segunda-feira, maio 23, 2011

Constança Cunha e Sá na TVI, na condição de comentadora, toda ufana com a confirmação da sua vontade expressa: Sondagem Intercampus aponta para cerca de 40% para o PSD e 33% para o PS

Ela 'já sabia', está a 'confirmar-se o que tinha anunciado': o PSD está a roubar votos ao PS

Irritante esta senhora, que se esquece que a gente pensa que ela é jornalista.

Mas adiante. Falemos então dos resultados desta sondagem.

Não me admiro: os fazedores de boutades foram de castigo, toda a gente do PSD calou a boca e agora é só espectáculo. Há os media advisers a escrever o guião e Passos Coelho só tem que repetir o que lhe ensinaram: meia dúzia de frases que são pura demagogia e insinuações para alimentar o clima de intriga.

No entanto, há que ter em atenção um aspecto. O africano pasteleiro está quase afónico e, se ele perde o pio, terão que sair da toca os outros que antes iam dando cabo de tudo (porque, como é sabido, o PSD é  exemplo acabado do que é um saco de gatos, ingovernáveis).

O PS, por seu lado, está overacting o que, feito por artistas em cena há mais de 6 anos, se torna cansativo para quem assiste.

Paulo Campos, Secretário de Estado

Ainda há pouco vi Paulo Campos na televisão, num comício do PS: parecia quase possuído, rouco, quase afónico, a gritar por Sócrates, uma coisa patética.

Depois foram entrevistar alguns participantes do comício e uns não eram portugueses, outros nem sabiam o que estão ali a fazer, outros confessavam que tinham apenas ido almoçar... enfim, 'contratados' para fazer número.

Só não digo que isto é política abaixo de cão porque gosto muito de cães (querem ver as fotografias que fiz no fim de semana e que coloquei no Street Photo & Co. com o nome de O homem, o cão e o mar ?)

Dizem-me que isto acontece em todos os partidos. Dizem-me que eram uma minoria. Não sei. O que sei é não gosto nem um bocadinho.

Ou seja, em minha opinião, com a estratégia que arranjaram, de endeusar o Sócrates (que cometeu um pesado erro estratégico ao não ter saído de cena), com as mesmas mensagens repetidas a l'outrance, com a fixação doentia no que diz o PSD, e, sobretudo, com o espectáculo permanente que choca neste período de crise em que sabemos o aperto que aí está e aí vem, as coisas não vão correr bem, não vão mesmo.

Atinadinho continua Paulo Portas, embora hoje, com o resultado favorável das sondagens, tenha mostrado alguns maneirismos que eram escusados. Mas, em consciência, tenho que admitir que é quem tem feito a campanha mais sóbria, mais ajustada. O CDS vai ganhar muitos votos e é compreensível.

O triste disto tudo é que, com o País sem dinheiro nos cofres do estado, a economia exangue, a população envelhecida, a juventude desanimada e com vontade de se ir embora, e na altura em que a tropa fandanga deveria recolher à casota, dando lugar a uma elite mais escolada, mais experiente, mais honesta, mais competente... o que vemos é que nada mudou, a coisa vai de mal a pior e não tardará que estejamos totalmente na mão de quem nos ajuda.

(Pensam os meus caros leitores que há capital nacional para acorrer às privatizações que aí vêm....? Pois desiludam-se. Os nossos empresários estão a lutar para manter a cabeça fora de água. Não têm cash para coisa nenhuma, quanto mais para comprar empresas. Antes isso não era problema: iam à banca e um project finance era gizado num ápice. Agora, nem pensar...! Por isso estas nossas empresas, monopólios, estratégicas, etc e tal, vai tudo parar a mãos estrangeiras. Junte-se a isso a quantidade de empresas cujas sedes já passaram para Madrid, mais os investidores e mais tudo o resto e esqueçam o orgulho de Aljubarrota).

Mas olhem, tristezas não pagam dívidas e, por isso, para acabar em beleza, aqui vos deixo esta fotografia que tirei há bocadinho, desta minha janela. Um céu glorioso sobre Lisboa, sobre o Tejo. A delimitar a linha de água, que é a linha abaixo na fotografia (o céu estava tão bonito que sacrifiquei o Tejo), está a elegante Ponte Vasco da Gama mas mal se vê. Aquele pontinho mais escuro mais em baixo à direita é uma gaivota que andava ali, de gosto, a atravessar o rio.

O céu é o limite, n'est-ce pas?

 (Neste contexto, não sei o que significa mas apeteceu-me dizer.)

'Beleza é fundamental' diz Ana Cristina Leonardo no Actual do Expresso, lastimando-se da falta de gracinha dos nossos políticos. Concordo. Portanto, daqui lanço dois desafios: um dirigida aos homens, outro às mulheres

Escreveu Ana Cristina Leonardo no suplemento Actual do Expresso que 'Beleza é Fundamental' e lamenta a penúria eleitoral.

Se o critério for esse não teremos por onde escolher. Concordo. Penúria em todos os sentidos e até nesse, em particular.

Em posts meus anteriores que tiveram um inusitado número de visitantes e que ainda se mantêm nos meus TOP 10, escrevi sobre as características que, em meu entender, tornam um homem interessante. Dei-lhes o nome genérico de 'Receita de Homem' (numa óbvia alusão ao poema de Vinicius de Moraes), com direito a adenda e a casos práticos. Vou colocar o link para este não apenas pelo seu conteúdo mas porque tem, no início, links para outros).

Por isso, não vou repetir-me. O que me apetece é solidarizar-me com a Ana Cristina e apelar a que se houver homens com 2 dedos de cabeça e que sejam sósias dos seguintes (e dos que apontei nos posts referidos), que se juntem e formem um partido.

Zidane, em tempos muito justamente eleito o homem mais sexy do mundo, é um homem com muito carisma, certamente um líder inequívoco

António Fagundes, possante, convincente, charmoso, a patine do tempo torna-o cada vez mais interessante


O andar e o sorriso mais sexy do cinema, desde o American Gigolo até hoje, um homem interessante e engagé


Mas também não sejamos mázinhas de todo; aliás, nesta preocupação que devemos ter de defender o que é nacional, reconheçamos que o Nuno Melo tem potencial.

Ainda novo nas andanças mas já revelando qualidades, o jovem deputado João Saldana Galamba também leva jeito

Mas, Cara Ana Cristina Leonardo, já agora, uma pergunta: porque nos deixamos, nós mulheres, ficar assim passivamente a criticar, a apreciar? Porque deixamos, nós mulheres, que os homens tomem conta dos partidos? Melhor: que dêem cabo do País? Porque não nos chegamos nós à frente?

