha-madrinha dos jotinhas. Não sei que diga a propósito dela. Mais vale não dizer nada, pronto.
Por isso, porque haveria eu de gastar um bocado da minha vida a ver um debate entre essas duas pessoas? Ná...
É como com o Cavaco: tenho mais que fazer do que assistir ao estertor discursal do dito senhor Anibál (agudizei o Anibál só para versejar, nada mais - e estou a explicar não vá ele saber e ficar desconfiado). Para além disso, pode parecer que sou maluca mas eu quero crer que não, que sou muito atiladinha da escabeça.
Pouco depois de acabar de publicar o post a seguir a este, recebi um sms da minha filha que, sem lhe pedir licença, passo a transcrever:
Engravidar pela porta dos fundos??? What??? Não sei se ria se fique chocada... Onde foste inventar essa???
Com a serenidade que as mães devem ter perante as incompreensões filiais lá lhe expliquei:
O vídeo chama-se Concepção (= Engravidar) e é da Porta dos Fundos.
Simples.
Depois perguntei-lhe se tinha visto o vídeo. Respondeu-me:
Not yet. Fiquei-me pelo título traumatizante.
Vejam bem. Se é razão para traumas, uma coisa tão inocente.
Mas, para os Leitores que também têm cabecinhas pensadoras ou pensamentos retro, aqui fica a explicação. Espero que, com a descodificação acima, esteja bem claro - é que não quero cá pensamentos negativos.
Entretanto, fui ver a caixa de correio e tinha vários mails (que agradeço!!!), entre os quais dois que continham vídeos bastante elucidativos.
No primeiro, o Dr. Paulo Morais transmite a sua visão de toda esta embrulhada do BES Novo Banco e do BES velho e mau e de como, com esta solução, quem ainda se sai a rir é o Ricardo Salgado benzido pelo Espírito Santo.
No segundo vídeo, o ilustre e excelentíssimo Zeinal Bava por cuja boca escorre muito jargão pseudo intelectual de management mas que, pelos vistos, com tanto CEO, CFO, chairman, tanta governance e tanto benchmarking, tanta gabarolice a favor da portugalidade, andava a ver passar os comboios (ou, então, mente com quantos dentes tem).
E, entretanto, smart guy, já se pirou para o Brasil antes que fique com o rabo a arder.
Ora vejam, por favor, que vale bem a pena. Ambos dão que pensar.
Paulo Morais e Aramando Pereira na CMTV - o trânsito dos dinheiros de Angola, o BESA, as dívidas, o BES mau e o BES bom, o papel dos reguladores e o Ministério Público.
Muita lavagem será necessária para que tão suja roupa alguma vez fique limpa.
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E agora o ilustre administrador, um dos excelentíssimos, um dos que meio mundo venerou: o conceituado e internacionalmente premiado Zeinal Bava, o que agora diz que não teve nada a ver com os transvases para o BES e que, a grande velocidade, deu de frosques para o Brasil. Vejam-se os deputados da Comissão de Ética, quase em êxtase, perante tamanha sumidade, quando o god on earth dissertava a favor da portugality.
Pois, pois, ó Zeinal. Bye, bye e vai curtir a portugalidade para Copacabana.
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Oh holy spirit, que there isno pachorra para cagões deste calibre.
Mas a culpa é nossa que papamos tudo o que nos dão a comer.
Não houve um bendito dum deputado que fosse capaz de lhe dizer para se portar como deve ser e falar como gente.
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Relembro: o post abaixo não se recomenda para pessoas dadas a segundas intenções. Só pessoas que sejam da linha Tozé Seguro, mentalmente limpinhas e lavadinhas, é que deverão aventurar-se (já que são puras a toda a prova).
Agradecendo ao Leitor que deixou nos comentários o link para o interessante vídeo abaixo, transcrevo parte do texto que acompanha o filme que vivamente recomendo:
INCOMPATIBILIDADES DOS DEPUTADOS
intervenção de Paulo Morais na Assembleia da República
Um discurso que deveria afrontar não só os nomeados, mas também os cidadãos que os elegem e continuam a acreditar e a confiar neles as suas vidas e a de milhões de inocentes.
