sexta-feira, setembro 30, 2022

A ferocidade e a hipocrisia destes criminosos

 

A Rússia prepara-se para decretar a anexação de regiões ucranianas e, com mais este movimento no sangrento tabuleiro de xadrez de Putin, a guerra sobe mais um degrau na escala da severidade do risco para a humanidade.

Os crimes, monstruosos, são múltiplos, imperdoáveis, e as mentiras para os justificar são constantes, inacreditáveis, absurdas.

O que acontece diariamente é impensável, de um mal que parece infinito.


























A destruição é inexplicável, arrasadora, a dor das pessoas é imensa, profunda. A imagens que nos chegam das mais diversas fontes são provas irrefutáveis da extensão e intensidade dos crimes que diariamente são praticados pela Rússia em território ucraniano. As fotografias que aqui mostro são algumas das muitas da Reuters e tive o cuidado de não mostrar as mais sensíveis como, por exemplo, a que mostra uma criança no caixão. 

O que Putin está a fazer na Ucrânia não tem justificação nem pode ter perdão. Um dia, que espero que não seja longínquo, isto há-de ter um fim e o direito internacional voltará a ser respeitado, as fronteiras do país que hoje está a ser objecto da maldade absoluta de um pcicopata assassino voltarão a ser repostas, o país será será reconstruído e os sobreviventes poderão voltar a viver em paz e liberdade no seu próprio país. Não tenho dúvida. Todo o mal, mesmo o que parece infinito, se esgota depois de devorar os que o praticam. 

Tal como temos que manter viva a memória do nazismo e do fascismo, também deveremos manter viva a memória do putinismo. Temos que saber detectar os sinais mesmo quando apenas ainda germinam dentro dos ovos das serpentes, temos que saber impedir que floresçam e ganhem força para levar a cabo as campanhas massivas de desinformação e os genocídios que sempre levarão a cabo desde que a tal não sejam impedidos. 

Não podemos esquecer-nos do que está a acontecer. Não podemos perdoar nem esquecer.

Nem podemos esquecer-nos dos parasitas da maldade, aqueles vermes que sempre vivem no lombo das bestas, que não são capazes de se demarcar deles preferindo disfarçar a sua ligação afectiva aos criminosos repetindo as farsas que estes põem a circular, nomeadamente chamando a atenção para as consequências de não rendição. Os cobardes e os pérfidos apelam sempre à rendição dos agredidos, andam de rastos pela lama quase pondo as culpas pelos dramas da guerra nas vítimas.

Muitos milhares de russos têm estado a demonstrar a Putin e ao mundo que se demarcam da política criminosa do Kremlin. Quer através da fuga, quer através das manifestações, muita gente tem mostrado que lhe corre nas veias a coragem e o gosto pela democracia e pela liberdade. Acredito que mais corajosos apareçam e que consigam travar Putin. Quero acreditar nisso. Quero muito acreditar nisso.

Não quero acreditar que estejamos perante um risco real de uma nova guerra mundial. 

'Utter ferocity': See the devastating scene in a newly-liberated Ukrainian town

As Ukrainian forces make further gains in the eastern region of Donetsk, CNN's Nick Paton Walsh reports from a newly-liberated monastery town in the region, where local residents spent seven months underground while Russian forces occupied their homes.

quinta-feira, setembro 29, 2022

Ligações, promoções, confraternizações. Sacos. Melgas. E etc.

 


Recebo convites para participar aqui e ali, para almoços e pequenos almoços executivos, para passeios de barco, para cocktails em rooftops ao pôr do sol com jazz como companhia. Agradeço a gentileza do convite e declino ou vejo se é possível encaminhar para colegas que estejam receptivos. Eu já não consigo. Nunca tive grande saco mas, desde há algum tempo, fechei mesmo para obras. Não dá.

Hoje, ao fim da tarde fomos caminhar à beira da praia. 

Num dos restaurantes havia uma festa. Um músico contribuía para o ambiente boa onda. As ondas do mar a pouca distância contribuíam com o resto do acompanhamento musical. Num dos topos, uma mesa posta com aqueles simpáticos amuse-bouche e petites pâtisseries que coloridamente abrem o caminho para a gourmandise e que dão gosto só de olhar. Para compor o ramalhete umas dezenas de pessoas com ar de executivos que se aperaltaram para a ocasião. Homens e mulheres mostravam-se glamourosos, elas bem maquilhadas, bem vestidas e bem penteados e eles idem. Todos de copo na mão, todos sorrindo, confraternizando, circulando. Alguns mais sérios, ar de quem carrega a pesada chave que abre o cofre das soluções do mundo, certamente falando do business

E eu, vendo-os, pensei numa coisa que sempre ouvi dizer a todos os meus colegas: que os bons negócios se fazem à mesa ou que é nestas ocasiões que se fazem contactos frutuosos. E se todos o dizem é porque para todos eles isso funciona.

Pois comigo nunca funcionou. Nunca, nunca. O meu mindset só se sintoniza no business quando estou a trabalhar, em horário laboral, em local de trabalho. Preciso de estar focada nas coisas, preciso de estar preparada, preciso de ser incisiva quando for preciso, preciso de perceber até onde posso ir. Nada disto é compatível com distração, música, copos, gente a interromper.

Pior que isso: quando estou (ou melhor, quando estava) em lugares assim, odiava -- e digo bem: odiava, o-di-a-va -- que viesse algum chato maçar-me com assuntos de trabalho. 

Nestes encontros, conferências, almoços, tretas, há sempre o intuito por parte de quem organiza de estreitar connections, de estabelecer contactos, de farejar intenções de investimento. E eu percebo isso, estão a gastar dineiro nos eventos com esse propósito. Só que sou a ave que voa fora do bando, sou a ovelha sempre pronta a tresmalhar-se. Se é para ser almoço, então vamos curtir a ementa e falar de coisas simpáticas ou de política ou de lugares bonitos do nosso país. De tudo menos de trabalho. 

Não aguento quando um palerma pergunta qual a nossa experiência com a empresa A ou B, com a metodologia C ou D, com a tecnologia E ou F, com os mercados G ou H ou com o caraças. Só apetece perguntar se não sabe que é falta de educação falar de trabalho à mesa. Só não o perguntava para não me arriscar a ouvir que, justamente, aquele era um almoço de trabalho.

É que a conjugação de um almoço ou evento profissional com um chato é do pior que pode acontecer. Sempre fugi de chatos mas há ocasiões em que não dá para fugir. É, então, a tortura total. 

