segunda-feira, dezembro 08, 2025

Cotrim de Figueiredo e Marques Mendes: um não saiu do bolso do outro
-- o curioso é que eu vi uma coisa e os avençados viram outra

 

Estive a ver o debate com atenção e, ao princípio ao fim, Marques Mendes foi o que se lhe conhece: no que se refere a ideias concretas nem uma. Anos a fio a vender parlapié, especializou-se  em conversinhas da treta, uma no cravo outra na ferradura, nunca uma ideia nova, apenas mastigar a comida que outros antes já mastigaram. Agora arma-se já em presidente para, manhoso, não dar opiniões. Não se chega à frente, não se atravessa em nada. Nada de nada. Um saquinho  de vento. A única que conseguiu tirar da cartola é aquela parvoíce dos Conselhos de Estado. Uma reunião do Conselho para se debater a corrupção. E um jovem no Conselho de Estado. Olha a grande aventura que isso é. 4 Conselho de Estado por ano... 4 vezes por ano, uma grupeta junta-se para bater umas bolas. É essa a grande aposta de Marques Mendes para o seu exercício como PR. Uma mini aposta. Uma nano-aposta. Uma anedota.

Entrou ao ataque, armado em bom, mas, coitado, com um assunto da treta. Alguém para além dos comentadores  quer cá saber daquelas tricas de quem tentou ou deixou de tentar dissuadir o outro a candidatar-se. Por amor da santa, o que é que isso contribui para a felicidade de alguém?

E, no entanto, no fim, do pouco que consegui ter pachorra para ver, todos os comentadores lhe deram uma retumbante vitória. É a célebre bolha em que esta malta vive. Devem achar que, se derem umas notazecas ao Marques Mendes, a malta vai na conversa e vota nele.

Quanto a Cotrim de Figueiredo, continuo a achar que daria um bom Presidente da República. É inteligente, arejado, civilizado, vigoroso, moderno (e bem apessoado - verdade seja dita). E acredito que seria equilibrado, ou seja, que não marcelaria para levar a sua ideologia adiante. Mas há aquilo do voto útil. Se o perigoso Ventura não estivesse na corrida e não houvesse uma percentagem tão grande de burros, ignorantes, estúpidos e ressabiados que votam nele, se calhar, na 1ª volta votava nele. Assim, tenho que pensar bem.

domingo, dezembro 07, 2025

Pior é difícil
-- A palavra ao meu marido --

 

Esta semana foram publicadas pela malta do costume conversas do António Costa transcritas do processo que muitos comentadores, e eu também, consideram que foi um golpe de estado institucional. Não li nem tenciono ler essas escutas, mas quem as leu não viu nas conversas o mais pequeno indício que pudesse levar a investigar o António Costa, antes pelo contrário. 

Percebeu-se, mais uma vez, que se trata de voyeurismo desenfreado, sem limites nem escrúpulos por parte do Ministério Público. Uma vergonhosa desgraça. O PGR, como é hábito, aos costumes disse nada -- é natural, para ele o pessoal não merece esclarecimentos. 

É mais do que tempo de os políticos, a mal ou a bem, custe o que custar, porem o Ministério Público na ordem sob pena de todos ficarmos nas mãos desta cambada. 

Mas este episódio faz-me também pensar no papel que terá tido o PR no processo que culminou no tristemente célebre comunicado da PGR. É certo e sabido que queria tirar o PS do governo e pôr lá o PSD mas, antes de aceitar a demissão do António Costa, não se informou? Não contactou quem devia para tomar uma decisão avisada? Vamos, mais tarde ou mais cedo, perceber o verdadeiro papel do Marcelo no comunicado. Será que não teve nenhum papel no golpe?

Entretanto, está marcada um greve geral para a próxima semana e o Montenegro ontem na AR fez o papel do costume. Acirra os ânimos e arma-se em valentão. Pensa que somos todos parvos e julgamos que são os perigosos esquerdistas que estão por detrás da greve ou que não percebemos que a lei laboral que o governo propõe desequilibra de tal forma as relações de trabalho a favor dos patrões que até ex-ministros do PSD e CDS não concordam com a lei proposta. Espero que a greve tenha êxito, que a ministra vá vender camisolas do Chega e que o governo seja obrigado a recuar.

De facto, estamos perante um enorme radicalismo deste governo que em tudo o que tenta mudar revela uma enorme inclinação à direita, senão mesmo à extrema-direita, com enorme desprezo por quem tem menos poder, nomeadamente, económico. 

A coisa é tão evidente que ontem o novo presidente do INEM ameaçou os trabalhadores de que ou faziam como ele queria ou estavam fora do barco. Há alguns anos, trabalhando eu numa das grandes empresas deste país, numa reunião de chefias, o meu colega que chefiava o maior número de trabalhadores afirmou exatamente a mesma coisa, mas de uma forma mais suave. Disse que o objetivo da empresa era todos tomarmos a carreira de autocarro para Viseu. Se alguém quisesse ir para Odemira podia ir à vontade mas não voltaria a ter lugar na carreira para Viseu. Na verdade, muito pouco tempo depois este valentão foi corrido e a rapaziada que tomou a carreira para Odemira ficou na maior. Vamos ver se não acontece o mesmo ao presidente do INEM, ao Luís, à mocinha da saúde, à matrona do trabalho... .Espero que apanhem o autocarro para a Cochinchina. Boa viagem é que eu desejo.

sábado, dezembro 06, 2025

A fronteira impossível
-- Arte... ou pós arte? Ou arte inumana? Talvez arte ex machina...? --


Gosto de ver pinturas ou vídeos gerados por Inteligência Artificial. Eu própria gosto de transmitir inputs aos algoritmos para que me surpreendam com imagens geradas informaticamente. 

Mas, de todas vezes, sinto aquela perplexidade que vem de não estar bem a perceber qual o caminho que as coisas levam. Ilustradores, designers, criadores de animação...? Continua a haver futuro para quem trabalha nestes domínios? É que, de dia para dia, se constata o incrível progresso dos algoritmos. É verdadeiramente estonteante.

O vídeo abaixo é disso exemplo. A única coisa real é o ficheiro que contém o vídeo que podemos ver -- as pessoas não são pessoas, as coisas não são coisas, a música não foi criada nem interpretada por humanos, etc. Bem, Kelly Boesch, que gizou tudo, é real (digo eu...). 

Por curiosidade é assim que ela se apresenta:

Cinematic AI Art, Animation & Visual Poetry

Bem-vindos ao meu mundo de curtas-metragens surreais com IA, animações oníricas e histórias visuais onde a imaginação, a emoção e a tecnologia se encontram. Crio filmes cinematográficos com IA utilizando imagens generativas, animação por fotogramas-chave e fluxos de trabalho de movimento experimentais para dar vida a ideias estranhas e belas.

Exploro a nova fronteira da criatividade através da produção cinematográfica com IA, arte generativa, design de personagens, narrativa surreal e mundos oníricos digitais. O meu fluxo de trabalho combina geração de imagens por IA, movimento animado, personagens em constante evolução e paisagens sonoras originais para criar filmes que esbatem a linha entre arte e algoritmo.

Lá está... a esbater-se a linha divisória entre arte e algoritmo. É isso, justamente isso.

Mas vejam, por favor, o fantástico vídeo.

Açafrão e Fumo | Vídeo de Dança Surrealista com IA em 4K

Saffron and Smoke. Açafrão e Fumo. Uma festa dançante numa manhã de segunda-feira no mercado das especiarias. Por quê? Não faço ideia 😜 Estava a brincar com os códigos de referência de estilo no #Midjourney ontem à noite e adorei o contraste destas personagens no fundo preto com estas lindas cores suaves. As imagens fizeram-me lembrar algum tipo de mercado internacional, tipo em Marrocos. Assim, criei esta música usando o @suno para acompanhar. Animação feita com #VEO3. Autora: Kelly Boesch AI Art


Enjoy!

sexta-feira, dezembro 05, 2025

Resumo da matéria dada

 

Apeada de computador, obrigada a usar uma coisa com teclado virtual, letra após letra como uma galinha a comer grão a grão, a minha pica esvanece. Gosto de deixar os dados voarem sozinhos. A minha cabeça não alcança a velocidade dos meus dedos e essa é a única maneira que conheço para escrever. A forma  como agora estou, a ter que vigiar se o dedo não fez uma secante à tecla adjacente, condiciona a minha liberdade e, logo, a minha motivação.

Por isso tenho escrito muito menos e, por isso também, tenho evitado os assuntos que puxam pela minha língua, que fazem com que eu solte os cachorros. A tropeçar nas letras deste teclado de faz de conta, toda a  minha verve se sente tolhida.

Mas vou ver se, pelo menos, sintetizo umas e outras.

1. Debate Tozé Seguro e Marques Mendes. Ao fim dos 5 minutos de cada um, adormeci. Não o lamento pois tenho a certeza de que não perdi nada. E, para provar esse axioma (que, por natureza, nem carecia de demonstração), juro-vos que não me lembro de nada do que disseram enquanto estive acordada. Quanto mais não seja, não concebo um presidente da República que tenha cara de menino da lágrima ou de boneco de ventríloquo. Claro que, se acontecer o desastre de um deles ir à 2ª volta com o Ventura, terei que abdicar do meu bom gosto e contarão com o meu voto. Mas, na 1ª, nem pensar.

2. Debate Catarina Martins e Cotrim de Figueiredo. Não vi porque não estava em casa mas tenho pena, talvez tenha dito alguma graça.

3. Escutas a António Costa publicadas pela Sábado. Não li. Não vou ler. Não leio escutas sejam elas quais forem, não alimento o culto pela devassa e pelo voyeurismo mais sinistro,  não me deixo tentar pelo fruto de comportamentos pidescos, não pactuo com atentados ao Estado de Direito, não legitimo nem normalizo a judicialização da política nem o torpe conluio entre o MP e a imprensa sensacionalista.

