domingo, julho 31, 2011

De olhos abertos com Marguerite Yourcenar, II (não se zangue Ana Cristina Leonardo, que eu já tinha escrito a parte I antes da sua recensão no Actual, Expresso deste sábado)

Marguerite Yourcenar aos 5 anos

Na quinta-feira passada já aqui falei do livro que estava a ler e que, apesar do reboliço à minha volta, me estava a deixar encantada, 'De Olhos Abertos'.

Olhem se eu fosse fizesse crítica literária para algum jornal ou revista... lá tinha estragado o furo à Ana Cristina Leonardo que, no Actual do Expresso deste sábado e no Meditação na Pastelaria, fala justamente deste livro...! Imagino o que isso a teria enfurecido, imagino o que ela diria de mim, puxa..., olha a minha sorte por ser apenas uma simples camponesa.

Mas, façam o favor de reconhecer, ó meus caros leitores: do que eu escrevi - e não dissertei sobre o livro que a minha pretensão não chega a tanto - dá para perceber que estava mesmo a ler o livro, não dá?

Mas já do texto da Ana Cristina Leonardo não se pode concluir o mesmo, pois não...?

(Brincadeirinha, brincadeirinha... ! Estou a dizer isto porque ela, quando lhe deu uma coisinha má e se atirou a Eduardo Pitta, no meio da tareia, insinuou que ele não teria lido o livro).

Pois já concluí o livro e já passei para outro de que, quando o comprei, já aqui dei conta e que estou agora a ler com bastante gosto, 'Just Kids' da Patti Smith.

Um dia destes falo do que estou a gostar de saber da vida não tanto dela (apesar de estar a ser uma agradável surpresa) mas, sobretudo, dele, cuja obra eu muito admiro, como disso já aqui várias vezes dei conta, Robert Mapplethorpe.

Mas, não quero deixar de partilhar convosco mais alguns excertos das palavras de Marguerite Yourcenar nas conversas com Matthieu Galey. 

Aos 33 anos

Sou devota da escritora.

Quando escreve é sempre ela a contar a sua própria vida, só que às vezes ela é Marguerite, outras vezes é Adriano, outras vezes é Zenão, outras vezes é... Mas é sempre alguém cuja erudição é uma coisa que vem das profundezas da terra, uma coisa que parece ser do domínio do sagrado, do princípio dos tempos. E que, depois, conjuga e tempera esse inexplicável dom com a sabedoria das coisas simples, com a normalidade das suas actividades do quotidiano, sem certezas, sem soberba.

E sempre, sempre, aquele despojamento autêntico, absoluto, das pessoas intrinsecamente livres.

Marguerite Yourcenar, a mesma confiança e beleza de quando tinha 5 anos

Vejam, por favor:

Sobre a forma como evoluem as nações: Falo de uma renúncia consentida às formas demasiado estreitas e demasiado fúteis de felicidade. Um velho poema chinês resume-se a isto:

            'Que maravilha!
            Varro a entrada e vou buscar água ao poço!'

E, de facto, que maravilha! Se cada um de nós o soubesse, teríamos reencontrado a sabedoria e a doçura de viver, e as pessoas não andariam nas estradas por andar, e não continuariam a ouvir, tediosas, as músicas mecânicas que lhes impingem.
  
Sobre a questão de os potenciais leitores poderem não ter tempo para ler: O banqueiro ou o rico homem de negócios gabam-se de não ter tempos livres; tiram disso uma vaidade parva.

À questão sobre se sente que fecha uma obra, quando acaba um livro: Nunca fecho nada, nem sequer a minha porta. tenho outros livros e outros títulos em mente, que provavelmente não terei tempo de escrever, mas é importante que haja na nossa obra algo de inacabado, como essa linha interrompida que os oleiros mexicanos deixam nos seus desenhos, para impedir que o espírito se torne prisioneiro.

À pergunta 'mas como é que você faz amigos?' (dado que era bicho do mato, vivia afastada de eventos mundanos, na sua casa no campo, 'Petite Plaisance'), responde: Lembro-me de umas palavras encantadoras de um livro de Montherlant. Estranhamos que uma rapariga não tenha dado nome ao seu gato: "Como é que faz para chamá-lo? - Não o chamo; ele vem quando quer.". Também os amigos chegam muitas vezes pelo maior dos acasos.

[...]

Acredito, aliás, que a amizade, como o amor (...), exige quase tanta arte como uma figura de dança bem conseguida. É preciso um grande entusiasmo e uma grande contenção, muitas trocas de palavras e muitos silêncios. E, sobretudo, muito respeito.

À pergunta: 'O que entende por respeito?': O sentimento de liberdade do outro, da dignidade do outro, a aceitação, sem ilusões, mas também sem a menor hostilidade ou o mínimo desprezo, de um ser tal como ele é. É preciso também (o que talvez não seja absolutamente necessário ao amor, mas que sei eu?) uma certa reciprocidade.

Ao falar sobre como 'se quisermos, podemos ter animais como amigos, plantas ou pedras, e então a reciprocidade torna-se diferente': [...] E quem se apoiou numa rocha para se abrigar do vento, quem se sentou numa rocha aquecida pelo sol, colocando lá as mãos para tentar captar aquelas obscuras vibrações que os nossos sentidos não apreenden, tem grande dificulddae em não acreditar obscuramente na amizade das pedras.


Claro que, nesta matéria, não tendo eu qualquer tipo de pretensão que não a de partilhar com os meus leitores algumas das ideias que me ocorrem sobre a escritora ou algumas passagens do livro, posso ser tendenciosa e seleccionar aquelas que, a mim em particular, mais me agradam ou com as quais mais me identifico.

Pois esta ideia de sentir amizade por pedras que aqui vejo descrita é algo com o qual muito me identifico.

Eu, impressa nas rochas in heaven

Aqui, in heaven, é o reino dos ventos que, quando sopram, levam tudo pelos ares, é o reino dos grandes espaços, das árvores, do mato bravio e das rochas, das pedras que brotam do chão. E eu adoro estas pedras. As lutas que tenho travado para as respeitarmos, para as colocarmos como esculturas, para as evidenciarmos. Não quero ter jardins de sebes aparadas, flores certinhas, canteiros sofisticados, relvados citadinos: quero azinheiras, pinheiros cheiroso, cedros altaneiros, pedras, bancos de pedra, mesas de pedra, escadas nas pedras, flores que nascem das pedras. 

Flores in heaven, simples, perfeitas, a nascerem das rochas

Para concluir: aqui deste recanto rochoso, numa madrugada particularmente ventosa (os ramos do plátano roçam no telhado e fazem ruídos vagamente assustadores), recomendo que, se gostam da obra de Marguerite Yourcenar como eu gosto, leiam 'De olhos abertos'; e aproveito para vos desejar um bom domingo!

Vítor Gaspar na AR - a prova testemunhal que me faltava (Expresso, 30/7/2011)

Ontem tinha referido o despropósito do nosso ministro das Finanças no debate da Assembleia da República mas queixava-me da minha incapacidade em provar as minhas afirmações.

Pois bem, hoje (ou melhor, ontem) dou com a fotografia abaixo, no Expresso.

