sexta-feira, maio 31, 2024

Gostava de ser amiga dele. Gosto de pessoas assim.

 

Já esteve aqui algumas vezes pois tudo nele me agrada: é animado, é divertido, tem uma graça natural, é irreverente, mostra ser inteligente e informado. O seu jeito excessivo só o torna ainda mais engraçado. Parece ser daquelas pessoas espontâneas e genuínas que não deixa ninguém indiferente. 

Mas podia ser só excêntrico e, sob a capa da cor, do brilho e do glamour, não haver nada. Mas há. 

A sua infância e adolescência, como seria de prever, não foram fáceis e obrigaram-na a escolhas difíceis. Mas, pelo que se constata, a sua natureza é guerreira. Não se deixou vencer nem se tornou amargurado. 

Sendo como é, para além de ser, certamente, uma boa companhia, deve ser alguém com quem se aprende ou que nos deixa a pensar.

Sei bem que ao escrever isto haverá quem me ache fútil ou burra. Mas quem diz é quem é.

Milton Cunha relembra infância SEM ACEITAÇÃO por ser uma criança gay 

| Conversa com Bial | GNT

Milton Cunha foi o convidado do Conversa com Bial e relembrou sua infância em Belém e como seus pais não o compreendiam por ser uma criança gay. Ele também fala sobre a mudança para o Rio de Janeiro e como se encontrou no Carnaval.

quinta-feira, maio 30, 2024

Oferecem o que os outros já deram, vendem banha-da-cobra, apregoam jogo branco --
é a este Governo que o Dissolvente quer que a Oposição passe um cheque em branco

 

Prometeu um alívio fiscal de 1.500 milhões de euros e, quando concretizou, percebeu-se que, afinal, 1.200 e tal já tinham sido aliviados pelo Governo anterior.

Agora deu à Ucrânia 126 milhões de euros mas, vai-se a ver, e 100 já tinham sido dados pelo Costa.

Agora saiu-se à cena com um pacote de Saúde em que em parte já estava em curso, a outra parte é inexequível (porque não há médicos e enfermeiros no desemprego que eles possam ir contratar), outra é vaga e não se percebe como se concretiza e outra parece experimentalismo engendrado por amadores (por exemplo, a Linha da Grávida parece que é coisa que não existe em mais lado nenhum e que, pelos vistos, foi inventada sem a participação de ginecologistas ou obstretas). E a outra parte passa por passar o serviço para privados só que estão a esquecer-se que os privados também estão pelas costuras (pela mesmíssima razão de que não há médicos ou enfermeiros disponíveis).

E parece que nas bolas a sair do saco se inclui o recursos a médicos reformados. Está bem, está... Como aqui tenho dito, e conheço muitos, estão-se nas tintas para se maçar para o dinheiro que ganham ir todos para impostos. 

Só se a seguir se saírem à cena com mais um pacote fiscal para caçar médicos.

Cambada de amadores e embusteiros. Este Governo não presta mesmo. E quer o Marcelo que a oposição lhe passe já um cheque em branco... 

Por acaso era uma boa se a malta fosse votar em força nas europeias e desse um valente chega para lá neste embrulho que dá pelo nome de AD, neste chico-esperto do Montenegro, neste puto atoleimado e pesporrente que dá pelo nome de Bugalho e mostrasse ao Dissolvente que tem andado a brincar com o fogo pelo que, muito provavelmente, vai sair queimado.

O Dissolvente já aí anda outra vez a lançar a confusão...
Se queria tanto ter a prévia certeza da aprovação dos Orçamentos de Estado, porque é que dissolveu a Assembleia da República em que havia uma maioria absoluta?

 

Depois de meses a criar instabilidade política não falando noutra coisa senão na possibilidade de dissolver a AR, eis que o Dissolvente-Mor arranjou outro pretexto para começar a minar a opinião pública. Como sempre, tem como alvo preferencial o PS. Agora não se cala com a necessidade de se aprovar o próximo OE. Estamos em Maio, o OE deve ir a votação em Outubro e, com quase meio ano de antecedência, ele já não se cala.

Ainda o OE não está feito e já ele quer à viva força que os partidos (leia-se: o PS) o aprovem.

Alguém acha isto normal?

Eu não acho.

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Bem esteve André Ventura ao dizer que Marcelo andava com este Governo ao colo pois é um Governo, na prática, lá posto por ele.

quarta-feira, maio 29, 2024

Como se consegue a biodiversidade em harmonia e em pequena escala?

 

Ando cheia de pensamentos a propósito do meu jardim. É todo lindo, e lindo de uma maneira que nunca teria sido a minha. É como em tudo. Gosto de pinturas claras, quase transparentes, silenciosas, abstractas para além da conta. Mas, se ponho a pintar, parece que toda a (muita) cor que tenho dentro de mim, todo o (muito) movimento que tenho dentro de mim saem como numa enxurrada. Fica um tal excesso que em nada tem a ver com o que gosto de ter nas paredes. Nos jardins, olho para o meu, quase minimalista e adoro. Mas sei, sei bem, que, se tivesse sido eu a concebê-lo, teria plantado tudo em maior quantidade variedade, mais flores, maior exuberância.

Mas aquilo que eu teria feito seria mais fácil de manter pois gosto da rebeldia inerente à natureza, gosto que as coisas cresçam, se misturem. Em contrapartida, um relvado tem que ser muito regado, muito aparado. Uma trabalheira.

Já deixei crescer a sebe que bordeja o muro, e ela cresce e floresce que é um gosto. A antiga proprietária, ao vê-la, abre a boca de espanto. Durante vinte anos nunca conseguiu que ela crescesse. Agora não para de crescer. Penso que percebe que está à solta, em liberdade. O jardim está perfumado que dá gosto. E há passarinhos por todo o lado. As buganvílias também transbordam de flores que atraem abelhas, borboletas, pássaros. Os jasmins não conseguem conter-se. Crescem e deitam hastes floridas por todo o lado. As roseiras sobre os portões estão exuberantes, quase excessivas de tão carregadas que estão de mil rosinhas, lindas, lindas. 

O meu marido olha e acha que deve ser tudo aparado, cortado, contido. Diz que qualquer dia não vamos dar conta. Eu acho que cortar nem pensar. Logo agora que está um jardim mais lindo que eu nem consigo deixar de olhar.

O pior é mesmo a relva. Tenho vontade de deixar de aparar. Em parte já há ervinhas, florzinhas. O meu marido acha que não pode ser. E eu penso que tem que ser. Mas compreendo que, se calhar, tem que haver um meio termo. Não posso ter uma seara em vez de um relvado. Talvez possa haver musgo, trevinho, florzinhas, verdurinha miúda que se possa pisar e onde nos possamos deitar em cima como nos deitamos na relva. Mas ainda não percebi qual o ponto de equilíbrio e como é que lá se chega.

O meu filho no outro dia também me falou em ter um jardim sustentável. Não sei se foi essa a palavra que usou mas acho que foi essa a ideia. Também me falou em horta mas para isso não temos paciência. Não somos muito de andar a cavar e a arrancar ervinhas à volta, a afastar lagartas e caracóis. Acho eu. Pelo menos ainda não estou nessa fase (e o meu marido ainda menos).

Mas, portanto, por isto e por aquilo, tenho andado a ver uns vídeos. Este é apenas um deles.

Building Biodiversity in Central Park with Lisa


terça-feira, maio 28, 2024

Sem palavras
Ao cuidado do João Oliveira e de todos quantos, como ele, ainda não perceberem quem é que está a fazer a guerra

 

10-year-old boy describes missile attack that killed his parents


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Sim, eu sei, Israel está a portar-se também de forma criminosa, e escrevo criminosa com todas as letras, sim, eu sei, o que Israel está a fazer não se faz. 

Mas uma coisa não desculpa outra. A Rússia, apenas pela psicopatia de um imperialista narcisista, invadiu a Ucrânia para a anexar com a ideia megalómana de reconstituir, aos poucos, a antiga URSS ou, pelo menos, as partes que dela lhe interessam.

Israel não se tem portado bem, é certo, aliás, nada, nada bem, ninguém o contesta pois crimes de guerra são crimes de guerra e a dimensão do que está em curso ainda mais o empola, mas, não o esqueçamos, neste caso está a reagir a um bárbaro atentado levado a cabo por terroristas fanáticos que ainda mantêm um conjunto de reféns civis, inocentes. A reacção é bárbara, desproporcionada, indesculpável -- é um facto. 

Mas ao passo que a Ucrânia é um Estado de direito e a Rússia não teve qualquer pretexto para fazer o que continua a fazer, no caso da Palestina e de Israel não apenas o Hamas deu a Israel um pretexto como há uma situação histórica, religiosa, civilizacional que está longe de estar assimilada. Basear a constituição de países, de Estados de direito, em religiões não sei se será uma solução inteligente. Pelo menos, até ver, ainda não se conseguiu que resultasse. 

Claro que poderá sempre invocar-se que, por detrás do que se vê, há sempre equilíbrios geo-estratégicos, desequilíbrios e tentativas de reequilíbrios políticos, tudo isso. Mas só facínoras obtusos podem levar adiante crimes hediondos em que se violam leis internacionais e se mata indiscriminadamente em nome de estratégias fantasmagóricas. 

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Sobre a putativa borla fiscal que os cromos das Finanças da AD (com o Montenegro pela trela) querem dar a quem tem menos que 35 anos, aqui estão mais umas singelas observações

 

Para não sei quantos milhões de contribuintes (sejam eles trabalhadores no activo ou pensionistas) os 'artistas' da AD, afinal, têm apenas trezentos mil euros de alívio fiscal para oferecer.

