Mistério Nº1. Madame José Castelo Branco, segundo ela própria vestida de imperatriz mas mais parecendo uma viúva negra, ou uma versão feminina do Rei Nimba, ou uma árabe milionária vestida de homem vinda de uma expedição à Namíbia, nem sei, e Senhora Dona Lady, Betty Grafstein de seu nome, vestida de cossaca, apresentaram-se a tribunal.
Diz a Imperatriz Condessa Zeza Castelo Branco que não se lembra de ter participado nas badaladas orgias, ao que parece de cariz sado-masoch, que até já foi a um vidente, que já se submeteu a uma sessão de hipnose para ver se, regredindo no tempo, conseguia recordar-se de por lá ter andado a fazer uma perninha - mas nada, não tem ideia de nadica. Pediu, então, à juíza que o deixasse ver o filme das ditas para ver se tinha tido algum orgasmo mas, imagine-se, a juíza não o satisfez.
E, no meio dos disparos dos fotógrafos, lá saíram as duas mais o motorista e guarda-costas Nelson, cheios de glamour, sem que o mistério se tivesse esclarecido, ela confessando-se cansada e a Senhora Dona Lady , como sempre, caladinha e sorridente.
O País continua, portanto, à espera que coisa se esclareça. Ao que parece haverá nova audição e, portanto, lá estaremos todos, à porta do tribunal, à espera do show que aquelas duas sempre proporcionam. A Imperatriz Zeza (brilhantésima, cheia de charme, extraordinárias toilettes) e sua Senhora (sempre com toilette a fazer pendant, inacreditavelmente ainda pelo próprio pé, e sempre com aquele seu fantástico sorriso) nunca desiludem - aparições plenas de surrealismo estão garantidas!
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Mistério Nº2. O outro mistério que nos anda agora a preocupar é igualmente perturbante. Ninguém consegue perceber como é que Celeste Cardona apareceu naquele albergue espanhol (ou deverei dizer bazar chinês?). Para os outros, ainda parece encontrar-se uma lógica - um porque é um conhecido humorista (a piada pubiana correu mundo), outro porque esteve em Macau, outro porque tem ar de inteligente alucinado, outro porque faz uns poemas muito engraçados e pinta uns quadros minimalistas que são verdadeiramente do além - ... agora para a Dona Celeste ninguém consegue perceber que piada é aquela. Quem é a que a escolheu? E a propósito de quê? O senhor presidente Catroga também está intrigado, não faz ideia.
Talvez Paulo Portas pudesse desvendar o mistério mas, como parece que é o único inteligente ali para as bandas do governo, anda caladinho, caladinho, a ver se passa despercebido. Os outros vão-se espalhando ao comprido a cada passo que dão e ele, sorridente, passando entre os pingos da chuva.
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Mistério Nº3. Como é que uma criança é agora a voz mais avalizada no PSD para botar faladura sobre o que quer que se passe neste mundo e no outro? Alguém me explica? Em terra de cegos quem tem um olho é rei, é bem certo. Face ao estado de penúria de competências que reina no PSD, a criança (que usa barba para disfarçar) até já conseguiu chegar a vice-presidente da bancada. Parece anedota mas não é.
Dá pelo nome de Luís Menezes, o filho de seu pai. E opina sobre as decisões de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, opina sobre Cavaco Silva, opina sobre política nacional e internacional e sobre o que quer que seja desde que lhe ponham um microfone à frente. Convicto, sábio, vivido, carregadinho de mundo e de experiência de vida, hoje ouvi-o pedir ao governo que não se desfoque da política de austeridade, e que, uma vez que a Standard & Poors baixou a nota da dívida portuguesa para 'lixo' - invocando que, com esta política de austeridade o país não vai conseguir pagar o que deve (ah pois não! É que nisto a S&P tem toda a razão) - o gaiato concluíu que o que o Governo tem que fazer é reforçar as medidas de austeridade. Esperto.
É o que dá entregar o destino do País a miúdos inexperientes.