Cá está ele, o Mangas, cabeça enfiada no peito depois de a ter coçado generosamente. Não se percebia se tinha caído no sono, se quê. O mesmo deve ter pensado o Nosso Primeiro, o PPC, e do pensamento à ameaça foi um segundo.

Ei-lo aqui, de copo de água em cima do Vitinho, com um sorrisinho para disfarçar, enquanto entre-dentes lhe dizia 'ou acordas a bem ou acordas a mal'.

Pedro Passos Coelho em vias de despejar um copo de água na cabecinha do Mangas
Mas também pode ser outra coisa. Como viu que o outro estava a lavar a cabeça a seco, pode ter-lhe dado uma de intimidade, qual Redford a lavar a cabeça a Meryl quando esta 'had a farm in Africa', e estar tão sómente a despejar uma aguinha antes de lhe passar um shampoozinho.

De resto, devo referir que, do bocado que ontem vi na televisão e desta fotografia, o nosso Mangas passou a andar com as mãozitas escondidas, os bracinhos para baixo para ninguém lhe ver os punhos todos de fora. Tadinho. A chatice é que, quando não está nisto, está a fazer toda a espécie de diabruras como aquele lindo número das nomeações da CGD, o imposto extraordinário e o mais que por aí virá, como a expectável entrega da gestão dos principais recursos do país a investidores estrangeiros.

sábado, julho 30, 2011

Vitor Gaspar, o Mangas, foi para a Assembleia da Rpública coçar a cabeça - falar sobre o quê, não sei

Como aqui já elucidei, tenho estado de estalajadeira e baby sitter pelo que o meu tempo para ver televisão tem sido quase inexistente. Hoje, enquanto pegava no bebé e olhava para as travessuras do mais crescido, espreitei a televisão e o que vi?

Ministro Vítor Gaspar na AR (foto obtida na net)

Nem mais: o Mangas. Sentado na bancada do governo, de cara enfiada no peito, a coçar demoradamente a cabeça. Fiquei pasmada. Não percebi se estava com sono e, qual bebé, lhe estava a dar para coçar a cabeça, ou se, por momentos, se esqueceu do sítio onde estava e tem esse hábito de esfregar a cabeça a ver se deita caspa. Não percebi. E, tendo depois parado de coçar a cabeça, deixou-se ficar com ela enfiada no peito, sem se ver a cara.

Na sala uns diziam 'Deixou-se dormir'. Mas alguém insistiu com uma repetida tese: 'Vão por mim. O tipo não é bom da cabeça' e os restantes, olhando a figura do Mangas, disseram que ele era bem capaz de ter razão.

O Mangas, em foto de arquivo (obtida na net)

Claro que não tive ocasião de tirar uma fotografia para comprovar tamanha falta de maneiras, não apenas pelas razões que aduzi como, na altura, seria difícil encontrar a máquina. A casa está quase virada do avesso, nuns sítios quase parece um acampamento cigano, aparecem meiazinhas desirmanadas um pouco por todo o lado, carrinhos espreitam de baixo de sofás, nunca se sabe onde pára o boné, eu própria acabo por nunca saber onde larguei as coisas pois, quando vou fazer qualquer coisa, sou sempre solicitada para outra. Hoje, para encontrar a máquina foi bom e o bonito. Andei à procura por todo o lado e não a descobria, depois um tinha-a visto em cima da mesa da casa de jantar - fui lá e nada; a minha filha dizia que estava na casa de banho (tínhamos tirado fotografias ao bebé no banho) - fui lá e nada; até que, por acaso, passei pelo meu quarto e lá estava ela em cima da cómoda - e acho que fui eu a que coloquei lá, depois da sessão no banho.

Portanto, não tenho provas testemunhais de que o Ministro Vitor Gaspar hoje fez das suas na Assembleia da República - mas podem acreditar em mim.

Bem, dentro do espírito da época, perguntei aos restantes convivas se tinham reparado se a Teresa Morais se tinha portado cavalheirescamente dando, como sempre faz, passagem ao Ministro Coisinho; mas ali ninguém tem atenção a essas coisas importantes, apenas um me disse que o que tinha reparado é que ele, à saída, lhe tinha feito, a ela, uma festinha nas costas. Good boy.


Não resisto, coisa de mulher (mázinha): 
Aqui Teresa Morais quando era mais nova e parecia mãe da Teresa Morais da actualidade


PS: Confesso, este post é, todo ele, mesmo apropriado à saison. Meras futilidades, reconheço. Mas não faço ideia de que é que eles foram falar à Assembleia da República. Coisa boa não foi certamente mas, enfim, confesso o meu desconhecimento.

sexta-feira, julho 29, 2011

Quando eu era pequena queria ser administrativa, depois cabeleireira - hoje corto apenas alguns cabelos e podo árvores


A minha mãe, que agora está reformada, era professora.

Quando eu era pequena, de vez em quando, provavelmente nas férias, ia com ela receber o ordenado.

A esta distância posso fazer alguma confusão mas, do que me lembro, íamos primeiro à Delegação Escolar onde uma funcionária lhe entregava um papel (presumo que fosse o recibo de vencimento), com o qual íamos, de seguida, à Agência do Banco de Portugal na cidade.

Era um edifício muito bonito, com um belo soalho de madeira, sempre cuidadosamente encerado, reluzente e rescendente. Tinha umas grandes portas, uns balcões imponentes e uns funcionários que me pareciam as pessoas mais importantes do mundo. Lembro-me que a minha mãe entrava e eu imediatamente começava a falar baixo, cerimoniosa, e havia sempre pouca gente lá dentro, houviam-se os tacões da minha mãe no soalho. Ela dirigia-se a um balcão onde entregava um papel, presumo que o papel que lhe tinham dado na Delegação Escolar, o senhor consultava uns livros, escrevia numas folhas e dava uma ficha metálica à minha mãe. De seguida, ela dirigia-se para uma cabine resguardada, com um gradeamento dourado, com uns vidros, onde um senhor a recebia. Ela dava-lhe a ficha metálica, e ele dava-lhe o ordenado em dinheiro, fazendo-a assinar um papel e a minha mãe com um gesto que, na altura, me parecia solene, escrevia a sua bela assinatura, que mantém até hoje.

Tudo isto se passava com grande eficiência, e eu via os funcionários com um ar superior que, sem hesitações, se dobravam à esquerda e encontravam, nas estantes laterais ou nas gavetas das grandes secretárias, impressos com papel químico e depois entregavam-nos e voltam a recebê-los e inclinavam-se à esquerda e procuravam o carimbo certo no meio de tantos e, com vigor, assentavam-nos numa almofada de tinta e, de novo com vigor, carimbavam e, com isso, pareciam fechar um importante contrato.

Outras vezes, não sei em que circunstâncias, era preciso o selo branco e então o funcionário levantava-se, orgulhoso da sua importância e deslocava-se até a uma bancada em que estava o aparelho com o qual apunha o magnífico selo branco, um desenho sem tinta, só em relevo, uma coisa que parecia conferir grande importância ao acto.

Tudo isto me parecia exemplar e eu, na minha infância, durante algum tempo sonhei ser funcionária administrativa numa empresa para poder manusear com igual precisão impressos e carimbos.

Algum tempo depois todo este cerimonial se extinguiu e a minha mãe passou a receber o ordenado por transferência bancária e creio que até a Agência do Banco de Portugal foi fechada.