No Grupo, todos os anos havia encontro do maralhal quase todo. Foi interrompido com a Covid e agora está a retomar-se a boa prática. Um hotel todo por nossa conta não chega. Uns ficam na guest house

Num ou noutro sítio, à noite fazem-se grupinhos e há sempre quem aproveite para trocar ideias sobre projectos em curso ou em perspectiva, sobre problemas, sobre planos de negócio. Mal vejo algum a aproximar-se logo eu salto fora. Não há pachorra. 

Eu a organizar coisas destas, imporia uma condição: proibido falar de trabalho. 

E agora vou fazer um paralelo que, na volta, não é de nenhum paralelismo. Mas ainda assim. Qual a lógica daquelas cenas de lançamento de livros? Ter outras pessoas a falar do livro do autor? Mas há alguma coisa a dizer? Quanto muito há a ler e cada leitor que interprete como quiser. Se eu um dia escrever um livro nem arrastada me apanham numa cegada dessas. Não teria nada a dizer. Um autor vai pôr-se a dizer o quê do livro que escreveu? O que havia a dizer, foi dito por escrito. Ou outra pessoa ao lado a dizer coisas sobre o autor ou sobre o livro? Que abuso. Não faz sentido. Um escritor é escritor enquanto escreve. Quando não está a escrever, deve ser deixado em paz. Nem imagino o suplício que deve ser para um escritor ter que andar a aturar chatos que andam à volta que nem melgas para falar dos personagens ou sabe-se lá do quê. Mas parece que as editoras querem os escritores a circular, a exporem-se em lançamentos, em feiras, em encontros, parece que isso ajuda a divulgar. Não vejo como. Nem percebo como é que os escritores conseguem ter paciência para falar do que escreveram. Se me imagino nisso, só penso que, mesmo que involuntariamente, ia dar comigo a dar respostas inconvenientes, a ser irónica, a abandalhar a conversa. Acredito que, ao fim de algum tempo, na editora haveriam de me implorar que não aparecesse em público. Melhor para mim, claro.

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E isto porque vi aquela gente num fim de tarde tão bonito, mesmo em cima do mar e, em vez de curtir o jazz ou vir para a rua olhar para o sol a mergulhar no horizonte, andavam ali a jogar conversa fora ou a perder tempo a falar de trabalho. Mas sei lá. Cada um é como cada qual. Se calhar, eles é que fazem bem.

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As fotografias RX de flores são da autoria de Aleks Reba e, uma vez mais Nina Simone faz-nos companhia com Mr. Bojangles

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Um dia bom

Saúde. Boa onda. Paz.

quarta-feira, setembro 28, 2022

UM JEITO MANSO -- 6.000.000 de visualizações
Para assinalar a ocasião, uma entrevista imperdível

 


E eis que ultrapassei os seis milhões sem que estivesse atenta. Foi através de um mail que fui alertada, aliás com uma reivindicação, 'Então desta vez não há surpresa para os Leitores?'. Upssss....

Parece que foi há tão pouco tempo que aqui tivemos uma animação com filmagens e brincadeira que não me lembrei de estar preparada para o marco dos 6M. De facto, foi em Agosto do ano passado que, aqui em casa, os meus cinco pimentinhas estiveram na risota a festejar os 5.000.000 de visualizações. Aliás, de cada vez que atingi um marco com seis zeros, agradeci aos Leitores, retribuindo da maneira possível a generosidade da companhia que, ao longo do tempo, me vêm fazendo. A excepção foi a dos 4.000.000 -- passou-me, não dei por eles e, quando reparei já ia tão mais adiante que já não fazia sentido assinalar.

E hoje, apanhada desprevenida mas, se quisesse, ainda a tempo, fiquei sem saber o que fazer. A primeira reacção foi pedir desculpa por não ter nada para oferecer. Até que pensei que tinha a obrigação de puxar pela cabeça. E se já tinha tido o meu marido, já tinha tido os meus filhos, já tinha tido os meus netos, já me tinha tido em toda a minha nudez... portanto, agora teria que ter o mais recente membro da família.

Devo confessar que a falta de preparação, a premência e o adiantado da hora não me deixaram margem para estudar melhor a operação. Acresce que, na base, está a minha incompetência para a arte. Tentei a entrevista com o telemóvel mas o entrevistado não facilitou. Acresce que, de cada vez que pensei ter cumprido, ao tentar fazer o carregamento do telemóvel, me apareceu um aviso de que o vídeo era grande demais para tal coisa. Poderia ter arranjado um processo, claro que sim, para tudo (nestes domínios) há solução, mas o telemóvel chamou-me para outra diligência e depois o meu marido estava a querer que saíssemos. Portanto, fui buscar a máquina fotográfica que está empenada desde que, no Algarve, foi alvejada com jactos de areia, e, num único take, despachei a coisa. Está tudo errado, a luz, o ângulo, a proximidade, a movimentação da câmara, a ausência de guião, a incoerência das falas. Tudo. Mas acredito que já estejam habituados às minhas inabilidades e que, por isso, já as relevem. Seja como for, acreditem que é de coração.

Mas, antes, também como agradecimento, deixem que vos informe sobre algumas estatísticas que são mais vossas que minhas.

Até a este preciso momento em que escrevo as visualizações vão em 6.000.505

Até a este momento, e incluindo este que estou a escrever, já publiquei 7.065 posts

Até este momento foram publicados 21.075 comentários.

Os posts mais visualizados nos últimos 12 meses (independentemente de terem ou não sido escritos neste último ano) são os que abaixo se vêem nas imagens que capturei directamente das estatísticas do blogger. 

Alguns textos foram escritos há vários anos e, ano após anos, continuam a receber bastantes visitas. 

Por exemplo, o 4º post mais visitado nos últimos meses, aquele em que falo no regresso a casa do meu pai, foi escrito em Janeiro de 2015 (Porque o meu pai já está em casa, porque 'o humor é a liberdade', porque a vida é uma coisa extraordinária, e porque mil outras coisas). Se me reportar ao blog desde o seu início, este post é o 11º mais visto desde sempre. Comove-me pensar que tantas pessoas têm lido um texto tão pessoal, tão sentido.

Curiosamente, o 7º post mais visto desde sempre (e que não faz parte do top destes últimos 12 meses) é também um texto muito pessoal, um onde falo do meu avô: E, por falar dos figos lampos que aí vêm, as nêsperas doces e o meu avô...

