quinta-feira, dezembro 14, 2023

Às compras

 

Estou num daqueles dias. Cabeça vazia, incapaz de encontrar ou desenvolver qualquer assunto. 

Tinha pensado fazer uma coisa mas, tendo as voltas sido trocadas, acabei a fazer outra, nomeadamente a ir fazer de atacado, depois de meio da tarde, o que era para ser feito em dois ou três dias aproveitando sinergias. Assim, as sinergias tiveram que ir à vida. 

Como ando naquele limbo em que parece que nunca sei o que vai acontecer, parece que não consigo planear nada nem tenho grande vontade de o fazer. É uma sensação que não é boa. 

Mas, então, lá fomos. 

No local em que vivemos praticamente não há trânsito. Andamos essencialmente a pé. Quando temos que sair, tentamos escolher percursos e horários com menos tráfego. Ir às compras é daquelas de que fugimos. Poucas coisas compramos para além do básico para a alimentação e para a casa e, vá lá, de vez em quando alguns livros, muito mais agora para o meu marido do que para mim.

E, para o Natal, nunca fui de fazer compras com antecedência. Se não me sinto tocada pelo espírito natalício, não consigo arranjar energia ou inspiração para me pôr a andar pelas lojas a dar seguimento a listas (que nunca fui capaz de fazer). Portanto, adio até mais não poder.

Portanto, se antes já era assim imagine-se agora, totalmente despojada de instintos consumistas e, ainda por cima, com a cabeça ocupada por preocupações que não dão tréguas. 

Mas fomos. Um trânsito impossível, carros e mais carros. Muita gente. depois não se encontra o que se quer, depois temos que estar sempre à espera de quem nos possa atender, depois temos que esperar pela nossa vez na caixa. O tempo passa e pouco se adianta. Vai-se a pensar numa coisa e quase nunca há. Propõem outra coisa mas não era nada daquilo em que tínhamos pensado. E se eu ainda guardo, provavelmente marcado nos genes, alguns vestígios de quando frequentava templos de consumo, e, por isso, quero escolher, o meu marido, que sempre odiou fazer compras, fica numa tal impaciência que ainda me perturba mais. Para onde eu deite um primeiro olhar já ele está a dizer: 'É bom. Leva.'. Isto mal entramos, ainda sem fazer ideia do que há.

No entanto, apesar de tudo, ainda não tenho nada para os meninos. Mas os quatro mais crescidos o presente que querem é ir comprar roupa connosco. Por isso, temos que esperar que entrem em férias, ou seja, para a semana. Deve estar lindo: os centros comerciais a deitar por fora. E também ainda temos que ir comprar um brinquedo para o mais novo. E mais uma ou outra coisita. 

Chegámos a casa tarde. O cão, que tinha ficado na rua, reagiu como sempre reage quando não o levamos connosco: quase não se mexe, depois aproxima-se quase de gatas, vem a medo sem saber se fez alguma coisa de mal para ter ficado de castigo. Bem lhe digo que não estava nada de castigo, estava, sim, a guardar a casa. Mas isso são conceitos algo abstractos para ele. Só depois de muitas festinhas percebe que está 'perdoado'. Então salta e brinca e corre de um para outro, numa alegria. Mas era de noite e estava frio. Então, o pobre estava gelado, coitado.

Depois ainda fomos fazer uma caminhada. Soube-me bem sentir o frio húmido da noite. Reentrámos em casa já passava das nove da noite. Pelo caminho tínhamos parado para comprar chamuças e chicken pakora que, ao jantar, acompanhámos com arroz e salada. Soube bem. 

E depois cheguei ao sofá e adormeci. O meu marido estava a ver a entrevista a Luís Pinheiro, à época o director clínico de Sta Maria, e, de vez em quando, tentava acordar-me. Mas agora acontece-me sempre isto. Ando a acordar cedíssimo. Durmo pouco e mal. Por isso, à noite, quando chego à sala, aterro, ligo à terra, descarrego, fico sem um pingo de energia dentro de mim.

De resto, é o que é. Há coisas que não se escolhem. Acontecem. E temos que saber lidar com elas. No meu caso, tenho um passo prévio: tenho que aprender a lidar com elas. 

E, pronto, é isto, nada mais a declarar. Avisei... ando assim, sem assunto. 

quarta-feira, dezembro 13, 2023

A volta à vida de João Galamba em 82.000 escutas
-- A palavra ao meu marido --

 

Foi noticiado que o MP fez  82 mil escutas a João Galamba,  das quais conseguiu aproveitar dez escutas ou talvez menos para lhe instaurar um processo. 

Sabendo-se que o período abrangido foi de cerca de 4 anos, teremos tido que em média ele falou ao telefone cerca de 57 vezes por dia. Provavelmente o processo de ouvir, transcrever e reportar tanta escuta, todos os dias às dezenas, terá ocupado, no mínimo uns dois agentes em exclusivo ao longo deste período. 

É um fartar vilanagem. 

Se isto não é chocante e atentatório da liberdade e da privacidade de um cidadão português então o que será atentatório dos direitos individuais? Como é possível que façam mais de 80 mil escutas a uma pessoa seja ela quem for? Como é possível que tenha havido um ou vários magistrados que autorizaram estas escutas? Que argumentos terá apresentado o MP para conseguir a  autorização do(s) magistrado(s) para, ao longo de 4 anos, escutar as conversas com a mulher, com as filhas, com a mãe, com os amigos, ... do Galamba?

E quais são os gastos associados a tamanho despautério? Face à duração e aos recursos envolvidos, quanto custaram estas escutas? Gastam dinheiro à tripa forra, desbaratam recursos e depois ainda se queixam que têm falta de meios. Ninguém controla o dinheiro dos contribuintes que o MP torra? É inadmissível! 

Quando ouço estas notícias lembro-me dos métodos da PIDE que violava os mais elementares direitos individuais para perseguir e prender os opositores ao regime. 

E depois ainda vem  a PGR, com ar de quem não vive neste mundo, dizer que querem destruir o MP. Como de costume não está ou não quer ver o problema. Quem está destruir o MP é ela que é um absoluto erro de casting para a função que desempenha. Quem está destruir o MP são os agentes de justiça que têm uma agenda própria, que divulgam as informações em segredo de justiça, que não sabem investigar,  que consideram que qualquer conversa telefónica de quem está a ser vigiado é, por definição, um crime grave e que andam em perfeita roda livre fazendo o que querem. São eles que destroem o MP e descredibilizam a justiça portuguesa.

Eu aposto que se fizerem 82 mil escutas ao Prof. Marcelo ou ao Lobo Xavier ou ao Marques Mendes encontrarão seguramente muitíssimo mais do que  10 conversas, provavelmente centenas e centenas, que, se estiverem para aí virados, poderão interpretar como tráfico de influências, prevaricação  e outras coisas que lhes venham à cabeça. Aposto!

Tem vindo nos órgãos de comunicação social, e ontem o Nuno Santos pôs  a questão ao António Costa, se por "acaso" o parágrafo acrescentado no comunicado da PGR não teria alguma "conexão" com a abertura do inquérito sobre o caso das gémeas que, como referiu o Luís Paixão Martins talvez devesse, por analogia, ser designado pelo caso de Belém. O parágrafo terá sido acrescentado posteriormente no comunicado e na fita do tempo estará relacionado com o encontro da PGR com o PR no dia em que o comunicado, que originou  a demissão do António Costa, foi divulgado. Também a comunicação social questiona se  a PGR terá, nesse dia, ido a Belém informar o PR sobre o caso das gémeas. Espero que os jornalistas investiguem até à exaustão estas ligações. Não sendo adepto de teorias da conspiração, neste caso em particular não ficarei especialmente admirado se a conclusão for que o "enxerto" no comunicado não foi inocente e teve razões que a razão não desconhece.

Ouvi ontem  a entrevista do António Costa e os comentários que foram feitos pelos dirigentes dos outros partidos. Para além da desonestidade intelectual e da mesquinhez da maioria dos comentários é visível que existe uma enorme diferença qualitativa entre o PM atual e os seus adversários políticos. Só não vê quem não quer ver!

terça-feira, dezembro 12, 2023

António Costa na TVI/CNN com Nuno Santos: a excelente entrevista de um grande Primeiro-Ministro

 

A entrevista foi como deve ser uma boa entrevista: civilizada, dando tempo ao entrevistado, com as questões pertinentes que resultam não apenas da boa preparação da entrevista por parte do entrevistador mas, também, por ter havido oportunidade para que este ouça com atenção as respostas do entrevistado e consiga perceber as nuances que requerem clarificação. Não houve hostilidade de parte a parte, não houve crispação, interrupções mal educadas, não houve stress. Foi um momento bom de televisão. 

Nuno Santos mostrou ser alguém que sabe fazer perguntas, sabe ouvir as respostas, sabe ser oportuno.

E António Costa mostrou ser um grande Primeiro-Ministro. Nos últimos anos foi o melhor político em campo. De longe. Muito de longe. E incluo na comparação não apenas os políticos partidários no activo mas, também, o Presidente da República que, mesmo nos seus tempos áureos, nunca conseguiu chegar aos calcanhares da consistência e da credibilidade de António Costa. 

