Sob influência deste outono, influência esta condimentada com a doçura própria de um sweet september, estou como se estivesse de regresso às aulas ou, vá, ao trabalho. Ora, rentrée que é rentrée, tem que ter o seu quinhão de inesperado, de picante e de abertura às novidades e à ciência.
Portanto, estando antes aqui tentada a debruçar-me sobre o nosso ultra-ubíquo Marcelo que, qual mega-mago, a toda a hora tira pombinhas, écharpes e cartas da manga, ou, quiçá, até falar sobre o previsível e descartável Montenegro ou sobre a virulência de algumas figuras do so called mundo vip (ou jet set ou whatever) nas redes sociais ou, até, divagar sobre as nobres e pacíficas intenções do grande amigo do PCP, o grande democrata Kim Jong-Un, que vai visitar o não menos amigo e não menos democrata e pacifista Putin, eis que, numa reviravolta mental, me apetece mudar a agulha.
E, assim sendo, uma vez que as nossas televisões e social media inerentes não se preocupam com a intensidade e duração dos orgasmos, eis-me aqui a pensar em todos os que me lêem e a divulgar úteis ensinamentos.
Está tudo bem explicadinho.
Os vídeos estão traduzidos para português pelo que não há desculpa, não venham cá dizer que têm o inglês enferrujado.
[Não digo que não tenham nada enferrujado, digo é que não é a língua (a inglesa, leia-se). Ou melhor, o ouvido].
How to have "real" orgasms | Emily Nagoski
The best orgasms come when you learn how to unlock a sexual “flow state.” Emily Nagoski, a sex educator, shares a meditation to help you get started.
When you see an orgasm depicted in TV, film, or even porn, you can be virtually certain it was faked. This can feed misconceptions about there being a “correct” way to orgasm. In reality, orgasms are complex phenomena that can result from a wide range of stimuli, and they are orchestrated primarily by the brain, not only the genitals.
Sex educator Emily Nagoski emphasizes the importance of familiarizing yourself with the full spectrum of pleasurable and arousing experiences, not just orgasms. Shifting focus from orgasms to overall pleasure can alleviate pressure, potentially leading to improved sexual experiences and, paradoxically, better orgasms.
E, para que não se pense que a Emily não passa de uma qualquer castiça que resolve vir para aqui dar palpites, informo que:´
About Emily Nagoski:
Emily Nagoski is the award-winning author of the New York Times bestselling Come As You Are and The Come As You Are Workbook, and coauthor, with her sister, Amelia, of New York Times bestseller Burnout: The Secret to Unlocking the Stress Cycle. She earned an M.S. in counseling and a Ph.D. in health behavior, both from Indiana University, with clinical and research training at the Kinsey Institute. Now she combines sex education and stress education to teach women to live with confidence and joy inside their bodies. She lives in Massachusetts with two dogs, a cat, and a cartoonist.
Pode acontecer que todas as mulheres e todos os homens sejam letrados em orgasmo feminino. Se calhar longe vão os tempos em que o tema era tabu, se calhar o tema já virou mainstream ou, dizendo de outra maneira, já viralizou.
Capaz até de, levado o tema a debate na televisão, os omnipresentes Helena Matos, João Miguel Tavares, Raquel Varela, Francisco Louçã, Jovem Bugalho, Pedro Marques Lopes, Ana Drago, Manuela Ferreira Leite, Majores e Tenentes Coronéis de todos os ramos das FA opinarem erudita e convictamente sobre clitórís, lábios vaginais et al. Sabem de tudo. Aposto que tiram isto do orgasmo feminino de letra.
Ando por fora dos Faces, dos Instas, dos Tik Tok, dos Twitters e, por isso, não faço ideia dos trilhos por onde o tema já anda: capaz de haver stories, vídeos macaquinhos, danças capapé-tirolirolé, vai de ladinho e bate o pé, tudo com as perninhas do bichinho.
[Sim, que o clitóris não é só aquele botãozinho que foi cantado e recantado por poetas que se ficaram pela superfície em vez de mergulharem fundo. Não é só botãozinho, não, não é mesmo: é bichinho pernudo mesmo (pernudo e danadinho para a brincadeira)].