Contudo, ficámos a semana passada a saber, para um pequeno grupo, os cerca de quatrocentos mil que têm até 35 anos, os totós das Finanças da AD têm, imagine-se!, mil milhões de euros de alívio fiscal.

Coisa mais iníqua e estúpida não pode haver.

Supostamente é para atrair e reter jovens até aos 35 anos. 

Mas, pergunto eu, passa pela cabeça de alguém que uma pessoa com trinta e tal anos e a ganhar bem no estrangeiro, muda a sua vida para Portugal, com o transtorno que isso provoca, para, passado um ou dois anos (quando fizer 36 anos), sofrer um agravamento fiscal de 30%? Os totós das Finanças não percebem que os ordenados em Portugal são, em média, mais baixos do que em vários outros países? Portanto, os jovens, segundo os totós das Finanças da AD, vêm para Portugal ganhar menos porque vão ter uma borla fiscal... E quando fizerem 36 anos? É que a borla fiscal nos ordenados da ordem dos 5.000€ (valor que, em certos países da Europa não são nada por aí além), só em IRS, é da ordem dos 30%. Portanto, quando fizerem 36 anos, azarinho, vão ser alvo do mesmo esbulho fiscal que os que têm mais que 36.

É que a medida e toda estúpida, toda. De uma ponta a outra. Os totós das Finanças da AD não percebem que o devem fazer é baixar globalmente todos os impostos? 

No Expresso, cingem-se ao absurdo de que a borla, só em IRS (ou seja, não contando com a borla, que também terão, em IMT e Imposto de Selo quando comprarem casa), pode chegar aos 19.000 €/ano (Jovens mais “ricos” podem poupar até 19 mil euros por ano no IRS).

Descontos no IRS não discriminam: salário milionário ou baixo, todos os jovens beneficiam. Quem está no último escalão de IRS enfrenta a taxa marginal máxima de 48% mas beneficia dos descontos nos escalões inferiores. Desportistas, ‘influencers’, consultores fiscais, advogados, engenheiros, jornalistas, pilotos, todos estão são abrangidos pelo alívio proposto pelo Governo aos jovens (...)

É chocante, não é? Já o tinha abordado aqui e aqui  (post escritos na sequência deste outro).

Claro que é chocante. Mas é estúpida por mais razões do que apenas essa. É estúpida e iníqua até porque a política fiscal não deve desonerar uns por sobrecarga de outros. Quando há cidadãos a pagar acima de 40% de IRS (podendo chegar aos 48%) e não há 'folga orçamental' para descer para uma percentagem menos onerosa mas há para descer para outros, é porque os primeiros estão a financiar os segundos.

E é estúpida porque não vai resolver o problema do País. Não vai resolver um único problema do País. Para reter jovens ou para atrair jovens qualificados é preciso que os salários subam, é preciso que (todos) os impostos baixem, é preciso que haja mais creches gratuitas ou a baixo custo, é preciso que haja mais médicos de família, é preciso que haja horários mais flexíveis para quem tem filhos pequenos.

Além disso, segundo fiquei hoje a saber o Governo PS já tinha medidas para fixar jovens, uma das quais bastante inteligente.

Mais de 158 mil jovens recém-formados já se candidataram ao prémio salarial de valorização das qualificações, que se traduz no pagamento de um apoio entre os 697 e os 1500 euros anuais a quem fica a trabalhar em Portugal.

Será que os totós da AD sabem desta medida? Se calhar não.

Só espero, e espero mesmo veementemente, que a oposição decente se una e em peso não deixe passar esta barracada da borla fiscal.

Enfim, uma desgraça. Depois do totó-mor andar a clamar contra as contas que encontrou, a falar em caos e colapso (mostrando que, das duas uma, ou não percebe nada da área que tutela ou não tem vergonha na cara e mente com quantos dentes tem), agora esqueceu-se disso e adoptou a política da perna-aberta. Quem quiser alguma coisinha, tem dele tudo o que quiser. Ele dá até mais do que pedem. Dá sem fazer contas. Agora parece estar numa de 'quem vier atrás que feche a porta'.

Claro que grande parte da comunicação social e das comentadeiras de serviço (de todos os sexos) ou não tem capacidade para perceber as coisas ou está ali para fazer o frete e não denuncia isto com todas as letras. Portanto, contra toda a racionalidade e lógica, continuo a ouvir elogiar o lindo serviço que este governo tem andado a fazer. Isto quando na prática pouco tem feito e o que tem tentado fazer é mais m... do que outra coisa. 

Pardon my french.

segunda-feira, maio 27, 2024

O Bugalho não tem sentido de humor nem tem ponta de graça.
Nhhheeecc....

 

Criaturinha desagradável. Faz uns esgares que incomodam. E tem um hábito que me parece do pior que há: está sempre a esticar o braço para ver se agarra ou se toca no outro. Detesto pessoas que têm esse hábito. Pessoas assim são peganhentas.

Vi-o no 'Isto é gozar com quem trabalha' e foi a única coisa que retive.

E ou muito me engano ou não há mulher que vá votar nele.

domingo, maio 26, 2024

E os jogadores de futebol do Sporting, do Benfica, do Porto e etc. e os treinadores que tenham menos que 35 anos também são abrangidos pela borla fiscal que a AD quer dar, certo...?

 

Gostava de ter resposta. Só para saber. 

E, volto a dizer, como eu, o meu marido e os meus filhos temos mais do que 35 anos, seremos nós a financiar a borla fiscal em IRS, IMT e Imposto de Selo (e sabe-se lá o que por aí virá mais...) que este desGoverno destrambelhado quer dar a quem tem menos de 35 anos. 

É que podia ser anedota mas já se percebeu que o Joaquim, o Luís, o Hugo e outros ADs que por aí andam não devem muito à inteligência. Por isso, são bem capazes de estar a pensar fazer a gracinha de que um jogador que ganhe uns 100.000€/mês só vá pagar 15% de IRS enquanto uma qualquer outra pessoa que ganhe 5.800€ mas tenha 36 anos vá pagar 48%...

Ou um treinador a ganhar 200.000€/mês, mas que tenha até 35 anos, não apenas só vai pagar 15% de IRS como só pagará IMT sobre o valor de uma casita de 2 milhões, subtraída de 650.000€... 

Faz sentido, não faz?

E, respondendo a um Leitor que, pelos vistos tem algumas dificuldades de compreensão, explico. Sobre os impostos, eu acho duas coisas:

-> quem os paga, paga demais

-> há muita gente que não paga impostos e devia pagar, e há muita gente que paga apenas sobre uma parte e escamoteia a outra parte e, logicamente, devia pagar sobre a totalidade

-> ou seja, se todos pagassem o que deviam, quem os paga pagaria muito menos

Por exemplo:

  • Vou a muitas lojas, nomeadamente restaurantes, que só passam factura se lhes pedirmos. 
  • Há várias actividades (liberais, por exemplo)  em que os profissionais só passam recibo se lhes for pedido
  • Há vários profissionais que, para fugirem aos impostos, criam empresas onde caem todos os custos (combustível da viatura, portagens, estacionamentos, restaurantes, estadias em hotéis, o custo de aquisição da própria viatura, electricidade, telemóvel, etc) e que lhes suportam ordenados baixos sobre os quais quase não pagam impostos
  • Por exemplo, que eu saiba há muitos, muitos mesmo, professores que dão explicações. Quantos pagam impostos sobre essa actividade? Talvez seja melhor refrasear: há alguns explicadores que paguem impostos sobre a verba que levam nas explicações? 
  • Há trabalhadores que querem receber dinheiro por fora para não pagarem impostos sobre ele, recebendo-o como subsídio de deslocação, kms em viatura própria, etc. Ou seja, pagam impostos apenas sobre uma parte do seu rendimento

Ou seja, há mil subterfúgios que permitem a meio mundo fugir ao fisco. A Autoridade Tributária não sabe disto? O Governo não sabe disto?

Segundo a AT, há uma percentagem mínima de pessoas que tem um valor anual de rendimentos superior a 80.000€. São os tansos. Os totós. Os que pagam impostos sobre tudo o que recebem. 

Contudo há milhares de casas que custam para cima de várias centenas de milhares de euros, já para não dizer mesmo 1 milhão de euros ou mais, há milhares de pessoas que têm brutos carrões. A Autoridade Tributária não estranha isso? De onde vem todo esse dinheiro?

Portanto, o que é que eu acho?

1 - A Autoridade Tributária deve montar processos de pesquisa eficazes para detectar fuga ao fisco e montar mecanismos para a impedir 

2 - Simultaneamente deve baixar o IRS a toda a gente, em todos os escalões *

3 - o Governo não deve dar borlas fiscais em função da idade. Este 1 milhão que este governo de totós diz que tem para dar a quem tem menos de 35 anos deve ser 'dado' a toda a gente e não apenas a quem tem menos que 35 anos

* Quando acho que se tem que baixar os impostos a toda a gente, incluindo a quem hoje paga 48%, é porque impostos desta ordem são esbulho, roubo, e, claro, incentivam a fuga ao fisco. 

E volto a dar um exemplo de um outro efeito de impostos abusivamente altos: tenho vários amigos médicos que poderiam continuar a trabalhar (e gostariam de fazê-lo) mas ou deixaram completamente de fazê-lo ou trabalham apenas uns 2 dias por semana pois dizem que os impostos levam-lhes o dinheiro todo e não lhes compensa o esforço. Ora com a falta de médicos, isto não é um absurdo? E quem diz os médicos diz outras profissões em que poderiam continuar a descontar para a Segurança Social mas, logicamente, não estão para isso. 

