Há pessoas inteligentes, cujas palavras bebo com curiosidade, alguma avidez e algum carinho (porque me enternecem as pessoas inteligentes e honestas). José Medeiros Ferreira e Manuel António Pina, por exemplo. Eduardo Lourenço, claro. Adriano Moreira, por exemplo. Mário Soares, também, claro.
Gente que não precisa de se pôr de bicos dos pés.
Gente que não precisa de se pôr de bicos dos pés.
Escreveu ontem no Jornal de Negócios o nosso Prémio Camões:
É hoje claro para quem observa, sem palas ideológicas, a situação portuguesa que nunca conseguiremos pagar a dívida nas condições usurárias que nos foram impostas, as quais, gerando recessão e bloqueando o crescimento da economia, constituem o principal obstáculo a esse pagamento, forçando sempre a novas e sucessivas "ajudas", numa espiral de endividamento cujos resultados estão à vista na Grécia
Também gostei de ouvir Dominique Strauss Kahn agora quando se deslocou à China falando da falta de lideranças na Europa, referindo que nem sequer a Merkel e o Sarkozy se entendem. Era um europeísta convicto, que se deixou escorregar com a rasteira que lhe pregaram. Era e é um líder que impõe a sua presença. Tomara que se dissipem algumas nuvens negras que pairam sobre ele para que o possamos ainda ter na política activa.
Pelo contrário temos, neste momento, o País entregue a um grupinho que mete medo a qualquer um. Passos Coelho, Relvas, Gaspar, Moedas. Não falo do enigmático Álvaro nem da jovem e inimputável Cristas porque nem há material para se falar, são inexistentes.
Hoje (ou melhor, ontem, que já é quarta-feira) viémos a saber que o défice vai ser muito mais baixo do que era suposto. A obrigatoriedade apontava para 5,9% e vá lá saber-se porque carga de água, o Governo deitou mão ao fundo de pensões dos bancários, deitou mão a metade dos subsídios de Natal de toda a gente, e puxou o défice para 4% ou menos. Além do mais, vai usar dinheiro da verba que os bancários, coitados, andaram a amealhar durante uma vida de trabalho para pagar facturas correntes. Tudo coisas do além, de arrepiar até os mais insensíveis.
As pessoas asfixiadas, o número de desempregados a subir, a mandarem as pessoas borda fora (jovens, professores e quem mais se sinta mal, xô daqui para fora), a anunciarem que vão esfolar vivos os desempregados, que vão aumentar ainda mais os transportes... e isto para baixar o défice mais do que está acordado. Dá para entender um disparate destes?
Fazem-me lembrar uma raça que me enerva, a dos marrõzinhos burros, daqueles palermas sempre de dedo no ar, engraxadores de professores, gente que me dá ânsias, lambe botas.
O que é que têm na cabeça?
E a darem cabo da população toda... Passos Coelho diz que as pensões de reforma vão ser metade do que são hoje e, com o descaminho que dão às coisas, às empresas, a tudo, e com a falta de respeito e de humanidade que revelam, não me admira nada.
Medeiros Ferreira há pouco no programa da Constança Cunha e Sá na TVI24 dizia que esta sanha do Governo é para no ano das eleições desatarem a gastar dinheiro à maluca, a esbanjar à fartazana. Será? Mas a questão é que até lá espatifam com o País todo, dão cabo da população inteira, destroem irerversivelmente o futuro do País.
O Comissário Europeu dos Assuntos Sociais, László Andor, hoje, a propósito do desemprego e da emigração, já veio dizer que é errado e que deve ser combatida com quanta força houver, a tendência de os europeus emigrarem. Explica por a + b e faz o desenho para os que não vão lá de outro modo:
Alguns jovens já estão a deixar a Europa para encontrar trabalho em países como os Estados Unidos e o Canadá, Austrália ou o Brasil, Angola e mesmo Moçambique, dependendo da sua língua. E esta tendência não pode continuar. Não apenas arriscamos perder uma geração inteira mas também há um custo financeiro.
Será que Passos Coelho ouviu? Será que percebeu?
Parodiava hoje o Bruno Nogueira que esta vontade de despacharem para longe os professores deve ser coisa de quem só conseguiu acabar o curso aos 38 anos. Só pode...
Gente inculta, impreparada é um problema quando alcança lugares de poder. .... Medo....!
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A Europa jaz, posta nos cotovelos:
de Oriente a Ocidente jaz, fitando,
e toldam-lhe românticos cabelos
olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
o direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
este diz Inglaterra onde, afastado,
a mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar esfíngico e fatal,
o Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.
('O dos Castelos' de Fernando Pessoa in Mensagem)
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Ai estes são os filhos da nação/ adultos para sempre/ ansiosos por saber/ se a cruz é salvação
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Meus amigos, não estou particularmente bem disposta hoje. Tudo isto me preocupa. Sei que não há mal que sempre dure (mas até lá...). Mas, olhem, divirtam-se vocês, está bem? E contem-me coisas boas para ver se me animam, ok?
Meus amigos, não estou particularmente bem disposta hoje. Tudo isto me preocupa. Sei que não há mal que sempre dure (mas até lá...). Mas, olhem, divirtam-se vocês, está bem? E contem-me coisas boas para ver se me animam, ok?