Há qualquer coisa de fantástico nisto: estou aqui sossegada na minha sala, vou escrevendo sobre o que me ocorre, às vezes sobre pensamentos ou sentimentos muito meus, muito íntimos, e algures, não apenas em Portugal mas um pouco por todo o mundo, não apenas nesse dia mas ao longo de anos, há alguém que recebe as minhas palavras e que talvez se sinta acompanhado por elas. E isso é uma recompensa maravilhosa para mim.

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E agora a prometida entrevista. Aliás, a entrevista possível. O entrevistado não colabora e a entrevistadora também não acerta uma. Portanto, é mais um daqueles tesourinhos deprimentes a la UJM. Mas é com carinho que aqui partilho convosco este momento em família.

Um Jeito Manso - seis milhões de visualizações

O cãopeludo, a fera mais cabeluda de que há memória, (não) diz de sua justiça sobre o blog da sua dona



Agradeço-vos por tudo, pela companhia, pelo incentivo, pela simpatia umas vezes, por me picarem e discordarem outras vezes, por estarem aí desse lado, pelos mails que me escrevem, pela amizade que já estabeleci com alguns de vós, por tudo. 

Muito, muito, muito obrigada. Para todos os que estão aqui por bem vai o meu abraço.

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As fotografias que aqui usei foram feitas no outro dia. In heaven o outono está dourado, lindo, o chão arruivado pela caruma e pela rama miúda dos cedros. E, neste dia, apetece-me ter aqui imagens deste lugar tão especial para mim.

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E um dia bom
Saúde. Boa disposição. Paz.

terça-feira, setembro 27, 2022

Guia rápido para parecer natural

 



Sempre fui de me deitar tarde e, portanto, nunca consegui levantar-me folgadamente cedo por forma a ter tempo para grandes empreitadas pré-matinais a nível de make-up. Quando os miúdos eram pequenos e tinham que estar cedo na escola, a alvorada era compatível com dar tempo a arranjarem-se, tomarem um bom pequeno almoço, lavarem dentes, pentearem-se, etc, e no meio, em dois minutos, se tanto, tentava dar a mim própria um arzinho de minha graça. Quando ficaram autónomos ou saíram de casa, os horários poderiam ter sido abrandados não fora eu, nessa altura, ir trabalhar para mais longe, obrigando-me a não apenas atravessar a cidade como a fazer trajectos em autoestradas. Portanto, como não desbastava tempo ao sono, a parte de me arranjar continuou a ser feita em três tempos.

Ultimamente, poderia fazer as coisas como devido mas aí já estava demasiado desinstruída. Continuo na base do meia bola e força -- e  feito.

Contudo, agora, volta e meia, o YouTube presenteia-me com tutoriais com a rotina matinal ou nocturna de tudo o que é mulherada que se conservará nova até ser velha. 

Provavelmente descaí-me uma ou outra vez  a espreitar os vídeos -- sou cusca, quero saber qual o golpe de magia --, e vai daí o algoritmo, que é fino que nem um alho, topou logo que ando com vontade de saber como é. O pior é que, de cada vez que vejo, vou ao tapete. E dizem elas que aquilo é o que fazem quando não têm tempo... Faria se tivessem. Bolas. Além disso, tudo novidade para mim. Sinto-me pré-histórica, ignorante, fora deste mundo.

Para mais, vendo isto, percebo porque é que, quando for idosa-idosa, não vou conseguir fingir que tenho vinte aninhos. Não tem havido esfoliações, séruns vegans, tratamentos combinados -- e não é agora que vou conseguir recuperar le temps perdu. Ou seja: já foste, Ujota-Emezinha.

É que eu faço assim: depois da cara lavada com água fria, aplico-lhe um creme hidratante qualquer e, a nível de tratamento de pele, nada mais. Bem, não é bem um hidratante qualquer. Geralmente é de supermercado mas ultimamente procuro aqueles que se anunciam como sendo anti-envelhecimento ou anti-rugas. 

[Não sei se fazem alguma coisa a esse nível mas, assim como assim, não custa tentar. Bem sei que, na cosmética, não se vendem tratamentos, vendem-se ilusões -- mas capaz de as ilusões fazerem bem à pele, nunca se sabe].

E sempre assim foi comigo. A única vez que resolvi experimentar pôr base, fiquei estranhíssima. Olhei-me ao espelho e parecia uma bonequinha, toda lisinha, toda impermeabilizadinha, sem vestígios de imperfeiçãozinha que fosse. Ainda me lembro de um colega me perguntar: 'Está diferente. O que é que tem?'. Não me lembrei que seria da base, fiquei admirada. Depois entrei para uma reunião e o presidente, um desbocado, olhou para mim e disse para os outros: 'Está mais bonita, ela, hoje, não está?'. E para mim: 'O que é que tem para estar diferente?'. De repente lembrei-me mas não disse. Temi que estivesse a querer parecer artificial. E estava era arrependida de ter posto aquilo sobretudo por estar com medo de sujar a blusa. Nem queria pensar que a blusinha branca ficava com o decote, no pescoço, todo acastanhado. 

Nunca mais.

A nível de cosmética, também é do mais básico que pode haver. Ponho um little bit of blush nas faces a ver se fico com um arzinho de saudável vida no campo. Ultimamente nem uso nada de especial: faço um risco de cada lado com baton e depois esbato, e está o blush posto. Depois, uma sombrazita esbatida na pálpebra superior, um brilhozinho nos lábios... e está feito. Dantes ainda punha um rímelzito nas pestanas de cima. Ultimamente, nem isso. Aliás, nem sei se ainda se diz rímel pois ouço toda a gente a dizer máscara, dito assim: masscárah. Cheira-me que rímel é coisa do passado. 

Mas eis que agora, tentando aprender com estes tutoriais, constato que colocam coisa sobre coisa e tudo fica bem. Sempre temi fazê-lo não fosse aquilo reagir entre si e eu ainda ficar toda pintalgada de brotoeja ou sei lá o quê. Afinal, vejo-as a porem camada disto, camada daquilo, camada de primário, camada de foundation, camada de contour, camada de mais não sei o quê. Há coisas que nem sei o que são. O que sei é que, no fim, estão com a pele perfeita, todas elas lisinhas, luminosas, todas impecáveis.

E, então, feita macaquinha de imitação, hoje, depois de lavar a cara, apliquei um pouco de creme da L'Oreal desses anti-idade e, passado um bocado, depois de aquilo estar absorvido, pus-lhe creme nívea por cima. Espalhei bem, claro. E não apenas não reagiu com o creme anterior como me parece que fiquei com a pele melhor, mais luminosa. 

