Confesso que tenho alguma dificuldade em seguir, com assiduidade, as notícias. Vou espreitando o Guardian, as gordas do DN, Expresso e Público e, de raspão, à hora de jantar, o zapping que o meu marido faz pelas notícias.
E foi agora que, para meu espanto, vi Marcelo -- não nos esqueçamos: Marcelo, o Presidente da República de Portugal -- no meio de manifestantes perto de Belém. Uns exibiam cartazes a pedir o fim de Israel, outros mostravam Biden com as mãos manchadas de sangue, e, claro, a favor da Palestina. Ora, neste contexto, não sei o que é ser a favor da Palestina. Alguém é contra a Palestina? Contra o Hamas é uma coisa, agora contra a Palestina é outra e, aí, não vejo que alguém que tenha dois dedos de testa, seja contra a Palestina.
Ora, aquela manifestação, em que não se vê condenarem o Hamas e se pede o fim de Israel, é uma coisa complicada.
Como aqui exprimi, tenho dúvidas que haver um país, como Israel, um país baseado numa religião, implantado no meio de uma zona cuja religião é outra (e é fundamentalisticamente outra) possa ser uma solução de paz duradoura. Mas isso são outros quinhentos e a resolução para isto requer muita cabeça, muito humanismo, muita visão, muita compreensão, muita diplomacia, muito entendimento supranacional. Nada que se compare ou enquadre ou sequer tenha pontos em comum com a posição extremista, terrorista, radical, perigosa, do Hamas ou de quem o apoia ou justifica.
E, no meio de uma manifestação como esta, em Belém, aparece Marcelo Rebelo de Sousa, em fotografias, no seu habitual número de selfies, a prestar-se a aparecer em fotografias com cartazes contrários à política externa de Portugal, a dar troco a quem o confronta, tudo num despropósito que julguei inimaginável.
Alguém, por favor, o ajude a exercer as suas funções de forma digna, no respeito pelo cargo que ocupa.
Já li muitas definições de ocupação ou invasão territorial, mas "implantado", é a 1ª vez. Num blogue que apoia a Ucrânia, e bem, contra um invasor, é digamos, poucachinho...
ResponderEliminarCaro JP
ResponderEliminarArranje-me, sff, um sinónimo mais correcto para a criação do Estado de Israel, objecto de acordos internacionais, com a atribuição de um território desenhado naquela região.
Mas antes de me ensinar um sinónimo adequado, permito-me sugerir-lhe a leitura do texto do Historiador Rui Bebiano que, em duas penadas, explica muito bem o enquadramento histórica da região: https://www.aterceiranoite.org/2023/10/11/o-tal-mapa-de-1947/
Ao dispor.
Um termo diferente sei lá, "NAKBA".
ResponderEliminarmas sugestão por sugestão:
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/05/18/em-3-mapas-como-territorio-palestino-encolheu-e-israel-cresceu-desde-partilha-da-onu-em-1948.ghtml
Como sou uma naba em história, prefiro guiar-me pelo que dizem os historiadores credíveis.
ResponderEliminarDe qualquer forma, não há aqui quem defenda que uns roubem territórios a outros, quem defenda terrorismo, quem defenda fundamentalismos, quem defenda estados teocráticos, quem defenda políticas sectárias, estúpidas, discricionárias, reaccionárias. Aqui, neste blog, não há quem o faça.
Portanto, não sei que espera que eu diga a não ser que Estados que têm na génese uma matriz mono-religião não merecem a minha simpatia nem acredito na sua viabilidade e, volto a dizer, parece-me que ter um país feito a feitio para judeus no meio de uma zona em que odeiam os judeus (porque apenas toleram o seu próprio deus) é uma receita para a desgraça. Pode, de vez em quando, haver gente civilizada que se entenda e pareça que a paz é duradoura mas cá para mim a coisa dificilmente correrá bem de forma sustentada...