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segunda-feira, maio 24, 2021

Dia grande no Um Jeito Manso:

presentes da Sta. UJM para os devotos da Serva-Mor, para a própria Serva (a célebre Agente também conhecida por Ministra dos Porquinhos), para os assim-assim e para todos.

Ámen

 

Diz o Víctor que sou dada a tendências ocultas e eu, como forma de recompensa por ele ter conseguido descobrir um segredo que trazia tão bem escondido há tanto tempo, acho que tenho que aqui atribuir-lhe um presente. Isto, claro, porque, devido ao confinamento, não posso organizar a cerimónia que estava planeada para festejar o grande momento. Não fora o corona e teríamos o Pavilhão de Portugal à pinha para a atribuição da medalha ao Leitor que primeiro descobrisse o tão bem guardado segredo.

Mas o corona ainda não deu as desejadas tréguas totais e, portanto, os festejos têm que ser aqui mesmo.

Assim, não é a gold medal que aqui tenho para lhe oferecer, fantástico e veloz Seco Gaspar, mas é um vídeo feito em sua homenagem por ser o mais rápido dos Leitores a descobrir o meu grande segredo: "a UJM tem tendências ocultas". 

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Para o Paulo B por quem tenho grande apreço, que tem um sangue na guelra que dá gosto e que vibra com a vontade de fazer justiça (nem que seja às mãos da Agente Mortágua) e que, ao mesmo tempo, tem um gosto invulgar e exigente pelas artes do espectáculo e pelo reino do absurdo e extraordinário, iria a medalha de prata. Como não há como, aqui deixo um apontamento de circo que espero que receba com um sorriso equivalente ao que tenho ao dedicar-lho. E espero que a vida e as suas agruras não lhe retirem a energia tão boa que a sua juventude põe em destaque. Este presente, que vai em vez da medalha, seria entregue com um abraço ao bravíssimo Paulo B. 


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O ilustríssimo P. Rufino, ultimamente, de cada vez que aqui vem e lê qualquer coisa de menos abonatório para a sua guru, a Agente Mortágua, não apenas fica tão enraivecido por eu o tirar do sério que fica totalmente descontrolado como todas as suas entranhas se reviram de tal maneira que não consegue evitar as náuseas. Para ele, iria a medalha do servo mais devoto da Serva-Mor mas, não podendo eu agraciá-lo com a devida pompa e circunstância, deixo-lhe um pequeno filme com a Maggie, outra bacana que padece do mesmo mal, o de não conseguir controlar as náuseas em público. 

Mas o vídeo tem um outro propósito: o de lhe dar esperança. Se a Maggie volta e meia dava estes tristes e embaraçosos espectáculos, a verdade é que conseguiu recuperar-se. Vejo-a agora transformada em David Walliams e em grande forma. É agora um homem simpático, cortês, bem disposto. Ponha os olhos nele, P.Rufino. Acredito que também conseguirá regenerar-se.


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Para o grande João a quem nada escapa, que tudo conhece e que denuncia tudo o que se passa aqui e além mar, desde as cabeças de cavalo até aos betolas com cabelinho à f...-se e caquinha na cabeça, e que obviamente merece todas as medalhas -- ouro, prata, bronze ou cortiça -- não tenho presente à altura. Na sua arca já residem todos os tesouros do mundo, nomeadamente as melhores músicas, as melhores vozes, as melhores interpretações, as melhores histórias. 

Por isso, o que aqui lhe ofereço mais não é do que uma tentativa de lhe dizer que muito sinceramente acho que, apesar de todas as divergências, importa a gente relativizar, divertir-se, improvisar, não levar muito a sério o que não passa de espuma. Somos efémeros. Apenas a arte é eterna.

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E para o VN que queria que eu contasse mais uma história envolvendo a Serva-Mor tenho a dizer que ainda não é desta. Este blog, como é sabido, é um blog de família e as histórias que envolvem a personagem seriam mais dadas à bolinha encarnada ao canto do ecrã do que a serem lidas pelos inocentes que frequentam esta casa. Portanto, só se um dia eu estiver tão a dormir que perca toda a censura interna... Só posso adiantar que acho que a Serva-Mor, para melhor compor a personagem, quando inquire os seus suspeitos deveria apresentar-se a preceito, quiçá com um hábito como o da pura Madre-Superiora que aqui almoça com o João de Deus.


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E ainda tenho aqui uma coisa para outra pessoa, alguém que é todos e nenhum, mil nomes, mil personalidades, alguém que paira por aí, que aparece e desaparece, que é assim e assado, poético e prosaico, quase normal umas vezes e muito malvado outras, erudito e ignorante, humano e desumano, absurdo e racional, consistente e inconsistente. Para ele, o chameleon man, aqui vai um vídeo com um dos seus alter-egos. Não é um presente, não é um bye, não é um smile, não é nada: é apenas uma forma de reconhecimento. Estamos cá. Há coisas que não se explicam e esta é uma delas.


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Para a Serva-Mor, a intragável e temível Agente Mortágua, a inquisidora que passa a pente fino os freaks do regime, vai o prémio de honra, um que aqui chegou pela mão do Paulo B., sempre inteligente e oportuno, a quem agradeço a lembrança pois a verdade é que, no meio de tanta generosidade, estava a esquecer-me de presentear justamente a inspiradora de toda a esta série.

Ei-la aqui, em versão loura e glamour, a estragar a festa a um grupo de pândegos. Mas, como sempre, a estragar é como quem diz pois na sala ao lado ou no dia seguinte, a festa prosseguirá. Mas, ok, não estou para tretas, estou mesmo é para me divertir, para ser uma mãos largas e distribuir presentes à direita e à esquerda. 

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E para todos e para todas os que aqui me acompanham, para os que riem e para os que choram, os que rangem os dentes e os que batem o pé, os que têm fair play e os que atiram pratos à parede, para os que acham tudo muito grave e para os que se estão a marimbar, para todos, aqui vai o meu convite: bora lá furar o esquema e dançar?


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Desejo-vos uma boa semana
Saúde. Alegria.

sábado, maio 22, 2021

A Serva-Mor e o seu pequeno servo

 

Numa praça, um grupo de pessoas comenta o assalto a uma loja. Uns dizem que a loja não estava bem fechada e que a culpa foi do dono. Outros dizem que a culpa é dos polícias que passavam por ali e nada fizeram nem para alertar o dono nem para evitar que os ladrões se servissem. Outros dizem que se calhar quem roubou foram alguns clientes que bem conheciam os cantos à casa e as fraquezas do dono. Outros dizem que a culpa foi do presidente da Junta que nada faz para prevenir casos destes. Outros dizem que podem ter sido alguns fornecedores que observaram como se faziam negócios ali, sem grande rigor. Outros, ainda, dizem que a culpa é também do jornal da terra que conhecendo tudo o que ali se passava, em vez de denunciar as vulnerabilidades da loja, só para conseguir que o lojista pagasse um anúncio, não fazia outra coisa senão enaltecê-lo.

Quem ouça aquele grupo de vizinhos dirá que, afinal, todos anteviam que o roubo iria acontecer. Mas se todos sabiam e nada fizeram não são, também eles, responsáveis pelo que aconteceu?