Mas, pronto, se por aí, desse lado, é tudo gente escolada e doutorada em prazer feminino, o vídeo abaixo não trará novidade. Mas, ainda assim, arrisco.
Arrisco porque pode acontecer que haja por aí alguém que ainda não saiba exactamente alguns pormenores. Ou pormaiores -- como quais as zonas erógenas no corpo da mulher -- e tenho cá para mim que alguns ficarão surpreendidos. Olhem, eu fiquei.
Há uma zona que a mim não me tinha ocorrido. Não vou dizer qual é pois, na volta, toda a gente já estava fartinha de saber menos eu... e algum maldoso ainda vem aqui dizer que, ignorante desta boa maneira, mais valia ingressar num convento. Ora.
Também penso ser relevante conferir se há maneira de alguém saber se a mulher atingiu ou não o orgasmo ou se é verdade isso dos orgasmos múltiplos nas mulheres. E pode um homem ser competente a ponto de também conseguir ter orgasmos de seguidinha? Pode...?
E, lá está, perdoem-me se aqui estiver a trazer matéria que já se ensina na pré-primária. Não é só das redes socias que ando desfasada, é também dos programas escolares.
Do you know how orgasm is in females? female body and biology
Ora bem. Depois de ter partilhado convosco a minha breve visita à Tapada das Necessidades e de ter divulgado a hilariante campanha #PutMeFirst, chego então ao Big O. E, antão, assim sendo, vamos lá.
Oh my god... yes!
Nota introdutória
Mas primeiro deixem que confidencie: esta não era a minha ideia inicial. Estava numa de falar do estarola do Láparo que ainda não percebeu que, se uma coisa tem virtudes, pode deixar de as ter se ingerida em overdose. Já com aquilo da troika foi a mesma coisa: ele poderia ter seguido o memorando na dose recomendada; mas não: foi tudo em dose reforçada e à bruta. A menina padece de diarreia? Pois então vai Imodium, mas, se o Imodium faz bem, pois tome a menina três de cada vez e de hora a hora. E quando a menina, entupida até ao pescoço, for parar ao hospital a culpa terá sido da menina que é uma piegas.
E, portanto, seguindo o mesmo brilhante racional, se o Bloco de Esquerda se está a sair bem com a Catarina Martins e a Marisa Matias e se o PS também promoveu a Ana Catarina Mendes e se o CDS também lá tem agora a Cristas, pois ele há-de ultrapassá-los a todos e, de uma assentada, puxa 4 (quatro!) mulheres para vice-presidentes. E olha quem... : uma Pinókia, uma Peixeira, uma Sócia de uma boutique law firm e uma não sei bem o quê. Diz o meu marido: vai ser bonito quando desatarem todas a falar ao mesmo tempo... E todos os males fossem esses. Tem olho para tomar boas decisões, este Coelho. Não aprende, mas é que não aprende mesmo. Coisa nenhuma. Um caso perdido.
E, estando eu com esta em mente, vou ver as notícias para confirmar, não fosse ter percebido mal, e dou com aquela fuga de informação que revela parte da big laundry que grassa por esse submundinho da alta finança, do futebol, da baixa política, dos negócios, dos big cartéis de tudo e mais alguma coisa, off shores para tudo o que é bicho careta. E, perante, esta inundação de água suja, fico a pensar: caraças, mas o que é aquela infantilidade acéfala do láparo ao pé desta enxovia?
No entanto, estando ainda em fraca forma e ainda algo debilitada, senti que estava sem fôlego para tema tão longe da minha fraca sapiência na matéria. E, enquanto pensava que, a um domingo à noite, ninguém merece sujar os dedinhos com dinheiros escondidos por putins, pais de camerons, messis e até por idalécios de castro rodrigues de oliveira, resolvi refugiar-me num abrigo que, face a tudo isto, me saberia a edulcorado paraíso: a Madame Le Figaro. E por ali andava eu, descansada, vendo toilettes de casamento, sabendo da escolinha do petit prince George, quando dou com uma notícia que envolve a carismática jovem Emma que se tem destacado na luta feminista no mundo do cinema. Eu conto.
Curiosa, claro está, fui ver - é que nem fazia ideia que a coisa se tinha deslocado para terreno místico. Pois bem, diz a bela Emma que, desde que começou a contactar esta realidade, o OMGYes, tem sido uma revelação, que anda a descobrir os impenetráveis mistérios do orgasmo feminino.