Já vimos, de ciência provada, que a política entregue aos homens não tem dado grande resultado. A experiência portuguesa tem sido o exemplo acabado de como se ensarilham, se pegam uns com os outros, não atinam de maneira nenhuma e, pior, eles próprios se encarregam de ir rechaçando os melhorzinhos. A coisa acabou como se está a ver: uma indigência a todos os títulos.

Se olharmos para os outros países, vemos mulheres à frente de partidos, à frente de governos, enquanto aqui o que vemos? Não nos queremos maçar é o que é.

Não será hora de irmos à luta?

domingo, maio 22, 2011

Constança Cunha e Sá, ar blasé, engagée, comentadora versus Paulo Magalhães, sóbrio, isento, jornalista - dois exemplos opostos na TVI 24

Que os políticos de militância (ou simpatia) partidária conhecida possam ser convidados para comentadores na televisão não me choca por aí além. Estão ali justamente para comentar, e comentar é expressar a opinião, que é, por definição, a expressão de um pensamento pessoal, subjectivo.

Se ouço Marques Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa ou António Vitorino, Manuel Maria Carrilho e por aí fora, eu já sei quais os seus fundamentals e, logo, eu própria farei a decantação que achar conveniente.

O que me parece questionável, senão eticamente algo repovável, é que jornalistas (por definição, isentos no exercício da sua função), volta e meia, passem para o lado de lá, num exercício que quase diria de alterne, tornando-se comentadores e, nessa qualidade, propalando marcadas preferências partidárias.

Isso acontece de forma muito vincada na TVI 24 com Constança Cunha e Sá. Umas vezes ela é jornalista, editora de política, outras vezes apetece-lhe tribuna e porta-se como se fosse ponta de lança partidária. Na sexta feira passada, comentando o debate Sócrates - Passos Coelho na RTP, foi ainda mais explícita do que em vezes anteriores.

Constança Cunha e Sá, presença permanente na TVI 24, alternando entre o jornalismo e o comentário político

Com o seu habitual ar blasé, depois de decretar que Sócrates está gasto e que Passos Coelho esteve muito bem, analisando o debate sob uma lente sectária, absolutamente tendenciosa, chegou ao destempero de desejar que Passos Coelho, fruto do debate, roubasse votos ao PS e não ao CDS.

O meu marido está a pensar escrever uma carta à TVI e eu, juntando-me ao protesto, daqui me insurjo contra aquilo a que no outro dia designei por jornalistas travestidos de comentadores partidários. Como acreditar, daqui para a frente, que Constança Cunha e Sá estará a fazer o seu trabalho de jornalista isenta quando estiver a noticiar a actualidade?

Em contrapartida, um outro jornalista da TVI 24 nos merece, cá em casa, agrado: Paulo Magalhães. É contido, sensato, moderado, oportuno, directo, educado. Debates ou entrevistas conduzidos por Paulo Magalhães são sempre um gosto. Não há muitos mais como ele, na televisão portuguesa.

Paulo Magalhães, um excelente jornalista de uma notável sobriedade
(a imagem não é famosa mas foi o que encontrei) 

Rochas, líquenes, figueiras, flores e eu - a felicidade de estar in heaven

Rocha com múltiplos olhos verdes

Ali sofreste. Ali amaste.
Ali é a pedra do teu lar.
Ali é o teu, bem teu lugar.
Ali a praça onde jogaste
o que o destino te quis dar.

Tábuas de um banco verde finamente enriquecido com o dourado de líquenes

Ali ficou tua pegada
impressa, firme, sobre o chão.
Ninguém a vê sob o montão
de cinza fria e poeirada?
Distingue-a, sim, teu coração.

Um figo elegante, de um verde completamente saison

Podem talvez o vento, a neve,
roubar a flor que tu criaste?
Ali sofreste. Ali amaste.
Ali sentiste a vida breve.
Ali sorriste. Ali choraste.

Flores crescendo em plena liberdade, vistas através do gradeamento

(O poema chama-se Ali e é de Saúl Dias, in "Sangue" e para ser mais adequado deveria chamar-se 'Aqui' e estar no presente e não no passado)


E esta sou eu, em auto-retrato, impressa no chão e nas paredes, envolta em echarpes (*)

(*) Já agora: a 'echarpe' já apareceu, em parte, numa fotografia anterior, impudicamente ao pé de Barnett Newman

sábado, maio 21, 2011

Sócrates e Passos Coelho no debate da RTP 1 - uma lástima, não é desta forma de fazer política que precisamos. Em contrapartida daqui vai um rasgado elogio para o jovem talentoso e muito promissor Dr. Pedro Marques, Secretário de Estado, que, no Expresso da Meia Noite, mostrou o que é uma forma competente de fazer política

Sócrates e Passos Coelho estão bem um para o outro. O primeiro luta para defender uma posição já adquirida; o outro luta para a alcançar.

De facto, neste momento, acima de tudo, estão na política para ver quem se sai melhor na comunicação social. Tentam apanhar o outro em falso, esgrimem argumentos, trazem folhinhas, fazem trejeitos. Pessoalmente talvez preferisse que os pusessem numa piscina de lama a ver qual deles puxava mais os cabelos do outro.

Claro que acho o Passos Coelho um líder improvável. Olho para ele, ouço-o e tudo aquilo me parece um disparate pegado - como quando fazem aqueles programas maravilhosos na TVI em que mostram casos mal sucedidos (uma mama que ficou virada para cima e outra para baixo, ou a cara com uma bochecha ao pé do olho e outra ao pé da orelha). Assim está o Passos Coelho como líder do PSD, um implante mal sucedido.

Sorry, Manuela

Mas também acho que Sócrates, ao não sair de cena, prejudica o PS porque centra em si próprio toda a atenção, porque diga o que disser, todos vão olhar para ele e dizer que está cansado, que está desgastado, que se repete, que escamoteia, etc, e a discussão relativamente ao PS não passa disso. Não esteve mal mas é um déjà-vu e, sobretudo, a seguir, em todos os canais, os jornalistas que se travestem de comentadores, decretam que ele se repetiu, que não teve um discurso novo, que esteve assim, assado, e não descansam enquanto não levarem o outro, ao colo, para o 1º lugar. Uma tristeza. Mas, até por isso, o Sócrates deveria deixar de dar esse pretexto.