Até que os mais ilustres resolveram criar uma comissão e fazer um inquérito. Aplauso geral. Boa! Um inquérito é que é.

Para conduzir o inquérito escolheram a mais inflamada e sentenciadora das vizinhas, a Serva-Mor do clube religioso das Servas da Moral, conhecida por gostar de chicotear e espezinhar os pecadores.

Durante meses, os vizinhos sentaram-se no largo a presenciar o interrogatório a que a Serva-Mor sujeitava os suspeitos.

Quanto mais ele acusava e insultava mais a populaça salivava e aplaudia. O jornalista da terra ia noticiando. Um folhetim. 

Pelo pelourinho passaram quase todos os que se conheciam. 

Todos eram suspeitos: o dono, a família e amigos do dono, os clientes, os fornecedores, os polícias, até os próprios vizinhos. Todos. 

A todos ela insistia que enumerassem os pertences que tinham em casa, os presentes que tinham dado aos filhos, aos pais, aos netos e avós, as contas do banco, o dinehiro escondido no colchão. Queria pormenores: quantas notas, quantas moedas. De cada vez que alguém se esquecia de alguma coisa a Serva fazia esgares de desconfiança e todos os que assistiam faziam iguais esgares. Parecia que todos tinham algo a esconder. Os próprios, quando confrontados com a sua falta de memória, assustados e enervados, suavam de aflição. Mas, mal passavam para a audiência e outro ocupava o pelourinho, debaixo do fogo cerrado de ódio e malvadez da Serva-Mor, logo ululavam de gozo por verem os outros a sofrer. 'Ladrões! Ladrões!' gritava em surdina a turbamulta. Aos olhos de cada um os outros eram todos uns vendidos, uns ladrões. Aos olhos de cada um todos os outros mereciam arder no fogo dos infernos.

Duraram meses as inquirições. Meses e meses, senão anos.

Produziram-se centenas de artigos, centenas de vídeos. Cada relatório tinha centenas de volumes. 

Se alguns duvidavam da utilidade daquilo, logo outros saltavam em defesa da Serva, dizendo que sim, que fazia todo o sentido, todos tinham o direito a saber o que se passava, que todos tinham o direito a ouvir as explicações, que a Serva fazia bem em pôr a nu os podres da sociedade. 

A Serva-Mor não dava tréguas nem mostras de querer abrandar. Pelo contrário: aos poucos as orelhas foram-se afilando, os olhos entortando, os dedos curvando-se em garras, os caninos sobressaindo, os ares de justiceira implacável acentuando-se. 

A seu lado um servo redigia afanosamente os relatórios. Enquanto a Serva insultava os inquiridos, ele ia rosnando entredentes e o mínimo que se lhe ouvia era 'malfeitores incompetentes' mas, na maior parte das vezes, era um chorrilho: 'tratantes, escroques, patifes, vígaros''. Se detectava algum desagrado por parte de alguma pessoa na assistência, logo ele disparava: 'ultrajante e inqualificável!' e, pouco subtilmente, segredava ao ouvido da Serva, a sua sinistra musa inspiradora: 'Olha aquela, até sinto náuseas. Lamentável e inqualificável atitude a atitude dela'

Meses e meses nisto. Anos nisto.

Enquanto isso, as outras lojas iam sendo bem ou mal geridas como sempre foram e sempre serão, algumas delas sendo de vez em quando assaltadas, como sempre foram e sempre serão (em especial quando a malta está distraída a brincar aos justiceiros e aos inquisidores), alguns clientes iam tirando partido da distração do dono, alguns fornecedores aproveitando para fazer das suas, os polícias iam fazendo as suas rondas, nem sempre muito atentas, o jornalista ia fazendo inflamados artigos para vender mais e... tudo continuou exactamente igual ao que era antes.

Contudo, com o tempo, a malta foi percebendo que aquilo não era nada, que dali não nascia nada de útil, que tudo continuava na mesma, que aqueles interrogatórios eram apenas uma forma da Serva-Mor tirar um mórbido prazer em chicotear as suas vítimas e uma forma de cada um, à vez, se sentir melhor que os outros mas que esse prazer era efémero, espúrio e, sobretudo, inútil.

Por fim, na praça, restava apenas a Serva-Mor e o seu leal pequeno e inútil servo. Quem por ali passava já nem reparava: a Serva bofeteava e pontapeava o servo e este, em sangue, implorava perdão. Mas ninguém queria saber.

E, como sempre acontece com o que é irrelevante, tudo isto passou à história. Já ninguém guarda memória nem do que esteve na origem de tudo, nem do que por ali se passou, nem da sinistra Serva, muito menos da pequena figura que tanto a bajulou.


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As pinturas são de Rothko.
No texto, qualquer semelhança com a realidade não é aparência nem coincidência, 
é apenas um momento de diversão (ou outra coisa qualquer).

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E tenham um belo sábado

quinta-feira, abril 19, 2018

Sócrates, os interrogatórios e as imagens que a SIC está a transmitir
--- A palavra ao Leitor P. Rufino ---


Na sequência do que ontem escrevi sobre o julgamento popular que a SIC está a levar a cabo (só com acusação e sem direito a contraditório), do Leitor P. Rufino, que sabe bem do que fala, recebi o mail que, com a sua permissão, aqui transcrevo.

As imagens que a SIC transmitiu, relativas ao interrogatório de José Sócrates, são de uma gravidade sem precedentes. Nos termos da Lei Processual Penal em vigor, como aliás é referido num dos Artigos invocados. Mas, há algo de obsceno nisto tudo na medida em que será fácil saber quem foi o autor de semelhante e flagrante ilegalidade, já que, quem está presente nesses interrogatórios, na sala, para além do arguido e o Procurador, estão ainda, sem poderem intervir, os dois advogados de JS. E ainda está presente um oficial de diligências para ir tomando nota das declarações. Por conseguinte, como não passa na cabeça de ninguém ser o próprio JS, nem tão pouco os seus advogados, só pode ter sido o próprio Procurador Rosário Teixeira, ou então o oficial de diligências. A não ser que tenha sucedido algo de rocambolesco, como por exemplo alguém daquele Tribunal ter colocado uma câmara de filmar na sala, antes do interrogatório se ter iniciado e sem ninguém ter dado conta (com vista a posteriormente vender esse filme à SIC). Acho demasiado inverosímil, mas quem sabe! Neste processo já tenho visto tanta violação de procedimentos processuais penais e de práticas de Justiça que já nada me espanta – a “bem” de uma boa “cacha” televisiva, ou num qualquer pasquim.

Registo igualmente a inqualificável atitude daqueles dois jornalistas de se terem prestado a um serviço daqueles. Mandaria a ética profissional que não se tivessem disponibilizado para semelhante imundice jornalística. Mas, manda quem pode e obedece quem não tem espinha dorsal.

A Justiça está totalmente desprestigiada neste país. Um arguido – que, convém sublinhar e lembrar, ainda não foi condenado e, nesse sentido, tem o direito à presunção de inocência – não deve ser tratado desta forma, quer pelos Tribunais, quer pelos “média”. Num Estado de Direito há regras claras para a Justiça e para a liberdade de imprensa/de informar. Mas, não parece ser o caso no nosso patético país.