António Costa foi factual e explícito, realizando o balanço possível dentro do formato da entrevista, e mostrando como a realidade concreta é bem diferente das bocas e da conversa da treta com que a oposição e os comentadeiros tentam distorcer e poluir a opinião pública.

António Costa tem visão estratégica, tem humanismo, empatia, capacidade de distribuir jogo, boa educação, assertividade, boa preparação e boa memória (revela sempre um invulgar e exaustivo conhecimento de todos os dossiers), cultura, competência, liderança, ponderação, respeito pelos outros, boas maneiras. E tem tudo isso em proporções equilibradas. E isso faz dele alguém que estará sempre bem em qualquer função que desempenhe.

Tal como foi (e ainda é) um excelente Primeiro-Ministro, será um excelente Presidente da Comissão Europeia ou um excelente Presidente da República. Assim o queira e assim a vida tal lhe proporcione as oportunidades que ele merece.

Tal como é sabido por quem aqui me acompanha, nas próximas Legislativas votarei no PS, seja o José Luís Carneiro ou Pedro Nuno Santos o próximo líder. Partilho a opinião de António Costa: qualquer deles é muito melhor do que Montenegro ou de qualquer dos líderes dos outros partidos (na verdade, está a milhas de todos eles). Contudo, qualquer deles, JLC ou PNS, terá muito a aprender com António Costa e fará bem em colher os conselhos e os ensinamentos dele.

Verdadeiramente indigentes, alucinados ou destrambelhados foram os comentários, pós-entrevista, quer por parte do Montenegro, quer do esquisito da IL (ainda não registei o nome dele), do Ventura (que adoptou um dress code doméstico apesar de se apresentar na Assembleia da República, de um jovem do BE que parece ter nascido ontem. Do PCP não vi ninguém, não sei se não apareceu ou se não vi.

Só espero é que, a 10 de Março, os portugueses vão votar, não se deixem ficar em casa. Votem e mostrem que, por mais que queiram fazer deles parvos, não o são. 

O País precisa de continuar a ser bem governado.

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Nota: A CNN continua a manter Luís Paixão Martins quase à meia-noite e dando-lhe menos de quinze minutos. Não se percebe. Custa assim tanto a perceber que vale mais um minuto de Luís Paixão Martins do que meia hora de Rangel & Adalberto e quejandos?

segunda-feira, dezembro 11, 2023

Contar segredos a estranhos

 

Para aqui não falar do que me traz apreensiva tenho agora, sempre, que omitir uma parte significativa do meu dia. Por isso, digo apenas que, como sempre, não foi fácil e, talvez por isso, quando cheguei a casa, sentei-me no cadeirão relax ao lado da janela, tapei-me com a mantinha aveludada, macia e quentinha, e, de tal forma me sentia esgotada que, provavelmente, ao fim de dois minutos estava a dormir. Dormi com certeza quase uma hora. E custou-me a acordar. 

Mas a caminhada da manhã e a que foi feita à noite foram boas. Contudo, a da manhã foi feita debaixo de um céu cinzento e um ar pesado de tão húmido, e a da noite, bem, foi de noite... No entanto, se me faz falta o sol, caminhar à noite também é bom. As árvores nocturnas são lindas, as casas iluminadas são íntimas, olhar as pessoas a cozinhar, outras em confortáveis salas a ver televisão, observar algumas belas peças decorativas, apesar de uma cusquice, é aliciante. E os jardins à noite estão cheios de mistérios e os cães dão o sinal e enfurecem-se à nossa passagem.

Este domingo não cozinhei. O programa de festas não me deixou grande margem para culinárias, nem pelos horários nem pela disposição. Por isso, passámos pela casa das pizzas em forno de lenha e já está. Menos mal.

Claro que, com tudo isto, nos últimos tempos perdi completamente o élan da escrita. Falta-me inspiração, motivação, energia. Ponho-me com o computador à frente e não me apetece. Escrever pressupõe uma entrega absoluta, implica que nos desliguemos da vida real. Só funciona se a via para a inspiração estiver aberta, desimpedida. E não tenho conseguido. Mas a vontade há-de voltar, sei que sim. E terei que repensar bem a abordagem. Tinha pensado tentar de uma maneira mas, do que tenho visto, não me parece ser a mais eficaz. No entanto, é uma questão de me dedicar. Tendo disponibilidade, de tempo e de cabeça, hei-de conseguir penetrar no hermético mundo editorial. 

Entretanto, ao ser-me sugerido o vídeo que abaixo partilho, lembrei-me do que se passou connosco, com o nosso Sebastião.

Uma vez, uns amigos deveras afoitos, resolveram passar por cima dos meus pruridos e das reservas do meu marido, e oferecer aos meus filhos um hamster. Não sei se o presente foi paa um e se o outro também o adoptou ou se foi, à partida, para os dois. Tanto faz. 

Que me lembre, havia uma gaiola com um baloiço e uma roda. Sebastião. 

Não achei graça mas os miúdos estavam felizes. 

Cheirava mal que se fartava, não sei se a urina, se as fezes. Eu tinha medo de lhe mexer. Sobrava para o meu marido, claro. Lá levava ele o Sebastião na sua gaiola para a varanda e, contrariado, lá fazia a necessária higienização.

Mas era o que era. A bem da alegria das crianças, lá nos ocupávamos do animal.

Até que, um belo dia, o bicho amanheceu morto. Esticado, De barriga para cima, perna aberta, esticado. Ainda pensámos que estivesse apenas inconsciente. Tentámos reanimá-lo. Mas tinha-se passado para o além.

Nem me aproximei, sempre tive uma relação complicada com a morte.

Na altura, no prédio em que vivíamos havia uma conduta centralizada para o lixo. Ao pé dos elevadores, havia uma tampa na parede da qual partia uma rampa que ia dar a um mega contentor onde ia parar todo o lixo do prédio. Na altura ainda não se reciclava nem se separavam os lixos. 

E foi por aí que o meu marido despachou o Sebastião. Para desgosto de todos, lá se foi o Sebastião.

No fim de semana seguinte encontrámo-nos com esses novos amigos. E relatámos o triste acontecimento. 'Não estava morto! Estava a hibernar!', exclamaram.

Contaram que o deles também tinha hibernado. Ficámos estarrecidos. Mas já não havia nada a fazer.

Nessa altura não havia internet nem o hábito de pesquisar sobre tudo. Parecia morto, não reagia: estava morto. E, afinal, não estava. E ficou, na família, como uma das grandes patifarias que cometemos.

Não posso dizer que seja um segredo pois todos nós falamos deste nosso mau passo,

Aqui abaixo fala-se de segredos e é sempre surpreendente ver como as pessoas que a Thoraya aborda, pessoas desconhecidas, têm sempre coisas inesperadas para dizer. Já aqui o referi várias vezes: parece que, muitas vezes, é mais fácil confiar em desconhecidos e contar-lhes os mais íntimos segredos do que entregar a intimidade a amigos. Os vídeos de Thoraya são a prova disso. E este meu blog também.

Estranhos leem um segredo e deixam um outro segredo


Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda-feira

Saúde. Esperança. Paz.

domingo, dezembro 10, 2023

O conforto e o aconchego de ter a família à mesa
(e junto ao coração)

 

Não vou falar do que me preocupa em permanência pois compreendo que não me faz bem nem deve ser agradável de ler. Aliás, já tenho a família inteira a querer despachar-me para ajuda psicoterapêutica. Estão fartos de me aturar e compreendo-os. Mas, pelo menos por enquanto, não creio que já seja caso disso. Tenho é que interiorizar que o que há a fazer extravasa as minhas capacidades, já não está nas minhas mãos. Tenho, sempre, por natureza, vontade de encontrar soluções para todos os problemas. E, neste caso, desde há algum tempo que me sinto completamente impotente. E isso atormenta-me um bocado. Estive a falar com o médico e ele foi muito claro. E, claro, não me deu novidade nenhuma. Aliás, ele fez questão de dizer que não estava a dar-me novidade pois antes de lá entrar já havia os problemas que agora tem. Percebo-o, não quer que haja qualquer hipótese de eu poder dizer que adquiriu aqueles problemas lá. Sei muito bem que não. Aliás, quando, antes de ir, nos perguntou porque é que ela tinha decidido ir para lá, eu esclareci invocando os factos como eles são e com os quais ela concordou. Pede-me ele que eu confie que está a ser feito tudo o que há a fazer, todos os cuidados estão a ser prestados, todos, tudo. Sempre que lá vou e sempre que falo com a equipa clínica constato isso. 

Mas, enfim, disse que não ia falar mais do mesmo e, portanto, mudo de assunto (antes que me apareça aqui em casa a brigada da camisa de forças que, do que hoje lhes ouvi, parece que já faltou mais).

Direi que, à parte essa preocupação que me traz com o coração apertado, o dia foi muito bom. Todos cá em casa, mesa cheia. Todos a conversarem, rindo, comendo. 

