segunda-feira, julho 25, 2011

Anders Behring Breivik ou quando a demência é perigosa e assustadoramente invisível

Uns parágrafos para manifestar o incómodo profundo, o medo, a angústia que tomam conta de mim quando penso na desgraça que aconteceu em Oslo.


Anders Behring Breivik, o fundamentalista cristão de 32 anos, é, segundo os vizinhos, um rapaz calmo, sorridente, bem educado, talvez apenas 'excessivamente' bem educado. Os ex-colegas descrevem-no como um jovem inteligente, simpático e preocupado com quem precisava de ajuda.

Como geralmente acontece com os mais perigosos psicopatas, a sua inquietante inteligência permite-lhes preparar todos os crimes sem que qualquer pessoa o pressinta. Nem amigos, nem familiares, nem vizinhos.

O que ele fez foi tão assustadoramente simples que um frio me percorre. Formou uma empresa agícola e comprou uma quintarola no campo - nada de especial. Comprou adubo - e 6 toneladas de adubo não é nada (uma camioneta de adubo leva cerca de 20 e tal toneladas e uma camioneta de adubo não é nada).

A partir do adubo, no recato da sua quinta, fez uma bomba (na internet encontram-se explicações de como é que isso se faz). Depois colocou a bomba num carro e deixou o carro na praça junto aos edifícios governamentais - nada de especial.

(Quando digo que não é nada de especial é porque é uma coisa que se faz sem dificuldade, sem ser necessário ajuda e sem levantar suspeitas)

A seguir, depois da explosão, segue de carro para o acampamento e, disfarçado de polícia, chama os jovens para os elucidar sobre o que se tinha passado e, uma vez rodeado de jovens, desatou a disparar.

Sózinho, sem grandes complicações técnicas ou logísticas, provocou destruição em grande escala, mortes repetidas - sem se comover, sem se deter.

É medonho, isto.

No entanto, um ponto deveria merecer a reflexão de todos os serviços secretos de todos os países: a arma. Ele estava armado e bem armado.

Agora parece que meio mundo tem armas e meio mundo tem dinheiro suficiente para as adquirir. Ora, uma arma é um crime em potência. Desde os pequenos gangs até aos movimentos extremistas, deveria haver uma atenta vigilância sobre a movimentação de armamento de qualquer tipo.

A vulnerabilidade de tudo, de nós todos, em todos os países, é total. Qualquer maluco, sem grande esforço e sem que ninguém desconfie de nada, pode arrasar edifícios, dezenas de pessoas, a tranquilidade e a confiança de todo um país.

Poderemos perguntar-nos como é possível que uma sociedade normal, feliz, abastada, tranquila, como a norueguesa tenha gerado um psicopata perigoso, um sujeito raivoso, um doido varrido, mas eu acho que um caso como estes nem tem a ver com a sociedade em geral. Acho que só pode ser um doente, um perigoso doente. Não é um possível que um ser humano saudável - por muito alucinado, revoltado, tresmalhado, fundamentalista, que possa ser - cometa um acto brutal como este. Não é possível.

Mas o que um doido deste calibre pode fazer é muito assustador.

3 comentários:

  1. Nas sociedades perfeitas também surgem imperfeições, e das grossas. A mim não me surpreendeu nada. Ai a Noruega achava que só aos "pobres" é que acontecem desgraças? Esta gente que tem tudo, sabe tudo e controla tudo não vê que o perigo não está fora, mas dentro, bem aos olhos de todos.

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  2. Enganas-te no sentido que como uma sociedade tão exemplar como é a Norueguesa, conseguir criar monstros assim.
    É um país que ninguém quase sabe as mentes psicopatas que lá existem.

    Quem já ouviu falar nas mortes de MayheM.. sabe bem as demências que são lá criadas..

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  3. Mad_horse,

    Mas acha que casos destes resultam de alguma desconformidade da sociedade norueguesa? O facto de ser tudo tão perfeito, leva a que quase seja 'necessário' introduzir uma vertente de imperfeição?

    Será?

    Não será que é simplesmente uma pessoa que precisa de tratamento?

    Estas coisas assustam. Não consigo perceber - mas isso deve ser porque não é fácil perceber a mente humana.

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