Já se percebeu, suficientemente bem, que o Ministério Público – que hoje é cada vez mais uma entidade sinistra e “justiceira” – tudo está a fazer, apoiando-se na imprensa (venal) que por aí se vê, para pressionar o colectivo de juízes que irá julgar José Sócrates no âmbito do processo Operação Marquês e, deste modo, obter umas tantas condenações. Ou seja, não deixar espaço ao colectivo quando tiver de decidir. E de facto, com tanta publicidade à volta do caso, um desfecho mais favorável ao ex-PM, por exemplo, desacreditaria a Justiça e os juízes, perante a opinião pública – que já condenou, antecipadamente, José Sócrates. Não vejo outra explicação para este tipo de atitudes com as de ontem na SIC e antes em diversos meios de comunicação social, senão o de querer colocar pressão no tribunal que irá julgar o processo Operação Marquês e José Sócrates. 

Uma vergonha, do ponto de vista judicial! 


PS: Acrescentaria ainda que aquelas imagens que foram ilegalmente captadas e divulgadas nem sequer podem ser usadas validamente em Tribunal para condenar quem quer que seja. É da Lei Processual Penal.

Quanto à SIC, deveria perder a licença. Espero que a revoguem. Tratou-se de um acto de apedrejamento judicial público.

quarta-feira, agosto 10, 2016

Dick Fosbury, o criativo saltador


Escreveu o Leitor P. Rufino em comentário ao post abaixo:

Permita-me que mencione aqui também o atleta norte-americano, Dick Fosbury, Dick Fosbury, que naqueles jogos olímpicos de 1968 revolucionou o salto em altura inventando um novo estilo, ou técnica, ao saltar de costas. O seu salto foi, então, de 2,24m, o que constituiu um novo record olímpico. E hoje esse estilo, ou técnica veio para ficar, tornando o salto de tesoura ultrapassado.

Consegue uma imagem ou filme dele?

Sim, senhor, cá está:


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segunda-feira, abril 18, 2016

A propósito de 'As mulheres de Atenas',
a palavra a dois Leitores, os Caros P. Rufino e José Neves


No outro dia transcrevi um excerto do livro 'Os Gregos' que suscitou comentários interessantes. Por recear que passem despercebidos, resolvi puxá-los para aqui pois considero que enriquecem o conhecimento da matéria versada.

O Leitor José Neves polemiza a propósito do que eu disse pelo que teve resposta, como poderão ver, na respectiva caixa de comentários. Por isso, não vou aqui repetir-me. Contudo, não me referi a um dos aspectos pois, na altura, passou-me. Refiro-me agora.

Considera ele que o termo 'amante' -- que, pelos vistos associa a 'vulgar amante' -- é depreciativo e sinónimo de 'mulher por conta' e que, portanto, eu não o deveria ter usado ao referir-me a Aspásia. 
Mas essa conotação é sua, Caro José Neves, e não minha. Amante, para mim, é alguém a quem se ama e com quem se tem um relacionamento amoroso sem vínculo contratual, digamos assim. Uma amante, para mim, não é forçosamente uma mulher por conta, uma mulher vulgar, ou, sequer, uma mulher a quem não se reconhecem atributos intelectuais ou culturais de monta. 
Finalmente duas observações: a abertura de parágrafos no texto é de minha responsabilidade e pretende manter alguma homogeneidade com critérios usados em textos meus ao longo do blogue. As fotografias que intercalei, intercalei porque sim e porque é também hábito meu. Foram feitas esta manhã.

E, feito o preâmbulo, que fale quem sabe.


Divna Ljubojevic - Agni partene Αγνή Παρθένε

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A palavra ao Leitor P. Rufino


Já Heródoto quando relatava os comportamentos dos Egípcios, dizia que as mulheres egípcias gozavam de um maior controlo das suas vidas do que as suas congéneres gregas, podendo, por exemplo, ser elas a iniciar um divórcio. E podiam ser comerciantes, por oposição às mulheres gregas, que não possuíam essa liberdade, total, de negociar. Embora, a exemplo das outras sociedades dessa época, a função principal das mulheres egípcias, tal como as gregas, assentasse na sua capacidade procriadora. 

O grande orador e estadista grego, Demóstenes, da Antiga Atenas, costumava dizer: “nós temos as Hetairai para o nosso prazer, as concubinas para os nossos desejos mais comuns e as esposas para a procriação e guardiãs domésticas”. 

Na desaparecida Etrúria Antiga, as mulheres tinham mais direitos, por exemplo, participavam nos banquetes com os homens, uma prática que era criticada por Teopompo que estava habituado às prostitutas de diverso tipo (Hetairai, etc) nos tais banquetes. As mulheres Etruscas tinham inclusivamente direitos civis e financeiros e os Etruscos consideravam o casamento importante, mais do que um mero arranjo com vista à reprodução. 

Na Grécia Antiga, algumas Hetairai obtiveram vulto e sucesso, como Teódote a companheira do estadista Alcibíades, Aspásia a amante de Péricles (de quem se contava que o filósofo Sócrates ia a sua casa e terá tido uma relação), Prynea modelo e amante do grande escultor Praxiteles (e do orador Hiperides). Mas, houve outras, que ficaram igualmente famosas (pela beleza e intelecto), sobretudo na qualidade de Hetaeras, como as duas Lais (de quem uma delas o grande pintor Apeles se deixou encantar pela sua extraordinária beleza), a Thais, Sinope, etc. Naera era tão bonita e célebre que os seus patronos lhe compraram a liberdade, ao ponto de ela dizer de si própria “ser a amante de si própria”. Xenofontes, no seu livro “Memórias de Sócrates” dá conta dos amores de Sócrates por outra conhecida Hetairai, a bela Theodote, um misto de mulher independente, vivendo numa casa “de gosto deslumbrante”, segundo crónicas do tempo. 

E grande estadista e legislador Solon (misógeno e homossexual) determinou, entre muitos outros aspectos, que o homem guardião podia vender uma mulher solteira que tivesse perdido a sua virgindade. Em sua opinião, “as mulheres eram uma fonte perene de fricção e conflito entre os homens”. 

As mulheres da Antiga Roma tinham, mesmo assim, mais direitos do que as suas congéneres Gregas. 

Quanto a Artemis (a Diana na mitologia Romana) é fascinante ler o que Sarah Pomeroy escreve num dos seus livros (a “Amazonas” costumavam adorá-la e procuravam assemelhar-se a ela, segundo a mitologia Grega). Fascina-me particularmente Artemisia (Grega de Helicarnassus), a Rainha Ionian, brilhante estratega militar, ao serviço de Xerxes, durante as campanhas das Guerras Persas. 

A terminar, não se deve comparar os costumes daquelas épocas e daquelas civilizações com as de hoje. Embora, se possa comparar com as diferenças dessas civilizações de então. Como as mulheres da Etrúria, os direitos que gozavam, com as suas congéneres Gregas. E as de Roma e da Antiga Grécia.