4. A mãe que raptou a filha-bebé. Em lágrimas, faço minhas as palavras da Mafalda Anjos no Instagram: "mafaldanjos Peço um bocadinho da vossa atenção. Coloquem-se no lugar de uma pobre mulher pobre. Que engravida, tem um bebé. Quando a criança nasce, a mãe não pode trazê-la para casa porque já estava sinalizada. Outro filho já lhe tinha sido retirado, não por maus-tratos ou falta de cuidados ou amor, mas por falta de condições habitacionais. Porque, cito, vivia numa “casa abarracada”. Esta mãe continua todos os dias a ir visitar o seu bebé ao hospital. Não o abandonou algures, não o largou num canto. Quatro meses de visitas diárias, com a avó. Cuida da sua menina, dá-lhe colo, muda-lhe as fraldas. Toma-lhe o peso nos braços, sente-lhe o cheiro. Certo dia, dizem-lhe que o seu bebé vai ser institucionalizado e entregue a uma família de acolhimento. Desespera. Retira-lhe a pulseira e foge com a menina. “Rapta”, dizem os noticiários. Não sabemos ao certo os contornos do que aconteceu no Hospital de Gaia. Mas tudo indica que terá sido mais ou menos isto. Conseguem imaginar-se no lugar desta mãe? A dormir na sua cama, na sua barraca, com as hormonas em ebulição, a chorar por um filho que ama e que não quer perder? Conseguem conjeturar a sua dor, para fazer algo desesperado assim? (...)"

Concordo com a Mafalda Anjos: foi avaliada a viabilidade de atribuírem uma habitação social e algum apoio a esta mãe? É que retirarem a uma mãe um filho querido parece-me um acto de uma violência extrema.

quinta-feira, dezembro 04, 2025

Nudismo... em público...?

 

Em tempo de agasalhos é com nostalgia que penso em como é bom poder estar ao sol, o sol na pele, ninguém por perto a perturbar o nosso pudor. Gosto de estar nua, durmo nua, nado nua, caminho nua, estendo-me nua ao sol -- mas não me imagino a fazê-lo em público. Praticar nudismo nunca fez parte dos meus hábitos. 

Em tempos, a minha Secretária (numa altura em que era incontornável ter uma, mas a quem subverti as funções, atribuindo-lhe outras responsabilidades) aceitou o convite de uma colega e amiga que secretariava outra Direcção, para um dia passado no veleiro do namorado. O namorado era o Director que a amiga secretariava. 

Na segunda-feira seguinte entrou-me no gabinete com ar esgazeado. "Não queira saber... todos nus. Devíamos ser uma dúzia, gente que eu nunca tinha visto... Todos a dizerem para eu tirar o biquini... e eu sentia-me mal de ser a única vestida... Não imagina a minha atrapalhação... E eu, já viu?, que tenho as mamas tão grandes... Parecia que toda gente olhava para elas, só me apetecia tapá-las com as mãos... E, sabe lá..., o doutor também nu, claro. Eu de frente para ele e a fazer uma ginástica para não olhar sabe para onde... E vou-lhe contar... a Nita já me tinha falado... mas ao vivo, não imagina, é uma coisa do outro mundo... um exagero, sabe lá..."

Fartámo-nos de rir, claro. 

Pois eu nunca me vi em tal situação. Na praia, topless só em praias desertas. E aí, claro, dentro de água tirava o resto. Uma maravilhosa sensação  de liberdade. Mas com gente por perto, noblesse oblige, apresento-me sempre compostinha.

A experiência que abaixo partilho é o oposto: as pessoas vencem as suas vergonhas, os seus complexos e mostram-se nuas perante uma plateia, e o curioso é que, uma vez nuas, parecem felizes, dançam, saltam, riem. Há coisas curiosas. E a vida é mais leve se aceitarmos as diferenças uns dos outros -- essa é que é essa.

People Get Naked in Front of a Live Audience | Cut

Nesta poderosa experiência social, seis pessoas despem-se — literal e emocionalmente — partilhando as suas histórias mais profundas sobre imagem corporal, insegurança e autoaceitação perante uma plateia ao vivo.


Dias felizes

quarta-feira, dezembro 03, 2025

Estará a chegar a hora dos bravos de pelotão?

 

Não há muito éramos felizes e não sabíamos. A nossa Europa estava em paz, os Estados Unidos portavam-se amistosamente, a Rússia parecia relativamente contida e a China continuava, pacientemente e sem causar grandes ondas, a expandir-se. 

Até que a Rússia invadiu a Ucrânia, o instável equilíbrio entre a Palestina e Israel quebrou-se irremediavelmente e, para absoluto descrédito da racionalidade humana, um doido varrido, narcisista, corrupto e demente voltou a ganhar as eleições nos Estados Unidos. E o mundo virou um caldeirão em efervescência em que todos os valores que tínhamos por sagrados derretem a uma velocidade que dificilmente conseguimos acompanhar.

As ameaças de guerra sucedem-se -- e têm sorte os que não acompanham as notícias, vivendo na ignorância das ameaças que pairam sobre  a nossa existência. Preocupa-me, em especial, o que virá a ser a vida dos mais jovens. Queremos sempre que os que vêm depois de nós encontrem um mundo melhor e tenham uma vida mais auspiciosa mas eu receio que, se as coisas continuarem por este caminho, venham a ter pela frente tempos de incerteza e inquietação.

Contudo, perante o que parece uma força (do mal) difícil de combater, há quem se levante e, dando o peito às balas, enfrente todas as forças que estão a querer destruir a democracia.

O senador Mark Kelly, ameaçado por Trump e pelos fanáticos do culto MAGA, mostra de que fibra são feitos os heróis. Talvez inspire muita gente e abra a cabeça fechada dos que ainda se reveem nas trapalhices e infâmias de Trump.

Partilho dois vídeos sugestivos.

O senador Mark Kelly comenta a sugestão de Trump para que seja executado e a abertura de uma investigação por parte de Hegseth contra ele

O senador Mark Kelly fala dos ataques de Donald Trump contra si e da sugestão de que fosse executado por um vídeo em que dizia aos soldados que não tinham de obedecer a ordens ilegais, a questão da violência política no nosso país, a abertura de uma investigação contra ele por Pete Hegseth, a estratégia de Trump como forma de destruir democracias e o apoio dos seus colegas republicanos.


O senador Mark Kelly denuncia o 'bullying' do presidente Trump

O senador do Arizona, Mark Kelly, fez declarações na segunda-feira, criticando o presidente Trump pelo seu comportamento "intimidatório". O senador do Arizona foi um dos seis democratas que apareceram num vídeo na semana passada dirigido aos militares, dizendo-lhes que não têm de seguir ordens ilegais. O vídeo gerou uma grande polémica, com o presidente Trump a acusar os deputados de sedição e a afirmar que deveriam sofrer as consequências
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Dias felizes

terça-feira, dezembro 02, 2025

E assim se faz Portugal
-- De novo, a palavra ao meu marido --

 

Segundo o Expresso, o dono da herdade onde eram, e provavelmente são, escravizados imigrantes gabava-se de ter na mão quinze GNR, dois PSP e uma Procuradora do MP. Pelos vistos, o patrão fazia as coisas às claras, não tinha medo, tinha as "autoridades" na mão. E a coisa parece funcionar. Terá sido por mero acaso, quiçá, por manifesta falta de tempo, que a Procuradora se esqueceu de transcrever nos autos conversas esclarecedoras dos atos praticados pelos arguidos? Será que o sr. juiz não poderia ter dado algumas horas, talvez um ou dois dias, para a procuradora ir para casa e, sossegadamente, juntar ao processo a transcrição dos autos? Recordo-me que já houve detidos que estiveram uma semana presos antes de serem interrogados pelo juiz de instrução.

Será que estes actos não eram públicos e notórios e, com base nisso, o juiz não poderia ter decretado uma medida diferente para os arguidos? Será que nenhuma autoridade local conhecia esta situação ou consideraria normal que a GNR e a PSP destacassem guardas para vigiar trabalhadores como nas colónias penais dos anos 30 do século passado? Ou será que, como tudo isto se passa num meio relativamente pequeno onde a malta se conhece e o patrão é sempre patrão, estas coisas são tratadas com pesos e medidas próprias -- mas impróprias de uma sociedade democrática, justa e evoluída? 

Eu diria que é este tipo de corrupção, este fechar de olhos, que mina a sociedade portuguesa. 

E o Andrézito, sempre tão disponível para cavalgar ondas mediáticas, não diz nada? Então isto não é corrupção, Andrézito? Ou será que está calado que nem um rato porque quem pratica estes actos segue a cartilha do Andrézito, é aficionado dos tik tok do Andrézito e faz faz parte da sua base eleitoral? Aposto que sim!

A propósito qual a razão para ainda não ser público o nome do dono da herdade ou dos donos das herdades onde estes casos aconteceram e acontecem? Também gostava de conhecer o nome da relapsa Procuradora acima referida, não que esteja a supor que poderá tratar-se da senhora que o dito anónimo patrão se gaba de ter na mão mas já agora seria interessante desfazer possíveis dúvidas. 

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Vamos de mal a pior
-- A palavra ao meu marido --

 

Esta semana tivemos conhecimento de crimes absolutamente abjetos, que demonstram a falta de humanidade e de escrúpulos de quem os praticou. Como se não fossem suficientemente horríveis ainda soubemos na sexta-feira que se levantam fortes suspeitas da actuação de guardas prisionais sobre um recluso, com consequências terríveis. Quando nos entram pela casa dentro notícias de que quem se supõe que cumpre as leis, nomeadamente polícias, bombeiros e guardas prisionais, afinal as viola, demonstrando a maior  desumanidade, ficamos enojados e pensamos que, caso se prove a respectiva culpa, têm que ser exemplarmente punidos. 