Entretanto uma outra vocação ia ganhando terreno. Gostava muito de acompanhar a minha mãe à cabeleireira. Era um sítio que me fascinava. Havia ali qualquer coisa de científico condimentado com intimidade, produtos fantásticos, frasquinhos em estantes, carrinhos com rolos, molas, redes, ganchos. E havia sobretudo a eficiência artística da cabeleireira no manuseio das tesouras.

Eu via fascinada como ela vestia as batas fininhas às clientes, colocava as toalhas, os grandes babetes, depois a rapidez quase mecânica com que cortava os cabelos, com uma mão ajeitava o cabelo, com a outra desbastava, dizendo que dava volume a umas clientes ou que retirava volume a outras. Falava com as clientes pelo espelho, e as clientes respondiam pelo espelho e havia sempre conversas sobre a família, sobre outras pessoas e juntavam-se lá pessoas amigas e riam, cúmplices. Muitas vezes, sem perceber, intuía que falavam de coisas 'picantes', riam e trocavam olhares a ver se eu teria ouvido.

Depois de cortarem, escadearem, acertarem as pontas, passava-se à parte da limpeza dos cabelos que tinham ficado presos na roupa, no pescoço, com um grande e macio pincel que tenho ideia que tinha um pouco de pó de talco. Depois era a sequência toda da mise, com o plix, com os rolos, com uma redinha e depois o secador. Depois, com o cabelo ainda quente, desenformavam-se os grandes caracóis que, seguidamente eram desmanchados com escova. Depois davam-se contornos, empessando algumas zonas, pondo laca. No fim vinha o espelho de pézinho para mostrar como tinha ficado por trás.


E sorriam contentes com a obra, a cabeleireira e a cliente.

E eu assistia a tudo isto com fascínio e grande atenção para aprender cada gesto, cada técnica, pois não tinha dúvidas de que era mesmo cabeleireira que eu queria ser.

Penteava todas as cabeças femininas que me permitiam. Amigas, a minha prima mais nova, passavam horas a serem penteadas, penteados artísticos que metiam tranças enroladas, caracóis, cabelos puxados para um dos lados. Fazia também grandes penteados à minha mãe e eu ficava toda orgulhosa quando íamos sair a seguir: era o reconhecimento de que os penteados que eu fazia não eram brincadeira de criança, eram mesmo a sério. Apenas não me deixava cortar, tinha medo que a minha mão falhasse e não houvesse remédio.

Quando os meus filhos começaram a ter cabelo que se cortasse, o que, face a esta vocação, aconteceu bem cedo, comecei a cortar-lhes o cabelo e, mais tarde, o meu marido também se tornou meu cliente. Claro que a mim própria também sou eu que corto e penteio (o que não é difícil dado que a minha farta cabeleira disfarça qualquer desacerto e dado que gosto de ter um ar despenteado)

Até os meus filhos serem bem grandes, fui eu que lhes tratei do cabelo. Mas chegaram à idade em que sentiram embaraço de dizer que não iam a cabeleireiro nenhum, que era a mãe que lhes cortava o cabelo e, para meu desgosto, perdi estes clientes.

Contudo, quando o serviço é de qualidade, a clientela volta e traz novos clientes. Ao meu menino mais crescidinho já sou eu que lhe corto o cabelo e ontem recuperei a minha cliente mais difícil, a minha filha.

Sentada numa cadeira à porta de casa, uma toalha sobre os ombros, e eu armada de pente e tesoura. Parecia que estávamos em Cuba ou cá, na aldeia mais recôndita, aqueles barbeiros de beira de rua. 

Parte do farto cabelo negro espalhado pelo chão depois do corte

Tem uma cabeleira farta, layers e mais layers de cabelo e, ainda por cima, habituada aos melhores cabeleireiros da capital, cheia de esquisitices, fez com que eu pegasse na tesoura um pouco a medo. Mas foi sol de pouca dura, que, comigo, a tesoura até parece que ganha vida própria: eu cirando à volta da cabeça e o cabelo vai caindo, e eu desbastanto, pondo a tesoura em ângulo de navalha para escadear na medida certa, deixando um corte equilibrado. Que prazer (... na volta devia ter mesmo seguido esta vocação).

No final, a cliente exigente viu-se ao espelho, rodopiou para se ver de todos os ângulos e decretou, ainda com um certo tom de incredulidade na voz:  '...está óptimo...'

Uffff.

Entretanto, enquanto não tenho mais cabelos para cortar, entretenho-me a podar as árvores, o princípio é quase o mesmo.

quinta-feira, julho 28, 2011

De olhos abertos com Marguerite Yourcenar, la belle Dame de Petite Plaisance

Outra vez quase duas da manhã. Todos dormem, de vez em quando alguém se mexe na cama, o bebé vai fazendo uns barulhinhos e eu acabei de actualizar o Ginjal e Lisboa, a love affair (desta vez com Maria Teresa Horta - on fire, as usual) e o Street Photo & Co. (com mais uma cena de praia) e de, no post baixo, falar do meu amorzinho que veio para trabalhar aqui, in heaven.

Tenho este espírito missionário ou proletário (nem sei classificar), parece que sinto a obrigação de cumprir com os meus deveres. Claro que tenho o discernimento de perceber que ninguém me obriga, ninguém me exige e, se calhar, ninguém precisa mas, que querem?, sou assim.

Ou então não é nada disto: é uma necessidade minha, um prazer a que tenho dificuldade em furtar-me.

Seja, como for, a estas desoras aqui estou. Contudo, claro, tenho que aligeirar a coisa e, além disso, ando um pouco desfasada da realidade, mal vejo televisão, jornais nem pensar e internet é só de raspão para espreitar os meus amigos. E, se derem com algumas letras trocadas e vírgulas fora do sítio, sejam, por favor, benevolentes.

Hoje quero dar-vos conta do livro que ando a ler - mas podem imaginar o ritmo e a concentração... Mas estou a gostar muito e, por isso, quero partilhar convosco um cheirinho. Chama-se 'De olhos abertos', Marguerite Yourcenar, conversas com Matthieu Galey.


Logo na capa esta bela fotografia de Marguerite num jardim de pedras (quase parece o meu), na sua casa a que chamou Petite Plaisance.

O prefácio começa com uma frase dos 'Arquivos do Norte': Amasso o pão, varro a soleira da porta, depois das noites de ventania, apanho os troncos do chão [...] - e, neste aspecto em particular, eu imediatamente me identifico com esta mulher (excepto no pormenor do pão que, depois de duas ou três tentativas frustradas - ora cozia depressa demais e ficava uma pedra dura ou ficava mole e incomestível - foi assunto que deixou de me interessar).

Marguerite Yourcenar (1903 - 1987), uma mulher livre

Já aqui referi várias vezes que gosto de conhecer - através de biografias, correspondências, diários, entrevistas - a vida dos artistas, nomeadamente dos escritores como agora é o caso. O processo criativo e a sua vida normal despertam-me curiosidade (é o meu lado voyeur, com a atenuante de que só se costuma manifestar desta forma e em relação a pessoas que têm actividades criativas).

Diz Marguerite Yourcenar e a comparação com a árvore encanta-me : Cada livro nasce de uma forma muito particular, um pouco como uma árvore. Uma experiência transplantada para um livro leva com ela os musgos, as flores selvagens que estão à sua volta, nessa espécie de torrão onde ficam presas as raízes.