Há hoje, sobretudo na historiografia inglesa, muita informação sobre a Antiga Grécia e, no caso em questão, sobre as mulheres desse tempo e das diversas categorias de “prostitutas”, que de facto possuíam características diferentes e destinavam-se a fins igualmente diferenciados, como as “dicteriades”, as “auletrides” e as “hetairae”, sendo as primeiras as de mais baixa categoria, trabalhando em bordéis, as seguintes, “auletrides” (que significava “tocadoras de flauta”), possuíam mais instrução e capacidades, tais como cantoras, músicas, dançarinas, etc. 

Por fim, as “hetairae” eram as de mais elevado estatuto, devido às suas qualidades e conhecimentos intelectuais, de beleza, educação, etc. Muitas, como já se disse, ficaram na História dessa grande civilização, que foi a Grécia Antiga, “o berço da nossa civilização actual”. 

Terá sido Solon, o grande reformador dessa época, que terá criado os primeiros “bordéis” (“porneia”), com vista a que aos cidadãos nunca faltasse “conforto sexual”. 

Curiosamente, a iniciação sexual dos mancebos muita das vezes fazia-se através de contacto com homens mais velhos, os “erastes”, com quem o tal adolescente, “eromenos”, acabava por ter uma relação sexual. O sexo entre homem e rapaz era comum nessa época e fazia parte da cultura e hábitos de então. 

Para as mulheres casadas, nessa altura, sexo três vezes por mês era considerado suficiente para qualquer cidadã casada. E o guardião de uma mulher solteira, se aquela fosse apanhada em “flagrante delito” tinha o direito a vendê-la como escrava. 

Sobre este tema haverá muita coisa para dizer e contar, mas também pode ser maçador. Agora, há autores e, sobretudo, autoras – historiadores/as -, cujos relatos e descrições desses tempos, bem como das situações e respectivos hábitos culturais, que sabem ser cativantes para quem é leigo na matéria e cuja leitura acaba por se desfrutar, com prazer (salve a redundância). 

É preciso avançar vários séculos, até chegar à Renascença, para se encontrar um tipo de “prostitutas” semelhantes às tais “hetairae”, como algumas famosas cortesãs italianas (“somptuosa meretrize”), cuja designação acabou por vir a ser a de “cortegiana honesta”, em vez de meretriz. Eram mulheres que para além de serem muito belas, possuíam um elevado grau cultural e até social. Algumas pintaram, outras eram poetisas, etc. 

Verónica Franco (pintada por Tintoretto) foi poetisa e escritora, Beatrice de Ferrara, cuja casa ficou célebre pelo esplendor e que foi modelo de Rafael, foram alguns desses exemplos. Voltando à Grécia, há uma pintura mural em Pompeia (que recomendo vivamente que se visite – fiquei fascinado) que retrata Safo, a tal poetisa Grega. 

E na Roma Antiga, Aesia Pola foi uma das raras mulheres a exercer medicina, actividade que posteriormente veio a ser proibida às mulheres Romanas. E já que se fala de prostitutas, deixo-lhe uma curiosidade: Roma é talvez a única cidade do Mundo a ter uma praça, ou melhor, pela dimensão, praceta, dedicada a uma “cortesã” (“cortesã honesta”), que significava, mais ou menos, “mantida por alta roda”, na pessoa de Fiammetta Michaelis, que foi amante entre outros de Cesário Borgia, filho do Papa Alexandre VI. Fiammetta tinha residência perto da dita praceta que hoje tem o seu nome e “costumava deslocar-se à igreja de Sant’Agostino para se confessar, rezar e fazer inúmeras doações generosas para as almas do Purgatório. Acabou sepultada naquela igreja, embora os vestígios da sua sepultura tenham desaparecido.

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A palavra ao Leitor José Neves


(...) Já tinha confessado antes que lera quase tudo mas não os gregos e isso nota-se perfeitamente no modo ligeiro como tratou o problema das "mulheres de Atenas". Essa ligeireza é patente ao propor uma confrontação sem mais de costumes e práticas sociais entre uma sociedade de há 2500 anos com a sociedade actual. E abusa dessa situação ao legendar um quadro de Aspásia como a "amante" de Péricles, um termo cujo significado e sentido moral de hoje ou não existia para os gregos e por isso mesmo as titulavam de "heteras" que não eram "mulheres por conta" como uma vulgar amante mas, como diz um helenista francês , "As raparigas particularmente dotadas para o canto e para a dança eram com frequência treinadas como heteras".

Aspásia é a mais célebre porque cativou Péricles (este deu o divórcio à mulher e assumiu viver com Aspásia) e exerceu uma grande influência sobre os costumes atenienses mas, também Praxíteles teve a sua Frine, Platão a sua Arqueanassa, Epicuro as suas Dánae e Leôncia, Sófocles a sua Teóris e Míron a sua Làide. E porquê, porque as heteras eram as únicas mulheres cultas de Atenas.

Embora sendo Atenas uma democracia esclavagista e consequentemente o estatuto das mulheres estar inteiramente subordinado aos homens e ao serviço do tear e trabalhos domésticos, nem por isso deixou de haver mulheres livres como Safo de Lesbos e aquelas que nas tragédias gregas aparecem como sendo activas e inteligentes como Medeia, Antígona e outras.

Mas sobretudo, nesta sociedade de homens e esclavagista onde a filha era do pai e a mulher do marido sem quereres ou vontades, os racionalistas gregos punham-se a discutir e filosofar, como Platão pela boca de Sócrates, acerca de uma sociedade perfeita onde existiria uma "Comunidade de Mulheres" cuja defesa vai sendo fundamentada por Sócrates, lógica e racionalmente passo a passo, até chegar à conclusão: "Por conseguinte, meu amigo, não há nenhum emprego respeitante à administração da Cidade que pertença à mulher enquanto mulher ou ao homem enquanto homem; pelo contrário, as aptidões naturais estão igualmente distribuídas pelos dois sexos e é próprio da natureza que a mulher, assim como o homem, participe em todos os empregos, ainda que em todos seja mais fraca do que o homem".

A sociedade da democracia grega só foi possível pela liberdade de pensar e racionalizar todas as questões da existência e também do papel dos escravos, dos sábios, da justiça, da moral, dos deuses e religião e também das mulheres dentro do seu tempo e conhecimentos. 

Não é possível comparar seriamente aquela sociedade com a de hoje e muito menos opondo uma à outra através dos costumes ou moral. 

E mesmo que a comparemos, salvo determinados aspectos mais primitivos que entretanto foram sendo ganhos da humanidade, ficam sérias dúvidas acerca da grandeza de uma e outra.

Só mais umas notas:

A hetera Aspásia tentou criar cursos de letras e filosofia para raparigas que foi um escândalo e, claro, um insucesso.


Se a mulher levava um dote para o casamento em caso de divórcio esse dote era, por lei, restituído à família da mulher o que lhe permitia uma inestimável protecção e alguma independência.

Também há inscrições tumulares que indicam mulheres a trabalhar fora de casa como Fanóstrate, parteira e médica; Melita, filha do imigrante Apolodoros registada como ama; Mânia, merceeira cuja loja fica perto da nascente. 

Também a religião era uma das actividades em que as mulheres tinham mais liberdade para se envolverem diretamente na vida da comunidade como sacerdotisas, pitonisas, menades.