É difícil admitir que são acontecimentos fortuitos e não um sinal dos tempos. O Governo, seguindo a cartilha do Chega, não se pronuncia sobre casos que põem em causa os nossos valores e a coesão da nossa sociedade. Quando vemos que os GNR alegadamente envolvidos na escravização dos imigrantes no Alentejo ficaram com a pena menos gravosa após o primeiro interrogatório porque a procuradora não transcreveu as conversas telefónicas ou  que o PGR quer fazer um despacho à medida do Montenegro e do caso Spinunviva para evitar escrutínios, percebemos que se estão a criar condições para que o apuramento da verdade e responsabilização dos culpados não aconteça. Aliás, num caso idêntico que ocorreu recentemente, os responsáveis pela exploração desumana de imigrantes foram absolvidos por falta de provas. 

E, relativamente à escravização dos imigrantes, também deveria ser investigado como é possível que os donos das herdades não soubessem, que as hierarquias não suspeitassem e que a população local não se tivesse apercebido. Será que são votantes do Chega que, embalados pelas cantigas fascizantes do Ventura, acham que isto é o novo normal e que os imigrantes devem ser explorados sem qualquer pingo de humanidade?

A mentira continuada e sem escrúpulos dos populistas propagadas nas redes sociais, populistas que não têm quaisquer escrúpulos e utilizam todos os meios para atingir os seus fins, estão a dar ou já deram cabo da nossa sociedade e dos valores das democracias liberais. 

A democracia não se soube defender destes perigos que põem em causa tudo o que de bom e positivo foi construído nas últimas dezenas de anos. Como é possível que a geração Z, que só acede à informação através das redes sociais, seja cada vez mais reacionária, até na forma como trata as mulheres, e pense que  antigamente se vivia melhor do que se vive hoje? 

É possível porque a geração Z e outras gerações sofrem todos os dias uma lavagem ao cérebro quando acedem às redes, não tendo a democracia sabido defender-se destes perigos porque foi mais democrática do que era exigível e, em vez de se defender, abriu as portas à extrema direita racista, populista e xenófoba. 

Qual a razão de as escolas, nas aulas -- por exemplo, de cidadania -- não apresentarem factos, sem ideologias, relativamente aos tempos da antes do 25 de Abril e de hoje? Comparação da taxa de alfabetização, do acesso à saúde, do acesso à educação, da percentagem de casas com água canalizada e com casa de banho, da taxa de pobreza, ... . 

Existem exemplos mais do que suficientes para qualquer jovem com um mínimo de inteligência perceber que hoje estamos centenas de vezes melhor do que antes do 25 de Abril. 

Maldito algoritmo! Será que algum dia se conseguirá combater eficazmente este flagelo? 

Urge, para bem de todos nós!

domingo, novembro 30, 2025

Sopradores de folhas, clubes de leitura, labubus, inimigos, livros sobrevalorizados e outras coisas do género.
Isto num dia em que não estou na minha melhor forma.

 

Lembro-me bem de ter quarenta e tal nos e de ter ido a casa da senhora que transpunha para papel quadriculado os desenhos de tapetes de Arraiolos dos séculos XVI ou XVII e de, às tantas, lhe ter dito que não ia decidir ali pois gostava de pedir a opinião à minha filha. A senhora olhou para mim, muito admirada, e perguntou que idade tinha a minha filha para me poder dar opiniões sobre umas hipóteses tão específicas. Teria certamente vinte e poucos. A senhora olhou-me ainda mais admirada e perguntou. 'Não me leve a mal... mas qual é a sua idade para já ter uma filha dessa idade...?'. Disse-lhe e ela mostrou-se muito espantada, disse que ninguém diria, que julgava que eu não teria mais que trinta e poucos. Não sei se era ela que não via bem mas a verdade é que toda a gente se admirava comigo, dizendo que eu parecia estar sempre igual, diziam que a idade não passava por mim. E lembro-me de, por essa altura, um conhecido que nos tinha ido visitar ter dito que se alguém nos quarentas dissesse que não tinha, de quando em vez, alguns problemas de saúde ou dores ora aqui ora ali, estava de certeza a mentir. Eu disse que eu não tinha queixas de nada e que não estava a mentir. 

Na realidade, até tarde convenci-me que tinha uma sorte do caraças por nunca ter queixas de nada. Nem cabelos brancos tinha. 

Claro que alguns anos depois a realidade do meu corpo humano veio bater-me à porta. Ou por genética ou por durante anos não praticar qualquer exercício físico, a verdade é que comecei a ter queixas nos joelhos. Descobri mais tarde, aliás já muito recentemente, qual a condição que me provoca, de vez em quando, algumas inflamações nas articulações. A mesma coisa que o meu pai teve e que a minha avó materna também. 

No intervalo dessas 'crises' fico bem, como se não tivesse nada e faço uma vida absolutamente normal.

Desde há dois dias que tenho estado meio empanada. Na sexta-feira fui na mesma ao supermercado, este sábado fomos almoçar fora. De tarde limpei a casa. Ou seja, não fico inválida nem pouco mais ou menos nem tenho paciência para me ver como uma velhinha meia coxa. Ou seja, fico apenas meio condicionada. Claro que, se tudo correr bem, um dia chegarei a velha. Mas tem tempo... não preciso de começar já a ensaiar para isso, não é'

E já tenho alguns cabelos brancos... Não muitos mas tenho, sobretudo nas frontes. Nisso também saí ao meu pai que manteve o cabelo da sua cor natural até tarde. Depois começou a ficar levemente grisalho, mas já bem tarde. Portanto, até nesse aspecto, aquela coisa de assumir os brancos também tem tempo. Deixa-os vir, um a um, devagarinho. Quando os tiver na cabeça toda e com fartura logo vejo se viro uma velhinha platinada. Talvez tivesse piada, se calhar aproveitava e fazia um corte à maneira, bem curtinho, à rapazinho. Mas ainda deve faltar um bom par de anos, não vale a pena estar a antecipar.

Isto para dizer que, ao contrário do que é costume, não andei a apanhar cogumelos, não andei a caminhar por entre as árvores a fotografar ou a fazer vídeos. Dei uma leve voltinha mas não tive disposição para me deixar encantar.  Só uma ou outra fotografiazita mas agora também é tarde, não me apetece passar do telemóvel para aqui. 

O que me vale é que sei que, quando isto me passar, e acho que já está a passar, até à próxima, estarei bem, na maior. Faço parte do grupo de malucos que vêm o copo sempre quase cheio.

Este algoritmo do instagram já me topou e agora aparece-me com vídeos com exercícios e sei lá que mais para prevenir inflamações deste tipo. Mas o que despertou mais a minha atenção foi a acupunctura. Só não sei é que parte do corpo haveria de espetar pois a cena dá-se onde calha, ora num joelho, ora num pé, ora num pulso - onde calha. Mas qualquer dia ainda vou ver o que um tipo desses me diz. E capaz de ser até bom, já estou a imaginar-me deitada numa marquesa, toda picadinha e a dormir o sono dos justos. Essas coisas dão-me um sono... Quando ia fazer fisioterapia, adorava. Quem lá andava queixava-se à brava, diziam que só queriam ver-se livres daquilo. Eu era ao contrário, adorava. A chatice era que me debatia para não adormecer. Uma tentação danada, quase irreprimível de me deixar embalar nos aconchegantes braços de Morfeu. Aliás, não sei se isso não aconteceu uma ou outra vez.

Enfim. 

Vi o debate entre o Jorge Pinto e o Marques Mendes. Não me aqueceu nem me arrefeceu mas voltei a achar piada ao Jorge Pinto, acho que o País precisa de malta assim. Já disse que ainda não o acho maduro para a função pelo que não votarei nele. Mas também não voto no Marques Mendes. Era o que faltava. Bolas.

Seja como for, não tenho pachorra para agora falar neles.

Vou é transcrever parte de uma entrevista a Fran Lebowitz, no Guardian. Fazer caminhadas é a coisa mais estúpida que eu poderia imaginar

Achei graça pois identifico-me um bocado com ela, não nisto das caminhadas, que gosto bastante de fazer, mas em muito do resto. Ou melhor, para ser mais precisa: gostava de ser tão desabrida e desbocada como ela. E há uma diferença de fundo entre nós: já não fumo, coisa de que me orgulho imenso pois estupidamente fumei durante tempo demais, Mas, por exemplo, estou com ela no horror aos sopradores de folhas, à barulheira que fazem. Gosto é de as varrer. Sobretudo, gosto de ver o chão coberto por elas. É como os clubes de leitura: nunca consegui inscrever-me nisso. Tinha duas colegas que os organizavam e dinamizavam. Tentaram mil vezes levar-me. Nunca fui. Não me imaginava a dissertar sobre o que tinha lido e muito menos me imaginava com paciência para opiniões parvas, até porque, à partida, tenho para mim que tudo o que se diga sobre um livro num clube desses tem alta probabilidade de ser parvo. 

Mas vá, aqui fica um excerto. Para o lerem na íntegra, podem clicar aqui.

Gostaria de saber a sua opinião sobre cinco coisas. Primeiro, os sopradores de folhas.

Uma invenção horrível, horrível. Eu nem sabia da existência deles até há cerca de 20 anos, quando aluguei uma casa no campo. Fiquei chocada! Vivo na cidade de Nova Iorque, não temos problemas com folhas. Temos todo o tipo de problemas. Quando eu era criança, tínhamos de varrer as folhas. O que é silencioso. Os sopradores de folhas são a coisa mais estúpida que já vi. Primeiro, são incrivelmente barulhentos. E segundo, 10 minutos depois de o usar, aquele soprador gigante no céu atira todas as folhas de volta. É uma invenção muito estúpida.