Agora à noite estou capaz de lavar a cara e aplicar um outro creme que para ali tenho para usar à noite e, por cima, mais uma dose de creme nívea. Mas quando digo creme nívea não é nívea para o rosto, é mesmo aquele mais antigo que eu, aquele indiferenciado, daquele que vem naquelas caixas azuis, metálicas, redondas, clássicas. 

E é isto.

Imagino que este tema não interesse a parte significativa dos meus Leitores mas eu hoje estou assim, zeníssima. Junto à hora de almoço fui levar a massagem que recebi de presente, ainda o verão era uma criança. Aproveitei para nadar na piscina interior, para descontrair no jacuzzi, para beber água perfumada por frutos vermelhos e, só depois, me entreguei nas sábias, fortes e suaves mãos da massagista. Havia música de meditação, velas de luz bruxuleante e não apenas vários óleos foram espalhados no meu corpo como, no final, toalhas quentes e molhadas foram aplicadas nas minhas costas. Terminei com um ritual de chá. E apetecia-me era lá ficar a hibernar. Quase aposto que mais um bocado e ainda era capaz de esvaziar a cabeça e ficar a levitar, ou seja, a meditar.

Mas, moça trabalhadeira que sou, claro que a seguir fui trabalhar como se não estivesse com a alma mais do que zen. 

Por isso, como podem imaginar, o tema agora à noite teria que ser assim, levezinho, levezinho, levezinho...

Candice Swanepoel's 10-Minute Guide to "Fake Natural" Makeup and Faux Freckles | Beauty Secrets

Victoria's Secret model Candice Swanepoel reveals how to do sunkissed skin, faux freckles, and the perfect lip tint on camera.


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Já agora: e à noite? Como é que é...? Coisa simples, também...?

Alanis Morissette's 18-Step Nighttime Skincare Routine | Go To Bed With Me | Harper's BAZAAR



Confirma-se: coisa simples...
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A primeira, a segunda e a última fotografias mostram Candice Swanepoel, 33 anos. A terceira e a quarta mostram, respectivamente, Michelle Pfeiffer e Sharon Stone, ambas agora com 64 anos. 

Bamboo Flute | by 陳悅

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Um dia bom
Saúde. Confiança. Paz.

segunda-feira, setembro 26, 2022

Quando a maior e mais nuclearizada nação do mundo está nas mãos de um único homem o que podemos dizer é que estamos a atravessar um dos períodos mais sombrios da nossa existência

 

Mesmo que se tratasse de um homem equilibrado, um democrata, um humanista, um tipo decente, um fulano culto e com uma visão holística do mundo, ainda assim seria perigoso. Toda a gente funciona bem até deixar de funcionar. E um país tem que ter camadas de poder, camadas não apenas horizontais (diferentes níveis de decisão) como camadas de poder distintas e independentes. E umas camadas devem vigiar as outras. E os termos em que a vigilância entre camadas independentes se exerce devem estar bem definidos.

Mesmo assim há perigos como vimos com Trump que, apesar de todos os checks and balances, conseguiu manter-se durante uns anos à frente dos Estados Unidos. E isto apesar de todas as suas mentiras, de toda a incompetência, dos reais riscos de deslealdade que a proximidade a Putin prenunciavam, do narcisismo doentio que o levava a toda a espécie de dislates e alarvidades, apesar da erosão política e social que cavou na sociedade americana. 

Agora imagine-se um regime obsoleto, baseado na distribuição de prebendas entre oligarcas (muitos dos quais, estranhamente, a aparecer mortos), em que as supostas primeiras figuras são humilhadas publicamente ou sumariamente descartadas, em que a lógica é a da concentração de um poder absoluto em Putin, um ex-agente do KGB, um saudosista de impérios de má memória, um psicopata assassino que governa ditatorialmente e que não se importa de sacrificar milhares de vidas para salvar a sua.

O que Fareed Zakaria diz no vídeo abaixo é muito interessante e muito claro. 

O que está a acontecer na Rússia e na Ucrânia é grave demais. Diz ele -- e eu acredito -- que a implosão do regime putinista não deve estar longe. O pior é o que vai acontecer até lá. O mundo está um lugar cada vez mais perigoso.

Zakaria explains what Putin's nuclear threat tells us about him

CNN's Fareed Zakaria discusses Putin's nuclear threats toward the West and what they tell us about  his war in Ukraine


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PS: Claro que os resultados em Itália também não podem deixar ninguém muito tranquilo

O nazismo e o fascismo cercam as democracias como feras sedentas de sangue.

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domingo, setembro 25, 2022

O que diz Yevgenia Albats

 

No vídeo abaixo, Yevgenia Albats, corajosa jornalista russa, diz a Anderson Cooper o que pensa do que está a acontecer no seu país. 

De uma forma ou de outra todas as vozes lúcidas convergem, dizendo o óbvio. Putin é um dead body que mata sem piedade por motivos fúteis, mentirosos, pretensamente imperialistas mas, na verdade, mal calculados, mal engendrados, e que inflige morte aos ucranianos e aos russos numa luta irracional e criminosa que é tão mais tresloucada quanto mais sente que a sobrevivência lhe foge. 

Putin sabe que o que está a fazer ao seu país, impondo a guerra, forçando a guerra, agudizando a guerra, querendo forçar os homens do seu país a ser carne para canhão, só poderá ter um desfecho e, cobardemente, tenta, a todo o custo, atrasá-lo mesmo que, por cada dia que o consegue atrasar, muitas vidas sejam sacrificadas.

O mundo civilizado não lhe perdoará os crimes, os violentos atentados, o sangue e a dor que tem estado a causar. Mas, de entre todos, quem mais quer travá-lo e quem mais o odiará para todo o sempre serão os próprios russos. 

Milhares fogem como e para onde podem, outros, corajosos, vão para a rua manifestar-se, outros tentam partir os próprios braços para não serem alistados. 

Esta guerra cruel e miserável não vai acabar bem para ninguém pois ninguém sai bem de uma guerra. Mas vai acabar ainda pior para Putin, esse bandido que age à margem da lei, que mostra que não tem coração nem razão.

Russian journalist Yevgenia Albats says Putin knows he's losing

Um bom dia de domingo

Saúde. Luz. Paz.

sábado, setembro 24, 2022

Joe Biden 'perdido no palco'. Caso para chacota?

[E memória do meu pai].

