Por isso, não apenas os casos de abuso não devem cerca de cinco mil mas seguramente dezenas de milhares. Também por isso, os padres no activo envolvidos em crimes de abuso sexual se calhar são mais de cem, sim, mas muito mais de cem.
Ora qual é a organização em que tantos profissionais são abusadores sexuais, grande parte dos quais pedófilos?
Não conheço outra que não a Igreja. Qualquer coisa vai mal, muito, muito, muito mal numa organização em que tantos dos seus profissionais são assim. Pior: como é possível a Igreja conviver bem com o facto de que tantos supostos emissores da palavra de Deus sejam criminosos, psicopatas, gente doente e/ou impiedosa, gente que molesta crianças?
Ver uma fiada de bispos a ouvirem, em estado de estupor catatónico, a leitura de depoimentos de vítimas ou da irmã de um vítima é um imagem quase diabólica. Não sentirão uma vergonha sem limite? Não sentirão um vontade enorme de lavar a honra da sua instituição de uma forma drástica, inequívoca?
Não basta a Igreja pedir perdão nem basta que os suspeitos sejam julgados e os acusados condenados. Não. Não. Não. Mil vezes não.
Tem que haver medidas prudenciais que afastem das crianças ou de gente indefesa todos os que possam de alguma forma vir a assediar, violar ou causar seja que sofrimento for. Tem que se impedir todas as situações em que possam ocorrer mais abusos. Não sei se é necessário instalar câmaras de vigilância nos confessionários, nas sacristias, nos recantos, se é o quê. Não sei.
[Aliás, ainda faz algum sentido haver confessionários? Que coisa mais medieval e absurda.]
O que sei é que a concentração de pedófilos e abusadores na Igreja é preocupante e as situações em que isso pode acontecer parecem ser propícias à prática de tais actos, prática que, segundo se ouve, tal a obsessão pelo 'pecado', é geralmente acompanhada de pedido de silêncio para esconder o pecado (o pecado da vítima, leia-se, pois a hipocrisia é tanta e tão nojenta que as vítimas ainda ficavam a pensar que foram elas as culpadas).
Quando penso que padres praticam monstruosidades que causam profundo e perene sofrimento às vítimas e a seguir, saem dali, e vão dizer missa, falar de pecado e pregar coisas supostamente boas, fico agoniada pois, na realidade, falam de deus com uma boca falsa e nojenta.
Custa-me ainda mais quando parte das vítimas são crianças institucionalizadas, sem família que as defenda, ou crianças cujas famílias acreditam que, deixando-as ao pé dos padres, estão a deixá-las bem guardadas. Coitadas das crianças. Estes padres não são apenas criminosos e psicopatas, são também uns miseráveis, gente desprezível, uns nojentos hipócritas.
Prudencialmente também, não deveriam ser admitidos como padres (ou diáconos) pessoas cuja sanidade mental ou psicológica ou inclinações sexuais denunciem inaptidão para a função. Psicopatas, pedófilos, abusadores, por exemplo, deveriam ser crivados à entrada.
E que não se pense que estou a generalizar. Não estou. Claro que não são todos os padres ou demais agentes da Igreja que são assim. Mal fora. Claro que não são. Mas, até por uma questão de transparência, seria bom que se separasse o trigo do joio. Deveria ser do interesse da Igreja que se erradicasse de forma radical todos os criminosos que, sob a capa da sua ligação à Igreja, praticam actos abjectos, imperdoáveis.
Seria também relevante que a Igreja, se quiser mesmo lavar a cara, lavar as mãos e lavar a alma, colocasse ao dispor da sociedade os meios necessários para isso: desfaça-se de luxos e financie investigações isentas e sérias. E se, no fim, houver tantos condenados que não caibam nas actuais prisões, pois coloquem instalações suas ao dispor, transformem mosteiros em prisões e vendam imóveis ou o que quiserem para ajudar a suportar as despesas.
A Igreja, que se tem mostrado conivente com os abusos sexuais, que se tem mostrado elitista, esbanjadora, reaccionária, que tem fechado a porta a tantos dos que gostavam de ser acolhidos, se quer voltar a ser olhada com confiança tem que saber mostrar que está do lado do bem. Mostrar por actos e não apenas por palavras.
Cara UJM
ResponderEliminarAntes de mais, subscrevo, assino de cruz tudo o que diz.