Sobre a vida algo nómada do pai, de que ela foi muito próxima, umas tiradas deliciosas: Seria o último homem a passar a alguém qualquer tradição. Um dos seus axiomas favoritos era "Onde é que se pode estar melhor do que no seio da família? Em qualquer lado." E também: " Só se está bem noutro sítio"

Sobre o amor e sobre a assimilação entre o amor e a doença, diz: Já os antigos a faziam, justamente por causa do perigo que comporta. Não penso, como acreditou uma parte da literatura francesa, que o "amor" seja o centro da vida, da existência humana, pelo menos não continuadamente. Será antes o seu abismo ou o seu cume.


Como são fantásticas as pessoas livres, as pessoas que amam as palavras. Como são eternas as pessoas que plantaram dentro de nós as suas palavras.

Tenham um bom dia!

Exploração do trabalho infantil - os doces prazeres das férias in heaven

Dias fantásticos in heaven para o meu amorzinho querido que, de vez em quando, vem ter comigo e me diz 'gosto muito de ti' (o que me deixa sempre enlevada). É o mais crescidinho, é o que já aprecia mais as férias no campo. A prima também já aprecia mas ainda não tem um ano, ainda não é a mesma coisa, e o mano, esse ainda menos, nem quatro meses tem.

Anda deliciado o meu menino, veio para trabalhar. Vamos apanhar figos e faz questão de ser ele a carregar o cesto. Pergunto se consegue e ele, todo convencido: 'Sim, tenho uns grandes múxculos' e lá vem, caminho fora, com o cesto quase do tamanho dele. Os primeiros que apanha, põe no cesto e depois come-os de seguida. Depois vê a pereira já com peras maduras e pergunta-me 'Podem-se comer? Têm bom aspecto...'. E eu atiro-me a ele aos beijos a ele, meu menino, tão pequenino e já com um vocabulário tão rico.

Hoje viu um insecto pequeno, não sei o nome, umas asinhas brancas, um centímetro talvez, uma coisa ínfima. Veio a correr, chamar a mãe e a mim, 'Uma borboleta pequenina!' E depois circunspecto: ' Mas porque é que ela perdeu a cara?' e nós as duas espantadas. Mas, de facto, parecia uma amostra minúscula de borboleta e só se viam as asas, nada de cabeça. Desatámo-nos as duas a rir com a borboleta que perdeu a cara.

De tarde andou a regar e perguntava, ar comprometido 'Regar também é trabalhar, não é?'. Deve achar que, como é um prazer, era abusivo chamar-lhe trabalho. Descansei-o, claro que é, com este calor está tudo seco, faz mesmo falta haver uma pessoa que regue as plantas. Todo feliz lá andou a regar tudo, incluindo a nós.

O meu amiguinho querido nas suas tarefas

No outro dia, andando ele também nos seus trabalhos, de ancinho na mão, o tio dizia-lhe, 'Diz lá à Tá o que é isso que andas a fazer'. E ele pensativo, com esforço, a dizer umas palavras incompreensíveis. Eu ajudava, 'a apanhar caruma?' e o tio que não e ele a tentar com uma algaraviada que eu não percebia e eu a ajudar, até que o tio atalhou, 'Então não és capaz de dizer...? Vá lá, diz lá devagarinho: exploração do trabalho infantil'.

quarta-feira, julho 27, 2011

O Steven Spielberg e a Gwyneth Paltrow, os fantásticos ministros Vitor Gaspar e Álvaro, o Cristiano Ronaldo como garantia bancária - what a silly, silly season

Estamos na estação das parvoíces (nota da redação para os incautos: leia-se silly season) e aqui, in heaven, só me chegam notícias esquisitas.

1. Steven Spielberg ia de barco na Sardenha com Gwyneth Paltrow e os filhos dela quando se aproximaram demasiado da costa e foram multados. Pergunto: Steven Spielberg e Gwyneth Paltrow?! 

Uma família feliz?

2. O ministro Vítor Gaspar, o Mangas, diz que está orgulhoso com os nomes que escolheu para a administração da CGD. Orgulhoso? Porquê?
  • Orgulhoso por eles serem tão bons? Mas se são tão bons, o mérito é dele?

  • Ou orgulhoso consigo próprio por ter feito tão boas escolhas? Olha que modesto que ele é.

(Imagem obtida aqui)

O mesmo ministro vai avançar este ano não com um mas com dois orçamentos rectificativos e... esqueceram-se de avisar Cavaco Silva que foi surpreendido com a notícia pelos jornalistas...! 'Porreiro, pá!', diria o outro.


3. E por ministros: que é feito do Álvaro?

Minisro Álvaro Santos Pereira

Nunca mais soube dele. A última vez que ouvi falar dele foi quando recebeu Fernando Fidalgo, aquele 'pintas' do sindicato dos trabalhadores rodoviários, por causa da empresa de camionagem TNC que estava para fechar por desavenças entre herdeiros. Presumo que o Álvaro ande numa roda viva a receber toda a gente que lhe bate à porta. Consta que amanhã vai receber a porteira do prédio nº 21 da Rua de Cima da Damaia que está aborrecida porque o administrador do prédio lhe anda a exigir que lave a escada duas vezes por semana. Ai, este Álvaro é mesmo um coração de manteiga.

4. No Jornal de Negócios li que: 'O crédito que o Real Madrid pediu ao banco espanhol Bankia para comprar o passe de Cristiano Ronaldo será usado pela instituição para obter financiamento, como colateral, junto do Banco Central Europeu (BCE)'.

Cristiano Ronaldo e Irina Shayk

Cá está. Coisas estranhas no mundo da finança. E se o moço parte um pé? E se o moço tem um desgosto de amor com a Irina e, abalado, deixa de marcar golos? O que acontece? Lá temos mais um lixo tóxico a somar a tantos de que os bancos já estão cheios. Esta gente do mundo financeiro e do mundo do futebol é só disto.


Conclusão: Por estas e por outras é que eu prefiro não pensar em nada disto, ficar aqui bem alienadinha, a apanhar sombra while baby sitting, comendo figos (esquecendo-me que engordam que é um disparate), e a desejar conseguir dormir uma soneca descansada como este casal de ceifeiros que, por aqui, in heaven, gosta de se estender à hora do calor.


Picasso in heaven

terça-feira, julho 26, 2011

Onde se tenta falar da Ongoing (maçonaria?, mozart?, espionagem?, media?) e onde se mostra que isso perde relevância, here, in heaven

Começo a escrever já passa da uma da manhã. Os meus meninos, os grandes e os pequenos, já dormem e a casa, finalmente, ficou silenciosa. Esta semana dificilmente poderei escrever grande coisa pois chego a esta hora já estafada. 

Tenho aqui um livro, ao meu lado, para ler antes de adormecer mas duvido que lhe consiga pegar.

Estava com a ideia de hoje me voltar a pronunciar sobre uma coisa de que já aqui tinha falado há tempo: o Grupo Ongoing, o Grupo em que o big chief é maçon e gosta, o que é natural, de se rodear de irmãos mas que tem um fraquinho, e isso já não me parece tão natural: gosta de ter consigo ex-espiões.

