Há aquilo de que 'este país não é para velhos'. Alguém disse e virou moda. Não aderi. Parece-me fatalismo.
E quem diz velhos diz anafados.
Fica de fora quem quiser ficar. Mesmo que haja eternos jovens ou mentecaptos encartados que padeçam de claustrofobia em relação a espaços habitados por gente mais vivida (ou melhor alimentada), eu acredito que uma andorinha não faz a primavera, não é toda a gente que é assim, e compete a quem quer estar in não saltar fora.
Mas uma coisa é a idade que a gente sente dentro de nós, que pode ser a idade de um adolescente rebelde, e outra é a imagem que o espelho nos mostra. E aí, caraças, muitas vezes a coisa não coincide.
Não acredito que a malta mais entrada tenha que se vestir 'à velha'. Ná-ná-ni-na-não. Pode até acontecer que um certo ar hippie, retro-chic ou simplesmente um ar de descontração natural tenham um certo charme. Mas daí até a malta se pôr descapotável como se tivesse a inocência que a verde idade transporta já vai um grande passo.
Quando eu era teen ou jovem adulta ousava as saias bué curtas, os vestidinhos ligeiros ou as blusinhas levezinhas sem soutien -- sabendo que o meu descaramento era evidente e provocava olhares pouco discretos -- e estava tudo certo. Pensassem o que quisessem que eu vestia o que me apetecia e era assim que me sentia bem.
A minha cabeça ainda funciona assim e agora é que eu devia ter vinte ou trinta. Mas hélàs, a cabeça funciona assim mas perdi parte da inocência e do descaramento. Portanto, olho e fico a pensar que por muito que gostasse já não me sentiria bem com esta moda que se anuncia, toda ela chamando a primavera e honrando a sagrada nudez.
É que não é apenas o facto de as transparências revelarem todas as refeições bem comidas e toda a ginástica que ficou por fazer... São também as flores pouco subtis. Para quem tenha um corpinho liso, quase andrógino, os espigões das flores quase fazem as vezes de mamilos que dão graças aos céus. Agora quem descende das modelos de Rubens, se ousar uns destemperados antúrios sobre os seios vai ficar até obscena. Acho eu.
Uma pequena achega: quem cunhou pela primeira vez a frase foi o poeta W. B. Yeats no poema "Sailing to Byzantium" (1927), e os Coen aproveitaram-na para título do filme, a despropósito...
ResponderEliminarSe lhe interessar ler a versão portuguesa, poderá encontrá-la a 1/5/2010, no "sítio do costume".
Bom dia!
Velhos são aqueles que têm mais dez anos do que nós. Esses sim, são velhos!
ResponderEliminarSempre jovem temos a mini-saia, por exemplo. Nascida nos anos 60 do século passado, continua terrível para certas pernas … tal como os louboutins, como recentemente constatámos, são terríveis para corpos descambados.
A juventude é, portanto, o nosso futuro. Assim o mostram os esbeltos jovens que nos estão a preparar as jornadas da juventude.