[Sobre o debate e embora até me dê pena referir, um elemento verdadeiramente confrangedor: aquele pobre Vitor Gonçalves não leva pitada de jeito para pivot de um debate político. Até dói ver o esforço sobre-humano que parece fazer para tentar interromper ou colocar uma questão. Coitado. Sofre ele e até me faz sofrer a mim de o ver naquela agonia.]


Em contrapartida, no Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias, tive uma agradável surpresa com um jovem Secretário de Estado, creio que da Segurança Social, o Dr. Pedro Marques.

Pedro Marques: Olho azul, ar de menino, mas, de facto, um leão

Seguro, incisivo, straight to the point, objectivo, frontal. Sabe do que fala e não se perde com assuntos miseravelmente irrelevantes. Um político a incentivar e que oxalá tenha a promissora carreira que merece.

E qual o point ao qual Pedro Marques apontou, certeiramente? Nem mais, nem menos que o PSD prevê, no seu programa eleitoral, aumentar isenções fiscais nas tributações aos lucros das grandes empresas e favorecer a zona franca da Madeira. Numa altura em que se exige esforço fiscal e esforço de toda a ordem a toda a gente, o PSD prevê o alívio fiscal nos lucros das grandes empresas e o estímulo a que se instalem no offshore da Madeira!? Extraordinário, não...?!

Foi sobre isto que Pedro Marques se indignou, se interrogou e questionou directamente os dois representantes do PSD ali presentes. Claro que, sobre isto, balbuciaram coisa nenhuma. Pena que Ricardo Costa e Nicolau Santos, dois competentes jornalistas, desconhecessem a matéria.

Anda meio mundo à volta de questões supérfluas ou mesmo de falsas questões como a de quantos pontos desce ou não desce a TSU e ninguém se lembra de fazer o trabalhinho de casa, lendo os programas eleitorais. (Ok, eu também não... mas nem eu sou jornalista, nem me passa pela cabeça ir votar naquele projecto falhado de líder que é o africano-cantor-pasteleiro PPC)

Pegasse o PS em meia dúzia de pessoas como Pedro Marques e outro galo cantaria. Não apenas a política saíria mais escorreita como poderíamos assistir a uma mudança de paradigma.

* Mas, a par do rasgado elogio, segue também um conselho: Caro Pedro Marques, não volte a usar aquela gravata. Apenas porque estou bem disposta é que estou a dizer bem de si apesar daquela gravata. Ouça: gravatas cor de rosa, ainda por cima de um rosa reluzente, jamais. Certo?)


(Escusado será dizer que o Ministro Augusto Santos Silva, que adora uma boa cena de traulitada, e este jovem altamente promissor Pedro Marques deram cabo do careto Miguel Macedo, encarregue da missão impossível de credibilizar o chefe, e do esganiçado engenheiro civil Carlos Moedas, o guru da fiscalidade do PSD que não passa de uma réplica pouco elaborada do mano gémeo Manuel Luís )

sexta-feira, maio 20, 2011

TSU, descer ou não descer: eis a questão - ou melhor, a falsa questão

Grande parte desta campanha tem girado em torno do tema da TSU, taxa social única. Já ouvi alguns dos líderes partidários, nos debates, a afirmar que é o tema mais importante desta campanha e os entrevistadores, acríticos como de costume, esmifram esta questão à saciedade como se daqui se pudesse inferir quem é o melhor político, o mais rigoroso, o mais verdadeiro.

Pois eu tenho a dizer-vos que eu, de toda esta conversa, só posso concluir que está tudo doido.


Alguns académicos que nunca puseram o pé numa empresa engrendraram esta solução e a partir daí lançou-se a confusão. Não há cão nem gato que não opine como se fosse a questão decisiva para o futuro de Portugal. Nisto o Catroga tem razão: os jornalistas, como pouco percebem do assunto, vão atrás de qualquer osso [sou mais polida que o Catroga...] e são notícias e mais notícias, comentadores e mais comentadores instados a pronunciar-se sobre esta lasquinha, que isto que nem osso é. E, enredados nisto, em poucas coisas de jeito se fala.

É certo que as nossas empresas têm alguns problemas de competitividade e, não tendo nós liberdade cambial, não poderemos usar os mecanismos da desvalorização da moeda. E, não o podendo, teremos que tentar obtê-la por outra via. Mas a solução não passa por esta propalada redução da TSU.


Passo a expor a minha opinião.

Nas empresas que produzem bens transaccionáveis, de forma geral, os custos com pessoal não são a maior parcela de custos (nas empresas de serviços, sim, mas não é aqui que a questão se coloca). Mais relevantes são os custos com as matérias primas, com as utilities (energia eléctrica, água, vapor, etc), com transportes, com a depreciação das máquinas, etc.

Mas, por excesso, vamos admitir que os custos com pessoal são 20% dos custos totais (há dias ouvi referir que, em média, são da ordem dos 15 %).

Uma redução de 4% na TSU, significará uma redução de 0,8% (=20% x 4%) nos custos totais.

Ora alguém perde negócios por 0,8%? Claro que não.

É certo que qualquer empresário ou gestor quer baixar custos, não apenas para ganhar competitividade como para aumentar resultados mas as coisas não se passam à volta de menos de 1%. Para fazer alguma diferença ter-se-á que falar em reduções para cima de uns 3 ou 4 ou 5% (ou mais), coisa que não se consegue, portanto, através de reduções na TSU.

Ou seja, se se reduzir 4% (ou mesmo 8%) na Taxa Social Única, os custos dos produtos baixarão em média 0,8% (ou 1,6%) o que é praticamente irrelevante em  termos de competitividade e, por outro lado, estar-se-á a dar uma machadada violenta nas receitas da Segurança Social, que só poderá ser compensada à custa de uma valente subida de outros impostos (perdendo-se, às tantas, a competitividade pelo aumento de preços!). Ou seja, uma panaceia perigosa para escasso ou nulo benefício.

Deixem ainda contar-vos uma coisa: hoje participei num evento em que foi apresentado um estudo realizado junto de umas dezenas de médias e grandes empresas portuguesas agora em Maio. Tendo sido inquirido quais as principais preocupações a nível de recursos humanos, menos de 30% das empresas referiram a preocupação com custos com pessoal. Ou seja, para as empresas, os custos com pessoal não são o nó górdio da competitividade empresarial.