Nuno Vasconcellos, grande apreciador de Mozart, mais Jorge Silva Carvalho, ex-SIED, e ex-adjuntos, mais José Eduardo Moniz, mais amizades fraternas com o governo, nomeadamente através de Miguel Relvas, interesses vários em negócios vários, entre os quais, ao que parece a RTP - ou seja, temos aqui os contornos de uma potencial bomba-relógio ao retardador que Passos Coelho terá que gerir com pinças.

Houve promessas? Houve investimentos e compromissos assumidos com base nessas promessas? Está, agora, a haver a cobrança dessas promessas? Não foi isso que o irmão Jorge Coelho há tempo nos quis dizer na Quadratura do Círculo?

Pelo que se percebeu o pobre Bernardo Bairrão já foi uma vítima deste equilíbrio instável mas a ver vamos se a coisa vai ficar por aqui.

Dado o adiantado da hora não tenho cabeça para dissertar sobre o tema. Não quero parecer uma lírica ou uma saudosista até porque a influência do longo braço maçónico sempre se fez sentir nas sociedades e seria ingénuo da minha parte vir aqui questioná-lo.

O que a mim me causa alguma perplexidade ou prurido (no sentido mesmo de reacção alérgica) é este cocktail: maçonaria, ex-expiões, comunicação social. Não sei. Parece-me que há qualquer coisa de perigo dissimulado nisto. Gosto de sociedades abertas, transparentes, em que as pessoas vão à luta em campo aberto, dando o peito às balas. Não gosto de poderes ocultos, segredos guardados, meios de comunicação social, tudo misturado.

Mas, enfim. Enquanto ao lado agora ouço um bebé que há instantes chorava e que agora faz aqueles sons gostosos de quem mama regalado, vou despedir-me mostrando-vos alguns fragmentos do meu mundo, here in heaven. É uma forma de vos dizer que ataques nervosos como os da Ana Cristina Leonardo, Ongoing e as suas movimentações, e outras coisas do género, me parecem algo irrelevantes quando aqui estou, pés descalços, mãos na terra.

É também uma forma de vos dizer que sejam bem vindos aqui, a esta minha casa, ao Um Jeito Manso. 

Os loendros estão carregados de flores de perfume doce
(que começam a murchar, dado o calor intenso)


À tardinha, recanto junto a uma janela
(os meus chapéus)


Há sempre um deus fantástico nas casas
em que vivo, e em volta dos meus passos
eu sinto os grandes anjos cujas asas
contêm todo o vento dos espaços

(o poema é de Sophia mas sinto-o como meu - porque exprime o que sinto)
 
Pôr-do-sol: os meus cedros lá em baixo em primeiro plano
A serra, ao fundo, a recortar o horizonte

segunda-feira, julho 25, 2011

Ana Cristina Leonardo, a anti-Pitta, e Pedro Mexia: ou como um texto se enreda sobre si próprio e outro flui com elegância e eficácia

Já aqui confessei que sou leitora assídua do Expresso. Hoje vou referir-me, em particular, ao caderno Actual.

É também sabido que sou apreciadora do estilo de Pedro Mexia - e que este statement fique já à laia de declaração de interesses.

Na sequência da polémica desencadeada pelo ataque brutal que Ana Cristina Leonardo (ACL) desferiu em Eduardo Pitta e sobre o qual já aqui já me pronunciei, vou hoje fazer um exercício - passar da teoria à prática.

Ou seja, mais concretamente, vou referir-me à recensão crítica que ACL escreveu na edição deste sábado sobre 'Nas trevas exteriores' de Cormac McCarthy e a que deu 5 estrelas, fazendo um contraponto com a recensão sobre o 'Quarto Livro de Crónicas' de António Lobo Antunes, escrita por Pedro Mexia que lhe deu 4 estrelas.

Sobre o livro de Cormac McCarthy não poderei pronunciar-me mas o do António Lobo Antunes já li e aliás, quando o comprei, em Abril, falei do livro e do autor. Ou seja, posso aferir a justeza das apreciações de Pedro Mexia enquanto não tenho termo de calibragem quanto ao texto de ACL.

Ana Cristina Leonardo

O que sei é que a referida recensão de ACL, apesar de bem escrita, não é apelativa. Há um excesso de citações que interrompem o seu raciocínio, não acrescentando muito à sua compreensão pois, não apenas algumas são excessivamente longas como, ao ser o texto descontextualizado, aparece-nos perdido, desenquadrado no meio do texto de ACL.  Outras citações, as que não são retiradas do livro, aparecem-nos de forma algo forçada, como se houvesse uma preocupação de enxertar no texto, amplamente adjectivado, alguma erudição.

Ou seja, chegamos ao fim do texto e não nos sentimos municiados com os argumentos favoráveis que nos conduzam à leitura do livro, não houve empatia entre nós e a escrita de ACL, não percebemos bem porque lhe atribuíu ela as ***** nem isso, de resto, nos interessa muito.

É um texto mal escrito? Não, de forma alguma. Mas é um palavreado que nos deixa pouco mais que indiferentes.

Pelo contrário, peguemos no texto de Pedro Mexia.

Pedro Mexia

Numa escrita corrida, fluida, bem estruturada, empática, transporta-nos para o mundo das crónicas de Lobo Antunes. Toda a ternura, todo o espanto, toda a humildade, toda a vaidade, todas as contradições, todos os retratos do quotidiano das pessoas comuns que habitam as ruas e a vida do escritor, se encontram plasmados na recensão de Pedro Mexia. Não precisou de implantar no seu texto longas citações do livro sobre o qual escreveu para nos transmitir, com matemática precisão, o ambiente, o tom, a toada, o feeling, que o livro transmite ao leitor.

[E, num à parte, quero dizer que fiquei agradada pelo desprendimento, revelador de bom carácter, de Pedro Mexia ao escrever tão favoravelmente sobre este livro de António Lobo Antunes depois do desaguisado que há algum tempo houve entre eles]

Ou seja, e agora voltando a Ana Cristina Leonardo: enfureceu-se com o critério, o rigor, a escrita de Eduardo Pitta mas esqueceu-se que não basta ter lido atentamente, ter um gosto apurado, ter um critério exigente. É preciso saber transmiti-lo de forma simples, directa, eficaz, empática.

Por isso, e apesar de ser leiga na matéria, permita que, como cliente do jornal para o qual escreve, lhe transmita um sincero conselho: leia, com humildade, o texto de Pedro Mexia e tente tirar daí ensinamentos para a sua própria escrita.

Não entenda este conselho como destinado ao seu enriquecimento pessoal: não, escrevo-o por puro egoísmo, na qualidade de leitora do Expresso - prefiro ler textos mais escorreitos, mais focados, que consigam, de uma forma mais estruturada, dar-nos uma visão clara da obra sobre a qual versam.

Anders Behring Breivik ou quando a demência é perigosa e assustadoramente invisível

Uns parágrafos para manifestar o incómodo profundo, o medo, a angústia que tomam conta de mim quando penso na desgraça que aconteceu em Oslo.


Anders Behring Breivik, o fundamentalista cristão de 32 anos, é, segundo os vizinhos, um rapaz calmo, sorridente, bem educado, talvez apenas 'excessivamente' bem educado. Os ex-colegas descrevem-no como um jovem inteligente, simpático e preocupado com quem precisava de ajuda.