Portanto: 

  • não à fuga ao fisco, 
  • não às borlas fiscais, 
  • não aos descontos para meninos ou para classes profissionais específicas... 
  • ... e não ao esbulho fiscal.
Só espero é que haja quem consiga travar a estupidez, a iniquidade, a aberração que é esta ideia da borla fiscal para quem tem menos de 35 anos. 

Já agora, alguém me sabe dizer: esta área das Finanças da AD é um coito de gente sem noção ou quê...?

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NB: Este post vem na sequência e em complemento deste (escrito pelo meu marido) e deste outro

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Vivam os "pobrezinhos" com menos de 35 anos que ganham 5.800 € por mês
(5.800 que, comparativamente com os que têm mais que 35, são quase líquidos!)

-- A palavra ao meu marido -

 

Está história do IRS Jovem é de loucos. 

O Luís e o Sarmento ou não percebem as consequências das opções que tomam ou são loucos. 

Como é possível que pretendam promulgar uma lei em que um "menino" (menino ou menina, naturalmente, e menin@ porque tem menos que 35 anos) que ganha 5.000€ por mês não apenas tenha uma borla de cerca de 30% como passe a pagar mensalmente muito, muito, menos que um que tem 36 anos (e quem diz 36, diz daí para cima)...?

É o que podemos apelidar de verdadeira "justiça" fiscal... E ponham muitas aspas nisso.

Como é possível que, se  o "menino" que ganha 5.000€ e já teve trinta por cento de desconto no IRS comprar uma casa de 615.000€, (eventualmente, um monte para "primeira" habitação perto do Alqueva ou uma casa também para "primeira" habitação situada à beira mar a 250 km do local de trabalho) uma parte substancial do IMI seja suportada pelos meus impostos e pelos impostos do pessoal que tem mais de 35 anos e ainda por cima que o "menino" usufrua  de uma garantia pública para a compra do imóvel...?

Será que o Luís ainda vai propor uma nova lei em que, se @ "menin@" pretender comprar uma Harley-Davidson ou um Tesla novinho em folha, o governo lhe faz um desconto adicional no IRS para @ "menin@" não ter que se "chatear" com as prestações mensais?

O que ouvi sobre a ideia do IRS Jovem e dos novos benefícios para aquisição de habitação é iníquo e absurdo. E revoltante.

Não vejo nenhuma razão, mas mesmo nenhuma, para beneficiar desta maneira pessoas que têm rendimento, várias vezes superior ao rendimento médio mensal, apenas porque têm menos que 35 anos. 

As pessoas podem e devem ser beneficiadas quando têm rendimentos insuficientes para terem uma vida decente. A idade não é o critério. O critério é outro, chama-se justiça social. 

É óbvio que o Luís e seus apaniguados nunca ouviram falar desta "coisa" como se percebe bem pelas propostas que têm feito para o IRS, para o IRS Jovem e para a habitação e, claro, para o que têm dito sobre o IRC. 

A ideia muito em voga em certos setores de que a malta jovem deve ter privilégios que os agora mais velhos não tiveram, não encaixa. 

Por exemplo, 

  • Os estudantes terem que se levantar cedo para irem para a Faculdade não é um drama. Ouço falar em toda a espécie de apoios porque alojamento nas imediações das Faculdades, em especial em Lisboa, são caras. E daí? Sempre foram. Mas porque é que alguém há-de ter que ser subsidiado para se poder dar a esse luxo? Milhares e milhares de trabalhadores fazem isso todos os dias. 
  • Com certeza que não é porque se tem 35 anos que se deve viver no centro das cidades e que alguém com 38 anos e três filhos pode viver na periferia longe do local de trabalho. 

Não encontro nenhuma razão para eu, que sempre paguei os meus impostos, geralmente vivi longe do local de trabalho e o que consegui resultou do meu próprio esforço, ter que suportar através dos meus impostos benefícios indevidos, tenha que idade tiver. 

O IRS Jovem vai custar 1.000 milhões de Euros. É o que vamos ter que suportar todos, mesmo os que auferem os salários mais baixos, para garantir enormes descontos no IRS de quem ganha mais e tem menos de 35 anos. 

Espero bem que todos os que têm mais que 35 anos e pensam pela própria cabeça façam ouvir a sua voz e protestem, alto e bom som, contra a iniquidade desta e doutras propostas da AD. 

É cada cavadela sua minhoca. 

sexta-feira, maio 24, 2024

Longos anos vão desde que o meu avô se entretinha a fazer empreita até ao apoio que a Hermès dá à arte do vime

 

Quando eu era pequena via muitas vezes o meu avô a escolher folhas ripadas, a estendê-las, a prepará-las para o trabalho. Creio que com canas fazia os moldes e depois ia entrançando em volta.

Leio que:

A empreita de palma consiste no entrançar de “tiras ripadas” da folha da palmeira-anã, em longas “fitas”, e é um dos elementos mais enraizados na cultura material algarvia. Era utilizada na realização de artefactos do quotidiano rural, no acondicionamento e transporte de bens e alimentos, em objetos para uso doméstico, nos trabalhos agrícolas, na pesca e em alguns objetos de uso pessoal.

(...) O modo de produção dominante pouco foi alterado ao longo dos anos. No início do processo, as folhas de palma são secas ao ar e depois ripadas pelas nervuras, resultando em “tiras” que variam de largura, em função do tipo de trabalho que se pretende. A “empreita” consiste na produção de longas “fitas” feitas a partir das tiras de folha entrançadas, de diversas larguras. Cada fita é arrumada em rolo à medida que é produzida, atingindo vários metros de comprimento. Tradicionalmente, as fitas são cosidas com “baracinha” ou “tamissa”, ou com tiras de palma, para dar a forma do objeto pretendido, criando um tecido contínuo com uma trama diagonal  (BRANCO; SIMÃO, 1997).

Não creio que o meu avô usasse ripas de palmeira-anã pois não tenho ideia de as haver por ali. Provavelmente usava algum sucedâneo. Mas quem sabe ele teria descoberto algumas dessas palmeiras. 

As cestinhas onde eram colocados os ovos das galinhas da sua capoeira ou as cestas das nêsperas ou das ameixas ou de outra fruta que apanhava nas suas árvores eram feitas por ele. Identicamente fez algumas alcofas úteis para transportar compras.

Quando eu era miúda, pedi-lhe que fizesse algumas para nós e sei que ele as fez, lembro-me de as ver em nossa casa, isto é, na casa em que eu vivia com os meus pais. Mas agora, quando lá andei a escolher e retirar coisas, não encontrei nenhuma. E tenho pena.

Também tenho pena de nunca ter fotografado o meu avô a fazê-las e de não lhe ter pedido que me ensinasse.

Gostava muito de assistir àquela sua arte mas creio que era a única, para além dele. A minha avó até se irritava pois preferia usar as suas taças de louça ou vidro e não aquelas, campestres, que transportavam a memória do Algarve. E os meus pais também não faziam questão. Provavelmente achavam-nas demasiado rústicas para a nossa casa.

Neste momento, as cestas de empreita feitas pelo meu avô só existem na minha memória. Com sorte existirão também na lembrança da minha prima.

Hoje, ao abrir o youtube, apareceu-me o vídeo abaixo. Gostei muito de ver. Fazer peças com as próprias mãos é, para mim, sempre muito especial pois uma parte de quem as faz fica ali.

Já agora, por curiosidade:

Hermès
Kelly Picnic handbag
(Very good condition)
Green, Wicker 77000 €
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Desvendando a arte do vime em Villaines-les-Rochers 

| Passos da Hermès em todo o mundo

Entre as ruas tranquilas e as casas de pedra de Villaines-les-Rochers, uma antiga vila na França, existe a tradição de trabalho em vime. Mãos hábeis tecem meticulosamente os finos ramos do salgueiro petite grisette, transformando-os em obras de arte. 

A arte do trabalho em vime é praticada desde o século VII em Villaines-les-Rochers e é perpetuada pelos cerca de cinquenta trabalhadores em vime e cesteiros da cooperativa local de vime criada em 1849. 

A Hermès, parceira desta estrutura há mais de quarenta anos, reforçou o seu compromisso ao longo do tempo, num espírito de criatividade constantemente renovada. Dos objetos domésticos, a colaboração estendeu-se à incorporação de bolsas e acessórios de moda, fomentando uma cultura de inovação e criatividade.

Ao promover estas competências excepcionais, novas vocações são inspiradas e o ofício continua vivo.


quinta-feira, maio 23, 2024

Montenegro soma e segue -
- a palavra ao meu marido -

 

Ouvi hoje o Montenegro, com a arrogância habitual, a ufanar-se de o governo ter celebrado um acordo histórico com os professores. Mais uma vez, como é habitual, estamos no domínio do embuste. De acordo com as notícias, a FENPROF e o STOP ainda não assinaram nenhum acordo com o governo e o número de professores e funcionários escolares que representam, ao contrário de alguns dos sindicatos que assinaram o acordo, não é "poucochinho". 

O Luís mais uma vez não disse a verdade toda. 

A arrogância do ministro da Educação também ficou ontem bem patente nas declarações que fez sobre a FENPROF. Eu nunca fui fã do Nogueira mas quem quer negociar não hostiliza a contraparte como o fez o Fernando e como habitualmente fazem os outros "cabeças de cartaz" da AD (li hoje um artigo muito interessante do embaixador Seixas da Costa, que me parece muito verosímil,  sobre a postura arrogante da AD que resultará da atual governança do PSD e do CDS ter uma cultura de oposição que não conseguem ultrapassar e que privilegia  a arrogância e o contencioso em vez do diálogo). 