Depois uns jogaram paintball no campo aqui perto, outros jogaram badminton, outros ficaram a ver televisão. 

Depois, mudança de cenário e, aí, houve um renhido jogo de basketball, uma hora no duro, com todos os jogadores a acabarem encharcados. 

O mais novo, por sua vez, jogou futebol com um amigo que encontrou no parque. E as meninas mais crescidas e o casal mais idoso ficaram a observar.


Não contei que, pelo meio, o mais novo subiu à árvore e gostou de lá estar, menino mais fofo, e pediu para alguém lá fazer uma casinha.

E apanharam-se cogumelos a ver se o dog não tem a tentação de os provar (e não sabemos se são pacíficos). E eu ainda andei a fotografar os passarinhos que dançam na romãzeira, agora desprovida de folhas.


E, à falta de melhor assunto, vou contar o que fiz para o almoço.

Entrada: salada de salmão

Num tabuleiro grande coloquei alface iceberg aos bocadinhos, cenoura ralada, abacate aos bocadinhos, bolinhas de mozzarela (bastantes), salmão fumado. Temperei com azeite, orégãos e um pouco do caldo da mozzarela.

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Prato principal: arroz de carnes

Numa panelão, alourei duas cebolas (das maiores que encontrei) aos bocadinhos, juntei dentes de alho e louro. Depois juntei carne de vaca aos bocadinhos (daquelas que se vendem para jardineira) e moelas. Juntei uma embalagem de sopa portuguesa (couve lombarda, alho francês, cenoura), um pouco de vinho branco e sal. Passada talvez uma meia hora ou um pouco mais juntei coxas de frango do campo, rojões de porco e entremeada, dois tomates maduros e salsa. Juntei mais vinho branco e um pouco, muito pouco, de pimentão doce. Estufou até as carnes estarem bem macias, tendo juntado, entretanto, mais água.

Depois retirei as carnes, desossei, cortei. 

Num tacho grande coloquei arroz basmati e o dobro da quantidade de arroz em caldo de cozinhar as carnes. Cozinhou até estar apenas com um pouco de líquido.

Liguei o forno para estar bem quente pouco depois.

Num pirex gigante juntei o arroz, misturei as carnes desossadas e cortadas. Por cima, polvilhei com bacon em mini-cubos e enfeitei com rodelas de chouriço de carne. 

Foi ao forno até o arroz ficar mais sequinho e até o bacon e o chouriço estarem tostadinhos e brilhantes.

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Sobremesa: salada de frutas com iogurte e gelatina

Numa grande taça de vidro (aliás, em duas) coloquei maçãs aos cubinhos, dióspiros aos cubinhos, uvas brancas e uvas pretas sem grainha. Misturei em cada taça um iogurte grego de mirtilo e gelatinas (de compra) de morango. Misturei. Por cima coloquei amoras, framboesas e mirtilos.

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E ainda...

No fim, apetecia-lhes qualquer coisa mais doce. Não havia. Por isso, foram ao congelador e acabaram com os gelados. 

(Ainda bem pois, por acaso, estava mesmo a precisar de mais espaço naquela gaveta).

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Entretanto, agora vi este vídeo da Reflections of Life (ex-Green Renaissance

que me trouxe serenidade e paz. 

Aqui está, na esperança de que também gostem.

SHE LET IT ALL BE

Nos cantos silenciosos das nossas mentes, há uma voz que tende a minar e semear dúvidas: o crítico interior. O negativo. Aquele que ataca as nossas inseguranças. Confirma as nossas dúvidas e ataca a nossa confiança. Pode soar como 'você deveria', 'porque não fez isso?' ou 'o que há de errado consigo?'

Reconhecer este diálogo interno é importante porque muitas vezes molda as nossas ações e decisões. Quando somos muito duros conosco mesmos, isso prejudica a nossa confiança e bloqueia a nossa criatividade.

É essencial nomeá-lo, reconhecer a sua influência e, o mais importante, não deixá-lo tomar as rédeas das nossas vidas. Em vez de permitir que a dúvida dite as nossas escolhas, devemos esforçar-nos por promover a auto-aceitação. Ao fazer isso, capacitamos-nos  para nos libertarmos das garras da crítica interior e abraçarmos a nossa autenticidade.

Abraçar as nossas imperfeições e celebrar as nossas qualidades únicas nos capacita a entrar na plenitude de quem devemos ser. E traz consigo uma profunda sensação de paz interior, permitindo-nos enfrentar os desafios da vida com confiança e graça.

Filmado em Hermanus, África do Sul.

Com Catherine Brennon


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Desejo-vos um bom dia de domingo

Saúde. Força. Paz.

sábado, dezembro 09, 2023

A direita em Portugal
-- A palavra ao meu marido --

 

A perspetiva de poderem ser governo no curto prazo fez a direita perder as poucas estribeiras que tinha e revelar a  incapacidade que os seus quadros têm para ser governo e a enorme concupiscência que existe entre  a economia e os dirigentes da direita  portuguesa. Partilho da opinião do António Costa de que os quadros do PS dão dez a zero aos quadros da direita. Vejamos:

  • Relativamente à IL e ao seu inqualificável presidente pouco tenho a dizer. Ainda não lhe ouvi uma única ideia, revela a mais profunda impreparação para ocupar qualquer cargo politico, nem perfil tem para ser eleito para uma Junta de Freguesia. Não consigo compreender como pode ter sido eleito para dirigir a IL. É, provavelmente, revelador da falta de maturidade dos jovens militantes da IL (parece que os estudos de opinião revelam que  a juventude agora é de direita) e da falta de qualidade da oposição interna. 

  • O André Ventura é levado ao colo pela comunicação social e por isso bota sempre faladura sobre todo e qualquer acontecimento, não acrescenta nada mas como está sempre presente angaria votos com enorme colaboração dos media. Na realidade nunca diz nada de jeito, só sabe dizer mal e alimenta-se das enormidades cometidas pela Justiça, pelo PR  e por alguns políticos. Não consegue suportar os sound bites em factos. Vi uns minuto da entrevista que deu à CNN, não atinava com os números, nem dava respostas minimamente honestas. É suportado pela direita mais reacionária e xenófoba e, aproveita-se das piores características dos portugueses para ganhar votos. É um perigo para a nossa democracia.  
  • O Montenegro, que estava a um passo de ser corrido, foi "insuflado" pelo comunicado da PGR. Não lhe valeu de nada. Logo no congresso do PSD tentou enganar os pensionistas e saiu-lhe o tiro pela culatra. Teve que andar meio PSD a explicar que o que ele disse não era o que queria dizer. Muito mau. Esta semana revelou a sua "enorme" capacidade de decisão e o seu "distanciamento" do poder económico ao criar uma comissão interna para criticar o estudo da CTI sobre o novo aeroporto. A comissão criada pelo Luís terá tido a ver com o loby de Santarém ou com a proximidade ao José Luís Arnaut (presidente da Vinci) ou com a incapacidade que tem para honrar os compromissos (tinha aceite a CTI) ou com não conseguir tomar decisões?

A Presidente da CTI disse hoje em duas entrevistas que a localização do novo aeroporto está condicionada pela decisão da Vinci. O contrato celebrado no tempo do Passos Coelho é de tal forma desequilibrado, que uma decisão de capital importância para o País está nas mãos de uma empresa estrangeira que está cá apenas para tirar o maior lucro possível da operação e que conseguiu colocar o Aeroporto de Lisboa como o 4º pior Aeroporto num estudo que foi recentemente efetuado. Será que é porque quer dar continuidade  ao que foi feito pelo Passos Coelho, contratos desastrosos para os portugueses, que o Luís se apressou  a  dizer que a localização do novo Aeroporto é uma decisão politica e que se está nas tintas para o relatório da CTI? É mau demais para ser verdade. Os portugueses saberão analisar estes casos.

  • Depois temos o Prof. Aníbal. Então agora a "cena" das contas certas é uma treta? O Prof. Aníbal já tinha ao longo do tempo dado provas de uma enorme falta de ética e de esquecimento seletivo. Por exemplo, esqueceu-se do BPN, do Dias Loureiro, ..... . Estes três flic flacs à retaguarda sobre as contas certas dizem bem da verdadeira natureza do Prof. Aníbal. Como é possível? Nem  a idade lhe deu um certo pudor? Que falta de categoria!
  • Para finalizar, temos o Prof. Marcelo. Sobre ele já escrevi várias vezes. Já referi que é um dos principais causadores da instabilidade em Portugal e dos problemas que enfrentamos e que vai sair mal do cargo. A questão das gémeas atingiu aspetos éticos e morais que revelam a verdadeira personagem do Prof. Marcelo. Deve mais uma vez ser recordada a entrevista do insuspeito Paulo Portas ao Herman José,  sobre  a história da vichyssoise em que o Paulo Portas afirmou que o Marcelo é mentiroso. Então Prof. Marcelo depois do que disse sobre o João Galamba, ao menos não demite ninguém da Casa Civil? Dá seguimento às cunhas do Dr. Nuno e critica outros empenhos? 
Segundo a TVI, uma das referências do CV do Dr. Nuno é ser filho do PR. O Prof. Marcelo ainda não teve tempo para telefonar ao Dr. Nuno e perguntar-lhe sobre o que tem andado a fazer e pedir-lhe que retire do CV a menção de que é filho de PR? 
 