A maior preocupação das empresas é atrair e reter talentos, é motivar os colaboradores
(Claro que me refiro às empresas a sério)

Deixem-me ainda dizer qual a minha opinião pessoal. O que há verdadeiramente a fazer é melhorar a gestão das empresas a vários níveis: vender melhor, ter uma oferta diferenciada, ter um bom serviço pré e pós venda, ter uma boa logística, comprar melhor, reduzir existências, cobrar bem, optimizar os processos de produção, os processos administrativos, etc. E isso é, de facto, o mais difícil. Mas é isto que tem que se perseguir. 

(Claro que, no âmbito da optimização de processos, pode haver alguns postos de trabalho que se tornem redundantes mas isso é marginal e, geralmente, as empresas tendem a reconverter esses postos de trabalho)

Ou seja, se nas áreas de custos se conseguir economizar alguns pontos percentuais ou se conseguir aumentar o valor das vendas, e se tiver um bom serviço, ou se tiver uma oferta inovadora, então, sim, estar-se-á verdadeiramente a melhorar a competitivade das empresas e a garantir a sustentabilidade da economia portuguesa.

Agora andar meio mundo a remoer sobre se desce ou não desce a TSU e se é 1 ou 2 ou 4 ou mesmo 8% é de quem não faz a mínima ideia de quais os factores relevantes na gestão das empresas.

Por isso, não me venham mais com conversas de reduçõesecas na TSU

 

quinta-feira, maio 19, 2011

Louçã e Portas na SIC, Ferro Rodrigues e Fernando Nobre na TVI24, os debates de hoje

Pois tenho a dizer-vos que os vi de passagem, o último de raspão, e que a minha opinião é a seguinte: estou-me nas tintas.

Às vezes (todos eles) dizem coisas acertadas mas tudo embrulhado em populismo, em eleitoralismo e eu não tenho pachorra para os aturar. Por isso, azarinho, hoje não vou perder mais tempo a escrever sobre eles.

Vou escrever sobre outra coisa.

Dance Me to the End Of Love - Leonard Cohen in heaven

Já vos contei que gosto muiiiiiiito de Leonard Cohen? Aquelas canções intemporais? Aquela voz, aquelas interpretações carregadas de sedução?

Hoje apetece-me ouvir o líndissimo 'Dance me to the end of love'. Aqui fica, ao pé de 'La dance' de Matisse, in heaven. Les beaux esprits se rencontrent.

La dance, de Matisse, em azulejos - in heaven

Theo Jansen um escultor especial - Arte em Movimento

Não é a primeira vez que Theo Jansen aqui nos visita. É uma pessoa que faz coisas out of the box. Há qualquer coisa de poético, de para além do real. Eu gosto.

"É preferível que o poder esteja


numa mulher com tomates

do que

num homem com vaginas"

Não concordo mas cedo a palavra: " As mulheres são como as flores: murcham demasiado depressa"

Uma rosa é uma rosa é uma rosa

Uma mulher é uma mulher é uma mulher


Os aforismos entre aspas são da autoria de Sua Santidade o Camarada Presidente Vieira, de uma recolha e selecção de Pedro Proença, in Livro Rosé ('um rosé é um rosé é um rosé')

quarta-feira, maio 18, 2011

Nascer é pôr a máscara


"Eu vos abençoo, malucos, lunáticos, mágicos, criminosos, poetas!"
"Agir é construir, destruindo."


"Ser uma coisa evidente é ficar reduzido a quase nada"

(Os aforismos, incluindo o que se encontra em epígrafe, são de Teixeira de Pascoaes de uma selecção organizada por Mário de Cesariny).

As fotografias foram feitas no Ginjal

Chet Baker interpreta "Almost Blue"

As características de Pedro Passos Coelho, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Paulo Portas e José Sócrates - a minha opinião sobre os candidatos aqui no blogue. (Será que deveria antes fazê-lo através do facebook, à semelhança de Cavaco Silva, o nosso Presidente da República?)

Já aqui, no outro dia, fiz uma análise comparativa entre os líderes partidários. Hoje, decorrido algum tempo e alguns debates, depois de os ver e ouvir melhor, volto a fazê-lo. Querem ter a paciência de validar? Estou a pensar bem?

+  PPC  +

Com olhinhos a meia-haste, uma ranhura no lugar da boca, voz convicta, Pedro Passos Coelho diz banalidades ocas e erráticas como se dissesse grandes verdades.


De cada vez que vejo este homem só me lembro dos bonecos dos ventríloquos: a ideia com que ficamos é que, para se tentar preparar, ouviu uns quantos ‘espertos’, apanhou uma daqui, outra dali, e, sem se ter dado ao cuidado de fazer uma cerzidura cuidada e consistente, vai papagueando de ouvido e sem rigor o que lhe ficou. Pode ser uma coisa de manhã e outra diferente à tarde, acho que ele próprio nem se dá conta pois, do que parece, não apenas não elabora sobre o que fala, como não regista o que diz.
Por isso, para ele é normal ouvir uma coisa de um qualquer assessor, repetir de forma imperfeita e, uma vez contestado por qualquer um, com igual convicção, dar o dito por não dito e, se alertado para o facto, com ar igualmente enfático, gabar-se da sua capacidade de mudar de opinião. A insustentável leveza da palermice.

A uma criatura assim costuma chamar-se cata-vento ou Maria vai com as outras.

Começando por afirmar categórico que nunca apoiaria o aumento de impostos, apareceu-nos pouco depois, ar arrependido, a pedir perdão por o ter feito, e, com a mesma ligeireza, algum tempo depois sugere o aumento do IVA para 25 ou 26% e, com a mesma frescura, se está ao pé de uma tuna, torna-se cantor (recorde-se que já fez um casting para um musical de Filipe la Feria – e foi recusado), se está ao pé de pessoas de raça negra, afirma-se africano, se lhe ocorre que a Páscoa é a festa da família, põe-se ao lado da D. Laura no sofá e desata a dizer palermices para a câmara, se lhe dizem que devia tentar aproximar-se das votantes femininas, faz-se fotografar a passear o cão ou põe a D. Laura a dizer que nos bolos não há melhor que ele, e, com a mesma cabecinha oca, se ouve os presidentes da república apelar à coesão, responde que não alinha com uma união nacional, se lhe parece que Fernando Nobre é capaz de ter agarrado a ele os milhares de votos que recebeu nas presidenciais, convida-o para nº 2 das listas do PSD e oferece-lhe a Presidência da Assembleia da República esquecendo-se que o homem foi apoiado essencialmente pelo bloco de esquerda. E, com tanta parvoíce em tão pouco tempo, os mais atinados do PSD fogem dele como o diabo da cruz, não querem ficar conotados com esta emanação de Massamá.