Só gostava de acrescentar um ponto, para reflexão se é que toda a gente, não tenha já muitas vezes refletido nele, que é: O celibato imposto pela igreja aos seus membros de culto.
Olhar para a pedofilia, neste caso da igreja, que nos leva sem hesitação, a sentar no banco do réu todos os pedófilos sem perceber as causas que levam a tais atos vis, é olhar para a floresta, e não ver a árvore.
A pedofilia na igreja, significa a falência dessa coisa horrorosa que é, o Celibato!
Proibir um ser humano, de praticar sexo na sua vida, é castrar um ser humano. Castrar a vida toda de sacerdócio de uma pessoa, leva entre outras causas, a comportamentos desviantes como por exemplo, a pedofilia. Por consequência, leva a vitimas indefesas ao sofrimento pela vida fora causado por castrados, e também vitimas, do preconceito religioso que a hierarquia católica teima em levar por diante.
Todos os animais precisam de vida sexual, o ser humano, por maioria de razão, porque é inteligente, não pode nunca sofrer de castração sexual . Até os (Eunucos) já acabaram, mas o conservadorismo católico quer a continuação deles, mas com tomates.
Caríssima UJM:
ResponderEliminarSe ainda se lembra do filme "O caso Spotlight" que versava sobre casos silenciados de pedofilia no prelado de Boston, as investigações depararam com um número de 6% dos padres que seriam abusadores. Não sei quantos padres tem a Igreja Católica Apostólica Romana em Portugal. É só fazer as contas depois. Não há maneira de impedir que alguém queira seguir o sacerdócio, assim como não há maneira de impedir que alguém siga medicina, arquitectura ou outra qualquer actividade, com base na suposta queda para a prevaricação. E o problema, não está no celibato. Só entra num clube (que tem regras) quem quer e está de acordo com as regras. O problema está, quando se prevarica, alguém com poder passa uma esponja pelo crime. E a Igraja teve, tem muito poder.
Os meus cumprimentos
Américo Costa
Subscrevo toda a sua publicação sobre este assunto!
ResponderEliminarSinto vergonha alheia desta gente nojenta!!
Excelente crónica. O celibato deve ser eliminado.
ResponderEliminarA.Vieira
Construam.se altares " dourados"lá em cima baterão com a mão no peito - não sabíamos, não sabíamos. Se não fosse real seria uma paródia condenada e não exibida em alguns países.Construam o altar mas ponham lá a Madonna e o clero todo a vê.la
ResponderEliminarA "querida" está uma exagerada fundamentalista ... ( tão diferente para com o caso Sócrates, não foi ? ).
ResponderEliminarCalma, os exageros dão mau resultado, sempre...
UJM
ResponderEliminarEste "afcm", ou é maricas, ou é pedófilo, ou é tudo isso e mais um par de botas, quando mistura alhos com bugalhos.
O que é que tem a ver a pedofilia da igreja atascada até ao pescoço... com o Sócrates?!
Sim. Alguém que explique, a este imbecil, que o casos Sócrates nada tem a ver com pedofilia.
Porra, a direita vai morrer engasgada com o Sócrates. Depois destes anos todos, ainda não digeriram o homem caraças, porra.
Caríssima UJM
ResponderEliminarEstamos a viver um momento sui generis neste governo que devia envergonhar o Partido Socialista com gente deste tipo que se passeia pelos corredores do poder com a maior lata.
Ouvi hoje um vídeo, de uma Adjunta da ministra do trabalho Ana Godinho de nome Inês Franco Alexandre, onde, numa animada cavaqueira numa radio dizer que se devia ocupar a ponte 25 de Abril com acampamento em tendas no tabuleiro da ponte para contestar a questão da habitação.
Pergunto:
1º- Senhora Ministra A Godinho, ainda mantem esta descerebrada no seu gabinete?
2º- que critério considerou valido, para apreciar psicologicamente esta personagem que com as responsabilidades que um cargo que ocupa ?
Aja vergonha de uma vez por todas, caramba pá. Tanta imbecilidade deste governo porra.
Boa noite, cara UJM. Tem razão, os direitolas parecem coelhos saltar das luras! Andam de tal maneira desorientados que perderam a capacidade de "perceber um tema. Metem tudo no caldeirão. Aquele ccastanho parece sofrer de uma distopia catatónica. Que obsessão!
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