Jantares.

Gosto de jantares em casa de outras pessoas. Não sou eu que o dou. Acho que o mundo se divide entre convidado e anfitrião. Sou convidada. E sou velha, por isso normalmente não me prendo a jantares de que já não gosto, porque sou uma ótima juíza de jantares antes de ir a um.

Clubes de leitura.

Acho giro que as pessoas o façam, mas, sinceramente, não consigo pensar numa atividade mais solitária do que ler — e essa é uma das razões pelas quais adoro ler. Não tenho nada contra a ideia, mas certamente não me atrai.

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Labubus.

Eu sei o que são, infelizmente. Já houve muitas modas de bonecas, mas estas bonecas em particular parecem-me muito desagradáveis. O que é diferente agora é que os adultos o fazem. Antes, isso era coisa de crianças. Mas os adultos têm estas coisas presas às suas bolsas e cintos. Francamente, parecem ridículas.

Qual a coisa mais estranha que já fez por amor?

Aos 75 anos, o romance não é a sua principal preocupação, pode ter a certeza. Quem diz que é, está a mentir. Portanto, não sei. Sei que as pessoas me acham invulgar, mas não sou estranha. Também não sou de fazer grandes gestos.

Poderia ser algo estranho para os seus padrões — como praticar um desporto radical.

Ah, não, não, eu nunca faria isso. Nunca fui tão jovem ao ponto de dizer: "Uau, escalar montanhas parece divertido". Não, não me parece divertido. Se quer escalar montanhas, divirta-se. Não percebo porque alguém faz estas coisas. Fazer trilhos é a coisa mais estúpida que consigo imaginar. Já vi pessoas a jogar ténis, porque isso aconteceu mesmo no início do meu amor. Duas semanas depois? Já não estou lá.

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Tem algum inimigo?

Ah, tenho a certeza que tenho mais do que um. Tenho a certeza que são dezenas. Felizmente, não costumo prestar muita atenção às outras pessoas. Sei que não sou a menina dos olhos da América. Mas mesmo que soubesse exatamente o nome da pessoa, não te diria.

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Qual acha que é o livro mais sobrevalorizado?

Não creio que me consiga limitar a um só. Existem muitos escritores sobrevalorizados. Quero muito que os romances contemporâneos sejam bons, mas percebo que não gosto da maioria deles. Muitas vezes as pessoas dizem: "É uma questão de geração, Fran, este escritor tem 20 anos". E a minha resposta é: "Bem, não é bom, porque isso não deveria ter importância". Sei quantos anos tinha Tchekhov quando escreveu as suas histórias? Não sei. Não importa. É simplesmente uma grande história.

Durante a maior parte da minha vida adulta, fiquei muito irritada com a lenda de F. Scott Fitzgerald. Por isso, de cinco em cinco anos, releio O Grande Gatsby, esperando que não seja assim tão bom – mas infelizmente é.

Qual é o objeto mais antigo que possui e porque ainda o possui?

Tenho muitas coisas antigas no meu apartamento. A maioria dos meus móveis é do século XIX. Tenho muitos livros antigos. Ainda tenho o trenó da minha infância, de quando era muito pequeno. Eu devia ter uns seis anos, no máximo. Tem uma corda amarrada para o puxar colina acima – lembro-me de ver o meu pai a amarrar a corda. Também tenho o meu carrinho de mão original da infância. E, como tudo neste apartamento, tem livros em cima.

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Desejo-vos um feliz dia de domingo 

sábado, novembro 29, 2025

Em dia de debate entre a combativa Catarina Martins e o velhaco Ventura Martins, prefiro falar nos invisíveis que constroem e mantêm o mundo.

 

Isto há coisas do caraças. Reparto-me entre dois computadores, um com uns problemas, outro com outros, e, para ajudar à festa, também entre o telemóvel.

Comecei a escrever o post num computador e, depois, mudei para outro. Escrevi sobre o debate, comparei a combatividade da Catarina com a do Totózé Seguro, mostrei o meu descontentamento pela pulverização dos candidatos de esquerda, insurgi-me contra a conversa miserável do Ventura, sempre a armar peixeirada e a apelar ao que de pior a população tem. A propósito dos imigrantes, falei da minha família, uns por cá e a maioria perdida pelo mundo.

Enfim, pintei a manta. Um post longo e com uma componente pessoal. 

E publiquei.

Passado um bocado, distraidamente, voltei a pegar neste computador. Não me apercebi que tinha apenas uma coisa de nada e, automaticamente, antes de fechar o computador, fechei as janelas abertas e devo ter feito um save no post na sua versão embrionária.

Só há minutos me dei conta que anulei tudo o que tinha escrito e republicado o post, na sua forma de desinteressante girino. Fiquei passada. Caraças. Mas passa das duas da manhã, não vou pôr-me para aqui a tentar relembrar-me de tudo o que tinha escrito. Agora que fiquei f da vida, fiquei. Nunca me tinha acontecido uma destas. Que estupidez a minha. Desmiolada, cabeça no ar. Caraças. Agora nem se percebe a que propósito vem este vídeo. Mas vejam-no, por favor. É muito interessante. E desculpem lá isto.

Almoço no topo de um arranha-céus: a história por detrás da foto de 1932 | 100 fotos | TIME

Não sabemos os seus nomes, nem o fotógrafo que os imortalizou, mas estes homens a almoçar a 240 metros de altura mostram o espírito audaz por detrás da expansão vertical de Manhattan..

sexta-feira, novembro 28, 2025

Daqui lanço o repto: para quando um Ventura sem Ventura?
À laia de inspiração aqui ficam dois exemplos de Trump sem Trump

 

Esta ideia de despersonalizar as conversas de Trump é boa. Percebe-se melhor o disparate que é aquilo tudo. Ouvir para crer.

Talvez não fosse má ideia fazer o mesmo com as conversas de Ventura. Não se compara a nível de taralhoquice mas, a nível de parvoíce e ignomínia, talvez fosse interessante termos Ventura sem Ventura. Ver-se-ia melhor a vacuidade, a infâmia e o desconchavo que é tudo aquilo.

Abaixo, dois exemplos recentes de excertos, não editados, de discursos de Trump, um relativo aos perus gordos e outro às bombas. 100% real. Custa a acreditar mas foi mesmo isto que ele disse.

O que Trump disse mas sem o vermos e com outra voz - Trump without Trump - 

Fat Turkeys

Este excerto foi retirado do discurso anual de perdão ao peru na Casa Branca, a 25 de novembro de 2025. A citação não foi editada e é 100% precisa.

Trump Quote Without His Voice or Face - Trump Without Trump - 

Bombs Go Boom!

Este excerto foi retirado da Cimeira do McDonald's de 17 de novembro de 2025. Bombas rebentam!  A citação não foi editada e é 100% precisa.


quinta-feira, novembro 27, 2025

Jorge Pinto e Almirante Gouveia e Melo -- um debate interessante.
Quanto a notas: zero para a chusma de comentadores que não sabe o que está ali a fazer e pontuam como se se tratasse de combates de boxe

 

Duas pessoas civilizadas, aparentemente interessadas em ouvir as respostas uma da outra. Como espectadora, consegui ouvir o que diziam e mantive o interesse até ao fim. Assim vale a pena.

Gosto de ouvir Jorge Pinto. É claro, tem ideias concretas, parece ser uma pessoa inteligente e desempoeirada. Depois desta eleição, em que não vai ganhar, e talvez não na próxima, pois talvez o que vai ganhar fique para uma segunda rodada, terá os anos que lhe faltam para que o País o leve mais a sério. A malta está calhada em ter na Presidência gente mais madura, com mais experiência de vida. Portanto, agora não vai dar, mas talvez, um dia, ainda venhamos a tê-lo num papel de relevo no País. De certa forma, é uma presença que marca a diferença nestas eleições.

O Almirante ainda não acertou completamente a passo nestas conversas mas, do que tenho visto, não está tão mal como o pintam, em especial os bafientos do costume, as tias do regime e os mentecaptos do comentariado. O que diz faz-me sentido, oferece-me uma certa confiança e o facto de não ter o rabo pelado como os macacos muito batidos em conversas da treta não me parece que seja grave. 

[Contudo, o facto de todos os outros estarem ligados a partidos também não me parece que seja defeito de fabrico como o Almirante gosta de apontar. É um ponto em que ele deve evoluir.]

A forma enervada como reagiu à pergunta sobre o apoio de Sócrates também foi mal doseada. Saltou-lhe a tampa. Um pouco mais de fair play não lhe faria mal. Mas, enfim, não se pode exigir que uma pessoa se aguente sempre nos trinques mesmo quando anda sujeita a pressões de todo o lado. É humano, e, como todos os humanos, umas vezes está melhor, outras nem por isso. De qualquer forma, nada de grave. Creio que não nos envergonhará se estiver em Belém nem será o desestabilizador-mor que agora lá está.

A seguir ao debate já se sabe: saltaram para a arena os urubus, os comentadores. Como não havia carniça, estavam desolados. Não tinha havido golpes baixos, rasteiras, pontapés nas canelas, cabeçadas à má fila. Portanto, não gostaram. Para eles, o que é suposto é que haja sangue e frases que possam citar e, quais papagaios, recitar. Havendo apenas um debate civilizado, não gostam, mostram enjoo, dá ideia que não estão ali para isso. 

E aqui em casa faz-se zapping. Perdem em todas as eleições. Não acertam uma, todas as análises que fazem são ao lado. Mas ali estão, as comadres do costume. Não há pachorra.