Isto é fruto dos tempos, é o fim da linha. Conforme escrevi há dias, temos vindo a percorrer, a vários níveis, uma linha descendente. No PSD, por exemplo, chegou-se a este ponto, a esta caricatura.

E o triste, mas triste mesmo, de ir às lágrimas, é vermos pessoas sérias, inteligentes, a defendê-lo em público. Como é que Marcelo Rebelo de Sousa consegue?

< & >

Os outros partidos, por outro lado, perante a adversidade, optaram por outra estratégia: fizeram freeze.

Incapazes de evoluir, numa estratégia defensiva de conservação da espécie, permanecem mumificados em torno das mesmas figuras, das mesmas ideias. O mundo virou-se do avesso, o céu caiu-lhes em cima e eles aparecem-nos como se não tivessem dado por isso. (Quase) igualmente deprimente.


+  JS  +


O PCP, apesar da afabilidade natural de Jerónimo de Sousa, mantem-se conservador, coreano, cubano, com saudades dos tempos aconchegantes do bolchevismo, e o discurso é o mesmo de sempre, contra os bancos, contra o capital, marchar, marchar.



+  FL  +


O BE, que nasceu como o partido dos rebeldes sem causa, ao começar a ganhar votos e ao exigir-se-lhe responsabilidade, ficou sem referenciais e então começou a rodopiar sobre si próprio, deixando o eleitorado sem norte. Aqui chegados o BE tem que redefinir-se porque agora não é carne, nem peixe – nem sequer vegan. Contudo, os debates têm sido favoráveis a Louçã e, provavelmente, depois da queda abrupta nas sondagens a que se assistiu nos últimos tempos, vai voltar a recuperar alguns simpatizantes que andavam meio perdidos.


+  PP +


O CDS-PP, Paulo Portas e pouco mais, amadureceu, são muitos anos de salão, sabe-a toda. Está na melhor posição e tem gerido com coquetterie, inteligência e equilíbrio a situação. Mas conhecêmo-lo bem, conhecemos-lhe as manhas, ouvimo-lo e sabemos que é um fingidor (e finge tão bem que às vezes pensa que fala verdade quando, de facto, mente). Paulo Portas porta-se com a verdadeira cortesã do regime e, como tal, ficará bem em qualquer governo (mas aqui deixo já um aviso aos futuros governantes: cuidado com as cortesãs...).


+  JS  +



O PS está refém de Sócrates. Disse-nos há uns anos que é um animal feroz e, de facto, assim é. Defende o seu território de forma implacável. Consoante a circunstância, ora se vitimiza, ora apela à solidariedade tribal, e não se ensaia nem um bocadinho em manipular, distorcer, omitir – e sempre com um incomparável profissionalismo mediático.

O partido ficaria melhor sem ele. Um socialista com uma maior lisura intelectual que ele, de uma outra estirpe (e que não tenha uma profusão de amigos alpinistas, new comers, nouveaux-riches, gestores e gestoras de meia-tigela colocados em lugares de alta relevância) como por exemplo António Costa ou Francisco Assis seriam determinantes para a mudança de tércio que o momento impõe. É pena que ele não tenha percebido isso. Não larga o lugar e os outros, por solidariedade, mantêm-se-lhes leais. É pena.

No entanto, malgré tout, de entre a penúria do cardápio, talvez o PS seja a alternativa mais razoável, esperando eu que, após as eleições, as coisas se componham na medida do possível.

Mas estou contrariada com isto tudo.


PS: Entretanto, Cavaco Silva continua a comunicar as suas opiniões políticas sobre a gravidade do momento através do Facebook. Terei que ter uma página lá e fazer-me amiga dele para saber o que o meu Presidente da República pensa?

terça-feira, maio 17, 2011

Francisco Louçã e Pedro Passos Coelho no debate da TVI: 1 a 0 com mérito para Louçã



Hoje Louçã esteve muito bem. Sóbrio, seguro, tranquilo, claro na exposição, movendo-se com grande à vontade num terreno que lhe é muito favorável, o da economia.

Por outro lado, Passos Coelho esteve, como de costume, apático, mediano, fraco.

Saliento dois momentos em que acho que Louçã esteve especialmente bem: quando repreendeu secamente Passos Coelho dizendo-lhe que Sócrates nao estava ali e que, portanto, não deveriam falar dele e quando, sobre o Programa de Novas Oportunidades - que elogiou rasgadamente - explicou a Passos Coelho que se acha que deve ser feita auditoria é porque ainda desconhece os dados e, se desconhece, não deve difamar o programa.

Mas Louçã esteve também muito bem quando recordou a Passos Coelho que os desempregados não são pessoas que vivam de expedientes mas sim pessoas a quem faltou o emprego e que o subsídio de desemprego é um 'seguro'  a que têm direito porque, quando trabalhavam, descontaram para o constituir.

Esteve também bem quando explicou que com juros da ordem dos 5.5% dificilmente Portugal voltará a levantar a cabeça. E tem razão, Louçã, pois a taxa de juro suportável não deverá ultrapassar a taxa de crescimento da economia acrescida da taxa de inflação. Ou seja, acima dos 3 e picos, dificilmente se conseguirá pagar os juros, ou seja, será despesa a acrescer à despesa, e a dívida a aumentar. É certo que, mais cedo ou mais tarde (a menos que Portugal desate a crescer à força toda), alguma coisa terá que ser reajustada como, por exemplo, a taxa de juro.

Claro que, ao longo das várias aulas que Louçã teve oportunidade de dar, Passos Coelho piscou os olhos, engoliu em seco e não consigo lembrar-me de alguma coisa que ele tenha dito.

Não convence ninguém este Pedrocas (nos debates perde sempre e, quando é apanhado desprevenido, só diz parvoíces; no outro dia, ao falar de Fernando Nogueira, o que lhe ocorreu dizer do senhor foi: "Ainda fuma e fuma bem...!", olha o elogio que lhe ocorreu...).

Louçã, por outro lado, com estes debates e em especial com o de hoje, é bem capaz de fixar o eleitorado que andava com vontade de se amigar com outro partido.

Para mostrar à Magnólia, coloquei o meu pequeno bule à janela, a ver o Tejo

No outro dia, numa troca de comentários com a Magnólia, falámos em objectos que desencantamos quando estamos de passeio e que acabamos por trazer, apesar da falta de jeito que isso nos dá.