Eu talvez o aceitasse como estagiário, para ver se ele aprendia o que é a vida real. Mas não, ele optou por mais interessante carreira. Como disse em cima, e desculpem se me estou a repetir, o catraio chegou a deputado e, aí chegado, em vez de o porem nos juniores, não: puseram-no como cereja em cima do bolo, já é vice-presidente da bancada do partido da maioria. Como é que isto é possível?
Eu talvez o aceitasse como estagiário, para ver se ele aprendia o que é a vida real. Mas não, ele optou por mais interessante carreira. Como disse em cima, e desculpem se me estou a repetir, o catraio chegou a deputado e, aí chegado, em vez de o porem nos juniores, não: puseram-no como cereja em cima do bolo, já é vice-presidente da bancada do partido da maioria. Como é que isto é possível?
Alguém me explica um mistério destes? É que isto ainda é mais difícil de perceber que aquela cena maluca de um tal Mário Mendes, professor universitário em Évora, que se fazia passar, na internet, por Ana Sofia Magalhães, mulher sedutora, e depois passava a infernizar a vida dos pobres homens que caíam na esparrela. Ele há coisas...
Valham-nos todos os santinhos ... que já começo a temer que 2012 seja mesmo o ano do fim do mundo.
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by Robert Maplethorpe |
E assim, envolta em mistérios, me despeço por agora, desejando-vos um bom domingo!
19 comentários:
Neste tempo, tudo se me afigura cinzentão.Sem alento, parafraseio, deformando, A.Gil:
Mas a falta de pudor, Senhor,
porque nos dais tanta horror?!…
Porque padecemos assim?!…
Mas... ai a Pandora!...Ainda um sussurro abafado de esperança para os vindouros: que António Aleixo possa ter sido mais do que o visionário popular
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
N'um jeito manso seja o domingo,
Ana de Sá
Jeitinho amiga
Comecei a manhã a rir.
As fotos e descrição da Imperatriz Zeza e da condessa, fizeram-me chorar a rir.
Que venenosa me saiu! Não contente, mete-se com a execrável Cardona.
Por fim, com o "berbe" (antónimo de imberbe mas, também pode ser bebé com uma gralha) e, aí, lembrei-me de uma frase antiga: "Quem se mete com crianças, amanhece mijado". Neste caso é pior ainda. Vamos dar uns legos e tal, ao puto, uns chupas e pô-lo num infantário.
Adoro-a. Você faz-me rir e, pensar, ( o que às vezes, não me dá gozo nenhum.)
Beijinho
Maria
Cara Ana de Sá,
Como eu gostei de ler este seu comentário. Os poetas são intemporais e dizem palavras que percorrem os tempos. Que bem se aplicam as palavras que escolheu (mesmo que ajeitadas).
E é isso mesmo que eu penso.
Temos andado entorpecidos. Vamos na onda. Achamos tudo no normal.
A Terra começou a andar em sentido contrário e nós aqui, atarantados como se estivéssemos adormecidos.
Mas haverá sempre quem recorde as palavras dos poetas e eu estou capaz de, se me permitir, um dia destes puxar estas suas palavras lembradas para um texto meu.
Olhe, Ana de Sá (grande nome, o seu!), agradeço-lhe imenso e desejo que tenha um bom e animado domingo!
Olá, bom dia, querida Maria!
Quem me fez agora rir foi você. Esse ditado vem mesmo a calhar. E tem toda a razão, o que está a acontecer é pior que o referido no ditado...!
Eu, a mim, puxa-me muito para a ironia, para a paródia, mas às vezes a trapalhada que esta gente para aqui anda a armar e as injustiças e falta de ética é tão grande, que não consigo deixar de me referir a algumas dessas tristes coisas.
Mas, enfim, enquanto for tendo a capacidade de me rir e de fazer rir (ou, pelo menos, sorrir), os meus queridos amigos que aqui vêm dar uma espreitadela, já é menos mau.
Um beijinho, Mary, e tenha um belo domingo!
Você não existe amiga. É pura ficção que exista alguém que com um grande sentido de humor consiga refletir as trapalhadas da vida, as mentiras e as situações ridículas com que nos deparamos diariamente.
A sua definição do José Castelo Branco fez-me rir às lágrimas, de tal modo que chamei o meu filho que também não resistiu.
Quanto ao ilustríssimo Eduardo Catroga, este senhor é demais.