E o que dizer das ameaças feitas com idas a tribunal de quem mencionasse o seu nome neste caso? 
 
É absolutamente chocante este comportamento de quem sempre se tentou afirmar como o Presidente dos afetos e protetor dos menos afortunados e nunca criticou as infâmias que apareceram nos órgãos de comunicação social sobre políticos de diversos quadrantes. 
 
Não sei se Portugal aguentaria uma crise na Presidência. Mas que, depois disto e do exemplo dado pelo António Costa, o Prof. Marcelo não tem condições para se manter na Presidência, de facto não tem. 
 
Resta referir que o Prof. Marcelo acabou de fazer mais um favor ao André Ventura. 

Espero que o povo português demonstre a maturidade que sempre demonstrou e vote à esquerda. Segundo os estudos de opinião, os mais jovens têm tendência para votar à direita talvez porque nunca tiveram as dificuldades que as gerações anteriores tiveram e porque cada vez a sociedade é mais egoísta e menos solidária. Estou certo que, se o PSD precisar do André Ventura para ser governo, não vai hesitar. Será que querem a extrema direita no Governo? Eu não quero!

sexta-feira, dezembro 08, 2023

A imperdível Penélope Clarinha e o seu extraordinário Passado imprevisível

 

Tenho a contar que apesar de estar escuro e de chuva, nada aprazível para passeios, não resisti à mensagem recebida na véspera dizendo que já podia ir levantar o que tinha reservado. Portanto, aí vai ela. 

A lot of static

Tinha em mente ir também dar um passeio à beira rio. Mas, ao chegar onde ia, vi que estavam a montar nova exposição. E, ao espreitar, reconheci a fantástica pintora. Não digo já o nome pois parece-me que o nome é o corolário do que ela é (ou de como ela é) -- e, por causa destas e de outras, o título das mensagens deveria vir no fim, não logo à cabeça.... Não quero arriscar definições ou caracterizações pois iria certamente pecar por defeito. E, note-se, digo isto sem a conhecer pois, conhecendo, talvez ainda mais me espantasse.

Entrei para levantar o que me estava reservado mas não resisti a ir ver o que já estava à vista de o Passado Imprevisível.

E, ao ver, não consegui arredar pé. Sempre que a coisa tem o seu quê de surreal e, logo, de doideira eu estou lá. 

Se há coisa que me maça é o normal, o normal sem nada que se lhe diga. Agora se um senhor muito senhor de si próprio tem um pássaro na cabeça, se uma senhora tem um ar apertadinho mas uma grande borboleta ao pescoço, se uma mademoiselle muito arranjadinha tem um roedor descontraidamente pousado na cabeça ou se uma outra com um penteado bem comportado tem uns óculos emplumados, e isto já para não falar de um mancebo com balões de cada lado da cabeça transformando-o em mickey (muita estática, lá está...) aí, sim, aí eu tenho vontade de entrar em jogo.

O meu marido, que estava com o seu chapéu de Dom Henrique e com a fera cabeluda pela trela viu do lado de fora e também gostou. 

Mas gostou sobretudo do senhor engravatado sentado numa cadeira, dentro de um grande aquário em cujas águas navegam peixes de mar, ao lado de uma mesinha sobre a qual está um outro pequeno aquário com peixinhos dourados. Mas o aquário onde a coisa se dá deve ser o mega-aquário do oceanário pelo que requer, certamente, uma parede a preceito para se instalar. Não tenho. Se eu estivesse ainda a trabalhar sugeriria que se adquirisse a obra para o salão nobre da empresa, para pendurar atrás do CEO ou do Chairman. 

Ainda andámos por ali, pelo CCB, a ver as vistas e a passear o dog, comigo a perguntar se ele (ele, o marido, não o dog) não gostava daquele no qual os meus míopes olhos pousaram mal lá entrei e ele a hesitar e a dizer que o outro é que lhe agradava mais. 

Quando caímos neste impasse não é fácil arbitrar, caímos no so called empate técnico. Mas, não sei bem como, talvez porque o tempo não estava de feição para andarmos ali às voltas, o milagre deu-se e alinhámo-nos. 

E lá fui, de novo. Está reservado, não o giga de que o meu marido mais gostava mas aquele que cabe no bocadinho a partir do qual irá alegrar a minha casa.

E não resisti a falar com ela. Uma simpatia. 

Apesar de ser conversa breve, gostei imenso de falar com ela. Mas mesmo imenso. Não sou de afinidades instantâneas mas a verdade é que parece que poderia tê-la aqui em casa, parece que nem ela acharia estranhas as minhas bizarrias nem eu as dela. Aliás, tenho para mim que as pessoas que se exprimem através de palavras ou imagens peculiares e/ou extravagantes, na conversa corrente são, ou parecem ser, muito boas companhias (e são, geralmente, acho eu, pessoas tolerantes).

Acompanhava-a através do blog (o icónico Palmier Encoberto).

Sem saber quem era a autora, achava que tinha sentido de humor, inteligência, escrita escorreita, elegância, fair play e golpe de asa. Para além dos textos em si, as picardias com o Pipoco e com outros e a amabilidade que revelava ao falar com as suas Leitoras eram, para mim, motivo diário de interesse. Mas a minha admiração subiu para outro patamar quando ela começou a mostrar as suas extraordinárias pinturas. 

Com muita pena minha, deixou de alimentar o blog. Compreendo-a: as redes sociais ganharam vantagem sobre os blogs, e, além disso, um blog consome tempo, exige disponibilidade e, sobretudo, quem pinta ao ritmo que ela pinta e quem pinta com o esmero e atenção aos pormenores que ela dedica ao seu trabalho dificilmente tem muito tem livre.

Mas a blogosfera perdeu muita da sua graça com a sua saída, lá isso é verdade. 

Contudo, o tema de hoje tem a ver com pintura. 

E, portanto, falemos do que aqui me traz.

A nova exposição (que, segundo constatei -- e não apenas pelo meu caso --, arranca com algumas obras já vendidas) de Penélope Clarinha, Passado imprevisível, estará na Arte Periférica e irá de 9 de dezembro a 18 de janeiro de 2024. A quem possa, aqui fica a dica: não percam. 

Ver a pintura de Penélope Clarinha é um prazer. É uma pintura, a todos os títulos, fantástica. Digo-o sem receio de errar na adjectivação.


Uma palavra para o nome da autora: acho o mais improvável e fantástico dos nomes e, na realidade, assenta-lhe como uma luva. Se fosse pseudónimo seria brilhante de tão delirante. Sendo de verdade, só pode ser uma bênção.

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NB: As minhas desculpas pela péssima qualidade das fotografias que aqui coloquei. Não vou fazer outras ao catálogo, não por ser preguiçosa 😜mas para ver se vos incentivo a irem lá ver as obras ao vivo. Não percam.

quinta-feira, dezembro 07, 2023

A extraordinária casa do arquitecto Manuel Aires Mateus em Lisboa

 

Já aqui falei muitas vezes que gostei muito de tudo o que fiz a nível profissional e que, se quisesse dizer que outra profissão poderia ter tido, teria alguma dificuldade. Psicóloga talvez. Ou arquitecta. Na altura nunca me ocorreu que poderia enfeitiçar-me pela concepção de espaços. Estava tão longe disso...

A arquitectura atrai-me. Parece-me a mistura harmoniosa e perfeita entre a arte e a técnica. Há ali muita matemática, muita geometria descritiva, muita trigonometria. Mas também muita poesia, muito amor à luz e às sombras, muita toada melodiosa na integração entre o interior e o exterior, entre a vivência de quem habita os espaços por dentro e quem vive ao redor. E requer criatividade, requer ousadia mas também ponderação, capacidade de sonhar mas com os pés em terra firme.

Hoje vinha para aqui falar de outra coisa, para falar daquele caso mediático que ilustra bem a velha máxima de que quem com ferros mata, com ferros morre, (como podem verificar, ando a fazer um esforço por reencontrar o equilíbrio), quando, ao espreitar o youtube, me apareceu um vídeo irrecusável. Arquitectura da boa: a própria casa de Manuel Aires Mateus, arquitecto que tem qualquer coisa de especial.

Num espaço com muitas memórias (remonta ao século XVIII), pedras, arcadas, sublimes entradas de luz, um jardim generoso, vista sobre o rio, a casa de Manuel Aires Mateus, em Lisboa, é qualquer coisa de maravilhoso.

E ele leva-nos pela sua casa, podemos ver a decoração, podemos ver a porta extraordinária (gosto imenso daquele tipo de portas; por acaso tenho uma porta assim, embora, obviamente, numa outra escala, na cave; ou seja, um desperdício...), podemos ver a mesa enorme, podemos ver a pérgula, as glicínias.  E ele sempre com aquela simplicidade simpática que o caracteriza.

