segunda-feira, setembro 08, 2025

(Actualizado) Obviamente, pirem-se!
-- A palavra ao meu marido --

 

O presidente da Carris e o Moedas não podem continuar. O que soubemos ontem no inquérito preliminar é gravíssimo. Um equipamento de transporte público que funciona há 140 anos, com todos os riscos que acarreta um período tão longo de funcionamento, e transporta centenas e centenas de milhares de pessoas por ano num percurso com inclinação de 17 por cento, não tem sistemas de travagem que atuem no caso de falha no cabo que suporta o equipamento e permite  que este trave. É inconcebível!  Como é  possível que um equipamento cujas condições de segurança são tão precárias transporte pessoas? 

O dirigente principal da empresa tem que se demitir porque não garantiu que a empresa cumprisse a sua missão principal que é assegurar o transporte dos utentes em segurança. 

O Carlos Moedas também devia ir-se embora por indecente e má figura: não só porque a CML tutela a Carris mas também porque vai para a SIC fazer figura de poucochinho e consegue dizer que tudo funcionou bem, dizer que não pensa em eleições, e, enquanto isso, põe-se a dar bicadas na concorrente eleitoral, e continua apelando aos sentimentos mais primários das pessoas e quase chora para conquistar votos. E porque ao longo deste processo demonstrou que tem zero de capacidade de liderança. Uma triste figura. 

Além disso, depois de andar a pregar contra a insegurança na cidade, mostrou que se esqueceu de um aspecto tão fundamental como garantir a segurança de quem usa veículos de transporte, ainda por cima talvez dos veículos mais usados na capital. Afinal o grande problema para a segurança de Lisboa não são os imigrantes mas a falta de condições dos elevadores turísticos da cidade. 

Indecente e má figura do Carlos é  também seguir a cartilha do Montenegro e, quando tudo está a correr a mal, vir dizer que se gastou mais dinheiro com o problema e que ninguém se demite porque "estão lá para resolver os problemas" que de fato agravaram. É uma cartilha que, de tão gasta, fede.

Eu sei que vivemos num País cujo governo atual mandou a ética às urtigas. O PM, com a Spinunviva às costas, diz no Governo o contrário do que dizia na oposição,  consegue dizer sobre o mesmo assunto três coisas diferentes no mesmo dia (foi o que fez quando falou sobre o acesso à matriz das propriedades que possui), mente quando lhe convém,... O ministro das finanças é o rei das cativações que tanto criticava nos antecessores. A ministra da saúde mantém-se no cargo apesar das sucessivas tragédias que têm ocorrido, mostrando que pensa que não tem nada a ver com as desgraças da área pela qual é responsável... 

Só falta mesmo que, depois do horrível acidente que ocorreu em Lisboa, ninguém assuma a responsabilidade pela inconcebível situação em que a empresa que transporta milhões de passageiros por ano colocou os seus utentes.  Mesmo no estado a que as coisas chegaram parece impossível.

Nota: quem é que garante que os outros equipamentos da Carris são seguros e não põem em perigo os utentes?

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Post scriptum

Ontem quando escrevi o post ainda não tinha ouvido as declarações do Moedas em 2021 a pedir a demissão do Fernando Medina. Depois de ter dito o que disse, o Moedas tinha que se demitir de imediato. É preciso descer muito baixo para utilizar os argumentos que ouvi ontem na SIC para justificar a sua continuidade no cargo. 

É vergonhoso! Não vale tudo! Um comentário de ontem, muito consistente, que agradeço, refere que o que aconteceu pode configurar um crime de homicídio por negligência ou dolo. Assim, parece que seria mais prudente o Moedas preparar a defesa em vez de andar por aí esganiçado, qual beata histérica, a tentar chutar para canto. Cada vez mais estes dirigentes do PSD me parecem aquela cambada que rodeia o Trump: impreparados, sem nenhuma ética, mentirosos e viciados em "fake news".

1 comentário:

Anónimo disse...

Ao CM agora deu-lhe agora para a bazófia:
"Se houver responsabilidade política, se alguém provar que houve um erro político, eu demito-me".
Manifestamente CM ou ainda não percebeu a extrema gravidade deste caso ou anda a tomar-nos por parvos. Vejamos.
1. Estes equipamentos foram conscientemente submetidos a recorrentes excessos de carga e de esforço com vista a maximizar a receita que, segundo notícias publicadas, ultrapassa os dez milhões de euros anuais.
2. A empresa, a administração da empresa, o acionista único/CML, os responsáveis pela manutenção teriam, todos, de ser, em simultâneo, cegos, surdos, mudos e estúpidos para alegarem total ignorância destes factos.
3. O acidente e a multidão de vítimas não são fruto do acaso e do azar. As mortes, os feridos e os incontáveis prejuízos são uma consequência direta da sobrecarga e do sobre esforço a que foram conscientemente submetidos aqueles veículos e equipamentos.
Pergunto: o que falta para estar preenchido o crime de homicídio por negligência ou dolo eventual?