Como geralmente acontece com os mais perigosos psicopatas, a sua inquietante inteligência permite-lhes preparar todos os crimes sem que qualquer pessoa o pressinta. Nem amigos, nem familiares, nem vizinhos.

O que ele fez foi tão assustadoramente simples que um frio me percorre. Formou uma empresa agícola e comprou uma quintarola no campo - nada de especial. Comprou adubo - e 6 toneladas de adubo não é nada (uma camioneta de adubo leva cerca de 20 e tal toneladas e uma camioneta de adubo não é nada).

A partir do adubo, no recato da sua quinta, fez uma bomba (na internet encontram-se explicações de como é que isso se faz). Depois colocou a bomba num carro e deixou o carro na praça junto aos edifícios governamentais - nada de especial.

(Quando digo que não é nada de especial é porque é uma coisa que se faz sem dificuldade, sem ser necessário ajuda e sem levantar suspeitas)

A seguir, depois da explosão, segue de carro para o acampamento e, disfarçado de polícia, chama os jovens para os elucidar sobre o que se tinha passado e, uma vez rodeado de jovens, desatou a disparar.

Sózinho, sem grandes complicações técnicas ou logísticas, provocou destruição em grande escala, mortes repetidas - sem se comover, sem se deter.

É medonho, isto.

No entanto, um ponto deveria merecer a reflexão de todos os serviços secretos de todos os países: a arma. Ele estava armado e bem armado.

Agora parece que meio mundo tem armas e meio mundo tem dinheiro suficiente para as adquirir. Ora, uma arma é um crime em potência. Desde os pequenos gangs até aos movimentos extremistas, deveria haver uma atenta vigilância sobre a movimentação de armamento de qualquer tipo.

A vulnerabilidade de tudo, de nós todos, em todos os países, é total. Qualquer maluco, sem grande esforço e sem que ninguém desconfie de nada, pode arrasar edifícios, dezenas de pessoas, a tranquilidade e a confiança de todo um país.

Poderemos perguntar-nos como é possível que uma sociedade normal, feliz, abastada, tranquila, como a norueguesa tenha gerado um psicopata perigoso, um sujeito raivoso, um doido varrido, mas eu acho que um caso como estes nem tem a ver com a sociedade em geral. Acho que só pode ser um doente, um perigoso doente. Não é um possível que um ser humano saudável - por muito alucinado, revoltado, tresmalhado, fundamentalista, que possa ser - cometa um acto brutal como este. Não é possível.

Mas o que um doido deste calibre pode fazer é muito assustador.

sábado, julho 23, 2011

Ana Cristina Leonardo e Eduardo Pitta - um inusitado e violento ataque dos lados da Pastelaria

Como poderão ver no piso baixo, acabei de falar dos meus tapetes ao sol, dos meus belos figos, alguns já maduros, e antes tinha falado do mi-nis-tro vi-tor gas-par das man-gas ma-i-o-res do que ele. Estava a querer evitar, era o que era, mas pronto: tem mesmo que ser.

Sob as mais diversas combinações, continuo a ter várias entradas no blogue, através da conjugação dos nomes de Ana Cristina Leonardo e Eduardo Pitta e, assim sendo, vou mesmo dizer o que penso sobre a polémica que por aí anda.

Ana Cristina Leonardo, penso que alguns anitos atrás

Escreveu Ana Cristina Leonardo no seu blogue, Meditação na Pastelaria, aqui e, de novo, aqui uma violenta crítica a escritos recentes de Eduardo Pitta.

Eu, na minha profissão, sempre tenho respeitado um princípio: a afirmação do mérito próprio deve atingir-se por si mesmo e nunca por atropelar ou pisar quem quer que seja. E isto aplica-se quando se quer vender um produto e serviço (em que tal não deve ser feito através de campanhas negativas contra um concorrente), quer dentro da própria empresa (em que o espírito de equipa deve prevalecer sobre a exposição individual).

Quem trabalha comigo sabe que não gosto de 'estrelas', de pessoas que gostam de brilhar sozinhas, que não gostam de ajudar os outros ou de dividir o mérito com os colegas. Os triunfos que se atingem assim são esporádicos, efémeros e, a prazo, a pessoa acaba desprezada, pouco estimada.

Claro que, tratando-se de duas pessoas que trabalham isoladas, e até (em boa verdade) em concorrência uma vez que escrevem para jornais distintos e são ambos cronistas e críticos literários, poderá dizer-se que o que acima referi não se aplica. Mas aplica.

Para nós, leitores, não nos interessa saber se são ou não concorrentes. Interessa-nos, sim, ler bons textos. E a polémica até pode ser salutar pois pode complementar pontos de vista e nós, leitores, lendo um, e depois outro, poderemos ficar com uma opiniao mais 'rica' e diversa. E a 'imagem' de um e de outro formar-se-á junto dos leitores através do produto da sua escrita, da clareza da sua exposição e, até, da sua argumentação, se em confronto.

Ora, para tudo isso, é escusado, mas escusado mesmo, que se use o acinte, o desdém, a humilhação.

A mim custa-me muito pensar que alguém, por vaidade, por impetuosidade ou por excesso de egocentrismo, num rasgo de auto-afirmação e total indiferença para com a dignidade alheia, provoque tristeza, vergonha, sofrimento,  a outra pessoa.

Eduardo Pitta, o alvo da fúria de ACL

O que conheço de Eduardo Pitta (à parte a sua poesia em livro) é o que leio no seu blogue Da literatura - e gosto.

É uma escrita directa, sempre em cima do acontecimento, com fotografias bem escolhidas - e é uma escrita que se lê muito bem. Os parágrafos são bem estruturados, a exposição é clara, o vocabulário não é pretensioso, é o adequado às circunstâncias e há espaço para respirarmos entre cada parágrafo. Os seus textos sobre obras literárias ou sobre escritores, como o mais recente sobre Karen Blixen (que li no blogue), são textos agradáveis de ler, que transmitem de forma directa a sua opinião sobre o que escreve. Sou leiga na matéria (como provavelmente a grande maioria dos leitores) e, por isso, não saberei detectar com cirúrgica precisão os 'pecados' que deixam a Ana Cristina Leonardo de cabeça perdida.

Pelo contrário, a escrita de Ana Cristina Leonardo (e refiro-me ao que leio no Expresso e no blogue Meditação na Pastelaria) é frequentemente uma escrita sôfrega; imagino que seja uma pessoa tumultuada na expressão das suas opiniões, deve ser de fortes paixões, as palavras galopam febris e mais céleres que a mão. A escrita deve ser veloz, como veloz deve ser o pensamento quando está tomado pela emoção. E, tomada que está pela emoção, nem pensa nos efeitos colaterais - imagino eu, que não a conheço. E, então, assistimos frequentemente a parágrafos que se quase se encavalitam uns nos outros, e parêntesis e novos parêntesis (porque as palavras lhe devem estalar na cabeça), um turbilhão que, por vezes, se torna cansativo e, neste caso, em que atirou a matar a Eduardo Pitta, se torna incómodo de ler.