Espero que gostem tanto como eu gostei.

Inside a Portuguese Architect's Converted Lisbon Home | estliving.com

Architect Manuel Aires Mateus’ own home, located within an 18th-century building in the heart of Lisbon, was conceived as an ever-evolving space that he and his family can cherish for years to come.

In an exclusive film, Portuguese architect Manuel Aires Mateus, co-founder of Aires Mateus Architects, guides us through his historic family home on Lisbon’s Rua De São Mamede. Occupying the ground floor of a five-storey building that had endured a prolonged period of neglect, the intention was to update the interiors without compromising their historical essence. “We designed the house in a very open way, aiming to create spaces that support any kind of way of life,” Manuel expresses.


Desejo-vos um dia bom

Saúde. Coragem. Paz.

quarta-feira, dezembro 06, 2023

Das reacções às conclusões do estudo sobre o novo aeroporto destaco a inteligente conclusão do Montenegro, o tal que põe o Cavaco numa pilha de nervos (já para não falar no Marcelo que, de cada vez que o ouve, deve dar voltas em torno das suas [suas, do Marcelo, o reiterado tomba ARs] descabeladas estratégias, sem saber o que fazer à vida)

 

É sabido que os meus dias andam um pouco atrapalhados e, por isso mesmo, ando um pouco desligada do frisson das notícias. Apanho-as de passagem e, geralmente, só ao fim do dia. Hoje calhou apanhar parte da apresentação do grupo de trabalho sobre a localização do futuro aeroporto quando ia no carro mas a tarde ia ser tão preenchida que não deu para ouvir tudo nem deu para, depois, tentar recuperar.

Mas, do que vi há pouco, não me admirei por ver aqueles apontamentos de reportagem que as televisões fazem nestas circunstâncias, em que mandam jovens e inexperientes repórteres perguntar a pessoas na rua o que achariam de lá ter um aeroporto. Não me admirei porque, apesar de estúpido, é o que sempre fazem. E toda a gente opina, a malta gosta de se apanhar com um microfone em frente da boca, e, independentemente de desconhecerem todos os extensivos estudos que gente de várias competências fez, arrumam com a coisa em três penadas. Ora que sim, ora que não por causa do preço das casas ou por causa do barulho -- e já está. E parece que a quem opina na maior ligeireza nem ocorre pensar que se calhar há mil vertentes a ter atenção e sobre as quais poderiam, pelo menos, ter a curiosidade de conhecer. Zero. Meia bola e força. E as televisões exibem todas as inanidades como se fossem opiniões bem estruturadas. A comunicação social ao serviço da estupidificação colectiva.

Mas ainda mais extraordinário que tudo isto foi a reacção do Montenegro: o oposto disso. O opostíssimo. Depois de termos tido uma multifacetada e competente equipa a estudar, para cada cenário, as vantagens e desvantagens, as oportunidades e as ameaças, os constrangimentos económicos, ambientais e sociais e sei lá que mais, eis que a reacção de Montenegro foi tão só a de que vai... formar uma equipa, mais uma equipa, para estudar o relatório. Rápido no gatilho, ele. A ver se ao menos se cinge às hipóteses estudadas porque, com a sua notória falta de liderança, se dá carta branca para se porem a inventar novos cenários, se for por eles, nem em 2080 vou conseguir estrear o novo aeroporto. E não foi capaz de uma palavrinha de elogio para a forma exaustiva e clara como o trabalho foi apresentado. Nem lhe passa pela cabeça que há um relatório executivo, de síntese, e um de estratégia que igualmente deve ser de síntese e que ele próprio ou alguns dos seus podem e devem ler e depois fazer uma reunião para alinhar ideias. Não: aí vai mais um grupo de trabalho. E depois vão o quê? Pedir para fazer o trabalho de outra maneira? Acrescentar critérios? Apresentar um estudo cujo objectivo é refazer o estudo? Está bonito.

E, para justificar a criação do seu grupo de trabalho privativo, enredou-se em novelinhos, rodriguinhos, tri-li-lis, uma conversinha enredadinha para dizer que ia perder tempo para ganhar tempo. Rapaz esperto. Não admira que o cavaco, sempre que o vê, tenha vontade de saltar para a arena e vir fazer a vez dele. Só que cavaco usa uma linguagem e argumentos pouco éticos, treslê a seu gosto o que outros dizem, tempera a conversa com o seu usual ressabiamento a que só falta o bolo alimentar do pretérito bolo-rei e, portanto, ainda enterra mais o PSD.

Portanto, estamos conversados quanto ao que deveria ser o principal partido da oposição. O ventura chama-lhe um figo e papa-o sem ele dar por isso.. 

Tirando isso, do que ouvi da apresentação da Comissão Técnica Independente e do que li agora, pareceu-me um trabalho asseado, bem feito, bem ponderado. Gente capaz faz trabalho capaz. E gostei da crista rubra de Maria do Rosário Partidária, a presidenta da comissão. Mulher porreta, isto é, à maneira. Fixe.

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E um dia feliz para todos

Saúde. Ânimo. Paz.

terça-feira, dezembro 05, 2023

Cavaco Silva fez nova prova de vida para se mostrar seguidor de Ricardo Paes Mamede.
Pergunto: já vale tudo?

E vai daqui um alerta para Ricardo Paes Mamede e outros: cuidado com o que dizem... não vá o Cavaco pegar no que dizem, dar-lhe a volta, e colar-se a vocês...
Foge...

 

Cavaco é um activo tóxico para o PSD e para o País -- e cada vez mais o demonstra. 

Está na moda falar-se na 'pesada mochila' que as pessoas carregam, referindo-se ao passado, às más experiências. Pois Cavaco tem uma pesadíssima mochila. Por onde passa a gente vê-lhe a mochila carregada de trastes de má memória, alguns dos quais verdadeiros biltres. Os portugueses não esquecem os escândalos, as vigarices, a ausência de moral e de ética da chamada tralha cavaquista.

Pois é esta pessoa que por aí anda agora a lançar outra vez a sua ressabiada gosma sobre a política portuguesa. Sem que os portugueses lhe reconheçam autoridade moral nem intelectual, mostrando que não se enxerga, vem  a público para se enterrar. 

E fá-lo de cada vez que fala, com ele enterrando ainda mais o PSD.

Desta vez esmerou-se, chegando ao ponto de envolver Ricardo Paes Mamede na sua babugem. É preciso muito descaramento para fazê-lo. Muito, muito descaramento. Conseguiu ultrapassar o populismo e a falta de decoro do Ventura. Não percebe que se desacredita ao fazê-lo. Não acredita que dá vontade gargalhar-lhe na cara.

Todo o artigo causa repulsa. Revela que Cavaco tem um lado deformado pois, sendo quem é e com o o historial académico que tem, tinha obrigação de ser rigoroso, escrupuloso. Pelo contrário distorce a análise, revira a argumentação, usa argumentos falaciosos e pouco éticos e mostra ser uma má pessoa lançando ofensas sobre outros quando, se se visse ao espelho e aos que protegeu e que carrega na sua mochila, melhor faria se se mantivesse calado.

Que raio de partido é este PSD que não tem melhor arma eleitoral que um cavaco desenterrado?

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Mas o que aconteceu com Cavaco mostra que, nesta lógica do vale tudo, é necessário ter cuidado com o que se diz pois ninguém está livre de que Cavaco ou um qualquer cavaco desta vida pegue nisso e arranje maneira de o encaixar, perversamente, na sua narrativa. 

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E de Cavaco queiram, por favor, continuar a descer até Marcelo, o pai do Dr. Nuno, que chamou os jornalistas a uma sala branca e vazia para lhes falar do Caso de Belém (LPM dixit).

E uma pergunta prévia a propósito do Caso de Belém: como é que as gémeas obtiveram tão rapidamente a naturalização portuguesa?

 

Ou seja, penso que é relevante apurar-se não apenas que pauzinhos foram mexidos para que a opinião dos médicos fosse contrariada e para que um tratamento tão duvidoso e tão caro fosse aprovado como, também, como é que todo o processo de naturalização portuguesa foi tão rápido. Seria muito interessante comparar os timings habituais e os timings que aqui ocorreram. E confirmar-se que foi uma naturalização a la minute, como foi isso conseguido...?

Não sei se é caso para a Sandra Felgueiras se é para a Madame Gago mas talvez a primeira seja mais competente e mais ágil.

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Nota: Do que vi, a conferência de imprensa de Marcelo hoje em Belém foi estranha. Estranhíssima. Alguém que saiba interpretar a linguagem corporal poderá interpretá-lo melhor que eu. A mim, leiga na matéria, pareceu-me nada convincente, embrulhada, mas, pior, a mostrar, de forma quase esquisita (e só por ser o Presidente não digo que quase parecia uma atitude aparentemente cobardolas), que quer passar a batata quente para quem calhar, incluindo para o filho a quem tratou por Dr. Nuno Rebelo de Sousa. Tudo esquisito e a quase a levar-nos a pensar que aquela pessoa ou não está bem ou talvez não seja uma pessoa tão escorreita quanto deve ser um Presidente da República. Muito estranho. 