Uma questão é importante assinalar; os gregos, como diz Kitto, actuavam dentro de um quadro pensado e instituído tão racional e lógico sobre todos os assuntos, quer familiares quer os da polis que não consta qualquer relato de um grego fanático quer político quer religioso nem dado a excessos como os do nosso tempo acerca do desporto ou comercialismo. E, embora pudessem "expôr" à porta os filhos recém-nascidos indesejados, também não consta que batessem nas mulheres, as maltratassem ou matassem como hoje acontece frequentemente por questões de sexo ou ainda mais frívolas.



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Pelo seu generoso contributo, aqui, muito sinceramente, agradeço aos Leitores P. Rufino e José Neves.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda-feira.
Saúde, sorte, alegria - é o que vos desejo a todos.

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domingo, março 27, 2016

Uma vez mais:
O que é a arte?
-- a palavra aos Leitores Joaquim Castilho e P. Rufino


Pintura que integrou a exposição 'A felicidade em Júlio Pomar'

 


O que é a arte? Para que serve a arte?


Para que serve uma paisagem desértica ou uma montanha nevada?

A arte, tal como por exemplo uma paisagem, pode transmitir-nos emoções agradáveis ou penosas, evocar memórias, ampliar a nossa sensibilidade, permite-nos ver e sentir para além da realidade racional, objectiva e “ utilitária” do quotidiano.

Contrariamente ao que normalmente sucede com uma paisagem, a arte é uma construção levada a efeito por um produtor, um “artista” que pretende realizar com volumes, cores palavras, com fixações em telas ou em papel fotográfico, por exemplo, as emoções ou uma qualquer mensagem que ele próprio pensa ter descoberto e que julga interessante dar a conhecer a outrem. Esta actividade exige “inspiração e transpiração” e é muitas vezes penosa de realizar até o artista julgar ter conseguido atingir o objectivo pretendido.

Aprendi, como engenheiro de telecomunicações, que para comunicar algo a alguém é necessário um emissor, o artista, um receptor, o público interessado na fruição da obra de arte, e um meio de comunicação, o objecto artístico, mas também uma linguagem que seja compreendida pelo receptor sem a qual não existirá transmissão do que quer que seja.
Se um chinês me comunicar na sua língua qualquer coisa eu não irei receber nada porque não falo chinês.
Se não me for acessível a linguagem utilizada pelo artista, ou se ele não me facilitar essa compreensão, não posso entender o que ele me quererá dizer e não posso fruir a obra de arte.

Muitos artistas constroem uma linguagem que nos é perceptível pelo facto das suas obras nos conseguirem transmitir as emoções que teriam pretendido expressar mas nem sempre são exactamente as que o artista terá querido exprimir mas uma transmissão funcionou.

Ubu Roi III - Miró, 1966

Gosto do Miró ou do Pomar porque sou sensível à sua linguagem reproduzida em inúmeras obras. 

Detesto o Cabrita Reis por não consigo “sentir” o que ele me quer dizer. Chego mesmo a pensar que ele não “fala“ qualquer linguagem. Mesmo os especialistas que a procuram traduzir por palavras escrevem numa linguagem tão hermética que eu sou incapaz de a perceber.


I dreamt your house was a line - Cabrita Reis, 2003

As linguagens vão evoluindo através dos séculos. Há artistas que morreram e outros que continuam vivos porque as linguagens que utilizaram continuam vivas.

É normal que os artistas procurem sempre outras linguagens, sempre foi assim, mas procurar não significa necessariamente encontrar. Um dos problemas da arte contemporânea é que há demasiada sede de procura e raramente se encontram linguagens perceptíveis à nossa sensibilidade de “receptores” comuns mesmo que a procuremos ir educando e façamos um esforço nesse sentido.

Depois aparece a “máfia” dos galeristas, dos colecionadores, dos críticos, dos gestores de museus, curadores de exposições e editores revistas de arte etc. etc. desejosos de “valorizar” as obras de arte dos “se” artistas que ainda complicam mais a situação.
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Acrescento ainda alguma coisa à minha longa “narrativa“ (...) uma vez que (...) talvez seja falando de música, da linguagem musical, que o meu texto possa ganhar alguma verosimilhança! 

O canto gregoriano, a ars nova, as linguagens trovadorescas medievais, as oratórias. os madrigais, o nascimento da ópera, a música pré-barroca, o barroco, a musica clássica, o romantismo, o impressionismo etc., etc.

Linguagens que poderemos ir compreendendo e que nos vão facilitando a recepção de sonoridades diversas, de diversas épocas, que traduzem emoções, memórias, planícies e montanhas que descobrimos e por onde é bom viajar.

Die Lebensstufen (The Stages of Life), Caspar David Friedrich, 1835
Encontrámos desde o século passado o dedecafonismo, a musica minimal repetitiva e outras linguagens como a do referenciado Eric Satie, inclassificável como ele próprio, depois becos sem saída como Scelsi, Stockausen, Boulez, Xenakis que sábia e honestamente tentaram novos caminhos. Novas clareiras com Gubaidulina, Ligeti ou Part e tantos outros que procuram e talvez tenham encontrado e que terão aberto caminhos que os “mais famosos” vieram a revelar.

Botas como as de Van Gogh ou torturadas paisagens como as Caspar David Friedrich enriquecem-nos porque terá havido sempre e continuará a haver alguém que, através da Arte, nos quererá dizer qualquer coisa e nos irá sendo possível sentir o que nos querem transmitir mesmo sem os compreender. Ligação absolutamente necessária entre o emissor criador e o receptor fruidor da obra de Arte .


Texto da autoria de Joaquim Castilho, enviado através de comentários a posts abaixo

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Este tema, sobre o que é a Arte, é muito interessante e estimula uma boa e saudável discussão. 



Aqui há uns bons meses comprei um livro na FNAC que aborda esta questão de uma forma curiosa e mesmo cativante. Uma excelente obra. O autor é Julian Bell e o livro intitula-se, “Espelho do Mundo – Uma Nova História de Arte”. Já conclui a sua leitura há uns tempos e não me arrependi um momento sequer. É um livro grande, de muitas páginas, que leva tempo a ler – com atenção. (...)

No fundo, o significado de Arte tem também a ver com as sensibilidades de cada um. Da percepção que temos de objectos (um quadro, uma escultura, por ex) e sons (música), por exemplo. Mas, julgo também sobre o sentido desses mesmos objectos e sons. Da sua beleza. Da sua capacidade de nos atrair. Daquilo que podem significar e transmitir. E talvez também da dificuldade da sua execução (quer pela duração da sua concepção, quer pelo esforço mental que exigiu, etc).

Há muitas variantes no que respeita ao conceito que nos leva a definir Arte. E a Arte e o seu conceito evoluiu, ao longo dos tempos. E houve momentos em que aquilo que se seguiu, um novo estilo, foi rejeitado de início, para ser admirado mais tarde. Na Pintura (recordemos as primeiras reacções aos artistas Impressionistas, um dos vários exemplos), como na Escultura, como na Música (Stockausen, Xenakis, etc, aqui mencionados por outro Leitor que gosto de ler). Mas, também na Literatura. António Lobo Antunes, se bem me recordo, teve os seus contestatários pela forma como se revelou a escrever, ao não seguir a escrita com a pontuação tradicional (o mesmo para Saramago, que depois foi Prémio Nobel). Nalguns casos, o que chocou o conceito de Arte foi a sua (total) inversão.