Já chega de tanta malta bafienta
-- A palavra ao meu marido --

 

Após uma comemoração mais do que pífia do 25 de Novembro (de facto verificou-se um "enormíssimo" entusiasmo das pessoas com a comemoração) e da tentativa da rapaziada que tem saudades do 24 de Abril e dos que não perdem uma oportunidade de lhes fazer as vontades de tentarem reescrever a História, eis senão quando hoje foi noticiado que o juiz Carlos Alexandre vai presidir à comissão (?) que vai tentar combater a fraude na saúde. Para além de ser redundante e de ser uma tentativa de atirar poeira para os olhos da opinião pública, a criação desta comissão é passar um atestado de menoridade aos organismos que combatem o crime. 

Ao nomearem este juiz fazem mais uma cedência ao populismo e piscam os olhos ao MP que é cada vez mais criticado pela forma despudorada como actua, pelos critérios que aplica, pela morosidade nos processos e, até, pelo desrespeito da lei. 

De facto, nada melhor que a nomeação de um juiz que "veio de baixo", odeia e persegue os "ricos" e que sempre fez o que o MP pretendia para fazer à populaça que se deixou enredar nas teias dos populistas. 

Poder-se-ia pensar que teria sido a ministra, que tem reconhecidas incapacidades de discernimento, que teria feito ou sugerido a nomeação. Não me parece. Eu diria que esta nomeação vem diretamente do PM e do seu inner circle. Nada melhor que estar sempre, sempre, a tentar ultrapassar o Andrézito pela direita, fazendo, assim, com que o populismo de extrema direita ganhe cada vez mais força. 

Tenha calma, Luís, que não será o primeiro que irá de vitória em vitória até à derrota final. 

25 de Abril sempre!

quarta-feira, novembro 26, 2025

André Ventura e Marques Mendes: um pseudo-debate nulo em que Clara de Sousa se esqueceu de ser moderadora

 

André Ventura fez a peixeirada do costume. Não se aproveitou pitada no que respeita a ideias e iniciativas concretas para o próximo exercício do futuro presidente da República. 

E confirmou o seu carácter arruaceiro, mal formado, insultuoso, desrespeitador, enlameador. Tenho pena que haja tantos portugueses que se revejam numa pessoa assim. Há uns anos eu pensava que um trauliteiro com tão mau carácter jamais teria lugar na Assembleia da República. Afinal não apenas é lá que está como, apesar de todas as suas continuadas infâmias, foi a partir de lá (com o apoio permanente da Comunicação Social) que reforçou a sua bancada. 

Onde quer que esteja, André Ventura faz aquilo que sabe fazer: lança atoardas, acusa, abusa, arma confusão, ocupa o tempo e o espaço com a baderna que arma. Não vai além disso.

Teve pela frente Luís Marques Mendes, uma nulidadezinha em forma de politicamente correctezinho, sempre armado em independente quando obviamente é psd dos pés à cabeça, o eterno conselheirozito, homem de mão do partido. É certo que é bem educado, é civilizado, acredito que saiba estar à mesa, é simpático. Mas nunca vi que acrescente o que quer que seja em relação ao que for. Saiu-se com uma como se fosse uma grande tirada: que irá convocar um Conselho de Estado para debater o tema da corrupção. Ora abóbora. Que grande iniciativa! Se para todo um mandato de vários anos o que se lembrou de engendrar foi convocar um Conselho de Estado para baterem bolas sobre a corrupção, vou ali e já venho.

Quanto à Clara de Sousa: nada fez, como se nem sequer ali estivesse. Moderar o debate: zero.

Depois os comentadores. Todos. Em todos os canais. Um disparate. Dá ideia que estão à espera que haja sangue, frases de efeito, bocas, boquinhas e bocarras, e é isso que analisam. E dão pontos. Parece que não têm noção de que o que seria suposto que acontecesse seria que os candidatos explicitassem ideias concretas, inovadoras, inspiradoras. Se nada fazem disso, então, nada há a dizer a não ser que o debate foi uma porcaria e a prestação dos candidatos uma nulidade.

terça-feira, novembro 25, 2025

Quid pro quo

 

A Europa prepara-se para a guerra, dizem. Uns constroem abrigos, outros treinam as tropas, outros aparelham os cavalos, os tanques, outros apressam a ciência e a tecnologia para que os drones e demais veículos aoto-tripulados sejam mais rápidos, mais precisos, mais invisíveis e mais baratos.

Tento afastar essa ideia. Não consigo conceber que o que está a acontecer à Ucrânia possa alastrar a países da UE e que os nossos rapazes tenham que pegar em armas. Não consigo acreditar nessa possibilidade. Os meus meninos, tal como os meninos de todo o mundo, devem poder viver uma vida tranquila, feliz. Não devem, nunca, ter que pegar em armas para se defenderem ou para matarem. Nunca, nunca.

Ao mesmo tempo, as ameaças americanas sobem de tom em relação à Venezuela. Já se ouvem os tambores. Cada vez estão mais fortes e mais próximos. Maduro dança para chamar a paz mas os navios de guerra que rondam fazem com que o rufo não possa ser esquecido. 

“Quid pro quo. I tell you things, you tell me things,” é o que Hannibal Lecter diz à investigadora   Clarice Starling. Quid pro quo, pode ser o que Putin diz a Trump quando Trump lhe pede que não mexa uma palha para defender a Venezuela. Não mexo se também te fizeres de morto em relação à Ucrânia, provavelmente responde-lhe Putin.

Dois narcisistas, megalómanos, psicopatas à frente dos destinos do mundo.

E, no entanto, um deles está cada vez mais doido.

As televisões e as redes sociais mostram agora um Trump que, dizem, deixou de cobrir a pele com aquela base cor de laranja e se veste como Mandani. A base MAGA está perdida, sem saber o que pensar do inexplicável encantamento de Trump por Mandani. Os assessores de Trump na Casa Branca também estão sem norte, cada vez mais convictos que algo está mesmo errado com o presidente. Disserem que, naquele dia, foi como se Trump se tivesse esquecido que era Trump. 

Mas se o enamoramento por Mandani foi surreal, tudo o resto não o é menos. Tão depressa diz coisas incompreensíveis, palavras inexistentes, sons incongruentes, como se mostra irascível, sem filtro, inconveniente, como publica inúmeros vídeos ou imagens em que se mostra como o rei e os seus adversários como gente que se ajoelha a seus pés, ou ameaça de morte quem diz coisas óbvias como que os agentes da lei e ordem não são obrigados a cumprir ordens ilegais. Os seus dias são caóticos, e tentar prever os seus próximos passos é impossível.

Como pode uma pessoa assim ser levada a sério? Como pode o mundo fazer de conta que não percebe o que se passa com o demente que está à frente dos Estados Unidos?

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Podemos ver que Trump está em grave declínio: afirma psicólogo | Podcast do The Daily Beast

O convidado imperdível do The Daily Beast, Dr. John Gartner, junta-se a Joanna Coles para analisar o que os momentos-chave revelam sobre o declínio cognitivo de Donald Trump. Desde dificuldades em fazer continência no Túmulo do Soldado Desconhecido a ruídos estranhos num evento da McDonald’s, Gartner explica padrões de declínio psicomotor, discurso desconexo e comportamento desinibido. Discutem como o stress, os problemas de personalidade preexistentes e uma possível demência se interligam, oferecendo uma perspetiva psicológica rara sobre o comportamento bizarro do presidente. Este episódio revela o que realmente se passa dentro do cérebro de Trump.


Um dia feliz

segunda-feira, novembro 24, 2025

AVC

 

Claro que o tema me deixa sempre um pouco perturbada. Posso não demonstrá-lo, aliás tento não demonstrar nada, mas claro que fico perturbada. 

Quando ouvi que o Markl tinha tido um AVC senti um baque. 

Só pensei: caraças, como é possível? 

Quando li que tinha sido um AVC hemorrágico retrocedi uns anos. Não vou repetir com pormenor o que já aqui contei algumas vezes. O que se passou, os antecedentes, as consequências. A minha avó, mãe do meu pai, também teve um AVC. E o irmão dela também. E creio que antes deles a minha bisavó também. Mas o meu incómodo não vem só do receio que esse seja também o meu destino. O meu incómodo vem de não ter estado devidamente informada quando o meu pai teve os AIT que precederam o AVC e não ter sido informada das causas e dos riscos de que coisa maior pudesse estar para vir. O meu incómodo vem de não ter percebido que o meu pai devia seguir, à risca, uma medicação nem ter sabido que, por achar que estava tudo bem e controlado, de vez em quando não a tomava. E vem de não ter sabido que ele andava com arritmias acentuadas (ou taquicardias?) e que não foi ao médico. E vem de pensar que, na noite em que ele teve o grande AVC, ele e a minha mãe demoraram tempo de mais para chamar a ambulância sem perceberem o que estava a passar-se e que, por isso, as consequências foram tão devastadoras. Ainda me lembro de um médico, ao ver os exames, o felicitar e dizer que quem tem um assim, tão extenso, tão profundo, geralmente não fica cá para contar. Devíamos ter ficado contentes por ele ser a excepção à estatística mas as suas limitações eram tantas, tão arrasadoras, que naquela altura não havia notícias que nos animassem. E, por isso, o meu incómodo vem também de me lembrar de todos os horrores pelos quais passou: a perda de tantas faculdades, a perda da autonomia, a perda da dignidade.

Felizmente parece que o filho do Markl estava por perto e se apercebeu e ligou para o 112 e tudo decorreu dentro da janela temporal em que os danos são limitados e, espero, reversíveis. 

Mas há efectivamente que estar atento até porque estamos sempre tão alheados das nossas fragilidades que, quando a coisa nos bate à porta, nem nos ocorre que uma coisa assim pode estar a acontecer. 