Também valerá a pena referir que, quando numa negociação entre o governo e os sindicatos, o governo ainda propõe mais do que aquilo que os sindicatos pedem (por exemplo, a recuperação de 50% do tempo de serviço no primeiro ano em vez dos 30% pedidos pelos sindicatos) é natural que os sindicatos concordem. O que aconteceu foi uma capitulação e não uma negociação. Parece que o que ainda ninguém disse foi quanto é que isto vai custar. E estranha-se que depois do anúncio do Sarmento da completa "debacle" das contas públicas ainda haja dinheiro para estes "desvarios". Ou será que o Sarmento segue a escola do Luís e também não diz a verdade?

Entretanto, prepara-se um novo embuste. A Fundação do costume, que por acaso até está ligada a uma das maiores empresas portuguesas da área da distribuição, publicou um estudo segundo o qual a descida do IRC faria aumentar o investimento, a competitividade e o consumo. Esta redução até originaria um milagre, no qual só os muito crentes na "bondade" do capital  ou os mais despudorados acreditam, que permitiria aumentar os salários pois as empresas iriam partilhar mais lucros com os trabalhadores. Parece-me bem mais fácil acreditar no Pai Natal, no trenó e nas renas do que nesta conclusão do estudo.

No mesmo estudo  refere-se que  a diminuição da receita do IRC poderia/deveria ser financiada através de  impostos sobre o consumo ou sobre o trabalho, diminuição da despesa pública (SNS, da Escola Pública, ...) ou através de transferências sociais. Propõem-se portanto fazer uma transferência de custos entre o capital e o trabalho. Curiosamente este "pequeno apontamento" não faz parte, de forma explícita, do discurso da direita.

Este assunto vai continuar na ordem do dia porque é de primordial importância  para o capital. A direita vai mais uma vez tentar fazer-nos cair num logro, nunca mencionando explicitamente o que quer fazer mas o que vai acontecer é que os lucros do capital aumentarão e os trabalhadores, uma vez mais, vão lixar-se. 

O Luís, na campanha eleitoral, apregoava -- e de vez em quando ainda o faz -- que tem uma politica de "primeiro as pessoas". A descida do IRC é um bom exemplo do contrário e quem acredite neles que os compre pois é mais do que claro que o que Luís e a AD, em vez das pessoas, preferem o capital.

quarta-feira, maio 22, 2024

Trans

 

Nisto, só de falar em brasileiro já leva vantagem. Gosto.

Quase percebo porque é que nos concursos literários em Portugal praticamente só ganham brasileiros. Por um lado é certo que, a este nível, em Portugal somos uns perna-abertas. Para concorrer basta escrever em português. Nos outros países geralmente os concursos pedem que as pessoas sejam naturais do país do concurso. Aqui não. E depois há o lado económico: o mercado dos outros países, nomeadamente o brasileiro é de milhões. Aqui, neste rectângulozito que, a este nível, pouco mais é que uma baiuca, as vendas de livros não dão nem para aquecer quando comparadas com as dos outros. Portanto, percebe-se. E depois há isto: os brasucas têm uma graça, uma energia, um bom humor que a gente se ri só da forma sambada como falam e, mesmo sem querer, achega-se à próxima palavra à espera do que vai sair dali.

É como isto aqui abaixo. 

A forma divertida de que se reveste a prosa, a piada de toda a narrativa... Do alto dos seus 1,97m, Pepita conta tudo. Tudo não. Quase tudo.

Pepita e a REVIRAVOLTA na história de amor adolescente! 
| Que História É Essa, Porchat?

A cantora Pepita relembra uma bela confusão com o seu primeiro amor adolescente que tem uma reviravolta maravilhosa no final. 

A ciência que vai avançando

 

Hoje demos uma arejada valente no nosso jardim. Aos poucos o meu marido vai levando a dele avante, desbastando árvores para deixar passar a luz. Eu, que gosto que a natureza não seja grandemente contrariada e que mullets nem no cabelo quando mais nas árvores, tenho-me oposto. Mas a verdade é que estou mais soft, vou aceitando que ele corte um, depois outro e a seguir mais outro. Ramo.

E a verdade é que, agora que montes de ramos jazem no passeio para que a Câmara os levante, vou à janela e noto que a luz invade muito mais a casa e que isso é uma alegria. E, no jardim em si, chega agora muito mais luz à relva, esperando eu que agora ela arrebite. Ali naquela zona, tem andado meio murchota, a modos que tremidinha, e toda a gente me diz que é de apanhar pouca luz.

E de notícias disruptivas a nível doméstico por agora penso que só estas.

Mas há notícias boas a nível da ciência, e, quando a ciência avança, todos teremos razões para ter esperanças num mundo melhor. Pelo menos em algumas vertentes. (Noutras é melhor a gente tirar daí o sentido.)

The biggest science breakthroughs in 2023


terça-feira, maio 21, 2024

A propósito da posição do PCP sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, é favor ler Der Terrorist

 

Como já aqui o confessei diversas vezes, custa-me muito ouvir as pessoas do PCP a dizerem inanidades quando confrontadas com o que Putin está a fazer à Ucrânia. Não se percebe que são tontos, se são aluados, se são lelés da cuca, se acreditam no pai natal ou se, apenas, sofreram alguma lavagem cerebral ou lobotomia. Ou se julgam que estão a falar com burros. 

Alguma coisa é, pois aquela conversa não é normal. Chega a ser patética. Avança um energúmeno pelas fronteiras de um país, destrói, mata, arruína, e os do PCP a única coisa que dizem é que querem a paz. Como se fossem os desgraçados dos ucranianos que estivessem a provocar a guerra.

E quando os russos avançam, tomam à força a terra que é dos outros, matam e esfolam, vêm os do PCP e falam na guerra da Nato como se fosse a Nato e não a Rússia a provocar a guerra.

E, quando os questionam sobre a sua posição hipócrita ou parva, não apenas dizem coisas ridículas, pueris, como, para se justificarem, invocam coisas que ou não vêm a propósito ou são até contraditórias face ao que estão a dizer.

Foi o papelinho (o papelão!) que João Oliveira hoje fez no debate na SIC. Coisa patética, absurda, coisa que mostra bem porque é que o PCP está a entrar pelo ralo da política portuguesa. Mas quem evidencia a dimensão do absurdo é Der Terrorist. Leiam, por favor, Ninguém leu a puta da acta

O que as religiões podem fazer à cabeça das pessoas...

 

Eu não sei qual o culto em que esteve imersa Glenn Close, a grande Glenn Close (ainda há dias a vi na RTP 2 no excelente 'A mulher') desde a infância até atingir a idade adulta. Mas os testemunhos que tenho visto em que ela conta como a confissão permanente era, na realidade, um acto de humilhação sobre ela, um acto em que ela se sentia, ou a faziam sentir,  diminuída, (no fundo, assediada) e como toda a sua vida afectiva foi prejudicada pelo mal que tudo aquilo lhe fez, deixam-me francamente incomodada.

Quantas pessoas, quantas, não conseguem  ser autênticas, livres, genuínas, ao longo de toda a sua vida porque as condicionantes impostas pelos cultos religiosos as deixaram castradas? Quantas pessoas continuam, mesmo em adultas, a ter dificuldades nos seus relacionamentos, com medo de pecar, com medo de infringir algum mandamento, porque durante o período em que a sua personalidade se estava a formar, foram manietadas, manipuladas, porque o medo da culpa lhes ficou inscrita nos genes?

Quando vejo tantos jovens envolvidos em actividades promovidas pela igreja católica, completamente alienados -- cheios de boas intenções, é certo, mas tudo tão longe do que é a realidade em todas as suas diversas vertentes -- fico a pensar em que é que se tornarão, quando adultos?

Conheço vários católicos praticantes e dos que conheço como mais praticantes o que lhes vejo em comum é o estreitamento intelectual, parece que embrutecem, parece que se fecham ao mundo, parece que ficam a pensar que o mundo são eles. Teoricamente estão imbuídos dos melhores sentimentos mas tudo gira em volta deles, dos seus grupos que frequentam a missa, que frequentam retiros espirituais, que organizam peregrinações, e cada vez mais pensam e vivem em circuito fechado. E isso nunca pode ser bom.

Glenn Close was in a cult as a child

segunda-feira, maio 20, 2024

Betinho e Betty, dupla de opereta
- A palavra a António Araújo, licenciado e mestre em Direito, doutor em História Contemporânea -

 

Para quem ache que os temas relacionados com o socialite Castlewhite a quem os jornalistas, vá lá saber porquê, teimam em identificar como marchand de arte só podem ser tratados pelas so called jornalistas do Correio da Manhã, aqui está a prova de que quem sabe, sabe, e um estudioso como António Araújo consegue fazer maravilhas qualquer que seja a matéria-prima que lhe apareça pela frente.

Começo por transcrever uma síntese dos seus saberes para melhor se avaliar com que background se atirou à fantástica obra de que abaixo cometo a ousadia de aqui ter uma parte:

O diretor de Publicações e membro da Comissão Executiva e do Conselho de Administração da Fundação, António Araújo, nasceu em Lisboa, em 1966. É licenciado e mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, doutor em História Contemporânea pela Universidade Católica Portuguesa. Foi docente na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e, atualmente, é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É assessor do Tribunal Constitucional e foi consultor para os assuntos políticos do Presidente da República. É autor de vários livros e artigos no domínio da ciência política, do direito constitucional e da história contemporânea.