 

Um vídeo com Biden supostamente perdido no palco, aparentemente sem saber bem para onde ir, tornou-se viral. E não houve gente medíocre e com reservas mentais quanto aos democratas dos Estados Unidos que não saísse à cena  a dizer que estamos bem entregues ou que Biden não bate bem da bola.

Biden Completely Lost on Stage During Global Fund Speech

Claro que não conheço o boletim clínico de Joe Biden nem as circunstâncias em que aquilo aconteceu.

O que sei é que olho para aquelas imagens e não apenas não consigo tirar conclusões como, sobretudo, não consigo gozar.

Por uns momentos, vendo aquele excerto, descontextualizado, lembrei-me do meu pai.

Quem por aqui me tem acompanhado lembrar-se-á que o meu pai, que entretanto morreu há pouco mais de dois anos, teve cerca de doze anos antes um AVC extenso e grave que o deixou muito debilitado. Depois de muita fisioterapia recuperou o andar e esteve durante muitos anos autónomo a nível da movimentação (embora com algum acompanhamento), a nível de se alimentar e de tratar da própria higiene. Falava, estava lúcido, tinha boa memória. Para o fim, talvez dois anos antes de morrer, depois de ter partido uma perna e de ter sido operado, aí, sim, entrou em declínio acentuado e tornou-se quase totalmente dependente.

Mas, antes desse terrível AVC, teve pelo menos quatro AITs. Eram coisa ligeira, em especial dois deles, nem ninguém percebeu que eram um aviso para levar muito a sério. Apenas depois, pelos exames que fez noutras alturas, se percebeu, pelas pequenas marcas que deixaram no cérebro, que tinham ocorrido. Os outros dois últimos já foram mais evidentes mas, em qualquer dos casos, eram coisas momentâneas e das quais recuperava completamente, fazendo uma vida normal. Mas, de vez em quando, percebíamos, por pequenos sinais, que havia ali qualquer coisa que não estava absolutamente bem. Contudo, só as valorizámos depois do AVC.

O meu pai sempre teve uma saúde robusta, era muito activo, fazia caminhadas, praticou desporto até tarde, tinha orgulho nos seus hábitos saudáveis e na sua vida tão cheia de energia. Não era hipertenso, não tinha colesterol alto, não era gordo e, fisicamente, parecia mais novo que era.

Contudo, era um bocado stressado, tendia a dormir mal e de vez em quando tinha arritmias. Como fazia uma alimentação saudável e achava que tinha controlo sobre o seu corpo e, além disso, era avesso a medicamentos, geralmente não seguia a medicação devida. 

E foi isso que o tramou. Mas só o percebemos tarde demais, quando teve o AVC.

O primeiro AIT foi assim: estava em casa e, ao ir no corredor, fraquejou momentaneamente, como se lhe tivesse faltado a força nas pernas. Agarrou-se ao fecho de uma porta, equilibrou-se. Durou uma fracção de segundo. Mas ele achou estranho, a minha mãe achou estranho. Mas ficou bom, continuou a sua vida activa, normal. Não pensou mais nisso.

Outra vez, no verão, estavam a passar férias in heaven com os meus filhos. Quando lá estavam, ele fartava-se de trabalhar: aplicava verniz protector nas portadas de madeira, montava rede protectora para as janelas com armação de madeira para não entrarem bichos, regava, etc. Um dia, ao almoço, por uma ou duas vezes, ao levar a comida à boca, parecia que não acertava bem com o garfo. Nem ele percebeu o que se passava nem a minha mãe o percebeu. Pensou que estava com os braços e as mãos cansadas, ou que tinha estado tempo demais ao sol. Ficou bom, não ligou. Mas, quando lhes liguei, a minha mãe referiu isso. Mas aquilo tinha durado uma fracção de segundo, tinha ficado logo bem. 

Entre uma e outra coisa, podiam passar anos de vida normal. Iam de férias para o Algarve, iam de férias para as Beiras, passeavam, iam ao cinema, tudo tranquilo. 

Até que uma vez foi pior. De manhã, ao acordar parecia que as palavras não lhe saíam bem. Mas tinha dormido mal, pensou que precisava era de dormir. Mas, em vez disso, foi andar para a rua, a ver se espertava. Um vizinho disse à minha mãe que achava que ele não estava muito equilibrado, que parecia hesitante no andar. A minha mãe estava a estranhar aquilo e disse-lhe que era melhor irem ao hospital. Zangou-se, estava bem. Mas a minha mãe não achou que ele estivesse absolutamente normal. Falou com o meu tio, irmão dele. Ele foi vê-lo e também achou que alguma coisa não estava completamente bem. Ligou à minha prima, que é médica, e ela disse que era melhor levá-lo ao hospital. Aí foi detectado o AIT e foi nessa altura que se percebeu que já lá havia umas marcas de pequenos AITs anteriores. Passou a noite lá, por precaução. Fui buscá-lo do dia seguinte. Saiu pelo seu pé, vinha normalíssimo, a achar que tínhamos exagerado nos cuidados. 

Nos tempos seguintes esteve óptimo e ninguém pensava mais em tal coisa. Supostamente estaria medicado embora houvesse sempre divergências entre ele e a minha mãe, ela que achava que ele deveria seguir a medicação à risca e ele que achava que ele é que sabia e que ela não tinha nada que andar com aquelas conversas.

Nessa altura, a nossa boxer ficava lá durante a semana e ele ia passear com ela para o campo ou para a praia, fazia móveis em madeira, ia às compras, era activo e estava saudável. Nem mais nos lembrámos do AIT. Até ao seguinte.

O último poderia ter tido consequências graves. Tinha ido ao shopping com a minha mãe e, no parque de estacionamento, tinha ficado com o pé na embraiagem e não o conseguia levantar. Apanharam um susto. Se o carro estivesse em movimento, o que poderia acontecer... Aí perceberam nitidamente que a perna tinha ficado momentaneamente sem acção. Foi também apenas uma fracção de segundo. Dali seguiram, com ele a conduzir, para o hospital. Outro AIT, claro. 

Dessa vez, houve uma sequela, por sinal muito bizarra: esqueceu-se dos números. Não os reconhecia e, claro, não sabia fazer contas. No dia seguinte foi para casa, fresco, a andar e falar normalmente. Mas aquilo dos números era muito estranho. A minha mãe ensinou-o e ele rapidamente recuperou o conhecimento. Nessa semana, na sexta à tarde, quando lá fui buscar a cadela, já ele estava a resolver raízes quadradas à mão, números imensos cujas raízes quadradas resolvia na maior das calmas. Ficou bom de novo. 

