Uns parágrafos para manifestar o incómodo profundo, o medo, a angústia que tomam conta de mim quando penso na desgraça que aconteceu em Oslo.
Anders Behring Breivik, o fundamentalista cristão de 32 anos, é, segundo os vizinhos, um rapaz calmo, sorridente, bem educado, talvez apenas 'excessivamente' bem educado. Os ex-colegas descrevem-no como um jovem inteligente, simpático e preocupado com quem precisava de ajuda.
Como geralmente acontece com os mais perigosos psicopatas, a sua inquietante inteligência permite-lhes preparar todos os crimes sem que qualquer pessoa o pressinta. Nem amigos, nem familiares, nem vizinhos.
O que ele fez foi tão assustadoramente simples que um frio me percorre. Formou uma empresa agícola e comprou uma quintarola no campo - nada de especial. Comprou adubo - e 6 toneladas de adubo não é nada (uma camioneta de adubo leva cerca de 20 e tal toneladas e uma camioneta de adubo não é nada).
A partir do adubo, no recato da sua quinta, fez uma bomba (na internet encontram-se explicações de como é que isso se faz). Depois colocou a bomba num carro e deixou o carro na praça junto aos edifícios governamentais - nada de especial.
(Quando digo que não é nada de especial é porque é uma coisa que se faz sem dificuldade, sem ser necessário ajuda e sem levantar suspeitas)
A seguir, depois da explosão, segue de carro para o acampamento e, disfarçado de polícia, chama os jovens para os elucidar sobre o que se tinha passado e, uma vez rodeado de jovens, desatou a disparar.
Sózinho, sem grandes complicações técnicas ou logísticas, provocou destruição em grande escala, mortes repetidas - sem se comover, sem se deter.
É medonho, isto.
No entanto, um ponto deveria merecer a reflexão de todos os serviços secretos de todos os países: a arma. Ele estava armado e bem armado.
Agora parece que meio mundo tem armas e meio mundo tem dinheiro suficiente para as adquirir. Ora, uma arma é um crime em potência. Desde os pequenos gangs até aos movimentos extremistas, deveria haver uma atenta vigilância sobre a movimentação de armamento de qualquer tipo.
A vulnerabilidade de tudo, de nós todos, em todos os países, é total. Qualquer maluco, sem grande esforço e sem que ninguém desconfie de nada, pode arrasar edifícios, dezenas de pessoas, a tranquilidade e a confiança de todo um país.
Poderemos perguntar-nos como é possível que uma sociedade normal, feliz, abastada, tranquila, como a norueguesa tenha gerado um psicopata perigoso, um sujeito raivoso, um doido varrido, mas eu acho que um caso como estes nem tem a ver com a sociedade em geral. Acho que só pode ser um doente, um perigoso doente. Não é um possível que um ser humano saudável - por muito alucinado, revoltado, tresmalhado, fundamentalista, que possa ser - cometa um acto brutal como este. Não é possível.
Mas o que um doido deste calibre pode fazer é muito assustador.
Nas sociedades perfeitas também surgem imperfeições, e das grossas. A mim não me surpreendeu nada. Ai a Noruega achava que só aos "pobres" é que acontecem desgraças? Esta gente que tem tudo, sabe tudo e controla tudo não vê que o perigo não está fora, mas dentro, bem aos olhos de todos.
ResponderEliminarEnganas-te no sentido que como uma sociedade tão exemplar como é a Norueguesa, conseguir criar monstros assim.
ResponderEliminarÉ um país que ninguém quase sabe as mentes psicopatas que lá existem.
Quem já ouviu falar nas mortes de MayheM.. sabe bem as demências que são lá criadas..
Mad_horse,
ResponderEliminarMas acha que casos destes resultam de alguma desconformidade da sociedade norueguesa? O facto de ser tudo tão perfeito, leva a que quase seja 'necessário' introduzir uma vertente de imperfeição?
Será?
Não será que é simplesmente uma pessoa que precisa de tratamento?
Estas coisas assustam. Não consigo perceber - mas isso deve ser porque não é fácil perceber a mente humana.