Refere ela, nos inúmeros comentários que os seus posts suscitaram, que o que escreveu contra Pitta nao foi, de facto, contra Pitta mas, sim, a favor dos escritores que ela achou que tinham sido maltratados; diz que não foi, pois, vingança, não foi maldade, que, apenas, as análises de Eduardo Pitta são medíocres, nada à altura dos temas e dos autores sobre os quais escreve.

Mas, Ana Cristina Leonardo poderia tê-lo referido de uma forma elucidativa, clara e, em vez disso, lançou uma enorme poeira e um enorme ruído, distraindo-nos do seu pretenso objectivo, ao rebaixar de forma cruel uma pessoa que escreveu o que escreveu no exercício da sua profissão, profissão que, certamente, exerce da forma mais digna que sabe e pode.

Por isso, Ana Cristina Leonardo, se por acaso me ler, saiba que acho que lhe faltaram aqueles toques de humanidade, de empatia, de generosidade, que fazem com que as pessoas se afirmem por si, sem precisarem de passar por cima dos outros.

Gosto de ler o que escreve, é culta, tem sentido de humor, tem graça. Perceba, por favor, que não precisa de ser tão dramaticamente dura para aqueles que acha que são menos íntegros, menos dotados, menos cultos, menos preparados do que a Ana Cristina. A vida é tão cheia de curiosidades, sabe?, há gostos para tudo, nem sempre o que é óbvio para uns, o é para outros. Quem lhe garante que a sua análise dos seus autores dilectos é a mais adequada, quem lhe garante? Apenas uns quantos, Ana Cristina. E esses poucos não são quorum suficiente para lhe dar certezas tão absolutas.

E, olhe, não leve a mal isto que escrevi (como poderá ver no post abaixo, eu sou muito rural)

Tapetes ao sol e a minha figueira já com belos figos, mesmo bons


No post abaixo já desabafei do incómodo que me causa ver o Mangas a portar-se como uma menina, com a Teresa Morais a dar-lhe passagem, armada em cavalheiro.

Agora vou aliviar o espírito, falar de coisas de que gosto.

Aqui, ao heaven, está quase a chegar, para passar uma semana de férias, um bando de padecentes de alergias a pós e ácaros e, portanto, antes que desatem a espirrar e a assoar-se e a dizer que é por causa dos meus tapetes, foram estes todos sacudidos, ressacudidos e postos a a estagiar ao sol. Parece a venda de tapetes da feira dos ciganos.

Vai um tapete, freguês? Venha cá, freguesa, venha ver o avesso!
Quantos quer? Leve 5 e só pague 6!

E hoje tive uma alegria. Já há figos maduros! A maior parte ainda está verde mas já os há gordos, maduros, doces.

A figueira está enorme, carregada, pernadas vergadas até ao chão

Os figos são aos cachos, e alguns, meus amigos, já estão maduros, óptimos. Escusado será confessar que, mal dei por eles, comi logo uma boa meia dúzia.

... Mas o que eles engordam, senhores...! São super saudáveis, nutritivos, vitaminados, mas, bolas!, tão calóricos...!

Mas, sabem?, que se danem as calorias: eu adoro figos fresquinhos, apanhadinhos e direitinhos à boca, tão bons.

Olhem para eles, apetitosos, tão bons para gente gulosa como eu

Que pena que tenho que a tecnologia ainda não permita eu enviá-los aos meus queridos leitores. Vocês faziam download de uma forma especial e, dum cantinho do computador, começava a sair qualquer coisa que, a seguir, se materializava em figos e mais figos. Não era boa ideia?

É que tenho sempre tantos, dão para a família, amigos, para secar, e, ainda vos podia oferecer a cada um de vocês um belo cabazinho de figos, punha umas folhas por baixo, a forrar o cestinho, a fazer uma cama para eles não se amolgarem, e enchia-o de belos figos. Gostava mesmo de o poder fazer. Juntava um raminho de oregãos, um raminho de alecrim. Iam ver que gostavam.

Vítor Gaspar, o Mangas - o ministro cujas mãozinhas mal se vêem sob os imensos punhos das camisas

Tenho visto pouca televisão mas hoje voltei a ver o ministro Vítor Gaspar no Parlamento.

Não dá para acreditar.

À entrada e à saída do Parlamento, a Secretária de Estado não sei do quê, a ex-deputada Teresa Morais do PSD, aquela irritante criatura que gritava colérica e esganiçadamente num programa de televisão, dava passagem ao ministro, passando-lhe quase a mão por cima, não sei se para segurar a porta. Ela armada em homem e ele em menina. Só visto.

Teresa Morais, acho que depois do lifting
(porque antes parecia muiiiiito mais velha)

Depois, a coisinha triste que é aquele homem a falar. O senhor é o nosso ministro das Finanças, só anuncia desgraças mas, quando o vemos, o que é sai dali? Uma vózinha de coisinho, e, como se não bastasse, a falar devagariiiiiiiiiiiinho, uma vózinha de coisinho a falar devagariiiiiiiiinho, sílabazinha espaço silabazinha espaço silabazinha espaço (...).

Mas a tristeza não se fica por aqui. É que o coisinho levanta as mãos e, de um casaco maior que ele, saem umas mangas de camisa de um tamanho três vezes o dele e, na ponta, umas mãozinhas que mal se vêem.

Ou ele anda sempre com a mesma camisa ou, quando veio para ministro, disseram-lhe que tinha que usar camisas com botão de punho e, vai daí, foi à loja e comprou umas poucas, sem reparar que eram à medida de outro, de alguém que tenha braços compridos, não à medida dele, que é pequenino, com bracinho curto.

Ou então, é algo mais sofisticado: às tantas ainda é uma manobra de comunicação - para nos distrairem do conteúdo malvado do discurso, avançam com uma figurinha que tira qualquer um do sério.

Ministro Vitor Gaspar na AR
As Finanças entregues a um ministro que é só mangas
(O Imposto extraordinário já saíu de lá...
.... e que mais terá ele lá escondido?!)

sexta-feira, julho 22, 2011

Boas notícias da cimeira de Bruxelas - e eu a banhos (salvo-seja) no Atlântico



Parece que em Bruxelas, a fada madrinha Angela Merkel, o mago Sarkozy e mais uns quantos figurantes lá cozinharam uma poção ligeiramente mágica. Não sei se será suficientemente mágica para acalmar a bruxa má Moody's, a prima igualmente má Fitch e a outra, tão pérfida como as outras duas, Standard & Poors, que andam a rondar, de dente afiado, unhas afiladas, olho arregalado, a ameaçar decretar incumprimento (ah, os CDS's ali paradinhos à espera, à espera...).

Não sei se o que foi resolvido foi tão bom quanto deveria ser para afirmar a Europa como uma unidade económica e financeira sustentável mas, pelo menos, parece que deram um passo e isso não deve ser subestimado. A Itália estava a ser excessivamente atacada e, do lado de lá, os Estados Unidos já estavam demasiado enervados e fizeram questão de dar públicos sinais (nomeadamente através de Hillary Clinton) de que isto de a Europa se continuar a portar como a tia aristocrata que não sabe reagir perante a adversidade já estava a chatear.

Do que consegui perceber, desta cimeira saíu, de entre outras, a determinação de as taxas de juro baixarem para níveis mais suportáveis e a dilatação do prazo de amortização (esta determinação destinava-se em primeira instância à Grécia mas, aparentemente, foi estendida a Portugal e à Irlanda) e isso, sem dúvida, é um alívio para a nossa economia que se encontra exangue.

