terça-feira, junho 04, 2024

Um cabo que afinal não é AV mas sim coaxial.
E uma televisão que... me parece que ficou mais acima do que devia...
Mas que é completamente indiscreta. Agora até vi um cabelo na camisola preta de uma senhora que ali estava...

 

A dita já está na parede. Com uns parafusos ligeiramente mais finos e um pouco mais curtos, a coisa resolveu-se. Depois foi enfiá-la no suporte. Estava à espera que o suporte que se prende à televisão encaixasse melhor nos que estão na parede. Mas não, só entra um bocadinho. Fiquei com receio que não estivesse bem mas o meu marido disse que era mesmo assim. E, de facto, parece que ficou bem presa. Mas depois há uns parafusos que se aparafusam por baixo e por detrás do suporte da televisão, provavelmente como segurança adicional. Aí foi outra provação pois a televisão é fininha, fica quase encostada à parede. Portanto, não se veem e não há mão que lá chegue. O meu marido sentou-se no chão, todo torto, com a mão enfiada e a chave de parafusos e eu com a lanterna do telemóvel a dar-lhe luz e foi uma cegada pois, para a luz dar no parafuso, quando ele enfiava a mão tapava a luz. Tentei eu, que tenho a mão pequenina, enfiar a mão por baixo a ver se conseguia rodar o parafuso com a mão. Qual quê... não dei com eles. 

Ele já dizia que caguava para os parafusos. E eu que não, que tivesse paciência e tentasse mais, tentasse melhor, senão a dita ainda vinha parar ao chão.

Enfim. Lá conseguiu. Ou não... Pode ter dito que sim porque já não aguentava mais a posição e o esforço. 

Não percebo que método é aquele. Quem inventou este processo devia estar com os copos. Nem que fossemos anõezinhos conseguiríamos atinar bem com aquela cena dos parafusos pretos, para prender a suportes pretos que estão atrás de uma televisão preta, num espaço ínfimo, a não mais de uns cinco centímetros da parede.

O pior é que, quando olhei para ela, achei que estava levemente descaída para um dos lados. 

(Escusado será dizer que nestas situações o meu casamento fica por um fio).

Ele declarou categoricamente que estivesse como estivesse não ia agora desfazer tudo e voltar a fazer mas que, além disso, estava boa. Pus-me em cima de um banquinho para lá pôr em cima o nível. Estava com a bolhinha levemente mais para um lado que outro. Para confirmar, Medi com a fita métrica. Encontro uma diferença de uns 3 mm. Furioso, pôs ele o nível e disse que estava bom. Para ele, se a bolhinha estiver entre os dois riscos centrais, está bom, não tem que estar escrupulosamente ao centro. Não sei se isso é assim. Só se for para vesgos (que não se importam de ver uma coisa a descair).

Mas o pior nem é isso. O pior é que, estando agora sentada no sofá, acho que ela devia vir ligeiramente mais para baixo. Quando não estava posta, grande como era, não dava para imaginar bem. A minha filha viu na net que há uma regra: o meio deve estar entre metro e vinte e metro e sessenta do chão. Para ficar no mínimo, isto é, a metro e vinte, pareceu-nos que ficaria demasiado junto do irradiador que está fixo na parede. Pareceu-nos que onde está agora, em que o meio está a 1,36 m do chão não apenas estava dentro do recomendável como guardaria uma distância razoável do irradiador. Mas agora que estou sentada no sofá em frente, parece que tenho que inclinar um pouco mais para cima o pescoço do que devia. Fui medir e penso que sete centímetros abaixo ficaria melhor.

O meu marido ao ouvir isto, levantou-se, a modos que furioso, e disse que era uma questão de hábito e que de uma coisa posso eu estar certa: não vai passar outra vez pela complicação de fazer quatro buracos completamente bem alinhados e depois pôr dois parafusos num sítio inacessível. Isto para além de não querer ter a parede esburacada.

Portanto, a ver...

Agora uma coisa é muito certa: as imagens têm uma qualidade incrível. Estivemos a ver uma reportagem sobre as Canarias no National Geographic e é uma coisa... Estávamos mesmo impressionados. Agora estou a ver um programa na RTP 1 sobre os que vivem para lá dos 100 anos e quase parecem imagens 3D. Até apareceu uma senhora com um casaco ou uma capa de malha cheia de borbotos. Tive mesmo vontade de estender o braço e arrancar-lhe os borbotos para ficar mais apresentável. Não sei se a definição é excessiva ou se os borbotos é que eram mesmo exuberantes demais. E hei-de ver o abominável mistério das flores, sim. Muito obrigada pela dica.

