Depois das cenas mais duras do que puras que vivi durante o dia, só mesmo a Miranda para me fazer rir agora à noite
Bem. Se há dias em que tenho pena de não poder ser mais explícita hoje é seguramente um deles. Estive num sítio que faz favor. Não foi em lazer. Foi trabalho. Trabalho puro e duro. Mais duro do que puro. Barra pesada, para dizer a verdade. Se eu aqui contasse não iam acreditar. Cenas do caneco. Mais concretamente: coisas de gargalhada e coisas tétricas, em igual dose.
Vim de lá às sete e tal.
Viagem de regresso ainda longazita. Voltei a um dos meus good old habits: aproveitar a viagem para os telefonemas familiares. Quando cheguei e vi as horas, receei que o meu marido me chamasse a atenção para isto de que ando, ando, e qualquer dia estou outra vez a trabalhar muito para além do razoável, quiçá fazendo com que o meu coração se vire outra vez do avesso. Felizmente, estava no jardim a pintar o muro e acho que nem reparou nas horas.
Vestiu uns calções de praia com que sempre gostei imenso de vê-lo, uns brancos, com umas riscas de tamanho irregular em azul claro e verde claro, que fazem um quadriculado também irregular. Já não têm cordão e por isso já não os usa na praia. Hoje estava com eles com um cinto por cima, todo fashion. Tinha uma tshirt branca justa que usa por baixo das camisolas quando faz caminhadas. No fim de semana tinha começado a pintura do muro e tinha este mesmo outfit. Os netos quando o viram da rua, estava ele de costas, disseram que não podia ser ele, que o avô não estava em tão boa forma. Não costumam vê-lo assim. Quando confirmaram que era ele, até o elogiaram. Não mostrou ficar sensibilizado com o elogio mas sei que ficou. Ao vê-lo assim até pensei fotografá-lo -- de costas, bem entendido -- para fazer a vontade à Lucy. Mas pensei que, se me punha com coisas, ainda ele se distraía do muro e se aborrecia por eu estar a chegar a casa tão fora de horas. Portanto, fiz-me de despercebida e estive foi a gabar a excelência da pintura.
Gostava que ele pintasse também o portão da horta mas não posso pedir muitas coisas ao mesmo tempo senão arrelia-se. Tem que ser coisa a coisa. Mas isso, em mim, é contranatura pois, ao ir vendo as coisas a serem arranjadas, vou tendo novas ideias. Mas se lhe digo: 'Olha lá, e se, aqui em baixo, puser uma carreira de vasinhos?'. Ele passa-se. 'Mais vasinhos é sinónimo de comprar mais vasos, mais flores, andar a pôr terra, andar a regar. Por isso, pára.' Digo assim, como se esta conversa não tivesse acontecido mas aconteceu. E ele mandou-me mesmo calar. Calar e parar. Calo-me mas fico a magicar. Será que ali ficariam bem os tais vasinhos azuis com florzinhas azulinhas? Ou aquelas lindas, etéreas, que no verão ficam cor de rosa, aquelas que estão no jardim dos franceses ali à frente, e que ainda não encontrei em lado nenhum?
Só tenho coisas que me ralem.
Mas, dizia eu, estive num lugar em que vi e ouvi de tudo e em que tive saudades daqueles meus colegas de tempos épicos em que entrávamos em qualquer lugar, nós, um grupo de quatro ou cinco, e toda a gente sabia que éramos um grupo unido e forte. E, mal saíamos dali, não apenas tomávamos todas as decisões que eram necessárias como nos divertíamos à brava. Agora é tudo gente que se leva muito a sério, ninguém se diverte, ninguém ri com o lado caricatural das coisas.
Os problemas de hoje são, por vezes, o oposto do que eram antes e as pessoas que têm a incumbência de os resolver são também o oposto do que eram. O mundo mudou muito. Está cada vez mais chato.
Por isso, foi com imenso agrado que constatei, uma vez mais, que o algoritmo do YouTube tem bué de inteligência artificial. Descobre o meu estado de espírito e, se é assim-assim, aplica-me o devido antídoto.