Não trago aqui, na íntegra, o artigo intitulado Betinho e Betty, dupla de opereta, mas apenas um pouco mas recomendo que o vejam na íntegra no DN, na rúbrica Prova de Vida:

Entre as muitas coisas em que pensamos quando pensamos em José Castelo Branco, talvez Martin Heidegger não seja das mais imediatas e mais óbvias. Ainda assim, o filósofo alemão foi autor de uma frase penetrante, A luz do público obscurece tudo /Das Licht der Öffentlichkeit verndunkelt alles, que Hannah Arendt usou no proémio ao seu livro Homens em Tempos Sombrios, de 1968, e que se aplica que nem uma luva a esta víbora nada em Tete, Moçambique, aos 8 de Dezembro de 1962, com o nome próprio José Alberto e o apelido paterno Silva Vieira, que deixaria cair em 1984 em prol do albicastrense e mais lustroso apelido de sua mãe, Inês Paulino Castelo Branco, “Nini”, também nascida em Tete, em 24 de Dezembro de 1921 (e falecida de complicações cardíacas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a 16 de Dezembro de 2014).

Com efeito, e na verdade, o que mais espanta e deslumbra nesta figura de mistério, um Cagliostro dos nossos dias, é a sua constante e exuberante presença nas revistas de sociedade e em eventos mundanos, mas, em simultâneo, a densa opacidade que envolve tudo quanto faz e é, desde logo quanto às origens que tem e ao modo como ganha o pão e o brioche.

Sabemos que se apresenta como marchand de arte e que faz “presenças” em festas e acontecimentos mundanos, cobrando por isso. Sabemos que se assume, e cita-se, como “uma grande bicha”. Sabemos que numa endiabrada vida pretérita, começada aos 15 anos, usou o nome eslavo-artístico de Tatiana Romanova, ingeriu hormonas e até possuiu maminhas, descrevendo-se então como transgender, mas nunca como drag queen.

Sabemos que já foi condenado por ter pinado um perfume no aeroporto de Lisboa (e, noutra ocasião, por ter agredido o relações públicas Daniel Martins), que esteve detido em Nova Iorque por furtar roupas numa loja e que, em parelha com a Betty, foi detido na Portela por alegado tráfico de jóias. Sabemos que não desdenha os epítetos de “Princesa do Povo” ou “Evita de Tete” e que entre os seus momentos de glória se conta “um banho de multidão” em Sacavém, com “as massas” a aplaudi-lo. Sabemos que uma vez até jantou com a Madonna. Sabemos que, em 1986, se casou em Loures com uma moça plebeia de apelido explosivo, Pólvora, e nome próprio Maria Arlene (rectius, Maria Arlene Ferreira Pólvora), da qual teve um filho rapaz chamado Guilherme, que agora uma Zulmira diz estar “perdido” e sem “saber o que fazer” ante as recentes acusações de violência doméstico-conjugal deduzidas contra seu pai, à conta de uns tabefes dados à Betty, por ora tão-só alegados, os tabefes, mas já na mira dos delegados, os do Ministério Público, os mesmos que, num passado ainda fresco e recente, embicaram com um primo seu, o oriental premier António Costa, tombado por um parágrafo.

(...)

O El País chamou-lhe, em 2008, “o conde que quer ser rainha”, intento hoje prejudicado pelas notícias que dão conta da sua detenção e queda em desgraça. Castelo Branco diz que, entre outros muitos vícios, o povo português “maltrata quem se destaca” e afirmou um dia, com conhecimento de causa, que “o putedo no meio da comunicação faz-me confusão. Os arrivistas fazem-me confusão”. Agora talvez também lhe faça confusão que as televisões e os jornais se precipitem sobre o seu cárcere, que ponham drones no seu encalço, que nos informem que foi detido de saltos altos, que jantou bochechas de porco no posto da GNR de Alcabideche e que, antes de ser ouvido pelo juiz no Tribunal de Sintra, lhe deram “uma sandes, um sumo e uma peça de fruta” (TV 7 Dias, de 10/5/2024). Por obra e graça do rasquedo televisivo, com a TVI e a CNN à cabeça, a prisão do “Conde” mostrou Portugal ao espelho, a ponto de poder dizer-se, sem favor nem esforço, que Castelo Branco somos todos nós, nas grandezas e misérias, sobretudo nestas.

(...)

Mas vão ler o artigo na íntegra, está bem? O artigo é interessantíssimo. 

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Votos de uma boa semana 

domingo, maio 19, 2024

Aguiar-Branco, read my lips:
NÃO. NÃO PODE.


Em tudo nesta vida há linhas vermelhas. Liberdade de expressão é bom e eu gosto e que disso não haja dúvida nem venham cá os Segismundos, os Rufinos ou as Mariazinhas desta vida moer-me a paciência. 

Mas a liberdade de expressão acaba quando começa o insulto, a ofensa, o linguajar xenófono ou racista.

A nossa Assembleia da República é a casa da democracia onde os 'eleitos' nos representam, decidindo o que acham ser o melhor para os portugueses e zelando pelo bom cumprimento da nossa Constituição. É uma casa aberta onde o que ali se passa pode ser visto por todos, devendo dignificar e liberdade, o respeito, a democracia.

E, da mesma forma que não é suposto que os deputados por ali andem a roubar a carteira uns dos outros, a fazer chichi contra a parede ou a usarem palavrões quando usam da palavra, também não é suposto que profiram palavras xenófobas ou racistas pois, se isso for aceite aos deputados, será como se estivesse a ser legitimado para o resto da população.

Ora queremos ser uma sociedade civilizada, inclusiva, tolerante, humanista. Não queremos manifestações de ódio, de xenofobia, racistas. No dia em que, a pretexto da liberdade de expressão, elas sejam aceites, em que momento é que se vai considerar que se está a ir longe demais...?

Ou também é suposto que se, por exemplo, o André Ventura resolver pôr-se a mandar para o c... outro deputado ou disser, com todas as letras, que quer que os ciganos se f... ou se um qualquer outro fizer a saudação nazi ou, mesmo, acabe a seu discurso com um 'Heil Hitler', o Presidente da AR assobie para o lado alegando que, se um deputado quiser manifestar-se assim, está no seu direito e que se alguém se sentir incomodado, então, quando muito, que venha o Ministério Público e avalie se aquilo é crime ou não....?

Aguiar-Branco deveria repensar a sua posição, deveria pedir desculpa aos deputados e aos portugueses, e deveria retroceder e anunciar que, se, na Assembleia da República, alguém quiser portar-se desordeiramente, seja por ofender, insultar ou ameaçar raças ou povos ou pessoas individuais, não pode. Não. Não pode. Obviamente, não pode.

PS 1: Ver dois papagaios arruaceiros, um do PSD e outro da AD, a saltarem em defesa do Aguiar Branco e ver a bancada do Chega a aplaudir Aguiar-Branco é apoio de que ele deveria envergonhar-se.

PS 2: Este é o problema e o perigo da direita em Portugal (PSD, AD, Chega): há lá muita gente muito básica, muito ignorante, que não faz a mínima do que é a civilização, que não tem a noção do que é liberdade ou democracia. Portanto, é vê-los armados em bons, a saltar a pés juntos sobre gente digna e que deveria merecer respeito (vide a Hugo Soares de saias, ie, Maria do Rosário Ramalho), a mentir e insinuar maus actos a outros (vide o Miranda Sarmento, a inventar caos e colapsos onde eles não existem), a vociferar no Parlamento, a defender qualquer baboseira que qualquer um deles bolsa. Uma tristeza. E um perigo.

sábado, maio 18, 2024

Nuno Melo, o fantástico Ministro da Defesa, deixou as calças no ar...?

 

De tal forma já estou por tudo com esta trupe do Governo que leio uma notícia e já dou de barato que foi mesmo o que ali está que aconteceu. Com Nuno Melo, então, espero tudo. É outro sem noção. 

Portanto, ao ler que, sabe-se lá como, o artista da Defesa tinha deixado as calças no ar pareceu-me plausível.

Aliás, e estou a falar a sério, até me pareceu que o jornalista se tinha dado ao preciosismo de dizer qual o tamanho da copa das calças. E isto porque vi ali um F e, vai daí, até admiti que, tal como os soutiens das mulheres têm uma letra para referir a campânula ou copa em que se encaixam os seios, as calças dos homens agora também teriam uma letra para tabelar a dimensão do espaço para ajeitarem a genitália. Face a isso, até pensei: F...? Uau...! Upa, upa...

Mas, afinal, não foi bem isso. Ou, se calhar, na prática e a prazo até foi. Mas isso se verá... 

Para já o que se passou foi que: "Ministro da Defesa deixa caças F-35 no ar, mas abre caminho com Finanças para equiparação de militares e polícias". Caças. 

Mas se o momento alto da notícia não foi o das calças, a verdade é que o seu teor também tem graça. Aliás, até, sem querer, deixei soltar uma gargalhada. Gostava de ter sido mosca. Nuno Melo levou esta sexta-feira o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, a uma reunião do Conselho Superior Militar, para definir os passos legislativos a dar para “dignificar” as carreiras dos militares na mesma medida das polícias. Deve ter sido giro. 

Há alguns ministros que são activos tóxicos deste Governo mas, de entre esses, há uns que são ainda mais tóxicos que outros.
.

 

Para já destaco dois: 

Joaquim Miranda Sarmento, o mestre das bocas bacocas e desasadas, um cromo que parece que não sabe a quantas anda nem faz a mínima das matérias que tutela. Lança confusão e pouco mais e atrai anticorpos a uma velocidade vertiginosa.

Maria do Rosário Ramalho, gémea separada à nascença da Marisa Liz mas em versão não cantante, que não apenas se porta de forma malcriada, rude, grosseira e grotesca, que ofende, insulta, maltrata e, ao que parece, anda por ali a pairar sem ter bem noção de qual seria suposto ser o seu propósito.