Resta ainda acrescentar que, enquanto ele estava a prender o suporte e a fazer mais não sei o quê, eu estive a ver se conseguia pôr a funcionar a televisão que levei lá para cima. Liguei a energia e o cabo da antena. E digo cabo da antena pois é igual aos cabos antigos das antenas. Mas não sei de onde é que o cabo vem pois lá em cima está o router do operador de comunicações e cá em baixo, aqui na sala onde estou, está a box. Portanto, não sei. Só que, depois de ligar, mais uma vez não tinha canais, não tinha nada. E, mais uma vez, andei às voltas com o comando da televisão. Percebi que tinha tinha a ver com a fonte, a entrada da coisa. HDMI não era, as tomadas daquelas em forma de trapézio com muitos piquinhos lá dentro também não. Sobrava uma coisa designada por AV. Portanto, optei por isso. Mas depois aquilo deriva para televisão digital ou analógica e eu fui tentando uma e outra. E nada. Fazia a sintonização e nada. Mais uma vez, um desatino. Então, uma vez mais, ó tio, ó tio, ChatGPT diz lá o que é que eu faço. Descrevi o problema: a marca e modelo da televisão e o que tinha ligado, a energia e o cabo AV, o que tinha feito e que não conseguia nada. 

Sábio que só ele e delicado como começo a perceber que também é, começou por me dizer que os cabos AV tem três cores e mais não sei o quê e que, pela minha descrição, aquilo era um cabo coaxial. Quando li aquilo senti-me mil vezes burra. Claro que é um cabo coaxial. Caraças. Parece que estou parva. Então já não sei que aquilo é um cabo coaxial? Qual AV? Burra, pá. E disse-me para eu, no comando, ir ao Home e às Configurações e para escolher a Televisão e depois a opção Cabo. Assim fiz. Depois, quando fiz a sintonização, ao contrário das outras vezes em que a percentagem de sintonização ia subindo e os canais detectados zero, desta vez, era eles a aparecerem que era um gosto. Qualquer dia não passo sem a ajuda do Tio Chat.

Portanto, a televisão lá de cima já a funcionar também. Acresce que, ao retirar a televisão pequenina, apareceu uma coisa de que eu andava à procura e cujo desaparecimento já parecia um mistério. Alguns dos miúdos tinham lanchado lá em cima e eu, para além das tostas e da salada de frutas, tinha levado uma garrafa de uma bebida à base de chá verde e limão, sem açúcar. E a garrafa tinha levado sumiço. O meu marido garantia que não a tinha deitado fora. Levado para a cozinha, ninguém a tinha levado. Espreitei em todo o lado. Nada. Pois bem, ali estava atrás da televisão. Isso e um copo. 

Aparecem sempre coisas. Ontem também cá ficou uma bola de basket. Não sei se já contei daquela vez em que a minha neta ia chorando a rir quando o irmão desatou a tirar havaianas de um vaso de flores: ele andava à procura de uns chinelos (pretos) e eu disse que a última vez que os tinha visto, alguém os tinha posto no vaso grande que está no terraço, onde estávamos. Então ele tirou um chinelo verde. Depois um encarnado. Depois o par verde. Depois um cor de laranja. Depois o par encarnado. Parecia para os apanhados. Finalmente lá apareceu um chinelo preto. Depois um cor de laranja. Finalmente o outro preto. Eu também não parava de rir. Não sei explicar. Por causa do cão, pelos vistos quem se descalça esconde os chinelos no vaso. E, pelo que se constata, depois esquecem-se deles ali. Só visto.

E é isto. Ao fim da tarde ainda fui estender-me ao sol e ler um pouco mais da perversa Venturini. E ao fim do dia fomos fazer uma caminhada à beira da praia e comprar sushi para o jantar.

Vida de pensionista é isto: uma pessoa vai levando uma santa vidinha e, ao mesmo tempo, parece que vai ficando mais desligada das complicações tecnológicas e das coisas que supostamente vêm cada vez com mais funcionalidades, apesar de a gente só querer mesmo as coisas básicas, simples, que não nos põem a cabeça à roda.

Bem, fico-me por aqui. Vou ver se me habituo à altura a que está a televisão... Senão não sei se não terei que voltar a pôr o casamento em risco...

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