E digo isto porque, há anos, passei por isso. Creio que também já o contei. Num certo dia, um dia de trabalho normal, o meu marido acordou a sentir-se estranho. Dizia que estava um pouco tonto. Não liguei muito e ele também não. De manhã tínhamos os minutos contados, despachávamo-nos apressadamente para não chegarmos tarde. Ele dizia que parecia que estava  tonto e eu pensei que talvez estivesse com a tensão baixa. Sugeri que esperasse pelas nove horas para ir à farmácia ver a tensão. Ainda não tínhamos medidor em casa, estávamos tão longe dessas preocupações. Mas depois dizia que lhe doía já não me lembro se era o pescoço ou o ombro. Perguntei se teria dormido sobre aquele lado, se teria dado algum mau jeito na cama. Não me ocorreu, nem a ele, que esse sintoma estivesse relacionado com as tonturas. Ainda me lembro de ele se ter encostado à parede e isso não era nada normal nele. Estávamos ambos prontos para sair de casa. Mas depois ele disse que parecia que estava com um bocado de falta de ar. E eu, espantada, perguntei o que é que a falta de ar tinha a ver com o resto. Pareciam sintomas desencontrados, que nada tinham a ver uns com os outros. Felizmente calhou estarmos à porta do quarto do meu filho e por sorte ele ainda estava em casa e por sorte, apesar de estarmos a falar baixo, ele ouviu e, por sorte, foi mais inteligente que nós e, de um salto, vestiu-se e disse que ia com o pai ao hospital e nem sei como voou e levou o pai às urgências. E chegou a tempo. Não chegou a ser grave, foi medicado, interceptado a tempo, ficou em observação, e só então caímos na real e nos assustámos. E desde essa altura está medicado.  

Ora como é que nós, pessoas informadas, não percebemos o que estava a passar-se? Custa a crer. Estávamos tão longe de que uma coisa assim nos poderia acontecer, a nós, ainda jovens, saudáveis, que não conseguimos ver uma coisa tão óbvia.

O testemunho que abaixo partilho é uma experiência diferente. No caso dela foram os médicos que desvalorizaram o que estava a passar-se. Poderia já cá não estar para contar. Impressiona. 

A nossa vida é, tantas vezes, um milagre, uma questão de sorte por estarmos ao pé de quem nos acuda, por darmos com um médico que se interesse, que acerte no diagnóstico, por conseguirmos chegar a tempo e horas.

“Estava numa situação de bomba-relógio” | Quando a Minha Vida Mudou | Observador

Celmira Macedo tinha sintomas que ninguém valorizou. Sobreviveu a dois AVC até ter um diagnóstico e um tratamento adequado. Hoje vive com sintomas difíceis, mas invisíveis aos olhos dos outros.

Arterial é uma parceria do Observador com a Novartis. Tem a colaboração da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca, da Fundação Portuguesa de Cardiologia, da Portugal AVC, da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose e da Sociedade Portuguesa de Cardiologia. 


Desejo-vos uma boa semana
Saúde
E que a boa sorte sempre vos acompanhe

domingo, novembro 23, 2025

Demasiado perto do fogo para sobreviver

 

Está frio e, nesta season, acendemos pela primeira vez a lareira. De manhã fomos comprar lenha. Temos muita, muita mesma, nossa, mas essencialmente pinheiro. Ora o meu marido queixa-se da lenha de pinheiro, que faz muito fumo, que suja muito e mais não sei o quê. Por isso, trouxemos uma carga de azinho e sobro e, creio, alguns ramos de oliveira.

Gosto dos cheiros destes grandes armazéns de lenha. São intensos, telúricos.

E, portanto, jantámos na mesa junto à lareira. Um quentinho mesmo bom. 

A lareira dá para esse lado e dá para o lado oposto, onde estão os sofás. O cão que de desinteligente não tem nada, hoje em vez de dormir no poiso habitual no piso de cima, hoje foi repimpar-se no sofá em frente à lareira. 

Provavelmente os mais puristas dirão que os cães não devem escolher o sítio onde querem dormir mas nós somos assim, liberais. Só não o deixamos ir para a parte da casa onde está o quarto. E quando cá dorme o pessoal também não o deixamos ir para a zona dos quartos que lhes estão destinados. Tirando isso, ele é gente como nós. Claro que temos a certeza que o seu instinto de sobrevivência o manterá afastado o qb para não se queimar ou aquecer de mais. 

No verão estende-se no chão do corredor, que é de pedra, ou, lá em cima, no chão que, embora seja de madeira, é fresco. Quando vem o fresco, sobre para uma almofada de tipo colchão que está num banco entre pilares. Quando vem o frio, procura o conforto dos sofás. Mas isola-se, ou seja, não vem deitar-se ao nosso lado nem tão pouco na sala em que estejamos. É discreto.

Entretanto, imagine-se, não sei se será por ver enfeites de natal, bombons, presentes, bolos, camisolas e pijamas e luzes e luzinhas natalícias por tudo o que é sítio, já começámos a pensar no que poderá ser a ementa de natal. Ando com vontade de, uns dias destes, experimentar fazer duas receitas de bacalhau, que nunca fiz, para avaliar se os esquisitinhos que torcem o nariz ao bacalhau (em especial, os miúdos) aprovarão. Também vi um arroz de forno com borrego ou cabrito desfiado que também me pareceu bem. E devia prendar-me e começar a experimentar fazer sobremesas mas, mal penso nisso, recuo logo. A nível de doces quilo de que eu mais gosto não é consensual e não me apetece fazer coisas  que não acho graça e que, ainda por cima, que podem não ficar bem ou não agradar. 

Ah, e tenho ainda mais uma coisa a dizer. Quando viemos para esta casa, dei roupa e deitei fora muita coisa (deitei for, não, coloquei naqueles contentores da roupa) e, contra a opinião do meu marido, guardei algumas que já não me serviam mas de que eu gostava. Por ele, tudo isso, devia ir de asa sem dó nem compaixão. Eu, como tinha a esperança de voltar a caber dentro dela, guardei. E tive razão: agora que já peso menos de 60 kg, muita coisa voltou a servir-me que é um mimo. Uma alegria para mim. Se ainda conseguir reduzir mais um ou dois quilos, então, seria ouro sobre azul. Mas não sei se consigo. É precisa uma disciplina do caraças. Lambona como sou, sempre com fome, tenho que manter-me determinada em permanência... e isso não é fácil. Mas, então, descobri uma camisola que tricotei e de que gostava bastante. Inventava modelos, dava-me imenso gozo. Deveriam os meus filhos ainda ser pequenos, presumo que pré-Zara ou quando só a havia no Porto e, portanto, não tão à mão. Portanto, há quanto tempo isso foi... Pois está-me praticamente boa. Lá está... se perdesse os tais dois quilitos melhor ainda ficaria. Mas, enfim, já não está mal. Lavei-a, pu-la ao sol, e está quase como nova... Fiquei mesmo contente.

E é isto.

A despropósito, mas a propósito daquilo que escrevi lá em cima, demasiado perto do fogo para sobreviver, partilho um vídeo bastante interessante. Em tempos próximo de Trump, Anthony Scaramucci cedo percebeu que o melhor que tinha a fazer era pôr-se ao fresco e, desde então, não se cansa de alertar para os riscos de estar próximo do doido mais varrido de que há memória (o agora estar completamente in love pelo Mandani é de uma pessoa bater dez vezes com a cabeça na parede a ver se está acordada ou a ter sonhos fantasiosos)

daqui

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Trump Is Too Close To The Fire To Survive | The Daily Beast Podcast Clips

@therealanthonyscaramucci conversa com Joanna Coles sobre o que pode estar nos arquivos de Epstein e o que lhes acontecerá a seguir, incluindo a probabilidade de censuras graves. Além disso, os dois falam sobre as perspetivas para o futuro de Trump e do movimento MAGA, e se JD Vance teria a capacidade de manter o MAGA vivo após a saída de Trump.


Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, novembro 22, 2025

MP & Companhia -- a palavra ao meu marido

 

Já escrevi várias vezes, e não foi há pouco tempo, que os três principais responsáveis pela subida do populismo associado à extrema direita em Portugal são o MP, o Marcelo que desestabilizou o País durante o governo do António Costa (agora nem coragem tem para criticar o caos na Saúde) e a comunicação social que tem trazido o Ventura ao colo (a inenarrável perseguição à ambulância do Ventura fica para os anais dos canais por cabo como a reportagem mais  cretina que já foi feita). 

Tinha uma ténue convicção de que o MP, embora utilizando golpes baixos e truques sujos, não saltava para o lado da ilegalidade durante os inquéritos (embora ficasse em cima do muro). É certo que emitem comunicados que originam a demissão do PM, sabe-se que não respeitam a lei no que ao segredo de justiça diz respeito, que existem demasiadas "coincidências" entre as datas das investigações do MP e ocorrências determinantes para os investigados e que, sempre que temos eleições, é certo e sabido que aparecem novidades sobre inquéritos com n anos ou que são abertos novos inquéritos geralmente á malta que acham mais do "reviralho". Mas esta cena de escutarem o PM e guardarem as escutas na gaveta em vez de cumprirem a lei põe em causa o funcionamento do regime democrático como, aliás, já tinha sido posto em causa com as investigações ao juiz Ivo Rosa. 

Alguém já investigou se as informações obtidas nas escutas telefónicas são usadas pelos procuradores apenas para os processos e para divulgações cirúrgicas a jornalistas escolhidos ou são também usadas para outros fins? 

Estes são casos que vieram a público -- mas quantos serão os que continuam escondidos na opacidade do MP? 

Agora vêm com desculpas esfarrapadas sobre erros técnicos que não  convencem ninguém. Tenham dó, não somos mentecaptos! 

A situação tem que ser investigada de forma isenta, têm que ser apuradas responsabilidades e os responsáveis têm que ser punidos. 

Os procuradores não estão acima da lei têm que ser responsabilizados e punidos como qualquer outro cidadão. A situação é tão, mas tão grave, que afeta o normal funcionamento do regime democrático - pelo que se impõe a intervenção do PR.  