Há vários outros que não são grandes espingardas e de quem se sabe à partida que não há muito a esperar. Mas os dois acima referidos ou são rapidamente postos com dono ou é Montenegro que qualquer dia está contaminado (mais ainda do que já está),

A minha orquídea não tem nome mas floresce, escandalosa e bela, como se fosse a Miss Mundo

 

São dois vasos. Estavam meio desfalecidas. Trato-as por igual: pinga de água a uma, pinga de água à outra. 

Vendo-as tão desmotivadas, chegou a passar-me pela cabeça levá-las para a rua. Quem sabe não estavam fartas de estar aprisionadas, postas à janela? 

Mas eis que uma desatou a dar ar de sua graça. Espampanante, gloriosa nas cores e na multiplicidade de flores. A outra, triste, ao lado.

Houve uma altura que a blogosfera se enchia de fotografias ou relatos dos avanços e recuos das orquídeas. Tinham sempre nome.

Na fase triste das minhas cheguei a pensar que estavam frustradas por eu as votar ao anonimato. Afinal, a que se desinibiu, pelos vistos, passa bem sem nome. A outra é que não sei. 

Mas que a da esquerda, toda boémia e, lá está, toda gauche, me encanta, lá isso não posso esconder. Orquídea mais flausina, a causar envy à pobrezinha da outra, a das direitas.

sexta-feira, maio 17, 2024

Ao ouvir João Oliveira a rabear em volta do tema da invasão da Ucrânia por parte da Rússia só me ocorre a dúvida: como é que as pessoas inteligentes do PCP não se demarcam da absurda e hipócrita posição oficial do partido?

 

Coloco esta questão pois admito que haja pessoas inteligentes no PCP. É que, se admitisse que não, então estaria explicado. Mas sei que há pessoas com boa cabeça. Mas, se têm boa cabeça, como é possível que se prestem ao papelinho, ou melhor, ao papelão de andarem às voltas do próprio rabo, a dizer coisas que não vêm a propósito, a desconversarem, a atirarem poeira para os olhos, a ver se conseguem passar entre os pingos da chuva, mas, na prática, incapazes de criticarem Putin, incapazes de dizerem que, para a guerra acabar, a Rússia deve tirar as patas ensanguentadas do país soberano que invadiu e que, barbaramente, estupidamente, quer anexar.

quinta-feira, maio 16, 2024

Calma aí... Sei de um maluco, mas maluco encartado mesmo, que agora se filiou no Chega e não me admiro nada que ele adore o Tânger...

 

  • Vi o debate e até dói ver como candidato a deputado europeu uma pessoa como o Tânger Corrêa. Não se percebe qual a ideia do Ventura. O senhor é daqueles em que não se aproveita uma. Daqueles que, se eu encontrasse num recinto a dizer disparates daqueles, se estivesse com vontade de me rir e de perceber o que é o ground zero da estupidez humana até era capaz de ir até lá. Mas, em condições normais, nunca me aproximaria. A criatura não dá uma para a caixa.

Quanto aos demais:

  • A Catarina foi a Catarina. Competente na comunicação mas, a meu ver, não acrescenta. Será sempre boa oradora, será sempre fiel aos seus princípios. Mas não vejo nela rasgo nem apetência pela descoberta e pela modernidade. E o Parlamento Europeu precisa disso.
  • O jovem fofinho do PAN, de que não fixei o nome, também não me parece que risque.
  • De quem gostei outra vez bastante foi do Francisco Paupério, do Livre: sabe do que fala, tem boas ideias, tem boa atitude. Acrescenta.

Não dou votos, não pontuo. Só digo que, a ter que votar em alguém de entre os que hoje debateram, votaria no candidato do Livre. 

No dia das eleições é outra coisa e, para falar muito sinceramente, é decisão ainda em aberto.

E uma coisa me parece, mas sem dúvida alguma: é que, se os jovens que hoje não veem televisão, não leem, não se informam, e andam a votar com os pés (leia-se: no Chega ou, mesmo, na AD), tivessem contacto com a conversa arejada, equilibrada, temperada com os ingredientes do futuro do Francisco Paupério votariam, muito provavelmente, no Livre.

Volto ao parágrafo do início e ao que escrevi em epígrafe. Conheço, embora sem proximidade, um ex militar, pessoa que, em meu entender, deve ter alguns traumas. 

[No entender dele, se soubesse que eu acho isto, tenho a certeza que diria que maluca sou eu por achar que ele pode ter algum trauma]. 

Adiante. Este meu conhecido acha-se um machão, é todo militarista, mas militarista 'à antiga', acha que o país -- porque, segundo ele, anda entretido com os gays, com as mariquicices LGBT e com outras larilices do género --, não dá o devido valor aos verdadeiros cidadãos que, se necessário, darão o peito às balas. Quando fala, a conversa é um misto de revanchismo, marialvismo, nacionalismo exacerbado, conservadorismo bacoco. Pois bem, desiludido com o frouxo do Montenegro (palavras dele), anunciou há dias que se fartou de esperar que isto vá lá com conversinhas da treta e, vai daí, filiou-se no Chega. E eu tenho cá para mim que se identifica bastante com a conversa do Tânger. 

E, do que se vê e ouve por aí, não são só os malucos com vontade de acertar contas e que, volta e meia, até se mostram saudosistas da velha ordem salazarista... O que não falta é gente que não sabe nada de nada, que tanto acredita numa coisa como no seu contrato, que fala sem fazer a mínima do que está a dizer. Para gente assim, um Tânger marcha que nem ginjas.

Portanto, a ver vamos se nas Europeias não vamos assistir a um deslizar de votos da AD para o Chega...

(E será que não do PS para o Livre...?)

quarta-feira, maio 15, 2024

Novo aeroporto, nova ponte, TGV e mais uma série de coisas do tempo de Sócrates. Tudo a médio e longo prazo.
A curto prazo, ao que parece, só o divórcio entre Betty Grafstein e José Castelo Branco

 

Na realidade não deu para perceber porque é que António Costa não deu, ele, o pontapé de saída. É certo que se meteu a pandemia e que rebentou a guerra da Ucrânia e que rebentou também a inflação... mas, caraças, aquilo que Sócrates, anos antes, tinha, e bem, em mente, eram boas ideias, estavam estudadas, validadas... Porque é que o PS não arranjou o respectivo financiamento e não arranjou maneira de andar com elas?

Não sei. 

Ele teve, certamente, as suas razões, e, tenho ideia que, ao que parece, até o Montenegro lhe roeu a corda. Mas que é chato que António Costa não tenha feito, lá isso é.

Mas agora já não não interessa. É passado.

O certo é que, por isto, por aquilo e pelo outro, as obras públicas estruturantes que Sócrates tinha elencado como necessárias foram ficando na gaveta.

E, agora, seguindo os conselhos do Marques Mendes que já tinha decretado que ou Montenegro chutava à baliza ou a coisa ia correr mal para o lado dele, ao que parece, Montenegro abriu mesmo a gaveta, olhou lá para dentro e resolveu ir estudar -- estudar -- para ver como e quando avança. De concreto, do que percebi, para já o que vai avançar é mesmo só a expansão de capacidade da Portela. E, também de concreto, parece que escolheram o nome para o aeroporto. A seguir há de sair à cena o respectivo logotipo.

Pelo lado que me toca, acho muito bem que tudo avance, avance rapidamente, que o País se modernize, se dinamize, que o mundo pule e avance como bola colorida entre as mãos de uma criança.

Portanto, a partir de agora, vou é estar com atenção para ver quando é que as obras para a nova ponte, para o TGV, para o novo aeroporto avançam. Mas as obras a sério. Não são os estudos. São as obras. Quero obras. 

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Tirando isso, parece que na triste saga do 'boneco' José Castelo Branco -- personagem que forçosamente um dia vai dar um filme, uma série, um musical, e etc. -- em concreto o que há é que a senhora já avançou com o pedido de divórcio. Admiro a resistência física e anímica da senhora que, com 95 anos e sempre sujeita a provações diabólicas (vide as imagens da Betty Grafstein, já quase sem conseguir andar, toda torta, sem forças, a ter que andar toda maquilhada, montada em sapatos altos, e, ao que se diz, também sujeita a violência física para além da atrás referida), consegue coragem para se queixar e para andar para a frente com o divórcio. 

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terça-feira, maio 14, 2024

Quem esteve melhor no 1º debate, na SIC?
A Marta Temido, o Sebastião Bugalho, o Cotrim de Figueiredo ou o Francisco Paupério?

 

Ora bem, não quero fugir à questão e já lá vou.

Mas, para sermos rigorosos, temos que ser francos. Uma resposta correcta depende da perspectiva de análise e toda a gente concordará com isso.

Ora bem.

Se for quem teve a melhor presença:

  • Tenho que dar a vitória ao Cotrim. Tem muita pinta.É bonito, veste-se bem, penteia-se bem, fala bem, tem um sorriso insinuante.
  • Marta Temido nem por isso, este corte cabelo não a favorece mesmo nada.
  • O Bugalho péssimo, parece um menino velho, um puto mascarado com a roupa do pai ou do avô.
  • O Paupério, fofo.

Se for quem teve a atitude mais inteligente:

  • O Paupério. Percebeu que o Bugalho estava ali para mostrar que é o maior, o mais maduro, o melhor preparado e que o melhor era tirá-lo do sério para ele sair daquele registo e mostrar os seus maus íntimos. Bastou um risinho lateral. Bastou isso para o Bugalho mostrar que à mínima desce do tacão e tira a faca da liga. Virou-se para o Paupério e só por pouco não lhe deu logo ali uma cabeçada. 
  • Os demais, ao mesmo nível. 