Eu tinha referido uma carpete afegã e depois, ela recordou-se de um bule de porcelana que adquiriu em Macau e que a acompanhou China fora, e, ao ler isto, lembrei-me que eu também, uma vez em Paris, vi um pequeno bule chinês de porcelana e tão mimoso o achei, com a tampinha também com forma de cabeça de elefante, umas cores tão harmoniosas que acabei por trazê-lo, apesar do medo de que se quebrasse.

Outra vez foram uns pequenos copinhos de vidro, para chá, pintados à mão a cor de rosa; outra vez umas pequenas chávenas de vidro, com suporte em metal dourado. Nada de valioso mas, para eu gostar de uma coisa, não precisa essa coisa de ter valor patrimonial intrínseco. De outra vez, de Honfleur (de que aqui já falei), trouxe também, entre várias outras coisas, uns individuais (ou pano de tabuleiro) de tapeçaria.

E agora, para os mostrar, coloquei-os à beira da janela que está aqui junto a mim e da qual vejo, em todo o seu esplendor, o Tejo. Não se vê muito bem, mas vê-se um bocadinho e, de qualquer forma o objectivo era mostrar o pequeno bule chinês e os copinhos e chaveninhas de vidro, sobre o pano de tapeçaria.

Dominique Strauss-Kahn algemado, preso até 6ª feira, sem direito a fiança - o inimaginável fim da carreira de um dos importantes do mundo. E agora? Que presidente para a França? Que director geral para o FMI? => Uma disrupção no rumo dos acontecimentos - por enquanto, 'apenas' isso.



Para que fique bem clara a minha opinião:

 i) uma violação sexual é um crime grave e, como tal, duramente condenável; 
 ii) para condenar existem os tribunais.

Tenho muita dificuldade em embarcar no judicialismo popular reinante, especialmente o que é servido envolto em conservadorismo moralista como o que é cultivado nos EUA .

O presidente dos EUA (Nobel da Paz, por ironia) manda abater a tiro dentro da sua própria casa uma pessoa (um criminoso, é certo, mas uma pessoa ainda assim) e toda a gente aplaude. O jogador de golfe mais bem pago do mundo comete adultério e vem a público pedir perdão, perde patrocínios e faz-se internar numa clínica como se fosse um delinquente e toda a gente acha isto normal. Um anterior presidente dos EUA tem um affaire com uma estagiária e, porque a menina resolve contar tudo à mãe (que a aconselha, just in case, a não lavar o vestido), a uma amiga e depois a toda a gente, vê-se sujeito a toda a espécie de humilhações públicas e não é deposto por um triz e toda a gente acha isto normal. Mas, a mim, isto incomoda-me. É, nas suas diversas vertentes, uma justiça popular primária que me incomoda muito.


Não é apenas moralismo, puritanismo: é um exacerbamento da culpabilidade como um motor para a ética social. E é a comunicação social a servir de suporte à divulgação do 'crime', da expiação da culpa, do castigo e somos nós, expectadores passivos, em casa, a assistir deleitados - como em tempos a multidão se aglomerava a aplaudir os devorados, os espancados, os crucificados, os queimados.

E esta prática vai ganhando terreno,  vai-se entranhando, e,  à mínima notícia, quase toda a gente veste a toga de juiz e, mesmo sem culpa formada, começam a sair as sentenças. E daí à aplicação sumária da pena vai um ai.

Devo dizer que me custa muito ver uma pessoa que, até um dia, é vista como uma pessoa respeitável, e, no dia seguinte, ser exibida perante os olhos do mundo inteiro, como se fosse um vulgar criminoso.

Algemado, de mãos atrás das costas, os braços agarrados pela polícia, Dominique Strauss-Kahn entrou-nos pela casa dentro com a imagem de um homem humilhado em público.

Nenhum de nós, creio eu, sabe o que se passou.

Pode até acontecer que o que se passou tenha sido apenas o que se relatou: saíu do banho nu, convencido que não estava ninguém no quarto, deu com uma camareira que não sabia que o hóspede ainda estava no quarto, achou-a apetecível, excitou-se com a situação, habituado a tudo poder esqueceu-se de validar se a excitação era recíproca, perdeu o decoro e a noção dos limites, e, qual touro desembolado, agarrou a mulher e a recusa dela ainda mais o excitou, e a partir daí foi o que se relatou - até que ela fugiu e o denunciou.

Pode ter sido isto, ou pode isto ter sido potenciado pelo facto de a mulher ter percebido que lhe tinha saído a sorte grande, ou pode ter não ter sido nada disto.

Cabe às instâncias de justiça recolher provas, ajuizar, julgar. Mas, a bem da dignidade humana, era desejável que o fizesse sem moralismos absurdos e, preferivelmente, sem divulgação pública.


É um caminho perigoso este de nos ser dado a ver imagens de quem, ainda sem culpa provada, por actos da sua vida privada se vê devassado, destruído. É um caminho perigoso este que nos leva a deliciarmo-nos, devorando em vida aqueles que os media nos servem de bandeja; é um caminho perigoso este que nos leva a salivarmos de uma vingança invejosa e mesquinha quando vemos os 'ricos e poderosos' expostos, frágeis, humilhados.

A democracia tem como fundamentos a liberdade e a separação de poderes, de que a justiça independente é um pilar essencial - nunca nos esqueçamos disso.

Não sou dada a teorias da conspiração mas, antes de atirarmos pedras sem saber com exactidão o que aconteceu (e não esquecendo os seus antecedentes de perigoso 'garanhão'), pensemos também um pouco no seguinte:

i. DSK vinha dizendo, de há cerca de um mês para cá, que temia que lhe armassem uma cilada sexual
ii. DSK era o mais forte candidato à Presidência francesa, como candidato socialista (numa época em que os chauvinismos e a direita mais radical ganha terreno)
iii. DSK vinha sendo alvo de campanhas negras, justamente por parte dos sarkozyanos e dos pennistas (o porsche que nem era dele, os fatos caros, as casas em bairros caros, por exemplo)
iv. DSK vinha sendo fortemente contestado no FMI por ser adepto da linha branda de apoio; ao contrário da linha liberal (dos americanos, entre outros) que defende que as nações devem ir mesmo à banca-rota, DSK defende o apoio, através de financiamentos e apoio à reestruturação com vista a que as nações reganhem competitividade
v. Esta segunda feira, na primeira reunião do Ecofin, sem DSK à frente da delegação do FMI, a linha liberal acentuou as suas posições e a própria Angela Merkel começa a temer a força que essa linha, muito contrária à de DSK, muito contrária aos princípios europeus, começa a manifestar.