Também o PM e a ministra da justiça deviam tomar uma posição de condenação inequívoca do que aconteceu, mas, por isto ou por aquilo, duvido que o façam. 

O MP não é um estado dentro do Estado. Tem que se submeter à lei ou, então, ser corrido à vassourada e substituído por outra estrutura mais eficiente, mais competente e que cumpra escrupulosamente a legislação em vigor.

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Nota à margem: hoje noticiaram que faltam medicamento nos hospitais. Não há nada, mas nada, que corra bem na Saúde desde que esta mulherzinha é ministra.

Quiet, piggy!

 

Sem palavras...

Trump pede a demissão de Jimmy Kimmel MAIS UMA VEZ, ameaça membros do Congresso e sanciona projeto de lei sobre Epstein.


sexta-feira, novembro 21, 2025

O sorridente rosto do medo.
Por vezes, menos vezes, o sorridente rosto da coragem.

 

Há uma coisa que me perturba. Uma não, muitas. Mas aqui vou falar de uma em particular: a capacidade de sorrir que as pessoas com medo conseguem ter. De resto, não sei se é voluntário, se o fazem para disfarçar, para fazerem de conta que vivem bem como estão, ou se é involuntário, se é um acto reflexo, uma defesa.

O que sei, e sei porque o constato, é que é frequente que pessoas que vivem atormentadas, ameaçadas, divididas entre a vontade que têm de falar, de desabafar, de denunciar quem as ameaça e, em simultâneo, vivendo com terror das consequências caso ousem falar, nos apareçam sorridentes.

Mesmo as pessoas com depressão, não sei se com medo de preocuparem os outros ou com receio de que tenham pena delas ou com vergonha de que as achem fracas, frequentemente se mostram tão sorridentes que ninguém desconfia do que vai no seu íntimo.

Talvez tenham a sua razão. Nunca se sabe, com certeza absoluta, o que vai acontecer. 

No caso de violência doméstica ou de abusos sexuais é frequente as vítimas esconderem e viverem anos sem coragem para divulgar o aperto em que o seu coração vive.

Os vídeos abaixo relacionam-se com o mesmo caso, o caso Epstein, um caso tão complexo e com tantas camadas que não sei se alguma vez alguém conseguirá unir as muitas pontas que por aí andam soltas.

As mulheres sabem quem foram os homens que abusaram da sua ingenuidade mas receiam divulgá-los pois receiam pela sua vida ou pela vida dos que lhes são queridos. 

O homem que escreveu um livro sobre Andrew, irmão do Rei do Reino Unido, sabe mais do que diz, leu mails de agentes do FBI, mas não os revela porque tem medo.

Mas depois há também os que sorriem como desafio, como demonstração de coragem, de determinação. Um conjunto de senadores, congressistas, ex-militares, ex-agentes da CIA fizeram esta semana um vídeo apelando a que ninguém cumpra ordens apenas porque sim já que ninguém é obrigado a cumprir ordens ilegais. Como reaccão, Trump reagiu dizendo, em maiúsculas, que eles deveriam ser executados. Um novo ponto baixo no 'novo normal' da anormalidade que é o regime trumpista. Vale tudo, até ameaçar de morte ou incitar à morte daqueles que ousam discordar publicamente dele. 

A reacção indignada, apreensiva, revoltada dos envolvidos não se fez esperar. Mas trago aqui a reacção de Elissa Slotkin pois considero admirável a sua capacidade de sorrir, ainda que apenas ao de leve, ao reagir com o que imagino seja profunda indignação, profunda repulsa e provavelmente alguma preocupação íntima.

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Sobrevivente de Epstein quebra o silêncio sobre "a lista", Mar-a-Lago e a luta pela justiça

Sharlene Rochard, sobrevivente de Epstein, conta a Jen Psaki numa entrevista exclusiva que vai para o ar esta noite que as pessoas para quem foi traficada incluem nomes conhecidos e alguns nomes que "ainda não vieram a público". Rochard explica como era levada a "festas de modelos" em Mar-a-Lago quando era adolescente e fala sobre o seu trabalho com Sky e Amanda Roberts e outras sobreviventes dos abusos de Epstein para levar os seus associados à justiça.


O que o FBI está a dizer sobre a morte de Epstein | Excertos do podcast do The Daily Beast

Andrew Lownie, autor do bombástico livro "Entitled: The Rise and Fall of the House of York" (Intitulado: A Ascensão e Queda da Casa de York), conversa com Joanna Coles sobre a primeira reação do ex-príncipe Andrew ao descobrir as acusações de Virginia Giuffre contra ele e como a Rainha pode ter encoberto o seu comportamento inadequado. Além disso, os dois discutem a possibilidade de Epstein se ter cansado da ex-membro da realeza e de Fergie, e o que Lownie descobriu ao trocar correspondência com um agente do FBI sobre a possibilidade de Epstein se ter suicidado.

Elissa Slotkin reage à declaração de Trump de que vídeo dos democratas é 'punível com a MORTE!'

Numa publicação nas redes sociais, na quinta-feira, a senadora Elissa Slotkin (D-MI) criticou o presidente Trump pela sua reação a um vídeo publicado por deputados democratas sobre ordens militares. 

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Desejo-vos uma sexta-feira feliz

quinta-feira, novembro 20, 2025

Cristiano Ronaldo, Georgina e Donald Trump na Casa Branca

 

Li agora que muito se tem dito e escrito sobre o evento. Evento em sentido lato: o meeting na Sala Oval com a entrega ao CR7 da chave da Casa Branca e o jantar de gala com o Príncipe Herdeiro e mais uma mão cheia de empresários durante o qual Trump agradeceu a Cristiano Ronaldo a honra da sua presença. 

Não acompanhei, não sei o que disseram. Não me interessa muito. Há qualquer coisa de Quinta dos Animais nisto tudo. O cenário é sempre apropriado a que entrem uns porcos vestidos de fato e gravata e a andarem nas patas traseiras. Cortinas douradas, bandeiras e pendões às cores, coisa que mais parece a decoração do palco das festas infantis.

Tudo é despropositado, tudo está ali deslocado, desde as decorações, aos convidados, ao presidente. Nada daquilo faz qualquer sentido.

Trump deveria estar internado ou detido, Ronaldo devia estar a treinar ou a jogar futebol e a Georgina deveria estar a fazer qualquer coisa (e era bom que não fosse apenas a exercer o seu papelinho de mulher de futebolista, a tratar dos filhos dele, da casa dele, das coisas dele -- como ele desagradavelmente se referiu a ela, como se gostasse dela apenas porque instrumentalmente ela lhe é útil).

Vi há pouco um pouco a intervenção de Trump no U.S.-Saudi Investment Forum. Vai para além de tudo o que se possa imaginar. É de uma grosseria, de uma má educação, de um desrespeito, de uma falta de noção como não há memória. Custa a perceber como há quem ria, quem aplauda, quem se mantenha sentado a ouvir. Eu levantar-me-ia e nunca mais punha os pés onde um alarve daqueles estivesse. 

Mas, portanto, face a tudo o que Trump faz, ter o Ronaldo com a sua Georgina ali ao lado de Trump parece-me apenas mais um daqueles enfeites de que os três gostam. Trump gosta de cenas douradas, anjos, taças, cortinados, tretas. Ter o CR7 ali é, para ele, apenas mais um bibelot coberto a ouro, um tipo influente e rico que foi prestar-lhe vassalagem. Por seu lado, o CR7 gosta de ser o melhor do mundo e de coleccionar troféus. Agora tem mais este. Ele rejubila e a mãe Dolores e as manas Cátia e Elma devem adorar. E, para completar, a Georgina gosta de casacos de pele, anéis de diamantes, malas de marca e rabo espetado em qualquer pose. Agora tem fotografias assim com o Trump. Por isso, está tudo certo. Até os sorrisos são de pechisbeque para não destoarem.

A única coisa que se me oferece dizer é que quando eu estava um pouco mais anafada tinha o cuidado de escolher roupa que não evidenciasse os quilitos a mais. Não sei se a Georgina está grávida ou se está apenas com mais barriga ou mais rabo do que seria suposto. Mas, seja o que for, não me parece que aquela saia justa a favoreça. Abstraindo-me da múmia sentada, olhando apenas para o lookinho do par de jarras que ladeia a múmia, diria que mais parece um casal da Bobadela ou da Baixa da Banheira do que dois fulanos podres de ricos. E, atenção, nada contra os habitantes da Bobadela ou da Baixa da Banheira pois é certamente gente estimável e com melhor aspecto e com roupa mais apresentável que estes dois aqui abaixo.

Tirando isso, nada mais a dizer. 

Abaixo da fotografia, partilho o vídeo em que Trump tem um comportamento miserável em especial quando fala do responsável da Reserva Federal. Trump, à medida que a demência progride, mostra o que é, um palhaço grotesco, do mais desqualificado que se possa imaginar. A degradação levada ao limite -- e, pior, aplaudida.

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‘I’ll Fire His Ass!’, Trump UNLOADS on Fed Chair Powell in Brutal Attack at Saudi Forum

Num momento aceso e improvisado, o presidente Donald Trump atacou o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, chamando-lhe "grosseiramente incompetente" e dizendo que "adoraria despedi-lo" por causa das elevadas taxas de juro. Trump comparou os gastos federais aos seus próprios projetos de construção, ironizou as decisões da Fed e pressionou Scott para medidas urgentes. 


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E queiram continuar a descer para não perderem um excerto de mais um momento brilhante de Colbert a gozar com Trump

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Votação sobre os arquivos de Epstein é uma grande derrota para Trump | "Cala-te Piggy" | Melhores Amigos Ditadores | Um McDonald's Voador
-- The Late Show with Stephen Colbert --


Está o mundo dependente dos desvarios de um maluco... 