Já me fartei de rir. Era mesmo disto que eu estava a precisar, caraças. Não conhecia a Miss Miranda e esta, sim, esta é cá das minhas.
Estou fã dela. Com este vídeo aqui abaixo até me fez lembrar daquela vez em que, num hotel, me inscrevi, como sempre faço, para uma massagem. Tudo normal até ao dia em que, em vez de uma massagista, se me apresenta um massagista. Tipo indiano ou nepalês. Não sou de ficar a dar risadinhas ou a trocar palavras. Aparento comedimento. Mas, por dentro, numa atrapalhação. Fiquei sem saber se havia de fugir, se deveria aguentar-me ali, estoicamente. Optei pelo estoicismo.
Nos outros hotéis ou institutos ou whatever, as massagistas saem, dizem para nos despirmos e taparmos com uma toalha e, só ao fim do tempo suficiente, voltam a entrar. Ali, contudo, não. O massagista mandou que eu me despisse. Pensei: Mas vou fazer striptease à frente dele? Está maluco. Perguntei-lhe: Aqui?. E ele que sim. Corajosa, virei-me de costas para ele. Depois pensei: Mas agora vou-me virar de frente e caminhar de frente para ele? É o vais. Hesitei. À distância de vários anos, lembro-me que pensei que deveria era voltar a vestir-me e dizer que massagens só com mulheres ou com gays. Como ele não tinha ar de gay, nada a fazer. Mas depois pensei 'que se lixe, não há-de ser nada'. Quando me virei, estava ele a segurar a toalha ao alto, ele por detrás da toalha. Respirei de alívio e, se estivesse descontraída, provavelmente teria soltado uma gargalhada. Deitei-me e ele baixou a toalha. O que se passou quando eu não estava de olho nele, não sei. Mas, do que vi, foi discreto. Mas que eu estava atrapalhada, lá isso estava.
[Fui agora à procura e encontrei o post. É praticamente como acima o descrevi. Já não me lembrava do delicioso pormenor do soutien. Delicioso. A ver se esta porcaria do corona se evapora para lá voltar a ver se ele ainda lá está]
Aqui a cena não é com um 'terapeuta', é com um médico.
Já adormeci dez vezes e nem consegui ver quase nada do House. Agora nem Netflix tenho conseguido ver. Por isso, só espero que não haja bandos de gralhas
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Uma feliz (thanks god it's ) friday
3 comentários:
Francisco de Sousa Rodrigues
disse...
Mas há alguma coisa melhor que "hard work" com boas risadas à conta deb uns quantos atrapalhanços?
Então o seu "mais que tudo" anda nas pinturas? Também nós aqui andamos aqui em embelezamentos, esta semana já foi um balde de 20L de cal.
Cal? Daquela que se prepara num balde, com água, e que fica a ferver?
No Algarve, na casa dos primos do meu pai, pintavam as casas com cal e nunca me queriam por perto para não me queimar.
E fica um branco tão branquinho, tão luminoso...
Por cá pintam-se muros mas é com tinta normal... E digo 'pintam-se' mas quem anda a pintar é mesmo só o meu marido (nasceu para sofrer, que é que eu posso fazer...?)
3 comentários:
Mas há alguma coisa melhor que "hard work" com boas risadas à conta deb uns quantos atrapalhanços?
Então o seu "mais que tudo" anda nas pinturas? Também nós aqui andamos aqui em embelezamentos, esta semana já foi um balde de 20L de cal.
Um rico fim de semana.
Achei muito interessante atualmente esta sua postagens.
Nomes para canal no youtube Abraços ;) !
Olá Francisco,
Cal? Daquela que se prepara num balde, com água, e que fica a ferver?
No Algarve, na casa dos primos do meu pai, pintavam as casas com cal e nunca me queriam por perto para não me queimar.
E fica um branco tão branquinho, tão luminoso...
Por cá pintam-se muros mas é com tinta normal... E digo 'pintam-se' mas quem anda a pintar é mesmo só o meu marido (nasceu para sofrer, que é que eu posso fazer...?)
Boas pinturas e que fique tudo num brinquinho.
Abraço e dias felizes, Francisco.
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