E mais uns anos passaram até que veio aquele terrível AVC.

Esteve muito tempo no hospital e voltou para casa com meio lado do corpo morto, com meio campo visual perdido, com dificuldade na fala. 

Veio a recuperar a mobilidade e a fala. O campo visual perdido é que não teve volta. Mas uma outra coisa apareceu comprometida: a orientação espacial de proximidade. E isso era muito estranho. Se lhe perguntássemos como se ia de casa até um sítio qualquer na cidade ou noutra, ele descrevia as ruas, o percurso todo, ao pormenor, sabia onde se poderia estacionar na proximidade, tudo. Mas quando saía da sala, por exemplo para ir à casa de banho, parecia ficar perdido, não sabia se era para a esquerda ou para a direita, hesitava. Mesmo quando se levantava da cama, via a porta do roupeiro e ficava na dúvida se a porta do quarto era ali ou se era noutro sítio. Era muito estranho. Vacilava, ficava perdido (e muito infeliz).

Nessa altura, descia as escadas sozinho, andava no jardim, ia à rua, tudo bem, e arranjou truques para se orientar. Mas uma vez, vinha da rua, talvez encandeado ou talvez simplesmente desorientado, entrou na sala cuja porta é perto da entrada e deu uma volta à chave, tirando-a da porta e colocando-a numa estante. Pensava que estava a fechar a porta da rua e a pôr a chave num móvel chaveiro que há parede. Quando a minha mãe percebeu o que se tinha passado, começou a dizer-lhe para abrir a porta. Mas, como não percebeu o que tinha acontecido, pensou que, inadvertidamente, se tinha fechado em casa deixando a minha mãe na rua. Então, dizia à minha mãe para dar a volta à casa e tentar entrar pela outra porta. A minha mãe, aflita, dizia que ele se tinha fechado na sala. Como via mal, como a sala estava com a janela fechada e às escuras e como ele estava completamente desorientado, foi o cabo dos trabalhos. Teve que se chamar uma pessoa que, não sei como, conseguiu entrar pela janela. Ele estava muito nervoso pois, nestes momentos, sentia-se diminuído e até envergonhado por dar trabalho e pela situação a que tinha chegado.

Não faço ideia do que se passou com Joe Biden no dia que o vídeo mostra. Pode ter sido apenas cansaço, exaustão. Não sei.

O que sei é que acho que não devemos gozar com quem passa por situações assim. As pessoas podem estar bem, fazer a sua vida normal, estar lúcidas, na plena posse das suas capacidades e, no entanto, momentaneamente, passaram por um qualquer estado de perturbação. Pode acontecer com os nossos pais, pode acontecer connosco. Somos todos feitos de matéria frágil. 

Um monstro frágil, um 'dead man walking'

 

Tem um inconfundível barrete cor de laranja (que tem uma história associada), tem um ar patusco, tem uma bela e respeitável barba quase branca, tem uma franqueza destemida e tem a experiência e o traquejo de quem já viu e investigou de tudo um pouco.

John Sweeney foi ontem entrevistado e fala abertamente sobre o desfecho que, face ao que está a passar-se na Rússia, antevê para Putin.

John Sweeney Declares Putin 'Is In Trouble' Because Ukraine War Is "Not Popular" In Russia | GMB

'Putin's in trouble. I think that down the track Putin is a dead man walking.' John Sweeney says Putin 'is in trouble' because 'he hasn't sold this war to the Russia people' and so it is not popular in Russia.



sexta-feira, setembro 23, 2022

Branca e radiante vai a noiva

 


Antes de me casar, fui a lojas na Baixa e experimentei alguns vestidos de noiva. Mas andava tão habituada a vestuário num outro comprimento de outra onda que, ao ver-me ao espelho toda cheia de saias armadas, folhos e rendas, me senti mascarada. Não me ocorreu maçar ninguém para vir comigo. Por isso, foi sem conselho alheio que resolvi que casar era casar, não era armar uma festarola à qual deveríamos comparecer fantasiados. Assim, optei por uma espécie de jeans bem justinhos, brancos, e uma túnica linda, branca, justinha, com uns belos bordados manuais, made by Augustus. Ou seja, apesar de tudo, toda em branco, comme il fault. Tenho ideia que nesse dia da túnica a minha mãe foi lá para dar a sua bênção. Tenho até ideia que a minha tia, que eu tinha escolhido como madrinha, também foi. Preferiam que eu me apresentasse vestida de noiva mas, a não ir, tenho ideia que, mal por mal, a túnica foi aprovada. Mas havia uma questão. Era totalmente transparente. Se fosse hoje, isso não seria transparente. Quanto muito colava uma estrelinha ou um coração em cor nude sobre os mamilos. Mas, naquela longínqua altura, não havia autocolantes para os mamilos nem se admitiria o escândalo de uma noiva aparecer em transparências. Naquela altura também não havia a profusão de tops em lycra que hoje há. Foi, pois, com alguma habilidade que a minha mãe conseguiu improvisar um top de algodão, fininho, justinho, sem alças, que me permitiu ir sem soutien e quase transparente mas discreta e 'decente'. Noblesse oblige.

Já aqui o falei: não faço ideia do paradeiro dessa minha túnica. Agora só em fotografias. Tenho pena porque era muito bonita, mas não sei que sumiço levou. A minha mãe diz que não a tem, diz que não a deixei lá em casa. Não a separei da roupa normal e, às tantas, nalguma vez em que me desfiz do que já não me servia nem reparei que fazia parte da minha toilette de noiva, e lá vai disto. 

Quando a minha filha se casou já a oferta era outra, ampla. O vestido foi comprado numa das lojas de noiva da capital mas adaptado ao seu gosto. E era lindo, intemporal, elegantíssimo. Branco, não transparente, mas leve, flutuante. E um véu de renda belga lindíssimo. Não podia olhar para ela sem me sentir comovida. Sobretudo, sabia como era um sonho dela, casar-se com um lindo vestido de noiva. Foi um casamento maravilhoso, desde a igreja muito bonita e muito bem arranjada, os coros à entrada e à saída vindos do balcão superior da igreja, pareciam cânticos descidos dos céus. Copo de água num palácio fantástico, um cocktail numa tarde dourada nos jardins, jantar com grupo de cordas  acompanhar, creio que músicos da Gulbenkian, um jantar milimetricamente escolhido com um menu sofisticado e saboroso, um baile animadíssimo. E ela sempre elegante, sorridente e ondulante no seu belo vestido de noiva.