Pensam: "que disparate", "quem é que ia armar uma coisa destas para correr com ele?", "essas coisas não existem". Mas, vejam: fez-se a guerra do Iraque com base em provas totalmente forjadas. De ciladas está a história cheia. Dominique era um homem poderoso, um alvo a abater - e muito fácil de abater pois tinha um ponto demasiado frágil, a sua perdição, a sua tara por mulheres.

Não obstante, se nenhuma destas suspeições tiver razão de ser e se for comprovadamente culpado de violação, então que, obviamente, seja condenado. (... mas 74 anos de prisão?!).

segunda-feira, maio 16, 2011

Pedro Passos Coelho, o africano, será o novo Zelig?

Pedro Passos Coelho quando está com africanos, diz que, por se ter casado com uma africana, é tão africano como eles.


Quando estiver com pasteleiros imagino-o a dizer que, por antes ter sido casado com uma doce, é tão pasteleiro como eles.


Depois diz que como a cultura é uma coisa transversal (e a economia não é? E as finanças não são?, etc), não é preciso haver ministério, fica ele a tomar conta da cultura. Imagine-se.


As pessoas ligadas à cultura devem estar de cabelos em pé, aterrorizadas, a preparar abaixo-assinados a ver se o tornam inimputável. Ele a tomar conta da cultura? Ou da coltura?

Não. Não é possível tamanha desgraça.

Não há memória de um candidato tão pastiche, tão fraca imitação, tão próximo do zero: é pechisbeque, senhores, é pechisbeque.

Mas, já agora, sugiro que vejam um pequeno apontamento de um filme delicioso de Woody Allen, Zelig. Se tiverem possibilidade de adquirir o DVD aconselho. Senão aqui fica um cheirinho: Zelig ao pé dos judeus, é judeu; ao pé dos chineses, é chinês, ao pé dos índios, é índio e não consegue deixar de ser assim, um perfeito camaleão.


Dominique Strauss-Kahn, sexo no quarto 2806 do hotel Sofitel - e uma história real de sexo no escritório

Sem saber o que, de facto, aconteceu entre Dominique Strauss-Kahn e a empregada de quarto, não consigo entusiasmar-me, nem a favor, nem contra. Pode ter sido uma 'armação' dela, pode ter sido uma 'euforia' desmiolada dele. Não faço ideia pelo que não consigo emitir juízos de valor.

Leio alguns apontamentos sobre a vida de DSK e vejo que é casado em terceiras núpcias com a bela e engagée Anne Sinclair, que já houve histórias anteriores sobre affaires com colaboradoras e uma alegada tentativa de violação a uma jornalista e escritora. Aparentemente são-lhe conhecidos incidentes libidinosos e não será a primeira vez que a diplomacia francesa tem que se ocupar de episódios inconvenientes envolvendo o poderoso DSK.

Dominique e Anne, um casal influente

A mistura de poder e adrenalina traduz-se, por vezes, num cocktail difícil de controlar, especialmente se à mistura se juntar um outro ingrediente: a libido. Lembremos o caso de Bill Clinton (ou JFK e tantos outros).

Mas, se não consigo, apesar de alegados antecedentes, partir para juízos de valor, não consigo deixar de me lembrar de um caso que se passou no meu local de trabalho há algum tempo atrás. Não que haja quaisquer semelhanças entre o acontecido mas, mesmo assim, veio-me à memória.

O meu colega mais brilhante, um profissional de elevado desempenho, que se superava permanentemente, lutador, criativo, motivador, cativante, vivia num permanente pico de adrenalina, alegre, exuberante de ideias. Claro que muitas mulheres caíam de amores por ele e ele divertido, engraçado, charmoso, distribuía amor por todas. Derretiam-se por ele e ele correspondia. Ele, que vivia entre reuniões, stresses, o telefone sempre a tocar, arranjava tempo para o namoro no escritório. Viamo-los a sairem juntos, iam almoçar, dava-lhes boleia, e eram telefonemas, sorrisos, brincadeirinhas. (E não era preciso ser sexta-feira)


Escusado será dizer que era casado, com filhos, bom marido, bom pai.

Não tenho ideia de alguém levar a mal, nem às 'namoradas' que ele ia arregimentando, nem a ele, sedutor, namoradeiro. E apesar de estas coisas por vezes irem parar aos ouvidos das mulheres (ou maridos), no caso dele, que eu saiba, nunca ninguém o denunciou e ainda bem porque ele gostava mesmo da mulher e a mulher era apaixonada por ele.

Na empresa toda a gente ia sabendo dos vários namoros dele mas, de certa forma, aceitava-se. Ele transbordava de energia. Compreendia-se.

Mas um dia foi mais longe (ou, pelo menos, foi apanhado). Nesse dia precisava para uma reunião fora da empresa, no dia seguinte, de um 'apanhado' sobre qualquer assunto e pediu a um funcionário da área administrativa que lhe arranjasse essa informação para esse mesmo dia, fosse às horas que fosse.

E foi para o gabinete fazer telefonemas, tratar de uns assuntos, esperar pela informação.

Não me lembro dos detalhes mas ou ele telefonou a uma administrativa de outro serviço ou ela a ele ou qualquer outra coisa - provavelmente fartou-se de estar a fazer tempo e resolveu passá-lo de melhor forma. Eu, quando soube, só fiquei surpreendida por não saber que ele tinha um caso também com essa colaboradora, por sinal uma mulher (casada) muito bonita, muito sexy  - se é que tinha um caso.

O que sei é que, fora de horas, com pouca gente já no escritório, a coisa aconteceu mesmo ali, na mesa de reuniões do próprio gabinete dele.

Eis senão quando o dito funcionário, de quem ele, pelos vistos, entretanto se tinha esquecido, bateu ao de leve e, não obtendo resposta, abriu a porta e deu com os dois em pleno acto na mesa de reuniões.

Ficou de boca aberta mas, logo a seguir, fechou a porta e foi-se embora.

O meu colega, aflito, foi atrás dele (provavelmente ainda de calças nas mãos) e pediu-lhe que não divulgasse. 'Esteja descansado', assegurou-lhe o senhor. Mas, no dia seguinte, logo de manhãzinha, receoso das consequências, o meu colega apresentou-se, ele próprio, ao administrador e contou o sucedido.

Passado um bocado, recebo um telefonema desse administrador, D., para ir lá ao gabinete. Mal entrei, disparou: "Então já soube da imprudência do A.? Ainda não? Ah, ainda bem, é sinal que a coisa não se vai espalhar".

