terça-feira, julho 12, 2022

Stranger things, estranhas pessoas.
Post com auto-retratos (via Art Selfie)

 



Se uma coisa cai no goto de meio mundo e toda a gente fala disso, eu, vá lá saber-se de quê, mantenho-me ao largo. Livros que toda a gente leu, eu não li. O alquimista, As 50 sombras de grey, o Equador, esses. Já para não falar do Não há coincidências sobre o qual assisti a confissões de identificação surpreendentes. E muitos outros. Com filmes ou músicas a mesma coisa. Ou com pessoas. Sou mais atraída pelo que é marginal. Se uma pessoa é estrela em ascensão e é convidada para todo o sítio ou elogiada por toda a gente eu fico logo de pé atrás. No meu íntimo penso que deve ser algum tangas. 

Por exemplo, numa empresa em que trabalhei, houve, em tempos, uma grande contratação. Tínhamo-la visto antes como partner de uma empresa de consultoria. Toda prosa, toda vapor, toda auto-confiança, logo íntima dos que identificou como decisores. Ao almoço já era a estrela sentada à direita de deus-pai-todo-poderoso. Algum tempo depois, por uma soma calada estava lá, tinha sido contratada. Era a maior. Elogiada dentro e fora. Sempre íntima de quem importava. Algum tempo depois já estava a ser convidada para coisa ainda maior. E eu sempre a pensar: uma tangas. Pouco tempo depois, saiu. Tinha sido convidada para cargo ainda mais importante numa grande e mediática empresa. Pensei: não vai aquecer o lugar. O que a move é ser a maior, é ser elogiada e requisitada por alguma empresa ou alguma pessoa que ela ache que é ainda mais importante. Bem dito, bem feito. Está agora, num grande cargo, numa das maiores e mais ricas empresas do país. Imagino que esteja a fazer o mesmo que sempre a vi fazer: a espalhar charme e pouco mais. Mas isto se calhar sou eu que acho que gente assim, muito consensual, muito sorridente, muito famosa, é do tipo em que se espreme e não deita nada. Posso estar errada. E os que têm a fama e o proveito é que, na volta, estão certos.

Autores: dos que se vendem mais, não devo conhecer um único. Não sei se é coisa de que me gabe mas é o que é. Por exemplo, o Valter Hugo Mãe. Comigo não dá. Tanta gente importante a gostar das fofuras melosas que brotam daquela boquinha santa e daqueles dedinhos inspirados e eu a achar que o homem é uma treta. Fico sempre admirada quando alguém que julgo ser gente informada e exigente se confessa rendida aos encantos dele. No meu íntimo, admito a possibilidade de andar desfasada do que é bom. Quem garante que não sou eu que ando com o passo trocado? Quem garante que um dia o bom do Marcelo não inventa um Nobel à moda de Belém e o entrega ao Valtinho? Depois de chamar o João Miguel Tavares para presidir a um 10 de Junho que ficará para a história como o supra-sumo do absurdo, já não digo nada. 

Por exemplo, sei que agora na Netflix Stranger things é o que está a dar. Meio mundo vê, meio mundo comenta, a música que lá passa fica a bombar, há certamente merchandising para todos os gostos, há todo um mundo a gravitar em torno disto. Pois não vi, não tenciono ver e não sinto qualquer falta. Posso estar a perder grandes momentos da minha vida mas, fazer o quê?, passo.

Em contrapartida, vídeos como os que abaixo partilho são para mim um pitéu. Por alguns, os seus intervenientes serão considerados loucos, génios marados, ou, na melhor das hipóteses, irreverentes ou 'metidos a besta'. Mas eu gosto. Gosto de ouvi-los, gosto de conhecer as suas ideias, acho-lhes graça. Partilho-os e que cada um ajuíze por si.

Louis-Ferdinand Céline (1894 - 1961) por ele mesmo numa entrevista com Louis Pauwels



Aqui é Jack Kerouac (1922 – 1969) sobre "the greatest writer in the world"



E aqui é Michel Houllebecq ((1956 -- ) que também fala de Céline


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Agora, enquanto aqui escrevo, cara obviamente completamente lavada, cabelo obviamente despenteado, pronta para marchar daqui para a cama, fiz três selfies (e, como nunca as faço, não sei como melhor me posicionar) e inseri-as no Art Selfie. As figuras com que a inteligência artificial da app me identificaram estão aqui acima. De Emanuel Phillips Fox - Nasturtiums, 1912, Profile Portrait of a Young Lady, 1465, atribuido a Antonio del Pollaiuolo e Portret van Wilhelmina van Pruisen, 1904, de Fr. Bruckmann 1904. A ver se amanhã me penteio e arranjo a preceito e se estudo melhor a pose para ver no que dá.