Mas, aqui fica o repto, alguém que saiba analisar a linguagem corporal que desmonte o que ali se passou pois pode ser que eu esteja enganada.

segunda-feira, dezembro 04, 2023

Compartimentos secretos

 

Trabalhei durante muitos anos num dos grandes edifícios de Lisboa, por sinal bem perto daquele outro onde viria a trabalhar nos últimos anos. O último piso desse tal edifício, um piso bastante alto de onde se tinha uma fabulosa vista, era, de um dos lados, dedicado a grandes reuniões e, do outro, a almoços de trabalho ou comemoração. Na altura não havia caterings pelo que, nesse piso, havia também uma cozinha. Dizia-se que era o lugar de Lisboa em que melhor se comia. 

Não era só a extrema qualidade da comida, era também a excelência do serviço. E as entradas, os acepipes, tudo para além de bom. Grandes memórias tenho dessas belas refeições.

Entre um e outro espaço havia a zona de estar, onde iam dar os elevadores (que tinham permissão para tal). Nessa zona de estar, para além de vários e confortabilíssimos sofás e cadeirões forrados a macio veludo grená, de carrinhos com bebidas e entradinhas, de mesas de apoio com belos candeeiros de mesa, havia, ainda uma zona de estantaria até ao tecto carregados de volumes ricamente encadernados em pele também grená escuro e letras douradas. Eram sobretudo tratados académicos que versavam matérias relacionadas com o que se fazia e vendia nas empresas do grupo, e com as diversas vertentes da gestão. Eram também livros recebidos como presente, muitas vezes edições luxuosas.

Já aqui o contei e volto a contar: uma das estantes não era uma estante normal pois um dos livros não era exactamente um livro. Basculava e, ao recolher, deixava acessível o fecho de uma porta. Então a estante abria-se como uma porta e, passando por lá, ia dar-se a um recanto onde havia uma outra porta. E de lá havia uma escada por onde se podia sair do edifício sem se ser visto. Dizia-se que, de lá, se poderia ir também para uma outra zona secreta. Não sei, isso nunca vi.

Quando eu estava nesse andar, nomeadamente na zona de estar, tentava sempre descobrir qual era o livro a fingir e, a olho nu, nunca o consegui.

Mais tarde, recentemente, tive uma surpresa com uma outra coisa, numa outra dimensão, muito menor, nada a ver, mas, ainda assim, inesperada.

Quando visitámos a casa para onde nos mudámos há três anos e picos, sentimos de imediato uma tremenda afinidade com a arquitectura, com os acabamentos, com o jardim, com tudo. Como sou despistada e com uma péssima orientação espacial, saí de lá sem perceber como era a disposição das divisões ou exactamente como era o que tinha visto.

Depois disso voltámos lá mais uma vez e, vá lá saber porquê, fiquei na mesma. Já lá morava e parece que, em relação a algumas coisas, ainda não conseguia organizar-me mentalmente.

Tenho ideia que foi já depois de a casa ser nossa que lá descobri um compartimento que é quase secreto. A anterior proprietária se calhar já me tinha falado na biblioteca privativa do marido, livros ligados à sua profissão, em estantes feitas por ele. Mas devo ter pensado que era na cave onde estavam também várias estantes feitas por ele carregadas de livros e revistas.

Portanto, foi com agradável surpresa que um dia, ao estar num dos compartimentos do sótão, convencida que o compartimento se esgotava ali, descobri (descobri ou o meu marido chamou-me a atenção, que é o mais provável) um outro compartimento que nascia de um dos cantos, forrado a estantes. Achei fascinante.

Agora é ali que tenho malas, malinhas, carteiras e carteirinhas, clutches, bolsas, mochilas, sacos desportivos, sacos de pano, etc. Como geralmente uso sempre a mesma carteira e o mesmo saco com as coisas da piscina, raramente preciso de lá ir. Mas aquilo é quase uma graça. Claro que, se fosse para ser um compartimento secreto poderíamos arranjar-lhe uma porta dissimulada. Assim não tem porta. Só que como fica por trás de uma caldeira mal se vê.

Também na cave, apesar de ser, na prática um open space, há alguns recantos que só consegui assimilar ao fim de algum tempo. E isso, acho eu, dá um toque de graça suplementar à casa. 

No campo, in heaven, também há um sótão mas tem um acesso complicado e, com as vertigens de que padeço, nunca lá fui. Nem sei o que por lá há. Presumo que apenas canos, cabos, coisas assim. Em casa dos meus pais, a casa em que cresci, há também um sótão e embora tenha uma escada fixa e supostamente ser de razoável acesso, das vezes em que lá fui, em miúda, subir era fácil mas descer era para mim um desatino. Estava lá em cima e parecia-me que corria o risco de, a todo o momento, me despenhar. Chegava a pensar que não ia ter coragem de me abeirar da escada e que temia não conseguir sair de lá. Depois de crescida nunca mais consegui ir, parece que fiquei traumatizada.

E estou a falar nisto pois há pouco, ao ver o youtube, dei com o vídeo abaixo a que achei um piadão: salas escondidas, mobílias que são a fingir, compartimentos secretos, coisas super engenhosas, criativas, incríveis. 

Incredibly Ingenious Hidden Rooms and Secret Furniture

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A propósito da luta dos médicos

Em relação à presidente da FNAM e à representante dos 'médicos em luta' que ainda há pouco vi na televisão, de cada vez que aparecem, parecem super satisfeitas com os problemas que existem nas Urgências devido à falta de médicos e não parecem nada preocupadas com o transtorno e as consequências potencialmente muito graves para os portugueses. Esqueceram-se do Juramento de Hipócrates ou só pensam em dinheiro?

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Uma boa semana

Saúde. Coragem. Paz.

domingo, dezembro 03, 2023

Receios a sério...? Ou... nada a recear? Tudo um marzinho de rosas?
Ou a malta tem mais com que se ralar (e quem vier atrás que feche a porta)?

 

Quando fiz o trabalho de fim de curso ou quando comecei a trabalhar, os modelos que desenvolvia eram complexos e envolviam milhares de variáveis, milhares de iterações. Que eu soubesse, na Grande Lisboa só havia dois lugares em que elas podiam 'correr': os Centros de Cálculo do LNEC ou da Gulbenkian em Oeiras. 

Mesmo na empresa, em que o centro informático era dos maiores e mais evoluídos do país, não os conseguia correr.

Por essa altura, na empresa, havia uma sala enorme com as operadoras de telex, outra sala gigante com a sala de dactilografia.

Quando uma vez participei num trabalho de reorganização e tínhamos que entregar um relatório, tivemos duas dactilógrafas a passar o trabalho à máquina. De cada vez que alterávamos qualquer coisa, era uma desgraça pois era normal que parte do trabalho tivesse que ser dactilografado de novo, quase por inteiro.

E para o apresentarmos, havia umas pessoas que faziam 'acetatos' que eram projectados num écran a partir de um retroprojector.

E lembro-me também de um dia ver uma coisa estarrecedora: na sala dita da Contabilidade, vários funcionários, por sinal todos os homens, operavam umas grandes máquinas em que salvo erro dando à manivela para a frente se trabalhava com adições e dando para trás se operava com subtrações. 

Centenas de pessoas envolvidas nestes trabalhos de cariz digamos que administrativo ou afim. Se calhar até mais. Não me lembro.

Tudo isto parece pré-histórico, e é, mas não foi assim há tanto tempo pois, que me lembre, já a monarquia tinha ido à vida.

Algum tempo depois, quando deixei de trabalhar, para a contabilidade, a tesouraria, o processamento de salários, toda a informática, planeamento e controlo e sei lá que mais de todo um grupo (várias empresas, algumas das quais fora de Portugal) não deviam ser mais de umas fracas dezenas de pessoas, sendo que a área com mais gente era a última, até por englobar também a inovação, a sustentabilidade e todas essas 'cenas'. 

Os Centros de Cálculo, que antes ocupavam grandes espaços, hoje, na maioria dos casos, desapareceram, foram para o espaço, estão na 'nuvem', algures. 

Ou seja, a informática e as comunicações fizeram uma razia no pessoal dito administrativo. Claro que foram reforçadas outras áreas e apareceram funções que antes não existiam como, por exemplo, as da Segurança Informática.

A sociedade evolui, adapta-se. E é assim que é natural.

Mas os riscos do que agora está a acontecer, sem regulação, vão muito para além disso. Podendo trazer grandes avanços podem também trazer a destruição da sociedade, pelo menos na forma em que hoje a conhecemos.

Convido-vos a verem os dois vídeos abaixo. Se há temas que podem ser não apenas disruptivos mas, ao mesmo tempo, destrutivos são estes.

What is Generative AI? It’s going to alter everything about how we use the internet | Hard Reset

Artificial intelligence is bigger than image prompts and idea generation. Much bigger. This veteran technologist says Generative AI will bring about “The New Internet.”