E quanto ao bébé Luizinho, basta ser filho de seu pai. E eu que não tive nunca um lugar de destaque para poder dar ao meu filho uma sucessão semelhante.
Mas regozijo-me de, por entre dificuldades, ao menos é tudo feito com dignidade.
Temos que ir vivendo com o que temos
Grande beijo e bom domingo.
Teresa
Fiz um voto no início do ano:
NÃO LIGAR QUALQUER IMPORTÂNCIA A ACONTECIMENTOS LIGADOS À POLÍTICA;
POLÍTICOS;
ABERRAÇÕES, SEJA DE QUE TIPO FOR;
etc.
Prefiro morrer ignorante, muito ignorante!
Será que vou conseguir "levar a carta a garcia"?
Abraço.
Olá Teresa-Teté,
E o que eu me divirto a escrever... Claro que muitas vezes volto atrás para cortar não vá alguém ficar ofendido com algum excesso meu. Mas há tanta coisa com que a gente se farte de rir.
O pior é a tristeza à volta das parvoíces que nos fazem rir.
Mas, enfim, lá tento ir mantendo o equilíbrio e o discernimento.
Mas fico tão contente quando vejo que quem me lê também fica bem disposto, fico mesmo contente.
Um beijinho!
Olá, Teresa Santos,
Eu também tento e muitas vezes consigo manter-me afastada de tanta chatice que nos dá cabo da vida e das expectativas. Mas outras vezes a revolta ou aborrecimento é muita e não resisto a vir aqui dizer de minha justiça. Tomara é não ser maçadora porque, especialmente nestas épocas de crise, ninguém tem paciência para ouvir falar de mais coisas más.
Olhe, vamos vendo. Conforme as coisas forem andando assim a nossa disposição, não é? Hoje, por exemplo, ainda não faço ideia de que é que vou falar. Tirei umas fotografias lá no 'meu' campo e apetece-me falar outra vez de árvores e coisas assim. Mas tenho um certo receio de que quem me lê pense que isso não tem qualquer espécie de interesse.
Mas, olhe, um beijinho, Teresa!
Amiga UJM,
Concordo em absoluto com o deslindar dos seus dois primeiros mistérios. Se o primeiro é um pronúncio (ah ah ah), o segundo (não) é celeste. Quanto ao terceiro, estou a leste. O moçoilo é filho do de Gaia...? Bom, como vice não nos vai custar mais dinheiro, pois não? Diga que não, pleaase.
Uma excelente semana, UJM!
ps: Custa-me chamá-la de "Um Jeito Manso". Não se arranja um nickname mais curto e, já agora, do género feminino? Hmm, pense nisso. Com carinho.
Paulo,
Portanto, passemos sobre a Imperatriz e sua corte, passemos sobre a Celeste - e detenhamo-nos no catraio Menezes. Filho do putativo candidato a presidente do PSD que acabou por se resignar a ficar por Gaia, pois claro. E ainda nos estávamos a restabelecer dos excessos emocionais do pai (você, Caro Paulo ainda é um menino, não se deve lembrar de ver o Menezes-pai em lágrimas, num congresso, depois de clamar que não era sulista nem elitista), eis que a criança nos parece em vice. Pois, sendo vice, sair-nos-á mais barato, diz você. Mas não deveriam ser os pais dele a pagar-lhe a creche? Porque haveremos nós de andar a sustentar o filho do Menezes, ora essa?!
Quanto ao UJM, concordo que não dá 'jeitinho' nenhum...
Comecei em tempos um blogue que, por falta de tempo, quase não alimento. A esse blogue chamei 'Historinhas da Tá' porque foi assim que o mais crescidinho dos meninos dos meus meninos começou a chamar-me, quando praticamente ainda não sabia falar. E ficou e eu habituei-me, gosto de ser Tá.
Por isso, se quiser, pode tratar-me por Tá, tá?