Li também que, finalmente, se começa a desenhar um plano de relançamento económico, relembrando o plano Marshall, e isso é um sinal de esperança. Não é só a Grécia, nem é só Portugal, que, na Europa, estão carentes de um sopro que oxigene a economia mas são, seguramente, dos que mais paralisados estão, devido às severas medidas que o plano de salvação impõe. Um país exaurido, com a economia paralisada, afogado em dívidas, precisa que lhe atirem uma bóia de salvação, precisa de um suplemento vitamínico e, pode ser que a realocação e antecipação de fundos, venha a trazer esse alento.

Por isso, apesar de estarmos ainda longe de uma acalmia e apesar de ainda não sabermos como se vão comportar os mercados, temos razão para encarar o futuro com um bocadinho mais de optimismo (mas, por enquanto, só um bocadinho, muito inho, muito inho).

Mas, à pala disso, eu, meus amigos, já estou a banhos.

Já vos contei, acho eu, que sou bicho do mato, não gosto de praias pejadas de gente. Odeio estar deitada na areia com desconhecidos deitados ao meu lado, a ouvir as conversas, pernas a passarem-me quase por cima da cabeça. Odeio estar na praia e dar de caras com colegas, com conhecidos. Odeio estar na praia e, em vez de cheiro a limos e algas e maresia, só me cheirar a protector solar. Por isso, no verão, fujo de tudo o que sejam praias in, fujo, nomeadamente, do Algarve. Lá mais para a frente iremos para as praias da zona de Sagres, sul da costa vicentina, por aí, mas, por enquanto, é Atlântico puro e duro, batido, rochoso, mais para contemplar (e, para os afoitos, para surf) do que para banhos.

Hoje de tarde, mar bem batido, uma maravilha

Quando o mar se retira, ficam uns mini-laguinhos nas rochas, cheios de limos

Apetece-me meter-me nesta água límpida mas a superfície é demasiado escorregadia e as ondas não dão tréguas. Impossível.

Mas há o cheiro a mar, a iodo, a limos, de que tanto gosto - aqui é a natureza ainda não domesticada, não sofisticada, não se ouvem mulheres de voz grossa e timbre de tia (Querida...! Está fantástica...!), as mulheres aqui não vêm para a praia com brincos, não estão tisnadas como frangos no churrasco, não usam cabelos com nuances, não são todas iguais umas às outras.

Mãe e filhos
Aqui as poucas mulheres que se vêem são quase todas gordas, vêm para a praia com chapéus de sol, com grandes sacos muito carregados, com brinquedos para as crianças, com para-ventos e cadeiras, e, na água, ainda se vêem miúdos de bóia, devem ter sete ou oito anos e andam de bóia, coisa que já não se vê nas praias populosas do sul, em que as crianças aprendem cedo a nadar.

Avós e neto - uma ternura. E parece que se recua no tempo, não acham?
(Aqui, num recanto, em que, entre rochas, se consegue entrar na água)

Tudo isto me maravilha. Enterneço-me, empolgo-me.

O nosso país, apesar de tão pequeno, consegue mostrar-nos tais contrastes...!

Eu, por mim, é nestes sítios assim, de uma beleza natural em bruto, longe de qualquer sinal de ostentação, que me sinto bem.


PS: Há pouco vi que tinha uma entrada no Um Jeito Manso através da seguinte pesquisa no Google: 'Ana Cristina Leonardo e Eduardo Pitta'. Nem de propósito. Ando desde ontem 'escrevo, não escrevo', sobre a tareia monumental que a Ana Cristina Leonardo tem vindo a dar ao Eduardo Pitta. Quando comecei a escrever este post estava na dúvida mas acabei de escrever sobre a cimeira e sobre a praia. E agora já é tarde demais (ou cedo, consoante a perspectiva) e já não vou fazê-lo. Mas talvez amanhã o faça.

quarta-feira, julho 20, 2011

O fantástico DSK e as mulheres (... o que Philip Roth dava para ter criado este personagem)

O que eu já me ri à conta das inacreditáveis proezas do DSK, advogado, economista, ex-chefe do FMI, ex-candidato (ou futuro candidato) à presidência de França.

DSK: um sedutor, um conquistador, isso sem dúvida

O tribunal ajuizará sobre o que se passou com a empregada de quarto do Sofitel, no célebre quarto 2806 no dia 14 de maio. Sobre isso, aguardemos pois.

Mas, entretanto, várias picantes peripécias vão sendo divulgadas pelos media.

Parece que Dominique Strauss-Kahn, 62 anos no activo, ter-se-á justificado perante a mulher, usando como alibi para não fazer sentido acusá-lo de sexo forçado naquela manhã de domingo, alegando que já estava sem pedalada dado que teria passado toda essa noite numa 'cena' ininterrupta com 3 (três!) mulheres. Verdadeiro wild sex, tripleX à francesa num cenário deluxe in NY, uma cowboyada das antigas.

Não se sabe como reagiu Anne, perante esta explicação. Provavelmente deu-lhe um estalo na cara como, na altura, fez Hillary Clinton, antes de desculpar o sem-vergonha do marido e de, publicamente, continuar a apoiá-lo.

Mas, como se isto já não fosse fantastique, eis que Anne Mansouret (a melhor amiga de uma das ex-mulheres de DSK), conselheira regional socialista, e mãe da jornalista francesa Tristane Banon que também o acusou de assédio (dizendo que, ao ir entrevistá-lo, DSK se tinha portado com ela 'como um macaco com cio'), vem agora dizer que elle-même, em 2000, ao ter reuniões no escritório de DSK, então ainda na OCDE, também aí fez sexo com ele. Extraordinaire.

Anne Mansouret
Pelos vistos, mãe e filha, despertaram o cio do terrível DSK

Diz ela que foi sexo consentido mas 'à bruta', que Dominique não é dado a miminhos, que se porta como um soldado, como um vilão. Wild guy.

Contudo,  Brigitte Guillemette, a referida ex de DSK diz que nada disso é verdade e que vai processar a ex-melhor amiga.

Que mais se seguirá? Nem Philip Roth, nem Nathan Zuckerman nos seus mais wildest dreams, poderiam elencar tamanhas proezas.

Dominique e Anne Sinclair, um casal com carradas de carisma

Anne Sinclair, bela, moderna e superior, (as far as we know) mantem-se firme e compreensiva ao lado do incorrigível garanhão. Os media mostram-nos amigos, sorridentes.

Ao que parece, antes de se terem casado, ele avisou-a desta sua característica, de incontinente sexual, ao que ela, confiante, terá respondido que isso seria uma causa que ela ia ganhar, curando-o da maleita. Parece que ainda não o conseguiu...

(Entretanto, a esta hora, imagino a disputa que por aí vai sobre os direitos da história. Mas negociar com o hábil e duro advogado e financeiro DSK não deve ser mole, não... Mas que isto ainda vai dar um rico filme, não tenhamos dúvidas)


[PS: O conselho do costume aos que se queixam que escrevo tanto que, chegam ao fim do 1º post e nem se lembram que pode haver mais. Sugiro, pois, agora que deslizem até abaixo, onde mostro algumas proezas chez-moi.]