Melody Gardot interpreta Morning sun

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Desejo-vos um dia feliz
Saúde. Vida longa e feliz. Paz

8 comentários:

  1. Ao seu mãezinha choramingas cachinense, eu juntaria o Gonçalo das transcrições famosas na revista do "Expresso" - o plágio retocado e levado ao extremo, e sem vergonha nenhuma.
    Isto da "mainstream" (corrente dominante) tem muita força e o sentido crítico cada vez vai faltando mais à gentinha... Mais vale o "Maria vai com as outras", que é muito mais confortável.
    Como calcula, apoio o seu poste.
    E desejo-lhe um bom resto de semana.

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  2. Olá UJM, pelo que, ao longo de já tantos anos, venho lendo e seguindo, parece-me que hoje há por aí um caranguejo que está de parabéns.
    Muita saúde e a continuação da boa disposição com que, em cada dia, nos presenteia!
    Como já lhe referi, estou quase sempre de acordo com o publica (não sei se é por também ser uma "caranguejola"), caso do post de hoje. Ao longo da vida, sobretudo da profissional, fui-me cruzando com "super stars" como a que descreve e, na maioria dos casos, tive oportunidade de observar como "davam com os burrinhos na água", como o meu pai dizia. Como sabe, a competência dá muito trabalho.
    Um abraço e continuação de um dia muito feliz.

    Filo

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  3. Tambem sou um pouco assim.

    Há autores que nunca li ou não passei do primeiro livro. Há restaurantes muito badalados a que não voltei. Satisfaço a curiosidade pelo gosto de conhecer e muitas vezes fico-me por aí.

    Acontece-me o mesmo com a moda, o que toda a gente tem, não me atrai. E, como é tao efémera, acabo por ter razão.

    Obrigada pelas partilhas dos pontos de vista, pela companhia.

    Agora lembrei-me, E essas férias? Tenho saudades das vossas visitas guiadas. Recordo-me que há anos estivemos em Santa Comba Dão, por sua sugestão e gostamos. A pandemia fechou-nos o hábito de sairmos, ir a descoberta e conviver e nesta idade em que mais necessitamos.

    Um resto de semana, com saude, paz, chás fresquinhos e boas companhias.

    Um beijinho.

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  4. Também ando um pouco por aí, mas por vezes há surpresas.
    Um exemplo: durante anos resisti a Stephen King. Depois vi o Stand by me, baseado numa história dele e comprei um livro. depois outro, depois outro e depois todos. Estou agora a ler o último, Billy Summers, e recomendo. O filho dele, Joe Hill é óptimo também.
    S K tem outra vantagem,que é produzir um ou dois livros por ano. Há altos e baixos, mas a média dele é sempre acima da média dos outros.
    cumprimentos para o urso peludo.

    JMM

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  5. Olá APS

    Nem me fale também nesse Gonçalo... O que ele produz... Livros, artigos... Escreve que se desunha mas, em minha opinião, tudo palha. É pessoa cuja obra também não consigo frequentar.

    Quanto à crítica literária também é coisa que já não me desperta interesse.

    Quando agora vou a uma livraria, geralmente não vejo nada na literatura portuguesa actual que me desperte interesse. Tenho pena.

    A cultura do 'toca e foge' é inimiga da qualidade. E as livrarias têm, na disposição dos livros o mesmo critério que os canais generalistas na sua programação: dá-se destaque ao que agrada a públicos pouco exigentes.

    Um bom resto de semana!

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  6. Olá Filo

    Sim, sim, os caranguejos começaram a atacar e, por estas bandas, sou eu que abro as hostilidades. Curioso que tenha memorizado isso. Eu, então, sou péssima para datas. Sei as datas dos familiares mais próximos e nada mais. Mesmo de pessoas muito próximas esqueço-me completamente.

    Muito obrigada pela lembrança e pelas palavras simpáticas.

    Saúde e tudo de bom para si. E que tenhamos paciência para as estrelas em ascensão que, tem razão, de superstars tantas vezes se tornam estrelas cadentes...

    Abraço!

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  7. Olá Pôr do Sol,

    Ah, as viagens... Tem razão. Tenho saudades delas. Com isto da covid retraímo-nos mais e agora com o cão se calhar vai ser mais difícil... E agora este calor...

    Mas tenho cá para mim que lá mais para o outono voltaremos a pôr pernas a caminho.

    E gostaram de Santa Comba Dão? Não é tão bonito? Aqueles regatos ou ribeiros correndo pelas ruas... Tão bonito.

    Saúde. Beijinhos. E tudo de bom, Sol Nascente.

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  8. Olá JMM

    Nunca li Stephen King mas há cá por casa vários livros. Não sei se era o meu marido ou o meu filho que o liam. Agora fiquei curiosa, tenho que ir espreitar. Mas também tenho ideia que ele não é um qualquer. E fiquei curiosa em relação ao filho.

    Obrigada pela dica.

    Amanhã quando der um abracinho ao meu peluchinho vou dizer-lhe que é da sua parte. Agora não porque já está aqui a dormir ferrado. O calor amolece-o...

    Abraço.

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