Para começar, não sei se a palavra impenetrável aqui está bem escolhida e, a seguir, não sei se a coisa é misteriosa. Mas adiante.
Ou seja, avancei na leitura.
E estou a escrever isto em tom de brincadeira mas, por acaso, não é. Lembro-me de uma Leitora ter escrito que falo sobre o prazer feminino como se fosse um dado adquirido e não é, e contou que é um problema que tem e que lhe tem causado graves dificuldades ao longo da vida. Ao ler as suas palavras sentidas, imediatamente apresentei as minhas desculpas. É um assunto que não deve, mesmo, ser levado na ligeireza pois o prazer faz parte da vida e quem o não consiga alcançar deve mesmo procurar ajuda. Por isso, é sobretudo a pensar nas mulheres que não conseguem atingir o orgasmo (em França são 49%) ou nos homens que não fazem ideia de como agir ou de quem tem vergonha de assumir dificuldades, que aqui trago este tema. Sem tabus. O nosso corpo não deve ser um mistério nem uma fonte de vergonha. O nosso corpo deve ser compreendido e estimado. E o prazer não é pecado: é um direito. E um dever.
Couples who constantly explore new ways to increase pleasure are 5 times more likely to be happier in their relationships and 12 times more likely to be sexually satisfied.
Dado o adiantado da hora, segue mesmo em francês. Quem não saiba o suficiente da língua, pode tentar o translator da google mas, atenção, nada de conclusões precipitadas porque é sabido que o translator é useiro e vezeiro em aguadas.
Lancée en 2015 par la photographe Lydia Daniller et un pro du numérique, Rob Perkins, la plateforme OMGYes a pour but de montrer les bons gestes pour atteindre l'orgasme féminin, à travers des vidéos réalisées par des femmes et, dirons-nous, plutôt explicites. Témoignages, astuces, diagrammes, démonstrations, exercices pratiques... Valorisé par de véritables recherches médicales, le site promet « la première étude à grande échelle consacrée aux spécificités du plaisir féminin ».
Concrètement, près d’une cinquantaine de vidéos sont proposées, au prix de 25 euros chacune. Un investissement honnête pour des résultats semble-t-il garantis : « J’aurais aimé que l’expérience dure plus longtemps, s'est enthousiasmée Emma Watson pendant le débat. Le montant de l'inscription peut sembler cher mais les résultats sont vérifiés, ça vaut le coup », a précisé l'actrice, qui trouve nécessaire aujourd'hui de « démystifier l’orgasme féminin ». Selon une enquête de l’Ifop publiée en décembre 2015, 49% des Françaises admettent avoir « assez régulièrement » des difficultés à atteindre l’orgasme.
Ora, então, apesar do intuito do site ser vender vídeos a 25 euros cada, vamos lá entrar nele, só para ver como é: cliquem, por favor, no link.
Levantando o véu do prazer feminino, Oh my God... Yes:
Para quem não queira aventurar-se pelo site, aqui fica o vídeo de apresentação.
OMGYES Research based study exploring women's sexuality
E, para os que entraram no site e não são bons na navegação mas gostariam de perceber de que se trata, aqui fica o link para alguns exemplos, com casos práticos (atenção: com bolinha encarnada no canto). Estes podem ser vistos sem serem comprados pois são de curta duração e meramente exemplificativos. Não sei se conseguirão vê-los directamente ou se terão que, antes, confirmar que têm mais de 18 anos. E admito que os meus leitores sejam maiores de idade porque, se o não forem, deverão parar aqui e pedir informação aos papás e às mamãs, está bem?
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E, ao verem o que aqui coloco à vossa disposição, espero estar a contribuir para melhorar a vossa qualidade de vida - pelo menos, das minhas Leitoras (ou dos meus Leitores que têm parceiras e que ainda não perceberam bem a coisa, que é como quem diz).
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Acabemos com um pas de deux
Melody Mennite e Ian Casady dançam Petite Mort numa coreografia de Jiri Kylian
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E, agora, caso ainda não tenham lá estado, convido-vos a descerem até à Tapada das Necessidades
(depois deste post, o nome 'Tapada das Necessidades' até soa algo dúbio, ou é impressão minha?)