Is the internet as we know it about to change forever? Veteran technologist Jared Ficklin predicts that we’re in the midst of a sea change, the likes of which we haven’t seen in decades.

Generative AI represents a massive step forward in computer capabilities. Coupled with leaps in robotics and innovative new interfaces, a shift in the computing landscape is coming, called ‘The Real-Time Internet.’

The Real-Time Internet presents a future where software experiences can be personalized according to users’ prompts.


"Godfather of AI" Geoffrey Hinton: The 60 Minutes Interview

There’s no guaranteed path to safety as artificial intelligence advances, Geoffrey Hinton, AI pioneer, warns. He shares his thoughts on AI’s benefits and dangers with Scott Pelley.

Desejo-vos um bom dia de domingo

Saúde. Ânimo e esperança. Paz.

sábado, dezembro 02, 2023

Contra as nuvens negras que ensombram os meus dias, nada como ter a família à mesa e ver a boa disposição de todos

 

O meu dia foi bom embora haja uma permanente nuvem a ensombrar-me. 

Dizem-me que parece que não estou bem e que nitidamente não estou a conseguir gerir esta situação. E que parece que ainda não percebi que, havendo gente competente a geri-la, tenho que confiar e aprender a desligar. Compreendo pois eu própria poderia dar esse conselho a pessoas que estivessem a viver o mesmo que eu. Mas há uma angústia que me estrangula. Os próprios meninos, que já compreendem o que se passa, me aconselham a aceitar que nem tudo está nas minhas mãos e que este é um dos casos em que eu não posso fazer mais do que faço.

Mas, enfim, não vale a pena continuar para aqui a chover no molhado. 

Demorei a começar a escrever pois não sabia do que falar a não ser disto. Estarei pirada, como a minha filha me diz? Estou passada como o meu marido me diz? Em loop como o meu filho me diz?

Se calhar.

Vou tentar falar de outra coisa. De como foi o meu dia.

De manhã, eu, o meu marido e o urso cabeludo, fomos passear para a praia. De lá trouxemos o almoço constituído sobretudo por sushi, coisa que os meninos muito apreciam. 

Do lado do meu filho estão a passar o fim de semana prolongado no Alentejo com cunhados e primos de um dos lados, quase trinta. Recebemos fotografias, um tocando viola, vários cantando, todos em volta de uma fogueira no exterior. Imagino os meus meninos, entre os muitos primos de um dos lados da mãe, todos felizes da vida. Antes de irem, o mano do meio foi ao barbeiro e ficou com um corte futebolístico, giraço. Na véspera, ele, a mana e a mãe tinham ido ver a Carolina Deslandes. A minha menina linda foi produzida à maneira, coquette até à décima casa. O mais novo ficou em casa com o pai.

Do lado da minha filha estiveram cá e, como disse acima, de tarde a minha filha esteve com a avó. Os rapazes jogaram basket, viram televisão e, em especial o mais velho, prometeu que logo estudava quando chegasse a casa. Como sempre, comeram como uns lobos deixando-me sempre perplexa com o fenómeno que é ingerirem brutais quantidades de comida e continuarem magros e esbeltos. Mesmo logo a seguir, quando se levantam da mesa, não se percebe para onde foi a comida pois não há vestígio de nada, um estômago mais proeminente, qualquer sinal de armazém repleto. Nada. Como treinam futebol quase todos os dias, já a sério, federados, e têm jogos e, no intervalo, jogam com os amigos ou praticam basquetebol, o corpo requer certamente a reposição de todas as calorias que o desporto lhes consome.

O mais novo, o dos doze, já está da minha altura ou um ou dois dedos mais que eu. E o mais velho, o de quinze, já está indecentemente mais alto que eu. E bonitos que dão gosto. E divertidos. 

E, pronto, é isto. 

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Desejo-vos um bom sábado

Saúde. Boa disposição. Paz.

sexta-feira, dezembro 01, 2023

O galo português que foi passear até à Holanda e que resgatei nos idos de 2012 ontem resolveu acordar-me debaixo do maior sururu

[E, por falar em fenómenos, que Gavriil Scherbenko, o pianista e compositor que ainda usa fraldas, nos mostre ao que vem]

 

Pelos conhecidos motivos sobre os quais já não falo (ainda hoje o meu filho me disse que os meus posts andam um bocado depressivos e a minha filha me perguntou se eu não deveria procurar apoio psicológico...), volta e meia durmo mal. Custa-me a adormecer ou, então, acordo de madrugada e só volto a adormecer já o dia clareou. 

Por isso, nessas noites, peço a todos os santinhos que ninguém se lembre de me acordar logo cedo para tentar repor algumas energias.

Pois, pois. É a tal Lei de Murphy. Lei mais tinhosa não há. Quando dá para correr mal, são umas atrás de outras. Uma inclemência danada.

Só para verem como é, eu conto.

Na outra noite, estava eu a ver a manhã a chegar, toca o alarme. Uma sirene que nos ensurdece. 

(O meu marido segue o conselho do técnico de segurança que cá veio instalar o equipamento: de noite deixa o alarme parcial.)

Depois do susto inicial, o meu marido levantou-se e foi ver o que se passava. Avisei-o para não ir despido para, na central, não o verem naquele estado. Não quis saber. De qualquer forma, acho que na central só veem o que as câmaras captam no momento em que o alarme é accionado e não depois. Enfim, tomara...

(Por exemplo, no outro dia, no campo, o meu marido andava não sei bem por onde. Saí de casa para ir caminhar lá por baixo e accionei o alarme. Passado um bocado, ele, que não sabia que eu não estava em casa, ao entrar, fez aquilo disparar. Eu, a andar lá no meio das árvores, recebo uma chamada da central a perguntar-me se eu estava em casa, se sabia que tinha sido detectada uma intrusão e que as imagens mostravam um senhor alto, magro e calvo. Nem sei como não soltei uma gargalhada.) 

Bom, mas ontem lá foi ele ver o que se passava. Entretanto, recebi uma mensagem a dizer que o alarme tinha sido activado no sótão. Descansámos. Chamámos sótão na parametrização do sistema mas não é no sótão, é no 'espaço multi-usos' do piso de cima. E agora é aí que o cãobeludo tem resolvido dormir. Acho que, para ele, é um bom posto de comando. No verão, dorme encostado ao vidro da janela grande. No inverno, geralmente deita-se num assento que há entre dois pilares. Provavelmente, em vez de sair de fininho como habitualmente deve fazer, deve ter dado um salto em frente do sensor. E agora já não uiva. Nas primeiras vezes que o alarme disparou, punha-se de cabeça ao alto a uivar como se fosse um lobo, uma coisa muito louca.

Voltámos para a cama.

Passado um bocado, como viu que já não conseguia dormir, o meu marido levantou-se, tomou o pequeno-almoço e foi passear o urso.

Eu fiquei a tentar adormecer. E consegui. Mas foi por poucos minutos. 

Passado um bocado, um grande estrondo, não no piso de cima nem muito longe do quarto. Não consegui identificar mas foi um barulhão. E, acto contínuo, a sirene do alarme. 

Fiquei transida. Sozinha em casa... Liguei ao meu marido, aflita de todo. Disse-me que estava longe de casa mas que vinha já, que eu fosse de imediato para a rua.

Entretanto, chegou a mensagem a dizer que tinha sido no corredor dos quartos. Ainda mais assustada fiquei. A sirene tocava, tocava.

Enfiei um top de alças e umas calças e, descalça, cheia de medo fui para o jardim. Abri o portão para o caso de ter que fugir mas fiquei do lado de dentro. Ao sair, espreitei o dito corredor. Nada no chão. Não vi nada, ou seja, não era nada que tivesse caído. Ainda mais preocupada fiquei. 

Da central ligaram ao meu marido e disseram que não se tinha visto nada.

Devia ser para aí umas oito da manhã, um frio e uma humidade do caraças e eu ali, meia descascada, com os pés molhados, a gelar.

Quando o meu marido chegou, o dog fez uma festa por me ver ali. Saltou ao alto, rodopiou no ar, via-se que pensava que era uma recepção surpresa que eu tinha preparado para ele. 

Sujou-me o top todo, claro Vinha com as patas enlameadas e foi como essas mesmas patas que me cumprimentou.

O meu marido puxou por ele e avançou para dentro de casa: o verdadeiro binómio cinotécnico em acção. 

Estranhamente, o cão estava tranquilo, como se nada de anormal se passasse. Eu atrás, donzela assustada. com receio que dessem de caras com um perigoso fantasma.

Não se via nada de estranho.

Até que vi, no chão da cozinha, o galo holandês de ascendência portuguesa (que comprei, por mero acaso, num antiquário em Amsterdão). 

O dito é o de cima

Tinha-se despencado lá de cima, deve ter embatido no microondas, depois na bancada e, finalmente, no chão. Pode pensar-se que um galo não é tão barulhento assim. Mas este é. Este é de madeira maciça, um peso invulgar, um verdadeiro galo capão. 