A seguir foi a minha nora. Grávida de cinco meses, encantada com o seu estado, tenho ideia que ainda hesitou sobre como deveria ir vestida. Já o contei mas repito-me. O meu filho, desde que me lembro dele a falar nisso, sempre disse que não queria casar-se. Não tinha paciência nem via necessidade. A minha nora acabou por aceitar embora manifestasse alguma pena em poder vir a ser mãe solteira. Viviam juntos, felizes da vida, até que ela engravidou. Perante os factos, um bocado contrariado, o meu filho lá condescendeu -- mas seria coisa de nada, restrita, pais e irmãos e mais nada. Avisou-me bem avisada: nada de ideias, seria coisa limitada aos mínimos. Nestas coisas cada um sabe de si e se para ele seria tamanho sacrifício fazer um casamento a preceito pois que remédio. Mas tenho ideia de que também sempre lhe disse que, se a namorada gostasse de ter casamento mais alargado, achava que ele deveria ter isso em atenção. Não sei como foi que a ideia foi fazendo o seu caminho, mas a verdade é que fez, combinações lá entre eles. O que sei é que devem ter sido umas duzentas pessoas, um casamento a preceito, animadíssimo, uma festa, uma alegria. E a noiva, linda, vestida de noiva com a sua orgulhosa barriga bem evidente. Nada de transparências mas tudo em leveza e alegria.

Vamos ver como será quando chegar a vez da minha neta. Do que lhe conheço, escolherá a seu gosto sem querer saber nem de convenções nem de opiniões alheias. E terá o meu apoio.

Mas, entretanto, eis que os vestidos de noiva se despem de 'decências' e de ocultações e se apresentam em toda a sua feliz transparência. Na semana passada, na Igreja da Ascensão na 5ª Avenida em Nova Iorque, uma noiva desfilou com um vestido inabitual, completamente transparente. Cindy Kimberly, modelo seguida por sete milhares de seguidores no Instagram, formas generosas e prazer em arrojar, vestiu-se com um belo vestido branco e transparente que deixava perceber uma pouco subtil asa delta, cobriu o cabelo com um véu e deixou toda a gente de queixo caído. Marcelo Gaia foi o criador. E as fotografias aqui estão para o testemunhar.

E eu fico feliz com estas coisas e só espero que nunca o mundo civilizado ande para trás para que a liberdade das mulheres usarem o seu corpo como lhes apetece nunca seja posta em causa. O mundo poderia ser um lugar pacífico, tranquilo, onde todos pudéssemos ser livres e felizes. Podia... não podia?

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E não tem nada a ver... mas deixem lá isso

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quinta-feira, setembro 22, 2022

Sobre a ameaça que Putin representa para o mundo o que tenho a dizer é o seguinte

 

Desde o primeiro dia,  aquele fatídico 24 de Fevereiro em que aconteceu o impensável -- em que Putin, inventando desculpas parvas e, na verdade, feito imperialista fora do tempo e marimbando-se para o direito internacional, resolveu ir buscar o resto da Ucrânia a que acha que tem direito --, que tenho para mim que o assunto se vai resolver internamente, isto é, dentro da própria Rússia.

É que nem com a Índia nem com a China, que o palerma julgava que iam apoiá-lo, ele vai poder contar. Já lhe disseram que arranje maneira de bater em retirada. Ninguém quer ter nada a ver com crimes tão hediondos, ninguém gosta de apertar a mão a quem as tem a escorrer sangue.

Dentro de portas, na rua, nos quartéis ou nos corredores do Kremlin a revolta vai ser tanta, tão violenta, tão fora de controlo, que, de uma maneira ou de outra, Putin será travado e a Rússia, livre daquele psicopata assassino, respirará de alívio, pedirá desculpa ao mundo e será parte da solução para reconstruir a Ucrânia.

E é o que tenho a dizer. 

quarta-feira, setembro 21, 2022

Todo bom

 


Olha-se e uma pessoa não pode deixar de pensar que aquilo ali, de alto a baixo, é tudo bom. É a forma como anda, é a forma como ri, a forma malandra como olha, é a voz, é aquele jeito nonchalant, são as dimensões e a respectiva proporção (embora, claro, eu só possa jurar sobre aquilo que me se tem dado a ver), é a harmonia do conjunto, é tudo. Tudo bom.

Agora anda todo fashionable, todo fora da caixa, todo a deixar toda a gente de olhos postos a ver se percebe. Eu só vejo por fotografia e, para dizer a verdade, tentar perceber é trabalho a que não me dou pois compro de qualquer maneira. Vestido de cor de rosa, vestido de verde. vestido de saia, de chapéu ou sem chapéu, é sempre o máximo. Despido também deve ser.

E depois tem aquela coisa: os homens interessantes melhoram com a idade. Tudo neles ganha um carisma e uma graça que parecem íman. Não dá para explicar. Os homens-meninas com a idade ficam flosôs, totós, umas gatinhas, mas os homens-homens, pelo contrário, encorpam, ganham patine, ficam com gostinho vintage, apetitosos de dar gosto. 

Ele, então... 

Tem 58 anos e nem imagino como estará quando tiver 70 ou 80. Um néctar, coisa premium, lindo de morrer. Só pode.

Acontece que o belo do Brad Pitt agora se saiu à cena com uma que ainda mais deixou toda a gente à nora: toma que também é escultor. E diz que é dos bons. Shockingly, Brad Pitt turns out to be a very fine sculptor. -- diz Jonathan Jones. E depois ainda tem o descaramento de pedir que o belisquem (Pinch me – I must be dreaming, diz ele). Na volta, quer é que o Brad o belisque. Como se não houvesse mais ninguém na fila. Julga que é chegar e pedir um beliscãozinho. É idoso? Está lesionado? Está grávido? Não...? Então que espere pela vez. Com cada um.

Mas só os críticos sem sabedoria podiam ser apanhados desprevenidos. Quem tem olhos de ver está fartinho de saber que o Brad é bom de mãos... Basta olhar e ver. Bom de mãos, mão de pegada. Bom de tudo. Parece que só não de dança. É pena mas, pronto, perdoa-se.

E eu, que não tenho vocação nem conhecimentos para ser crítica de arte, vejo-o na galeria, sorridente ao pé do Nick Cave ou todo gingão e a gozar o pratinho com a surpresa que está a causar, e só penso que deveria era haver um video com o making of daquelas peças, ele todo informal em casa, com sorte até todo à vista, podia ser até com uns shorts, condescendo -- uma sorte para quem visse.