Por exemplo, como dizia um crítico, a desconstrução de se conceber Arte.

La soupe - Pablo Picasso, 1902-1903

Picasso e outros foram exemplos disso (todos os movimentos que se seguiram ao Impressionismo, para além do Cubismo, o Surrealismo, o Expressionismo, Fauvismo, Futurismo, etc, ousaram reinventar a concepção de Arte).

Passaram a conceber a Pintura de uma forma até ali completamente diferente. Foram ousados e criaram um novo estilo. Inovaram. Goste-se ou não, ninguém discute hoje as suas qualidades artísticas e o seu lugar – relevante - na História da Pintura.

Le Rêve - Picasso, 1932

Naturalmente que há e houve em muitos casos, na concepção de determinada obra (Pintura, Escultura ou Composição musical), razões de natureza pessoal, experiências ou vivências desse tipo que levaram à concretização dessa obra. Os exemplos são vários, alguns até fascinantes. Agora, também terá de haver algum rigor para se considerar, ou incluir no conceito de Arte, determinada obra. É que nem sempre um excesso de ousadia, ou de inovação, ou de desconstrução, ou de abstracção, pode, ou deve, ser considerado Arte. Ou não deveria. Hoje, todavia, relativizou-se muita coisa, até na Arte. Por mim, desde que uma composição musical, um quadro, uma escultura, um livro, me fascine, pelo gozo que me deu de o desfrutar, já me sinto feliz. 

Les Deux Sœurs - Auguste Renoir, 1881

(PS: tenho imenso respeito por Martin Heidegger (com quem Herbert Marcuse colaborou, em particular num trabalho sobre Hegel – sempre admirei muito Marcuse), mas ainda hoje me custa entender aquela sua atitude perante o Nazismo, sobretudo vindo de alguém da sua estatura intelectual. Ficou a dever bastante a Hannah Arendt (com quem teve um “affair”, a sua recuperação, ou “desnazificação”). Outra nota: embora goste de Van Gogh, prefiro, por ex, Renoir (ou Monet, Manet)).


Texto da autoria de P. Rufino, enviado através de comentário a post abaixo

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Agradeço a ambos os Leitores os seus contributos e espero que não levem a mal que tenha puxado os seus comentários para o corpo principal do Um Jeito Manso.

A selecção de obras que usei para ilustrar o texto é da minha responsabilidade embora tenha sido feita a partir das referências dos seus textos.

A música lá em cima, Magnificat, é da autoria de Arvo Pärt.

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sexta-feira, setembro 11, 2015

Cientistas dizem ter redescoberto um novo parente dos humanos: o 'Homo Passeli'
[E um conselhozito de pé de orelha a António Costa na sequência da entrevista a Vítor Gonçalves na RTP1]

Cientistas dizem ter redescoberto um novo parente dos humanos: o 'Homo Passeli'



Os investigadores responsáveis pela redescoberta acreditam que esta espécie pelos vistos ainda por cá anda, quando, por mero acaso, viram ontem o debate entre Passos Coelho e António Costa. 

Com recurso a modernas técnicas científicas, utilizando computadores avançados, puderam ver que, de cada vez que Pedro Passos Coelho se abespinhava com Costa, evidenciava este aspecto, embora não fosse perceptível aos olhos dos telespectadores. 


Esta espécie, que se julgava extinta há uns milhões de anos, tem cerca de metro e oitenta, pernas e pés parecidos com os nossos, ombros mais preparados para subir às árvores e cabeças com cérebros pequenos. Este é o retrato de uma espécie de hominídeos que cientistas dizem ter redescoberto agora em Portugal, para sua grande perplexidade! 

A espécie foi batizada de Homo Passeli, em homenagem a Pedro Passos Coelho, ou seja, do género Homo ao qual pertencem também os humanos modernos.


"Apresento-vos uma espécie do género humano, que se julgava extinta", declarou, animadíssimo, Lee Berger, o investigador norte-americano, numa conferência na Gulbenkian, logo a seguir ao debate, a que assistiu juntamente com os seus colegas, como convidados do CM. 

Berger explicou que foi através de umas lentes especiais, aplicadas a um computador XPTO (ainda não estão à venda em Portugal, ou mesmo no resto do Mundo, pois NASA não autoriza), que puderam constatar esta sensacional descoberta.

Segundo Berger, a anatomia interior de Pedro Passos Coelho mostra uma mistura estranha de características primitivas e dos humanos modernos. Por exemplo, as mãos e os pés são parecidos com os dos humanos, mas os ombros e o pequeno cérebro (do tamanho de uma laranja) remetem para os antepassados da espécie Homo. E a voz de barítono de PPC deverá ser semelhante ao dos sons guturais emitidos por aqueles seus antepassados directos, segundo os entusiasmadíssimos antropólogos norte-americanos.

O PM, que se encontrava acompanhado pelo José Gomes Ferreira e Miguel Relvas, ao que o CM apurou, terá ficado muito honrado com esta distinção, o de ser um hominídeo com cérebro do tamanho de uma laranja, pois imaginava que possuía um do tamanho de uma castanha.



Texto da autoria do leitor P. Rufino, a quem agradeço, inspirado no texto publicado no DN com o título:

Cientistas dizem ter descoberto um novo parente dos humanos: o 'homo naledi'  da autoria de P.J.

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PS: A propósito da entrevista de António Costa na RTP1, com Vítor Gonçalves.


Alô, alô, António Costa! Está tudo a correr bem, sim senhor, está a mostrar que está a anos luz do láparo, que trará de novo a competência e a decência à governação, que sabe o que quer para o País, que tem estratégias, que as tem fundamentadas, que quer o bem para Portugal e para os Portugueses, que é honesto na forma como foge a promessas fátuas, e que é assertivo, combativo, que tem sangue na guelra, tudo isso. Mas, ó senhor, modere lá essa genica. 
Na entrevista na RTP1, tinha mesmo que ser tão mauzinho com aquele pobre coitado do sonso do Vítor Gonçalves?
Isto, na campanha, ainda a procissão vai no adro pelo que vai muito a tempo de encontrar o tom e o modo certo para nos aparecer. Acutilância, sim senhor, mas, ó faz favor, escusa de dar tareia nos que lhe aparecerem pela frente com perguntas disparatadas. Porque, sim, as perguntas eram disparatadas, e, sim, pareciam encomendadas, e, sim, ou o Vítor Gonçalves é um pobre papagaio ou parecia ser um ponta de lança pafiento. Mas, em televisão, as coisas ganham uma repercussão que pode ser chata e qualquer coisinha pode ser aproveitada para outros fins. Por isso, numa próxima, respire fundo, sorria, tenha paciência e responda como se estivesse a responder à pessoa mais inteligente do mundo (não deixando de dizer tudo o que tem a dizer, claro!) - é que, do outro lado, não é só uma barata assarapantada que o está  a ver, é o país inteiro.