Paulo Morais expõe um dos mais graves problemas de Portugal, o assalto ao orçamento levado a cabo por deputados, para favorecer parasitas. Mas os cobardes, perante o peso de uma verdade tão inegável, nem se dignam a aparecer para justificar ou negar.
O descaramento e a falta de remorso é tão óbvia que nem sentem necessidade de disfarçar.
(...)
Na comissão hoje mais importante, a que acompanha o Programa de Assistência Financeira a Portugal, que tem por funções fiscalizar as medidas previstas no memorando de entendimento com a Troika, nomeadamente as alienações de capital público na EDP e na REN, a privatização da exploração aeroportuária ou o apoio à recapitalização da Banca – nesta comissão tem assento Miguel Frasquilho que trabalha na Essi, entidade do grupo financeiro Espírito Santo que, ainda por cima, assessorou os chineses na compra da EDP; a que se juntava até há pouco tempo Adolfo Mesquita Nunes, advogado da poderosa sociedade “Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva”, justamente o escritório de referência no sector de electricidade em Portugal. Nessa mesma comissão parlamentar, de acompanhamento ao programa de assistência financeira, os interesses da EDP têm estado ainda representados pelo deputado Pedro Pinto.
(...)
É também muito difícil de aceitar que o actual Presidente da Comissão Parlamentar de Defesa, Matos Correia, seja advogado no mesmo escritório que o seu antecessor na função, José Luís Arnaut, cujo principal sócio é o ex-ministro, também da Defesa, Rui Pena. Que competências tão peculiares terá esse gabinete jurídico para obter tão forte representação pública em sector tão relevante sob o ponto de vista estratégico? Que competências têm os advogados dessa sociedade para representar o povo num sector por onde correm alguns dos mais rentáveis (e corruptos) negócios do estado português?
Um Leitor a quem muito agradeço deu-me conhecimento do vídeo que aqui vos mostro e que muito vivamente vos recomendo. É que mesmo só visto!
Transcrevo do blogue da PASC : O XV ENCONTRO PÚBLICO PASC - REGIME DE INCOMPATIBILIDADES DOS DEPUTADOS DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, realizado no dia 29 de Novembro de 2013, na Sala do Senado da Assembleia da República, foi filmado pela equipa do ARTV - Canal Parlamento, para integrar a sua programação. Fazemos aqui a partilha.
Nos posts a seguir a este falo da humilhação a que Paulo Portas é sistematicamente sujeito, dentro do Governo, junto do PSD, junto do CDS, à vista de todo o País - sendo certo que é ele que se põe a jeito. E falo também da responsabilidade que ele e Passos Coelho têm no empobrecimento de Portugal em cerca de 2.000.000 euros resultante da imaturidade e indignidade que estão a revelar ao mundo. Falo ainda na entrevista de Adriano Moreira a Paulo Magalhães na TVI 24. O contraste mais absoluto: honestidade intelectual, maturidade, classe, visão, perspicácia. Um prazer ouvir este Senhor.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.
Leitor amigo enviou-me três vídeos interessantíssimos. Amanhã a ver se vos mostro os outros. Hoje, agradecendo imenso a generosidade com que me dá a conhecer informação com que eu, de outra forma, não tomaria conhecimento, mostro-vos Paulo Morais em acção. Tudo clarinho - ou não fosse ele matemático.
O BPN. As teias de que se tece a corrupção. As aranhas que se protegem através das teias. E, lá mais para o fim, Maria Luís Albuquerque, a nova Ministra das Finanças, uma daquelas pessoas das Finanças que passa de Governo para Governo (já trabalhou com o Governo do PS), que conhece bem os dossiers e que, segundo Paulo Morais tem uma vantagem: conhece bem os dossiers. Tem uma desvantagem: não quer falar deles.