Se for quem conseguiu tornar o debate mais interessante:

  • Nenhum. Um debate meio chato, por pouco não adormeci. Preferi o modelo de debate de 'Isto é gozar com quem trabalha'.

Não sei se haverá outras perspectivas de análise, creio que não, mas, se houver, podem dizer, sou toda ouvidos.


segunda-feira, maio 13, 2024

Cidades-esponja

 

As imagens que nos chegam do Brasil, Rio Grande do Sul, um mundo devorado pela água, são impressionantes demais. À data de hoje, mais de cem mortos, mais de cem desaparecidos, centenas de milhares desalojados. Casas destruídas, as águas a inundarem os primeiros andares das casas que resistem, as estradas desaparecidas. Um pouco por todo o lado (Afeganistão, Indonésia, China, etc) tempestades, inundações ou, no verão, o reverso, temperaturas insuportáveis, incêndios que não se conseguem apagar.

O cenário apocalítico que em tempos pensámos que seria algo a ameaçar apenas as gerações futuras já aí está, a bater-nos à porta.

O tema das cidades esponja, que não é remédio santo mas, ao que parece, uma boa ajuda, é algo de que provavelmente ouviremos falar com cada vez mais frequência. Pelo menos, assim o espero.

Retiro do DN, um artigo interessante de 2022:

Cidades-esponja. O que são e como podem ser resposta às cheias e secas em meio urbano

Mais do que resolver os desafios dos fenómenos extremos, peritos apontam soluções de adaptação que as zonas urbanas devem adotar para melhor gerir chuvas intensas e ondas de calor. Alterações climáticas intensificam os fenómenos, mas não devem servir como justificação para a falta de ordenamento.

"(...) o cenário de catástrofe provocado por fenómenos climáticos extremos vai repetir-se. E, apontam os especialistas, com uma intensidade e frequência cada vez maiores. Importa, por isso, alterar o comportamento reativo para uma atitude progressivamente mais preventiva. "  José Carlos Ferreira, doutorado em Ambiente e Sustentabilidade.

Ultrapassadas as dificuldades do momento, o professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-Nova) afirma que facilmente "nos esquecemos que estes fenómenos existem e que se estão a intensificar".

(...) O coordenador do mestrado em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território da FCT-Novaacredita que a resposta está na alteração do modelo de desenvolvimento das cidades e na concretização de soluções que "transformem o território, ocupando-o de forma ecológica". Este caminho passa, sobretudo, pela alteração dos planos diretores municipais (PDM), para que evitem a construção em zonas de perigo, como em leito de cheias, mas também que integrem estratégias relacionadas com o conceito de cidade-esponja.

O termo foi cunhado pelo arquiteto paisagista e urbanista chinês Kongjian Yu e refere-se, essencialmente, a cidades ambientalmente adaptáveis que apostam em planos de gestão integrada da água. As soluções adotadas variam consoante a realidade hidrográfica das zonas urbanas e a sua configuração, mas podem incluir pavimentos permeáveis, jardins biodiversos e edifícios com coberturas verdes. É uma forma de "incorporar, de forma plena e holística, o ciclo da água no ordenamento dos espaços urbanos", explica Rafael Marques Santos.

O professor e investigador da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa detalha que o urbanismo sustentável permite "intervenções cirúrgicas" em áreas com "grandes erros estruturais", sempre com o objetivo de reduzir os impactos, por exemplo, em cheias. Umas são mais fáceis, outras mais complexas e dispendiosas, como demolições pontuais em zonas particularmente perigosas.

"Não vamos conseguir retirar toda a urbanização de Alcântara ou de Algés", aponta. Mas a criação de elementos de contenção é uma opção, desde logo com bacias de retenção nos pontos mais altos das cidades que "atrasem" a chegada da água, a grande velocidade, às partes baixas. O essencial, esclarece, é "olhar de forma muito atenta para a água numa perspetiva de todo o ciclo" e implementar medidas que cumpram dois objetivos de uma só vez - prevenir os riscos de momentos em que existe água em excesso, assim como atenuar situações de seca.

"Os edifícios podem ter espaços de cisterna para acumulação de água que podem ser úteis", afiança. Se em tempo de chuva intensa os edifícios conseguem guardar alguma dessa água e evitar que seja escoada para a rua, noutros momentos esse recurso pode ser usado para regas, lavagens e outros fins.

O mesmo poderá ser feito em estruturas municipais e há bons exemplos de como isso pode ser feito. Em Roterdão, nos Países Baixos, a Waterplein Benthemplein é uma praça de betão usada durante todo o ano para atividades de lazer dos habitantes, mas é pensada para que em época de chuva intensa possa inundar e evitar a sobrecarga dos sistemas de escoamento da cidade.

Outra ferramenta complementar é a criação de jardins alagáveis, biodiversos e compostos por plantas com capacidade de absorção da água. Estes locais podem inundar e continuar a servir como espaço de recreio, bem como ajudar a refrescar as cidades durante o verão - exemplo disso são cidades como Taizhou, na China, ou Nova Iorque, nos EUA.

Em Setúbal, refere João Carlos Ferreira, o Parque Urbano da Várzea foi "muito eficaz nestas cheias", apesar de aquela cidade piscatória ter tido 30% mais chuva do que Lisboa. "Foi todo redesenhado para ser uma grande bacia de retenção e não inundar a Baixa de Setúbal. Esteve no limite, mas está a funcionar e a cumprir o seu propósito", atesta.

Ambientalistas, arquitetos e urbanistas concordam ser preciso agir, revendo os planos de ordenamento, criando estruturas verdes e multiusos nas cidades, mas, acima de tudo, implementando estratégias de longo prazo diversas e adaptadas à realidade de cada local. "Estes momentos de crise também servem para as adaptações necessárias", remata Rafael Marques Santos.

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How China is designing flood-resistant cities

These "sponge city" designs resist floods and increase biodiversity to help us adapt to a changing climate.

From rising sea levels in Mumbai to unbearable heat in Houston, cities around the world are feeling the effects of climate change. Unfortunately, they don’t always have the right infrastructure to handle its impacts — which is one reason why cities are beginning to reimagine urban design. One of these designs is a “sponge city.”

Although one city design certainly won’t save us from the effects of climate change, “sponge cities” can help with how we live with it. 


Votos de uma boa semana

domingo, maio 12, 2024

Pode uma octogenária seduzir um jovem?
E essa coisa do beijo técnico... existe mesmo ou é cascata?

 

Dias tranquilos, bons. Podei árvores, reguei, dispus umas suculentas num canteiros onde nada medra, apanhei nêsperas, arrumei coisas, cozinhei (inclusivamente entrecosto guisado com favas e temperado com coentros), andei a caminhar de biquini para apanhar sol, li, escrevi.

Podia abrir um parêntesis para dizer como faço o entrecosto com favas, de que gostamos bastante, mas vou antes dizer que estou a livro a que resisti mas de que estou a gozar muito. Muito. Por muitos motivos e até pelos emotivos. Mas também porque já aprendi várias palavras que desconhecia. E fico na dúvida: terá sido o Gabo, quando a mente já começava a dar sinais de que estava a ir para um caminho sem retorno, a rebuscar palavras pouco usuais ou terá sido o tradutor que resolveu caprichar? Por acaso gostava mesmo de saber. Gosto de livros assim. Vemo-nos em Agosto. Um livro belo, povoado por garças azuis.

E agora ao ir espreitar o youtube dei com o fantástico Bial a entrevistar a fantástica Susana Vieira. Só a forma como se cumprimentam já é uma graça. Mas tudo o que ela diz é uma graça. Olho para ela e não consigo acreditar que já tem 81 anos. De facto, os tempos já não são o que eram. Pensava-se numa mulher com mais de oitenta anos e imaginava-se uma velhinha. Pois, no caso dela e de cada vez mais mulheres acima dos oitenta, velhinha uma ova. 

Susana Vieira fala sobre sua parceria com José Wilker e mais | Conversa com Bial | GNT


sábado, maio 11, 2024

O que se diz nessas alturas...?

 

Gosto muito do Anderson Cooper. Entre outras virtuosas características que, a meu ver, o colocam como um dos grandes jornalistas e repórteres da actualidade, tem a de ser uma pessoa que exerce a empatia com bom senso e sensibilidade.

Nascido numa família milionaríssima, com algumas tragédias na família, ele é fruto de um caldo familiar, cultural e social que poderiam tê-lo feito bem diferente do que é. 

Whoopi Goldberg, nova-iorquina tal como Anderson mas os seus antecedentes são bem diferentes.

Contudo, ao falarem da perda da mãe e do irmão, estão irmanados na saudade e no desgosto que sentem. 

A dor pela perda dos que amamos, de uma forma ou de outra, deve ser sempre muito parecida. Mesmo que a estranhemos, mesmo que não a saibamos interpretar, mesmo que tenhamos dificuldade em descrevê-la, é sempre qualquer coisa que nos marca de uma forma profunda. 

Uma das questões abordadas por eles tem a ver com o que deve dizer-se a alguém que perdeu um ente querido. Tenho a mesma dificuldade, nunca sei o que dizer. Geralmente, não digo nada. 

Contudo, vejo (e ainda recentemente o testemunhei) que há pessoas que se esforçam por dizer coisas muito elaboradas e, em momentos em que agradecemos silêncio e pouco mais, nos empatam a paciência com discursos intermináveis sobre a lei da vida e outras pérolas.

Whoopi lançou um livro em que também fala sobre isso e Anderson entrevistou-a. E emocionou-se.

