sexta-feira, julho 22, 2011

Boas notícias da cimeira de Bruxelas - e eu a banhos (salvo-seja) no Atlântico



Parece que em Bruxelas, a fada madrinha Angela Merkel, o mago Sarkozy e mais uns quantos figurantes lá cozinharam uma poção ligeiramente mágica. Não sei se será suficientemente mágica para acalmar a bruxa má Moody's, a prima igualmente má Fitch e a outra, tão pérfida como as outras duas, Standard & Poors, que andam a rondar, de dente afiado, unhas afiladas, olho arregalado, a ameaçar decretar incumprimento (ah, os CDS's ali paradinhos à espera, à espera...).

Não sei se o que foi resolvido foi tão bom quanto deveria ser para afirmar a Europa como uma unidade económica e financeira sustentável mas, pelo menos, parece que deram um passo e isso não deve ser subestimado. A Itália estava a ser excessivamente atacada e, do lado de lá, os Estados Unidos já estavam demasiado enervados e fizeram questão de dar públicos sinais (nomeadamente através de Hillary Clinton) de que isto de a Europa se continuar a portar como a tia aristocrata que não sabe reagir perante a adversidade já estava a chatear.

Do que consegui perceber, desta cimeira saíu, de entre outras, a determinação de as taxas de juro baixarem para níveis mais suportáveis e a dilatação do prazo de amortização (esta determinação destinava-se em primeira instância à Grécia mas, aparentemente, foi estendida a Portugal e à Irlanda) e isso, sem dúvida, é um alívio para a nossa economia que se encontra exangue.

Li também que, finalmente, se começa a desenhar um plano de relançamento económico, relembrando o plano Marshall, e isso é um sinal de esperança. Não é só a Grécia, nem é só Portugal, que, na Europa, estão carentes de um sopro que oxigene a economia mas são, seguramente, dos que mais paralisados estão, devido às severas medidas que o plano de salvação impõe. Um país exaurido, com a economia paralisada, afogado em dívidas, precisa que lhe atirem uma bóia de salvação, precisa de um suplemento vitamínico e, pode ser que a realocação e antecipação de fundos, venha a trazer esse alento.

Por isso, apesar de estarmos ainda longe de uma acalmia e apesar de ainda não sabermos como se vão comportar os mercados, temos razão para encarar o futuro com um bocadinho mais de optimismo (mas, por enquanto, só um bocadinho, muito inho, muito inho).

Mas, à pala disso, eu, meus amigos, já estou a banhos.

Já vos contei, acho eu, que sou bicho do mato, não gosto de praias pejadas de gente. Odeio estar deitada na areia com desconhecidos deitados ao meu lado, a ouvir as conversas, pernas a passarem-me quase por cima da cabeça. Odeio estar na praia e dar de caras com colegas, com conhecidos. Odeio estar na praia e, em vez de cheiro a limos e algas e maresia, só me cheirar a protector solar. Por isso, no verão, fujo de tudo o que sejam praias in, fujo, nomeadamente, do Algarve. Lá mais para a frente iremos para as praias da zona de Sagres, sul da costa vicentina, por aí, mas, por enquanto, é Atlântico puro e duro, batido, rochoso, mais para contemplar (e, para os afoitos, para surf) do que para banhos.

Hoje de tarde, mar bem batido, uma maravilha

Quando o mar se retira, ficam uns mini-laguinhos nas rochas, cheios de limos

Apetece-me meter-me nesta água límpida mas a superfície é demasiado escorregadia e as ondas não dão tréguas. Impossível.

Mas há o cheiro a mar, a iodo, a limos, de que tanto gosto - aqui é a natureza ainda não domesticada, não sofisticada, não se ouvem mulheres de voz grossa e timbre de tia (Querida...! Está fantástica...!), as mulheres aqui não vêm para a praia com brincos, não estão tisnadas como frangos no churrasco, não usam cabelos com nuances, não são todas iguais umas às outras.

Mãe e filhos
Aqui as poucas mulheres que se vêem são quase todas gordas, vêm para a praia com chapéus de sol, com grandes sacos muito carregados, com brinquedos para as crianças, com para-ventos e cadeiras, e, na água, ainda se vêem miúdos de bóia, devem ter sete ou oito anos e andam de bóia, coisa que já não se vê nas praias populosas do sul, em que as crianças aprendem cedo a nadar.

Avós e neto - uma ternura. E parece que se recua no tempo, não acham?
(Aqui, num recanto, em que, entre rochas, se consegue entrar na água)

Tudo isto me maravilha. Enterneço-me, empolgo-me.

O nosso país, apesar de tão pequeno, consegue mostrar-nos tais contrastes...!

Eu, por mim, é nestes sítios assim, de uma beleza natural em bruto, longe de qualquer sinal de ostentação, que me sinto bem.


PS: Há pouco vi que tinha uma entrada no Um Jeito Manso através da seguinte pesquisa no Google: 'Ana Cristina Leonardo e Eduardo Pitta'. Nem de propósito. Ando desde ontem 'escrevo, não escrevo', sobre a tareia monumental que a Ana Cristina Leonardo tem vindo a dar ao Eduardo Pitta. Quando comecei a escrever este post estava na dúvida mas acabei de escrever sobre a cimeira e sobre a praia. E agora já é tarde demais (ou cedo, consoante a perspectiva) e já não vou fazê-lo. Mas talvez amanhã o faça.

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