Estimada autora deste magnífico Blogue,
depois de ler o seu comentário no blogue de HSC, Fio de Prumo, concedo, sem rebufos, que estes dois patuscos, a Madame Castelo e sua Senhora, é para levar a rir. O humor deve ser respeitado e sobretudo apoiado. Nessa perspectiva, que me passou um pouco ao lado, às vezes esqueço-me de que sou humano, sei lá, a coisa, a chegada daquela dupla ao tribunal, vestidos daquela maneira, teve piada. Vamos lá ver: se o objectivo dos patuscos é chocarem, divertirem-se com a rapaziada, então a coisa tem graça, convenhamos. Se é apenas exibição pura e simples, então retiro o que disse. Tenho de chegar à fala com eles para saber.
Caríssima, você tem humor para dar e vender. Prossiga!
Abraço virtual,
P.Rufino
PS: já imaginaram, por exemplo, aqueles dois numa recepção em Belém, ou noutro local assim a modos que vestidos?
Ui, claro que tem interesse!
Já vi as fotografias (ainda não li o texto) mas foi o suficiente para ficar mais bem disposta.
Que dizer?
Apenas um grande obrigada pela partilha.
Cara Teresa Santos,
Haja saúde, sentido de humor e muita energia positiva. Com boa disposição tudo se leva melhor.
E eu é que agradeço. Fico sempre muito contente com as visitas, com os bilhetinhos que recebo. Muito obrigada, Teresa!
Estimada "Jeito Manso",
Pensando bem, acho que fez bem em não publicar o meu comentário anterior. Afinal de contas acho que fui rude de mais para com o dito casal (ao sugerir irem partir brita). Bem vistas as coisas cada um faz de si e actua como bem entende e quer, e ninguém tem nada a ver com isso (a não ser que interfira com terceiros - o que não foi o caso).
Um abraço (virtual) com humildade q.b,
P.Rufino
Caro P. Rufino,
Eu nestas coisas sou básica, nada a fazer.
Eles fazem mal a alguém por darem este espectáculo? Nenhum.
Então censurá-los porquê?
Censuráveis são os bem comportadinhos que tramam os outros. Agora esta dupla?
Além do mais, se quer que lhe diga, acho o máximo.
Se eu fosse chamada para ir a tribunal numa situação daquelas, ia colada às paredes, cheia de vergonha, cheia de medo, aterrorizada. E vejo-o a Imperatriz, vestida como se fosse nem sei para onde, sorridente, dando entrevistas como se fosse uma diva, e fico siderada. Espantoso! Que descontração, que piadão!
E a Senhora Dona Lady, já viu? Tão querida, muito arranjada, com um gorro de pele daquele tamanho, saltinho alto, muito sorridente, sempre a apoiar o seu querido? Acho uma ternura.
Eu gostava de ter este à vontade. Ir trabalhar um dia vestida de Cleópatra, outro dia vestida de Cinderela, outro dia de outra coisa qualquer e deixar toda a gente de boca aberta. Acho o máximo.
A sério mesmo que não percebo porque é que as pessoas se irritam. Eu acho-os impagáveis.
P. Rufino,
Mas publiquei tudo o que aqui tinha para publicar...
Não acho mal nenhum, cada um diz o que lhe apetece dizer e ninguém está livre de dizer uma coisa e, depois, pensar melhor e corrigir.
Mas se quiser que retire, retiro.
Estive foi umas horas sem os publicar porque apenas há bocado cheguei a casa.
Grato pela sua resposta. Na verdade eu não me arrependi do que escrevi (peso sempre bem o que digo, mesmo se para criticar), mas como não vi publicado o comentário, imaginei (isto de um tipo se pôr a imaginar dá por vezes batata) que a teria possivelmente colocado a si numa situação menos confortável.
Vejo que nada disso se passou. E concordo com o que diz. Ás vezes sou um pouco vesgo ao ridículo, mas vou passar a ser mais tolerante, pois este tipo de ridículo é preferível e mais saudável a outros (estou-me a lembrar por exemplo dos cornos de um ex-ministro na A.R para com um deputado de uma bancada parlamentar).
Cordialidade,
P.Rufino
Caro Rufino,
E isso dos chifres do Pinho também foi assim tão grave? Claro que foi politicamente incorrecto, inusitado e coisa e tal. Mas grave não foi, até teve graça.
Ou sou eu que me estou a tornar cada vez mais tolerante?
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