Ao falar de Vladimir Polunin poderia estar a falar de um pintor russo ou talvez de alguns outros homens com esse nome. Mas não. Falo de um em particular. Falo de um ucraniano que viveu e trabalhou em Portugal. Não sei se ainda vive. Estava cá a ganhar dinheiro para sustentar a família e, em particular, para que o seu menino pudesse estudar.
O filho, Sergei, lá longe, começou por praticar ginástica e, sempre apoiado pela mãe Galina Polunina, passou para a dança. O seu corpo magnífico movia-se como o de um anjo, o menino dava nas vistas.
Ainda é pouco mais que um menino. Sergei Vladimirovich Polunin tem agora 25 anos mas uma carreira que já parece longa. Já foi primeiro bailarino no British Royal Ballet e agora é primeiro bailarino no The Stanislavsky Music Theatre e no Novosibirsk State Academic Opera and Ballet Theatre.
Não têm conta os prémios que já recebeu e as referências elogiosas um pouco por toda a parte. E olha-se para o seu corpo em pleno voo e mal se acredita.
ah, as grandes
sombras da música
estirando-se na tarde!
tu dançavas nos meus sonhos
e elevavas o corpo
num rodopio de perfumes
e então era a volúpia
das palmeiras esguias
sob o vento
fazendo a luz oscilar
em ziguezages
sobre as minhas pálpebras
e era o puro movimento,
uma cadência do ser
a modelar-te o corpo
entre citrinos
O vídeo abaixo mostra Sergei Polunin num cenário improvável e que, tão simples, se torna esplendoroso, uma grande casa vazia no meio de um bosque: e ele é um corpo tatuado, belo, que cruza um espaço cheio de luz. E, ao vê-lo, percebe-se que já é apenas meio homem, que já é também meio pássaro. A música pelo qual ele vai é “Take Me To Church” de Hozier, a coreografia é de Jade Hale-Christofi e as imagens foram colhidas por David LaChapelle.
Mas não é a força, a elasticidade e o virtuosismo que mais impressionam neste vídeo: é a emoção, a emoção pura. A todo o momento parece que Sergei vai sair dali a voar para o topo das árvores que cercam o belo edifício.
Sergei é um grande da dança. Sergei voa cheio de graça. E eu gostava que ele me levasse nos braços enquanto voa. Leva-me, Sergei, leva-me.
Sergei Polunin dança "Take Me to Church" de Hozier, realizado por David LaChapelle
Não me canso de o ver. Quanta, quanta beleza.
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O poema é 'rodopio' de Vasco Graça Moura in 'O caderno da Casa das Nuvens'
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No post abaixo falo de Fernando Alves e dos seus Sinais e de como a sua voz e as suas palavras me acompanham, tornando mais aprazíveis os meus dias na grande cidade.
Mais abaixo ainda despedi-me do Borgen e ainda não tinha acabado de escrever já estava cheia de saudades.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom sábado.
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