Contra os PàFs e a bem do PS, o eleitor agradece.

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quinta-feira, março 12, 2015

O candidato Aniceto Silva


Depois de nos dois posts abaixo ter dado palco à matemática na poesia, ao amor expresso graficamente, ao humor na matemática e tudo à boleia dos meus queridos Leitores, aqui, agora, mudo e comprimento de onda e, dando de novo a palavra a um Leitor, desta vez ao Leitor P. Rufino, deixo-vos um conto suculento. O candidato Vieira junta-se à festa para a abrilhantar já que o assunto tem a ver com eleições presidenciais. Temos, pois, assuntos de Estado. A vossa atenção, por favor.







Aniceto Silva, sentado na sua sala de estar, em casa, ouvia atentamente o que o Presidente dizia, sobre as características e perfil que o seu sucessor deveria possuir. 

Tinha sido um apoiante de Cavaco e depois de Passos, pessoas que admirava, pela perseverança, coragem, idoneidade, isenção, inteligência e capacidade de diálogo, que ambos possuíam, em sua opinião.

Era Presidente da Câmara de Arrabaldes-de-Baixo, eleito pelo PSD, de que era militante quase desde que nascera. 

Em comum com Cavaco tinha o facto de o seu mandato também estar a expirar. 

Mas, havia uma diferença entre os dois, que importava registar: enquanto que o PR no fim do mandato iria para casa, ele, Aniceto, tinha ainda uma vida à sua frente. Até pela diferença de idades. Contava apenas 57 anos, embora (“uma chatice!”) um pouco gastos. O clima gélido no Inverno e insuportavelmente quente no Verão tinha-lhe estragado o “carão”, como dizia para consigo.

Ora, Cavaco enumerara um conjunto de requisitos que ele, Aniceto, entendia possuir. Era um tipo viajado, pois visitara as várias comunidades portuguesas originárias do seu Concelho, a viver por esse mundo fora, na Europa, Venezuela, Brasil, Canadá, Austrália, em Angola, no Dubai e até na Tailândia (onde provara as famosas massagens, por ocasião de uma visita que ali fizera uns anos atrás, para se encontrar com os conterrâneos que ali trabalhavam, em número de 4). Arranhava algum inglês, francês e desenvencilhava-se razoavelmente em espanhol. E sabia cumprimentar em alemão. Nessas ocasiões, mantivera contactos com algumas das autoridades dos países que visitara. “Ora, se isto não era experiência em Política Externa, em Relações Internacionais, vou ali e já venho”, pensou o bom do Aniceto.

Outra coisa em comum que possuía com Cavaco era o facto de também ser casado (“um Presidente tem de ter uma mulher que o acompanhe, faz parte!”, pensava). A Maria Reguengas era uma mulher apresentável, que não ficava a dever nada à Maria Cavaco, de forma nenhuma, embora de aspecto mais rude. Pouco, todavia. Mas isso até era uma qualidade a explorar, visto ser uma mulher do povo e quem mais ordena é o povo, lá diz a canção! Reguengas não falava línguas, mas para isso lá estava ele. 

Havia apenas um pormenor que o afligia, que era serem ambos, ele e a sua Senhora, baixotes. Mas, bolas, também o Vitorino do PS era e nem por isso desdenhava ser candidato a PR, se o convidassem! E depois, um homem não se mede aos palmos, mas pelo que vale, pelo que provou. E ele, Aniceto Silva, que era Presidente daquela Vila e sede de Concelho há 4 mandatos seguidos, tinha provado o seu valor. Mandara construir piscinas, creches, autorizara Centros Comerciais, permitiu a construção de muito prédio (embora quase desabitados, por causa da crise), captara investimento do Bangladesh, da Venezuela, concedera uma licença para uma grande casa de massagens tailandesas (que era um sucesso!) e até tinha conseguido vender uns terrenos a chineses, russos e angolanos, sabe-se lá para o que eles os queriam, não importa, era dinheiro estrangeiro ali investido! Ora isto era Diplomacia económica, ou não?

E, assim pensando, enquanto via a Casa dos Segredos (aquela Teresa Guilherme mexia com ele! O que ele dava para uma noitada com a referida!), decidiu-se em avançar com a dita candidatura, visto, como julgava, o seu perfil se encaixar na perfeição no modelo idealizado por Cavaco Silva (“até no apelido tinha semelhanças com ele, que engraçado!”, cogitava).

E pôs o seu plano em marcha. Contactou todos os grupos de conterrâneos da Diáspora e, com promessas de loas, lá obteve o apoio necessário. Conseguidas as assinaturas indispensáveis e após o “sim” do Tribunal Constitucional, Aniceto anunciava ao Mundo o seu Programa de Candidatura.

A seu lado, Maria Reguenga escutava-o embevecida. Já se via “Presidenta”. Até uma lagrimita lhe escorreu pela face gorducha e vermelhuça, indo depositar-se nos beiços. Lambeu-a. O anúncio foi feito no largo da Câmara de Arrabaldes-de-Baixo, para gáudio da população. E teve honras de TV, pois todos os canais ali estiveram (embora a convite dele, instalados no hotel da terra e pagos pelo orçamento da Câmara).

Uma vez concluída a apresentação programática, esfregando as mãos papudas e peludas, com as unhas limpas (resultado do esforço hercúleo da sua Reguenguinha, como lhe chamava carinhosamente em privado, com recurso a uma escova de arame), bateu as palmas, que todos de imediato imitaram, seguindo-se uma almoçarada bem regada, para todos ali presentes (suportada pelo orçamento camarário). 

Após o pesado repasto, sentia-se capaz de desfiar o Mundo! E, enquanto tagarelava com alguns jornalistas e gente importante do Concelho, coçando a grossa e rotundíssima pança, começou a pensar nos debates que mais tarde teria de enfrentar. Não os temia! Trucidaria todos os seus opositores. Tinha o dom da palavra! Estava confiante. 

Passos Coelho é que lhe estava atravessado, pois não o reconhecera como candidato do PSD, preferindo Rui Rio, que afinal não se candidatara (“e ele que o apoiara tanto! Ingrata criatura!”). Já o Professor Marcelo fora simpático com ele, num comentário que fizera, num Domingo, perante Judite de Sousa, ao dedicar-lhe 30 segundos e designando-o como o candidato das Berças. Até lhe enviara um cartãozinho, a agradecer a atenção.

Agora, pensava, era só esperar por Fevereiro de 2016 e tomar posse!

E quando na rua se lhe dirigiam e chamavam de “Senhor Presidente”, já confundia essa designação com a futura, uma vez instalado em Belém.

Os cartazes da sua candidatura eram sóbrios e transmitiam uma mensagem que o povo compreendia. De dedo espetado, sorriso na boca e umas breves palavras: “vão por mim, que vão bem!”

Parou um momento, a olhar-se, num cartaz, junto a Câmara.

Depois, entrou ali, subindo as escadas e abriu a porta do seu gabinete, onde ao fundo se encontrava pendurada uma grande fotografia sua, em caixilho dourado. 