Não, não eu sabia de nada. 'O que foi?'. Então ele, pedindo-me sigilo absoluto, contou-me, entre o preocupado e o divertido, o que se tinha passado, acrescentando, "Claro que já chamei o coxo, já o instruí para não dar com a língua nos dentes, imagine se isto se sabe".

O dito funcionário, de raça negra, era coxo.

Pouco tempo depois de ter regressado ao meu gabinete, entra um outro colega, rindo a bom rir: "Então já soube da barraca? Então o preto apanhou o A. com a F. em cima da mesa?".

E eu muito admirada: 'Mas como é que soube?'. 'O D. chamou-me ao gabinete, pediu-me muito segredo e contou-me'.

E todo o santo dia, entre colegas, foi uma risota. Todos sabíamos mas, que se soubesse, o dito funcionário nunca deu com a língua nos dentes...

E, de cada vez que tínhamos reuniões no gabinete do meu colega, alguém acabava sempre por dizer: "Ah se esta mesa falasse..." e ele, malandreco, piscava o olho, ria-se e não dizia nada ou então acrescentava  'Esta não fala, esta é surda-muda.'

...

Mas imaginemos agora que as coisas tinham tido outro desfecho. Imaginemos que a senhora, ou para tirar alguma vantagem ou para se desculpabilizar, dizia que tinha sido assediada? Ou forçada? Ou imaginemos que alguém estava danadinho para ficar com o lugar dele... Que bela arma de arremesso teria agora contra ele...

Ou seja, para quem está de fora - e, nesta história de DSK, nós estamos de fora - difícil é ajuizar, difícil julgar.

Deixemos pois que a justiça deslinde a história.


PS: Volto a este post hoje, dia 17, para vos convidar a ler o que escrevi ontem à noite pois, as notícias mais recentes acentuam as suspeitas de que DSK pode mesmo ter sido vítima de uma 'armação' para o afastar ou do FMI ou da presidência francesa. De qualquer forma, seja como for, não façamos juízos precipitados. Na alta política, tal como na alta finança, nem sempre os inocentes são tão inocentes quanto aparentam, nem os culpados são tão culpados como nos são apresentados.

domingo, maio 15, 2011

Carlos Moedas e Manuel Luís Goucha gémeos separados à nascença?


Carlos Moedas, o engenheiro civil que, no PSD, é o especialista em fiscalidade, é o mano gémeo, monozigótico, do histriónico Manuel Luís Goucha: este ainda não lhe deu para os sapatos extravagantes e para os casacos amarelos ou de bandas pespontadas às cores mas, cá para mim, lá chegará.
Manuel Luís Goucha, o mano gémeo de Carlos Moedas (afinal, não podiam sair os dois ao mesmo tempo), também lhe dá para a estridência, mas não para a política, ficou-se pelo show bizz. Parece que vai aconselhar o mano no que se refere ao guarda roupa para ver se o engenheio civil passa a ter alguma graça.

Um jeito manso - um look saison

De novo apeteceu-me mudar o look do Um Jeito Manso. Desde que o comecei, há menos de 1 ano, já o mudei para cima de meia-dúzia de vezes. Gosto de mudança, é isso.

E, se nos outros blogues, aprecio o designado clean look, o branco imaculado, a ausência de ornamentos, no meu, não me dá para isso. Começo sempre com a ideia de o despir e deixá-lo a nu e, a meio caminho, dou por mim já à procura de cores e, nada a fazer, o que me atraem são as cores quentes, fortes. Já quando pinto me acontece isso. É a tal driving force.

De qualquer forma, desde o início dos tempos que há um factor de identidade, junto ao título e descrição, uma pintura com que me identifique minimamente, uma pintura em que apareça uma mulher. Agora é Gustave Courbet.

Para assinalar a mudança, aqui fica a mulher de Matisse que, até ontem, encimava o meu blogue.

Odalisca de Matisse

Pôr-do-sol à beira Tejo








E o cheiro a maresia? E o fresquinho que estava? Revigorante. Tão bom.

sábado, maio 14, 2011

Santana Castilho, Eduardo Catroga, Carlos Moedas, Fernando Nobre os perigosos, Miguel Relvas e Miguel Macedo os pacíficos, Felícia Cabrita a diva, Laura Passos Coelho a mulher do cozinheiro - A equipa PSD, ou melhor, the dream team of Pedro Passos Coelho --------- Não tem nada a ver mas sabem dizer se já fechou o Miguel Bombarda? Ouvi dizer que iam transferir os doentes que ainda lá estavam para uma moradia ali para a São Caetano à Lapa. Será?


Pedro Passos Coelho: há qualquer coisa nesta cara que não bate certo.
Mas o que não bate mesmo nada certo é a equipazinha que ele arranjou, escolhidinhos a dedo, os piores da liga, uma gargalhada sempre garantida.


Santana Castilho, com Passos Coelho, na mesa de honra, com um sorriso amarelo, petrificado, numa sala cheia de gente, com a comunicação social a gravar o momento, disse que o programa do PSD para a Educação não tem ponta por onde se pegue
Agoram mandaram-no de férias para ver se não baralha ainda mais a comunicação social, a população, o PSD: diz-se e desdiz-se, é vulgar, inconveniente, despropositado e deve estar com uma valente hipertensão. Além disso, acho que está mesmo a pedir que lhe façam uma depilação brasileira.

Não pode ser: meninos assim, engenheiros civis-fiscalistas, com vozinha esganiçada, não deviam ser permitidos. Sugiro que a mãe o ponha de castigo.

Tanta parvoíce disse que arreliou toda a gente. Fecharam-no num quarto escuro há semanas e ainda lá está, não sei se alguma vez o vão tirar de lá
«»

E depois temos os de sempre, os bandarilheiros que para ali andam a tentar ajeitar as coisas. Mas com muita dificuldade, muita...

A vizinha aventaleira, rabalona, Miguel Relvas

E o Miguel Macedo, olhos cada vez mais esbugalhados, coitado
«»

E as mulheres da vida de Passos Coelho

Laura Passos Coelho, ri-se muito, acha muita graça ao papinho de anjo do maridinho, o farofinha doce, o coelho queijadinho

A diva Felícia Cabrita, a biógrafa oficial

Face a isto, meus amigos, será preciso gastar dinheiro com sondagens?! Então não basta olhar para eles para ver que isto é uma equipa ganhadora ..?