sábado, outubro 19, 2024

As duas razões pelas quais uma pila se abstém: ou não tem vontade ou não consegue -- Pedro Mexia dixit
[E, já agora, uma questão que envolve a ejaculação precoce das pilas impulsivas]

 

Estava a ouvir o Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer quando João Miguel Tavares, a propósito da atitude dos partidos sobre a decisão que iriam tomar aquando da votação relativa ao Orçamento, usou a metáfora da comparação de pilas. Diz ele que até parece que quem vote contra com mais veemência será quem melhor faz oposição. Nesse contexto, naturalmente os principais intervenientes seriam Ventura com o seu rotundo não e Pedro Nuno Santos que, depois de enunciar todos os motivos para votar contra, aplicou-lhe um 'não obstante' e comunicou que a sua decisão será abster-se.

Nesse momento, Pedro Mexia, sempre com aquele seu ar de quem não está nem aí, se sai com a observação que acima citei. Claro que desatei a rir. Nem mais. E bate muito certo com o que ontem escrevi.

É que Pedro Nuno Santos sabe (ou intui) que lhe falta a energia, a pedalada, o punch, para se impor numa campanha (em que a imprensa e a teia de comentadores está feita com a AD, em que a maltosa da AD e do Chega não se ensaia nada para falsidades e manipulações, em que Marcelo continuará a ser Marcelo). Por isso, porque lhe falta a vontade ou porque sabe que não conseguiria, absteve-se.

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Mas, seguindo no carril das pilas e, na senda do que em tempos escrevi sobre alguma malta que, na nossa política, por aí anda a padecer de ejaculação precoce, uma pergunta faço eu: se é apenas na 2ª feira que Pedro Nuno Santos vai propor à Comissão Política o voto abstencionista do PS, porque é que já fez o anúncio ao País com pompa e circunstância como se já houvesse uma decisão oficial e escriturada? 

Não está a desvalorizar completamente a independência e relevância da Comissão Política do PS? O que lá vão fazer? Missa de corpo presente? São meros verbos de encher? 

E, se por um qualquer desalinhamento cósmico, a Direcção Política do PS decidir num outro sentido, com que cara vai ficar o não-impulsivo Pedro Nuno Santos? Ou tem um certo lado masoquista e gosta de fazer anúncios que mais não são do que passos em falso como naquela opereta bufa do aeroporto? Aparecer-nos-ia, outra vez, com o rabo entre as pernas, a confessar que se tinha precipitado? 

Note-se: estou a perguntar. E não são perguntas retóricas. Pergunto pois gostava mesmo de saber qual a resposta.

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E, se só agora aqui chegou e lhe apetece uma peixeirada, é descer. O Rangel está aí em baixo para a servir.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ainda não percebeu que PNS é um grunho mal criado, com tom de voz ladainha para endrominar esquerdistas, misógino (basta lembrar todas as vezes que referiu direitos das mulheres em oarticular, como a questão das quotas, usando de termos e um tom humilhantes, de quem só faz o frete, mas é grunho como ele é), não tem visão para o país a não ser a que tiver de ser para se chegar ao poder nos ombros de uma esquerda mais embrutecida e radicalizada do que há 5 ou 10 anos?

Anónimo disse...

PNS só quer o poder. Viu se com o aeroporto e vê -se em tudo. É como diz: só não vai a jogo porque tem medo de perder, senão marimbava-se para o país. Era um aeroporto no Montijo provisório só para gastarmos dinheiro para ele dizer que é o macho que decide, era eleições para nos dar instabilidade em prol da sua carreira. Valha-nos que Montenegro tem feito um otimo trabalho, surpreendendo-me bastante, que pela primeira vez votei à direta na minha vida. Não aceito a nova visão do PS de que o país quer-se com impostos elevados sobre empresas e jovens para ter dinheiro para espalhar subsidios por exemplo ao arrendamento (eu recebo um desde há um ano e acho mal!). Neste PS não me revejo.

Anónimo disse...

Também me parece que o rapaz acabou, mais tempo menos tempo. Só que...se a ideia é o Zé Luís, acho bem...para acabar de vez com o PS, porque a diferença entre ele e o PSD é nenhuma. Se não é este, e ele anda por aí como a Cinha Jardim e o Zé Castelo Branco em tudo o que é foto, então quem é? Ninguém, não é? Quando um partido perde o poder e os tachos inevitavelmente entram em guerra e só passados anos levantam.

Esta foi provavelmente a vitória do PR na comédia do orçamento: partiu o PS.

Corvo Negro disse...

Olá UJM
Pilas de fora, hoje não estou de acordo com a 2ª parte do seu texto. Sustento:
- Pedro Nuno Santos antecipou-se ao Congresso do PSD (que está a decorrer neste fim de semana) e deixou-os a falar para dentro.
- Se a Comissão Nacional decidir em contrário (o que é pouco provável porque a "linha dele" é que queria o voto contra e está em minoria), ele só tem um caminho, demitir-se e quem vier atrás que faça melhor.
Abraço e boa continuação.