Acabara de se sentar na sua poltrona, quando a sua secretária, abrindo a porta, lhe anunciou estarem ali, à sua espera, duas pessoas da Segurança Social que queriam falar com ele. Tremeu, mas lá os recebeu.

Afinal, não vinham com más intenções. Estava em falta com algumas declarações, “que se esquecera de fazer” para a Segurança Social, uns anos atrás, mas tendo em vista o procedimento que tinha existido para com o Senhor Primeiro-Ministro, de lhe ter sido facilitado o pagamento praticamente sem penalizações, ali estavam para o ajudar também a limpar o seu anterior historial em falta, a fim de poder manter a candidatura à Presidência imaculada. Agradeceu-lhes, ofereceu-lhes um almoço, custeado pelo orçamento camarário e lá se resolveu tudo, para seu descanso.

Ainda teve um outro aborrecimento, igualmente resolvido a contento, quando se veio a descobrir que tinha comprado umas acçõezitas do ex-BPN a preço de saldo, que depois revendera por valores superiores, obtendo um ganho considerável. Prometeu ao director da sede do antigo BPN, que lhe facilitara esse negócio (a troco de financiamento de umas obras autárquicas que mandara construir) um lugar como assessor económico, uma vez eleito e o caso foi desmentido. 

E, após uma campanha difícil, bem debatida, Aniceto Silva, acompanhado pela sua Maria Reguenga tomava posse como PR deste imaginário país.


Autor do conto: P. Rufino

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Candidato Vieira recomenda lavagem das partes baixas


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A inclusão das fotografias e dos vídeos do Candidato Vieira é da minha responsabilidade. 
Como é sabido sou devota do Manuel João.

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E sigam, por favor, para os dois posts seguintes que são ambos altamente educativos.

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sexta-feira, março 06, 2015

A menina Otília foi às Finanças







A menina Otília foi às Finanças. Queria um esclarecimento e foi lá informar-se. Não deixando nada ao acaso, produziu-se toda: minissaia justa, decote fundo, meia preta, maquilhou-se cuidadosamente e pintou as unhas de vermelho. E, do alto dos seus maravilhosos 29 anos, bem vividos, lá entrou, triunfante. Tirou a senha e sentou-se, enquanto desfrutava do olhar baboso de uns tantos cotas e menos cotas a olhar para ela, como que a quererem dizer-lhe, “comia-te toda”. 

Quando o seu número surgiu no ecrã, levantou-se e apresentou-se ao manga-de-alpaca da Autoridade Aduaneira (“que raio de nome”, pensou). O “manga”, com um fio de baba a escorrer-lhe pelo canto da boca, com voz trémula de desejo, perguntou-lhe: “então menina, o que temos, enfim, em que lhe posso ser útil?” Otília explicou-se: “Era puta, profissão que exercia desde que começara a crise, visto ter ficado desempregada. Ou seja, há já cerca de 5 anos. Por vezes, recebia a sua clientela em casa, outras ir ao encontro da clientela. E como não era esquisita, muito pelo contrário, tanto satisfazia homens, como mulheres, novos ou jovens. O importante era realizar dinheiro.

Ser puta era um bom investimento, razoavelmente duradouro, mais do que um atleta de alta competição, ou futebolista, por exemplo. Tinha despesas, é certo, porque isto de se ser puta implicava cuidados com a sua forma física nos fitness-centers, bem como na compra de vestuário adequado às circunstâncias. Ao contrário do que muita gente imagina, é uma profissão algo cansativa. Por exemplo, ter de aturar gente, muita das vezes, com gostos e desejos bizarros, etc. 

Mas, agora o que seriamente a preocupava era o seguinte, daí ter vindo aconselhar-se às Finanças: desde que iniciara aquela sua actividade liberal, nunca tinha emitido uma factura, nunca descontara para o IRS, nem tão pouco para a Segurança Social. Ora, depois de ver a perseguição de tinha sido alvo, recentemente, um dos seus mais ilustres clientes, por essa imprensa sem vergonha, ficou apreensiva”. 

Aqui, o “mangas”, já com a camisa húmida de baba, interrompeu-a, muito atencioso: “mas, apreensiva porquê, menina?” 

Otília lá esclareceu: “É que, fui convidada para exercer uma função governamental e tenho medo de que venham a descobrir que, não estando inscrita no Fundo de Desemprego desde que fiquei sem trabalho, o que seria normal, não tendo declarado rendimentos, como poderei justificar o pagamento da renda de casa, da água, gaz e electricidade, como me sustento, como me transporto e de onde me vem a choruda conta bancária que já possuo, embora conseguida com muito esforço, dedicação e entrega? Não queria ter rabos-de-palha, já basta o meu, tão cobiçado pela clientela masculina!”

O Sr. Honorato, o manga-de-alpaca, com um largo e babado sorriso solícito, sossegou-a: “Oh menina, não se preocupe com isso. A menina não faça nada. Vá por mim, salvo seja. Como não tinha que passar facturas, nem estava a recibos verdes, não tem que descontar nada. A menina é uma decentíssima puta e ninguém tem nada com isso. Nunca roubou ninguém, muito menos o Estado, já que essa sua versátil profissão não consta da lista das actividades profissionais reconhecidas oficialmente. Assim sendo, não está obrigada perante a lei e o fisco, quer a descontar para o IRS, quer para a Segurança Social. Se conseguiu viver e sustentar-se razoavelmente bem, furando a crise, até aos dias de hoje, a si lhe diz respeito e a mais ninguém. Olhe, sabe a menina, pode ter essa profissão de puta, como diz, mas puta de profissão é a minha, que não tenho dinheiro para ir às putas, sofro cortes no meu salário, desconto cada vez mais, tenho menos férias, vou ter uma reforma de merda e ainda me obrigam a trabalhar mais horas! Vá com Deus e a Nossa Senhora, aceite o lugarzinho político que lhe vão oferecer, aproveite-o para futuros contactos e influências, que a vida é curta. Tenha uma boa tarde!” 

Otília, de tão contente, até deu um beijo na calva testa do Honorato manga-de-alpaca e, baixinho, ainda lhe disse, ao ouvido: “a si faço-lhe um precinho especial, de amiga!” 

Uns dias depois tomava posse.

E alguns meses após, era capa do CM: “na cama com Otília!” E lá vinham os nomes de vários dos seus clientes. Quase tudo gente fina, banca, empresas, políticos, advogados, um mundo profissional “imaculado”. Como aquilo tinha surgido não sabia.

Mas, aquilo que mais receara não fez parte do tablóides, ou seja, se tinha feito descontos para a Segurança Social, se tinha pago o IRS, nada. Feito o desmentido oficial, Otília por lá continuou. 


Quando o governo cessou funções, era célebre e tinha uma carteira de clientes, do melhor, até ao ano 3 mil! Era puta, mas puta de vida é que ela não tinha. Bem pelo contrário!


Autor: P. Rufino


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Transcrevi a suculenta história que o Leitor P. Rufino me enviou por mail. As imagens, a música (Roberta Sá interpretando A Vizinha do Lado) e o destaque são de minha responsabilidade.

Se a menina Otília é arraçada de láparo ou tem qualquer coisa a ver com as 50 sombras fiscais e contributivas de Passos Coelho isso não sei.


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