Parece-me sempre um filme cómico tal a dimensão dos dislates, tal o desbocado abandalhamento demonstrado ao mais alto nível, tal o permanente despropósito.

Claro que é um maná para os programas de entretenimento. 

Tal como Colbert anunciou quando foi avisado da suspensão definitiva do seu programa creio que em Março do ano que vem, cometeram um erro: deixaram-no vivo. Portanto, completamente solto e descomprometido, Colbert ri de gosto com as proezas do palhaço cor de laranja.

Vejam porque, no meio disto tudo, temos que concluir que seria mesmo de gargalhada não fossem os insultos, as ameaças, a crueldade, a aleatoriedade, o permanente desrespeito, as decisões estúpidas e contraditórias, a descarada corrupção de Trump. O fulano está doido e ninguém o interna.

Epstein Files Vote Is A Huge Loss For Trump | "Quiet Piggy" | Dictator Besties | A Flying McDonald’s

Toda a conversa sobre Jeffrey Epstein parece estar a afetar o presidente Trump, que se comportou de forma repugnante com uma repórter a bordo do Air Force One. Talvez se tenha entusiasmado hoje ao receber o líder da Arábia Saudita na Casa Branca e proferir um discurso de uma hora numa convenção da McDonald’s.


quarta-feira, novembro 19, 2025

Rep. Marjorie Taylor Greene -- será possível que afinal existam mesmo milagres...?

 

Marjorie Taylor Greene foi até há pouco tempo uma das MAGAs mais ferrenha. Era uma nacionalista cristã, ultra conservadora, ultra populista, da ala mais direita e radical, beligerante, trumpista até à raiz dos cabelos. E, claro, também apoiante de Putin. 

Incitava à violência para alimentar o 'nós contra eles' tão enraizado na doutrina trumpista, apoiava e divulgava teorias da conspiração contra os democratas que não se ensaiava de comparar aos nazis, apoiava os movimentos de supremacia branca -- ou seja, era a encarnação feminina do que de pior o MAGA tem.

Era. Verbo ser no passado.

Contudo, o contacto mais de perto com a realidade das vítimas de abuso por parte de Epstein e dos amigos a quem ele cedia as miúdas bem como  suspeição que algumas movimentações israelitas em torno dos congressistas e senadores americanos bem como da entourage de Charlie Kirk começaram a toldar-lhe a visão binária que mostrava ter e, para espanto de toda a gente, desatou a expressar em público as dúvidas que tinha, os incómodos que os conselhos para que se mantivesse calada lhe estavam a causar. De repente, parecia que tinha sido virada do avesso.

Nos últimos dias o seu apelo mais veemente a que se divulgassem todos os ficheiros Epstein bem como  retratação face ao seu anterior comportamento agressivo e à beligerância da ala mais radical dos republicanos, com referências directas a Trump, levaram a que ele passasse a referir-se a ela como Marjorie Traitor Brown, retirando-lhe o apoio e levando a que ela se visse ameaçada de várias maneiras, inclusivamente de morte.

Contudo, mostrou-se corajosa e não apenas respondeu à letra como divulgou todas as ameaças, mantendo o que tinha dito, colocando-se ao lado das vítimas e prometendo lutar para que todos os pedófilos que abusaram delas, fossem eles quem fossem, fossem condenados.

O discurso que fez para justificar o seu voto foi a prova de que algo se passou dentro dela pois até chamou traidor a Trump acusando-o de trabalhar para outros países e para si próprio. E, influente como era dentro do movimento MAGA pode ser que isto acorde a consciência dos devotos de Trump que, até aqui tudo lhe têm aparado.

Não sou de acreditar em milagres. Os únicos em que acredito são os da natureza: a perfeição das flores, a majestade das árvores, a sobriedade das rochas, a força ou a suavidade do mar, os tesouros que se escondem no interior da terra e nas profundezas do mar. Ou, até, a graça dos cogumelos que sem já formados de dentro da terra. Ou a delicadeza do canto dos pássaros. Ou o amor dos cães por nós. Enfim. Tudo isso. Se me puser a enumerar tudo o que me ocorre fico aqui a escrever até amanhã.

Agora acreditar que uma pessoa pode mudar tão radicalmente como Marjorie Taylor Greene mudou...? É difícil. Mas, pelo menos aparentemente, é o que está a acontecer.

E agora que o Congresso e o Senado já votaram a favor e que parece que Trump também vai libertar os malditos ficheiros, começam a correr insistentes rumores de que todos foram já devidamente expurgados todos os nomes republicanos envolvidos. Já corre inclusivamente o nome da empresa contratada para limpar os ficheiros.

Trump diz agora que o tema Epstein é um tema que envolve apenas os democratas e já deu ordens para a Justiça ir atrás deles. A corrupção moral de Trump e da seita que o rodeia é assustadora.

Entretanto, começaram a ser divulgadas gravações de conversas de Epstein e não sei como é que Trump e os seus ainda defensores vão lidar com as discrepâncias entre isso e os ficheiros aparentemente 'limpos'. E ouvi uma gravação da vítima mais conhecida, Virginia Giuffre, entretanto morta por suicídio, na qual ela diz coisas tão surpreendentes e estranhas que me abstenho aqui de referir pois receio que seja alguma montagem. Contudo, tudo o que se sabe de forma comprovada já é bárbaro e louco demais, uma malfadada história que se desenrola em torno de um enredo que nenhum mente humana normal se lembraria de inventar.

Partilho vídeos que atestam a nova versão de Marjorie Taylor Greene bem como, por fim, um vídeo tocante que penso que ilustra a dimensão do mal que tantos 'ricos, poderosos', tarados e criminosos levaram a cabo.

BREAKING: Marjorie Taylor Greene Unleashes On 'Coverup Of Rich, Powerful Elites' Before Epstein Vote

During debate on the House floor, Rep. Marjorie Taylor Greene (R-GA) demanded support for the release of the Epstein files. 



‘They Are Not Victims — They Are Survivors’: Marjorie Taylor Greene (MTG) Tears Up Defending Epstein Victims

 DRM News broadcasts the bipartisan press conference led by Rep. Marjorie Taylor Greene (R-GA) and Rep. Ro Khanna (D-CA) introducing the Epstein Files Transparency Act to mandate the declassification and public release of all Jeffrey Epstein-related documents

Marjorie Taylor Greene Blasts Trump as 'Traitor,' Praises Epstein Survivors in Emotional Speech for Full File Release"

"‘They Are Not Victims — They Are Survivors’: MTG Tears Up Defending Epstein Victims, Demands Complete Disclosure of Names"

"Rep. Marjorie Taylor Greene: ‘I Was Called a Traitor’ for Standing with Epstein Survivors – Vows ‘Real Fight’ Is After Today’s Vote"


Brother of Epstein Survivor Virginia Roberts Shares Emotional Story, Demands Justice 

Sky Roberts delivers a heartfelt speech in the U.S. Congress, sharing the harrowing story of his sister, Virginia Roberts, and her abuse by Jeffrey Epstein and Ghislaine Maxwell. He calls for justice, accountability, and immediate action to protect survivors and future generations. His moving words honor Virginia’s legacy and demand Congress act decisively. For more details, watch our story and subscribe to DRM News.

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E queiram descer um pouco mais caso queiram conhecer a minha opinião sobre o debate Marques Mendes - António Filipe

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Marques Mendes versus António Filipe -- se não se importam, vou ali e já venho

 

O bocado que vi entediou-me a ponto de me levar a adormecer. 

O António Filipe é um fofo, simpatizo com a pessoa, a sério que sim, acho-o mesmo boa pessoa, íntegro, e, repito, fofo, fofo de verdade. Mas há que reconhecer os factos: tem a pouca sorte de ter ficado encalhado no PCP. Sempre que é para falar daqueles temas mais fracturantes é o que é, esbardalha-se ao comprido nas areias movediças da cartilha p-cê-pista e, claro, dali não sai.

Ao Marques Mendes mal consigo prestar atenção, é o comentadorzeco com que comemos durante anos. Na maior parte das vezes fazíamos zapping, claro. Mas ainda assim, no acto de zappar, dávamos com a figura a fazer-se de isenta quando não passa de um concentrado de cavaquismo.

Portanto, desinteressei-me da converseta e adormeci. Quando acordei já os comentadores estavam a dar notas. O meu marido zarpou de imediato para o 24Kitchen e eu achei muito bem. Tenho a esperança que um dia aprenda a fazer belos cozinhados italianos.

terça-feira, novembro 18, 2025

Seguro versus Ventura -- obviamente Seguro

 

Devo dizer que o Tozé é daqueles que parece que foi feito para despertar em mim maus instintos. É demasiado certinho, demasiado compostinho, sempre a boiar, incapaz de se atirar de cabeça, incapaz de pisar o risco, sempre quase a levitar, sempre com pezinhos de lã, sempre incapaz de parir um prato, sem um pecadinho, por insignificante que seja, para recordar. 

Contudo, esteve bem no debate da CNN. Talvez seja como aqueles homens que em novos não têm ponta por onde se lhes pegue e que, ao ganharem o peso de alguma idade, nos aparecem com um ar interessante, por vezes até sexy, com aquela patine que, nos homens, é charme. Talvez o Seguro seja assim. Não fisicamente porque, a esse nível, continua igualmente desinteressante. O pobre não tem culpa daqueles olhos a descair, não tem culpa de ter boquinha de santinho, não tem culpa de se parecer com o menino da lágrima. Cada um é como cada qual e ninguém tem nada a ver com isso. Quem não gostar que não coma. Mas a nível de atitude vejo que ganhou alguma robustez e isso é de destacar.

Entre ele e o Ventura, sem precisar de pensar, vitória clara para o Tozé. 

Sobre o Ventura nem me pronuncio, toda a sua prestação foi o lixo do costume.