Watch Whoopi Goldberg's emotional conversation with Anderson Cooper about death

CNN's Anderson Cooper sits down with Whoopi Goldberg to discuss her new book "Bits and Pieces", which discusses coping with the death of her mother and brother


sexta-feira, maio 10, 2024

Savant

 

Ao aparecer-me um dos vídeos que partilho abaixo lembrei-me daquele meu extraordinário colega a quem estou em dívida quanto a um telefonema. É das pessoas mais desconcertantes que já conheci.

Começa-se a falar com ele e, de início, não se percebe que há ali qualquer coisa de especial. Ou melhor, perceber até se percebe, não se percebe é o quê. Aliás, eu própria comecei por dizer que achava que havia ali qualquer coisa que não batia certo. Não sabia definir o quê mas intuía que qualquer peça, naquela cabeça, parecia estar um bocado fora do sítio. 

Mas, por acaso, no bom sentido.

Muito inteligente, de uma inteligência rápida e bastante holística. Mas, mais do que a nível profissional, era nas conversas sobre outros temas que se percebia que estávamos em presença de uma pessoa incomum.

Sobre história, sabia tudo. Mas, quando digo tudo, quero dizer tudo, mesmo tudo. Com nomes, com datas, com locais. Sobre qualquer assunto, o conhecimento dele era infinito e relacional. 

Mas a nível de literatura, no que lhe interessava, também nunca conheci ninguém, assim. Ele sabe os títulos, as editoras, as datas das edições e, mais que isso, ele sabia partes inteiras de cor. Não sei, porque nunca ousei testar, se não saberia os livros inteiros de cor. Dos livros não portugueses que lhe agradam, ele conhece as várias traduções, compara-as, tem preferências.

Em poesia, do que gosta, sabe não sei quantos poemas de cor e, por exemplo, no caso de Borges, não apenas os sabe em português como os sabe no original.

A nível político, falar com ele é quase diabólico pois lembra-se de cada peripécia que envolva um e outro, acordos, derrapagens, passos em falso, notícias que saíram, resultados das eleições, ano a ano. Nem sei. Tudo.

Contudo, a nível profissional, sendo um trabalhador incansável, não é, contudo, apreciado. O problema é que se torna compulsivo. É capaz de refazer dezenas de vezes um relatório ou uma apresentação pois descobre sempre qualquer coisa a melhorar. É frequente, no meio disso, perder-se nas versões e já não saber a quantas anda. Acontecia, em reuniões, em vez de ter enviado a apresentação de véspera como era habitual, só a enviar de madrugada, por vezes de manhã muito cedo, evidenciando que tinha estado toda a noite de volta daquilo e, no fim, por vezes acontecia enganar-se e enviar a versão errada.

Os subordinados impacientavam-se com ele. Uma arranjou uma depressão e saiu da empresa em total estado de desespero. Já não conseguia aguentá-lo pois ele exigia-lhe a perfeição mas uma perfeição tão exagerada que chegava a ser irracional.

Sendo pessoa com saberes enciclopédicos, era, no entanto, incapaz de fixar os nomes de algumas pessoas com quem lidava mais de perto e que, por algum motivo, ele achava que eram pessoas sem valor acrescentado. Causava embaraço ver como ignorava o nome de pessoas com quem trabalhava todos os dias desde há que tempos. Mas não era só o nome, eram as próprias funções. Não conseguia fixar o que faziam nem como se chamavam e, por ele, podiam sair da empresa que nem daria pela diferença. As pessoas só não se sentiam lixo pois conheciam as suas  particularidades, alguém cuja 'normalidade' era muito discutível.

Acontecia também, quando contrariado, ter fúrias, atitudes despropositadamente agressivas que deixavam toda a gente perplexa. Sendo uma pessoa educadíssima, gentilíssima, de repente, por  coisas de nada, ficava possesso, inconveniente, gritava e, no meio de reacções explosivas, na prática mandava as pessoas embora. 'Saia da minha frente!', 'Vá para casa e não volte a aparecer!'. 

Depois caía nele, aceitava bem as críticas, e acabava arrependido e a pedir desculpa. Mas eu percebia que era qualquer coisa que fugia ao controlo dele.

Do que lhe conheci, não tinha vida afectiva apesar de ser uma simpatia. Mas tudo nele era tão excessivo, tão obsessivo e tão desconcertante que dificilmente arranjaria alguém que conseguisse viver uma vida partilhada com ele.

Depois de muito termos especulado entre nós que raio de pancada ele teria, acabámos por acordar que, muito provavelmente, será um savant. 

Tive divergências profissionais com ele resultantes da sua forma obsessiva e compulsiva de lidar com as situações. Mas sempre as superei pois os seus lados positivos superavam os negativos. Pessoalmente sempre me dei muito bem com ele, éramos amigos, sempre houve do meu lado muita empatia pois conseguia perceber como, sendo ele como era, vivia as situações.

E o que posso dizer é que pessoas assim são fascinantes... e um desafio para os outros.

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Autistic savant Daniel Tammet on ‘the language of numbers’ - BBC Newsnight

Am I capable of being loved? - Daniel Tammet 

Diferenças entre o Autista e Savant | ANA BEATRIZ


quinta-feira, maio 09, 2024

O grande silêncio.

[Ou: onde param os aliens?]

 

Gosto da expressão 'o grande silêncio'. E gosto do grande mistério: se há vida noutros planetas, por onde viajam eles que não os vemos?

Ou será que há civilizações que são como as orquídeas raras que florescem e depois morrem? E que, devido à distância no tempo e no espaço, não tenha havido sobreposição? Será que algumas ruínas que por vezes se encontram têm a ver com isso?

E como serão essas formas de vida? Terão também tentação para se destruírem como nós, por vezes, parece que nos sentimos tentados a fazê-lo?

O vídeo abaixo é interessante. Tem legendas em português. Brian Cox conduz-nos pelos labirintos do universo.

Why haven’t we found aliens? A physicist shares the most popular theories. | Brian Cox

Chances are, we’re not alone in the universe. But if that’s true — why can’t we seem to find our neighbors? 

This question is known as the Fermi paradox, and it continues to go unsolved. However, some theories could offer potential solutions. 

Physicist Brian Cox explains the paradox and walks us through our best guesses as to the reason for our quasi-isolation. 


quarta-feira, maio 08, 2024

Os homens estão a desaparecer....?
(Refiro-me aos do sexo masculino, os de tipo 'manuel germano', não aos homens=género humano)


Vejo em muitos homens hetero, ou supostamente hetero, uma certa tendência para recearem que a aparição pública de muitos homens homossexuais venha a beliscar a sua virilidade. Muitas vezes, quiçá por temerem ficar em minoria,  dizem que qualquer dia serão obrigados a converter-se ou deixarão de ter lugar no mercado de trabalho ou de ser socialmente aceites. 

Ouço-os e não percebo o exagero nem o receio. Não vejo isto nas mulheres. 

Nem vejo as mulheres a sentirem que têm que afirmar a sua feminilidade para que não as tomem por lésbicas. Ou seja, as mulheres hetero parecem ser mais confiantes do que os homens hetero.

Também, por vezes, se vê alguns homens -- fingindo que estão a brincar -- gozarem com a ascensão das mulheres no mundo do trabalho e na vida social. Embora as mulheres ainda estejam em minoria nos lugares de poder, é verdade que são mais do que eram quando eles eram pequeninos e pensavam que o mundo era dos homens. Portanto, embora disfarcem como se fosse uma brincadeira dita com ar displicente, revelam a sua preocupação. Parece que ainda não interiorizaram que as mulheres têm os mesmos direitos e, de forma genérica, idênticas capacidades às dos homens e que mais vale que o percebam e interiorizem.

E depois há os que não sabem o que fazer para agradar mais às mulheres: devem ser mais musculados, mais fit...? Ou, pelo contrário, devem ser mais fofinhos...? Há muitos que não sabem e que andam à nora a fazer ginástica a torto e a direito, a fazer cortes de cabelo com um cuidado que antes não se lhes via, a arranjar roupas ou perfumes que pensam ser boas armas de sedução.

E depois há os que atiram a toalha ao chão e se isolam, se ficam pela net, pelo gaming, pela realidade paralela do mundo que não requer interacção humana. 

De certa forma, percebo as suas dificuldades pois parece que há cada vez mais mulheres que acham que conhecer um homem é sinónimo de troca de mensagens ou de chats nas redes sociais. E há as que confundem um saudável piropo com assédio e os olhem com uma desconfiança que os deixe tolhidos.

Portanto, ao que parece os homens andam meio perdidos, meio desaparecidos, meio sem graça. Eu, não sendo entendida mas sendo apreciadora do género, a ter que dar um conselho dir-lhes-ia que sejam naturais, espontâneos, despreocupados, genuínos. E sem medo.

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 The disappearance of men | Christine Emba

“Masculinidade” tornou-se sinónimo de “tóxico”. A jornalista Christine Emba explica como isso aconteceu e como pode mudar

Os jovens estão cada vez mais solteiros e lutando para atingir as expectativas tradicionais. A jornalista Christine Emba analisa a crise da masculinidade e o que pode ser feito para resolvê-la.

A ascensão de “manfluencers” como Jordan Peterson e Joe Rogan reflete um novo tipo de masculinidade que desafia e redefine o que significa ser homem hoje. Embora esses influenciadores muitas vezes ofereçam empatia e conselhos de vida simples, os seus pontos de vista tendem a transformar-se em misoginia, resultando em ainda mais isolamento social para os homens no futuro.

O conselho de Emba é que os homens avaliem o que a masculinidade significa para eles – é força? Apoio de uma família? Liderança através do conflito? Ela sublinha que estas características não precisam de existir em oposição às características das mulheres e, em vez disso, podem complementá-las, levando a uma sociedade mais produtiva, coesa e, em última análise, mais feliz.