O curioso é que a cozinha não fica no alinhamento do corredor dos quartos. Nem pouco mais ou menos. Deve ter sido o impacto que causou tal trepidação que fez accionar o alarme. Imaginem.

Menos mal.

Portanto, desvendado o mistério, ainda pensei que podia voltar para a cama. Mas já não valia a pena. Estava acordada demais. Fui para a banheira e tomei um banho bem quentinho para me aquecer as entranhas pois ainda devo ter estado uns vinte minutos ali a enregelar no jardim. 

E sobre o resto do dia logo conto numa outra vez.

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E a vossa atenção, por favor, para um pianista compositor com ano e meio, Gavriil Scherbenko


Um dia bom para todos, está bem?

Saúde. Alegria. Paz.

quinta-feira, novembro 30, 2023

"MP iliba Siza Vieira, Medina e Duarte Cordeiro no caso dos ajustes diretos" --

E eu pergunto a todos os jornalistas, comentadores e tropa fandanga dos partidos que perseguiram aquelas pessoas a perguntar-lhes, de forma massacrante, se tinham condições para continuarem no Governo e que andaram a perorar contra a fraca qualidade dos ministros que Costa escolheu, o que vão agora fazer?
Nada?
Vão assobiar para o lado e fazer de conta que não se portaram miseravelmente?
E onde o destaque dado a isto? Não deveria ser dado igual destaque ao que, na altura, deram ao lançar lama sobre pessoas contra as quais, afinal, não há quaisquer indícios de práticas ilícitas?
E à tropa fandanga do Ministério Público que tem andado a queimar a reputação de gente séria e digna, lançando difamação sobre difamação, sobre políticos honestos, uma vez mais não vai acontecer nada?
E o Presidente da República que tanto fez para queimar a maioria absoluta, a que, desrespeitosamente, chamou 'requentada', como assiste a isto?
Agora que por duas vezes dissolveu a Assembleia da República, desrespeitando o voto dos Portugueses, e que permitiu e alimentou o reforço do populismo e da justicialização da política, fica calado?
Depois de ter feito o que fez, agora é que acha que deve ficar calado...?
O que Marcelo fez tem tradução directa no aumento das intenções de voto no Chega, na degradação do nível e da qualidade democrática na política portuguesa. E fica calado? Não nos pede desculpa?
Quanto a Lucília Gago, já sabemos: nada disto lhe assiste, segundo ela não é responsável por coisa alguma.
Uma tristeza.

 

Lucília Gago, a senhora que já fez saber, alto e bom som, que, haja o que houver,
ela não é responsável por coisa alguma. Portanto, se alguém tem que responder pela continuada pouca-vergonha, esse alguém não é ela


Uma vergonha, tudo isto.

Nem me apetece dizer mais nada.

Tomo antes a liberdade de passar a palavra a quem sabe bem do que fala, esperando que não leve mal o abuso:

Ai, Portugal (13): A "justiça" à moda do Ministério Público
Vital Moreira 

Ao fim de 7-anos-7, o Ministério Público veio ilibar das suspeitas que tinham sido levantadas contra nada menos de 4-Ministros-4 do então Governo PS, por supostos crimes na adjudicação de contratos públicos, investigação que na altura foi obviamente explorada politicamente pelos media que servem de megafone às operações de legal warfare do Mº Pº contra o mundo político.

Sete anos para concluir pela inocência de políticos cujo bom-nome e reputação - direito constitucionalmente protegidos - foram manchados pela leviandade ou má-fé do Ministério Público? Haverá quem se não revolte contra esta irresponsável prepotência ?

Adenda

Também um ex-secretário de Estado do Desporto e atual deputado soube agora estar sob investigação por factos ocorridos há quatro anos, cujas suspeitas penais o visado considera «delirantes». Independentemente do que se vier a apurar, será tolerável que o Mº Pº demore outros tantos anos a concluir a investigação?!

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Para quem queira ler o artigo do DN:

 MP iliba Siza Vieira, Medina e Duarte Cordeiro no caso dos ajustes diretos

Fernando Medina, Duarte Cordeiro, Pedro Siza Vieira e Graça Fonseca, que fazem ou fizeram parte dos Governos de António Costa, foram ilibados pelo Ministério Público (MP) no caso dos alegados ajustes diretos irregulares e eventual violação das regras da contratação pública, avança o ECO.

Fonte oficial da Procuradoria-Geral da República disse ao portal especializado em economia e confirmou à Lusa que "este inquérito conheceu o despacho final de arquivamento relativamente a todos os investigados", uma vez que o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa considerou não haver "qualquer indício criminal na matéria em apreço" e considerou que esta investigação, iniciada em 2016, foi dada como terminada porque seria uma perda de recursos e tempo se continuasse.

(...)

quarta-feira, novembro 29, 2023

No balneário das mulheres

 


A ginástica na piscina é, para mim, um dos pontos altos dos meus dias, ultimamente tão cheios de 'baixos'. 

Já quando andei a fazer hidroterapia depois da artroscopia aos joelhos eu tinha adorado. Tinha que conduzir um bom bocado à hora de almoço, agravado pelo facto de ter que usar uma das vias, à época, mais congestionadas e acidentadas do país, a Segunda Circular. Aconteceu-me falhar a sessão por ficar presa no engarrafamento. Praticamente não almoçava mas, ainda assim, fazia todos os esforços para chegar uns minutos antes da hora para poder ter a piscina só para mim e nadar um bocado. Era uma pequena piscina, sempre com pé, mas era um prazer. Espantava-me ao ouvir, no balneário, algumas parceiras a contar as sessões que faltavam para 'se verem livres' daquilo. E eu só queria era que não acabassem. O único senão é que não podia atrasar-me pois dali voltava directamente para o trabalho, geralmente comendo qualquer coisa enquanto conduzia. Sempre à pressa de um lado para o outro.

Depois disso voltei a fazer hidroginástica mas era perto de casa, à noite. E era um stress pois nunca consegui ter horas para sair, havia sempre alguém que me aparecia no gabinete quando eu estava para dar de frosques, depois era o trânsito, um trânsito sempre ensarilhado. Só para sair do parque onde se situava o edifício onde trabalhava era um pesadelo. Um nervoso desgraçado, sempre com receio de chegar muito depois da hora. Não dá para entrar numa piscina a meio de uma sessão. 

Agora é diferente. Chego a horas, não tenho pressa para sair e, maravilha das maravilhas, é uma piscina funda com dois metros e tal de altura de água e, portanto, toda a sessão decorre sem pé, sempre em suspensão. De vez em quando aquilo cansa a valer. Tenho que fazer um esforço para respirar fundo para oxigenar o organismo pois, quando em esforço, a tendência é fazer respirações curtas. 

Quando acaba, o professor diz que podemos relaxar à vontade. Geralmente, aproveito para nadar. Gosto mesmo. Ainda por cima a água é morninha. Um prazer.

Há agora muita gente, muito mais do que antes das férias. Não sei se irão desistindo ao longo do ano ou se este ano as pessoas acordaram para o bom que é fazer exercícios dentro de água. A maioria frequenta a hidroginástica tradicional, com pé. Na classe da ginástica em suspensão somos poucos. 

Dali vamos para o balneário.

Antes das férias de verão, como não éramos muitas no balneário feminino, eu ficava sempre no mesmo canto. Agora, como é muita gente, quando chego, por vezes o 'meu' canto está ocupado e tenho que ir para onde há uma aberta. Hoje calhou ficar ao pé de uma senhora obesa. Íssima. Na maior das descontracções, toda nua, conversando, rindo, dizendo piadas. Antes, teve uma outra que ajudá-la a despir-se. Estava sentada, a rir e a galhofar, e outra a despi-la. Não estão na minha classe pelo que não imagino se consegue fazer os exercícios como deve ser. Sei é que voltei a vê-la, depois das aulas, nos chuveiros. Eu, pudica, de fato-de-banho, só a passar-me por água, ela, na risota, toda nua. Lava-se com gel de banho e faz uma ginástica dos diabos para chegar ao rabo. Mas enquanto se contorce, continua a falar e a rir. 

Despachei-me o mais à pressa possível com medo que ainda me pedisse para eu a vestir. Com uma descontração como nunca vi, parece que nada a atrapalha ou de nada se intimida. Felizmente chegou a que a tinha ajudado a despir.

Em situações assim constato como as pessoas são diferentes umas das outras. 

Hoje também fiquei surpreendida com uma coisa. Uma senhora que deve ter uns quantos anos a mais que eu, também nua nos chuveiros, tinha a pele tisnada das férias. E vi que usa apenas uma tanga minúscula pois tem a respectiva ínfima marquinha branca que se destaca no corpo ainda bronzeado. Também fiquei admirada. 

Poderia fazer-se uma reportagem sobre as vidas das mulheres que frequentam uma coisa assim. 

Claro que os homens também devem ter as suas idiossincrasias mas dentro da piscina não dá para conversar e nos balneários, como é bom de ver, não há 'misturas'. Por isso, só posso falar pelo que observo no balneário feminino.

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Um dia feliz

Saúde. Tranquilidade. Paz.