Parece que fez estas peças para excomungar os fantasmas que tinha dentro dele. Não quero saber. Isso é lá com ele. O que sei é que se me sair o euromilhões vou à Finlândia buscar uma obra só para fazer uma selfie com ele. Sou realista quanto às expectativas, já me contento com uma selfie. Posso ser a única portuguesa, quiçá palop, a não ter uma selfie com o Marcelo mas, tomem e embrulhem, teria uma com o Brad, esse coisa mais fofa.

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E, para quem está para aí já de nariz torcido -- os homens, todos prosa, a acharem-se melhores que ele e as mulheres a roerem-se de ciúmes e a acusarem-me de ser toda oferecida -- aqui vai um atestado que posso mostrar a quem achar que estou a exagerar. Ah estou...?

Top 10 Movie moments that made us love Brad Pitt




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Um dia bom
Saúde. Sedução. Paz.

terça-feira, setembro 20, 2022

Alô, alô António Costa! Vamos lá a rever as medidazinhas e vamos lá a rever essa sua atitude perante os cidadãos, ok?
Não estou a achar gracinha nenhuma a estas suas últimas coisas, ouviu?

 


Tenho andado a tentar perceber se já se conhece tudo o que há para conhecer e se percebo o que ainda não vejo com clareza. 

No dia em que António Costa falou sobre os apoios às famílias fiquei genericamente decepcionada e a pensar que, no que se referia às pensões, era gato escondido com rabo de fora. O meu marido tentou acalmar o meu desagrado: por um lado ainda viria o pacote da poupança da energia e, por outro, naquilo das pensões, ainda não se sabia exactamente os contornos do que ele tinha dito.

Dei o benefício da dúvida. Esperei caladinha.

Até que saíram as medidas de poupança às empresas e fiquei igualmente desapontada.

Até que, aos poucos, o gato começou a sair à luz do dia e se percebeu que, na realidade, a medida das pensões é pura treta e que o corte nas pensões é real.

E agora aparece, a trouxe-mouxe, um conjunto de notícias avulsas sobre a sustentabilidade da Segurança Social para justificar a anunciada esperteza saloia.

Face a isto resolvi que já tenho o que preciso para dizer de minha justiça. E faço-o com a franqueza que sempre uso, seja para criticar ou louvar este ou aquele, sejam de que quadrante político forem.

O momento que vivemos é de excepção pois temos a conjugação de uma guerra brutal 

-- levada a cabo por um assassino que não se tem ensaiado em provocar guerras paralelas, energética e alimentar, nomeadamente -- 

com uma inflação inusitada e com uma escassez de alguns outros materiais (que vinha do tempo dos confinamentos). Tal como acontece na atmosfera quando se conjugam condições que se potenciam, também aqui, na sociedade, se desencadeia um daqueles fenómenos extremos, agudos e difíceis de controlar. 

Por isso, não seria expectável que Costa tirasse da cartola um package bem pensado e já anteriormente testado com medidas para todos os gostos. Não podia, isto é novo, de certa forma até há pouco tempo inesperado. Até aí compreende-se.

Mas exige-se a um estadista (eu, pelo menos, exijo) que, perante situações de excepção, consiga pensar não apenas no imediato mas também no médio e longo prazo e que, além disso, não apenas pense em medidas conjunturais mas também em medidas estruturais.

Ora, penso que as medidas agora anunciadas são de curto alcance: aliviam momentaneamente uma parte da população (e isso é bom) mas nada resolvem na essência nem de forma duradoura.

Há que atacar na raiz nos problemas e não apenas aparar as pontas dos ramos, criando uma ilusão que não se sustenta no tempo. 

Por isso, para além destas medidas imediatas (dar 125€ a uns, 50€ a cada filho, dar qualquer coisa aos pensionistas de mais baixos rendimentos, etc), estava à espera de mais, de melhor, estava à espera de ouvir falar em planos de fundo, planos concretos. 

  • Por exemplo, apoios intensivos, substanciais, muito dirigidos e muito facilitados para instalação de painéis para produção de energia solar para auto-consumo ou painéis para aquecimento de águas em casas individuais ou prédios sejam de residência sejam de serviços (escritórios, hospitais, quartéis, etc). 
  • Por exemplo, esperava um incentivo forte para uso de transportes públicos (passes muito baratos ou mesmo gratuitos pelo menos em linhas ou carreiras de maior uso ou que mais trânsito automóvel evitassem).

Ou seja, a poupança na energia e nos combustíveis pela via inteligente e sustentável, levando a um menor consumo.

  • Por exemplo, o incentivo ao teletrabalho ou aos regimes híbridos sempre que possível, levando a menos trânsito e a menos consumo de combustível (já para não falar em menos poluição e em melhor qualidade de vida).

Claro que, em paralelo, há que incentivar fortemente o investimento em fontes limpas de energia e isso creio que está a decorrer (hidrogénio verde, por exemplo). Mas isso são long shots, investimentos complexos que levarão bastante tempo até que produzam eficientemente. Por isso, há que avançar rapidamente para medidas de mais fácil implementação e retorno. 

  • Ao mesmo tempo, há que reforçar rapidamente o investimento em creches públicas e em ATLs públicos. Havendo oferta pública para escolas e ocupações de tempos livres, a poupança para as famílias será significativa. E, lá está, serão medidas estruturais e não pontuais, não de carácter caritativo.

É preciso, em situações de aperto (e receio bem que o aperto ainda esteja no princípio) injectar liquidez na economia, nomeadamente colocando-a nas mãos de quem mais precisa. Mas, se for só isso, será caridade e não verdadeira ajuda, será dar o peixe e não ensinar e dar meios para pescar.

  • Para os mais velhos, os mais indefesos, há que avançar com residências para a terceira idade mas residências dignas, com assistência médica e de enfermagem e com actividades que permitam um envelhecimento digno. O que hoje há que cumpre estes requisitos é escassíssimo, caríssimo, para elite, incomportável para a maioria dos idosos. De resto, a maioria do que há mais acessível é mau, indigno, assustador, como uma antecâmara para a morte, ninguém quer ir para lá. É pois vital que haja apoios para investimento privado ou social ou que o próprio Estado avance com essa oferta na qual as pessoas paguem de acordo com os seus rendimentos. 

Estas medidas não apenas garantiriam o estímulo à economia local através da construção de creches, lares, atl´s (para crianças e para idosos), como garantiriam a criação de muitos postos de trabalho, e, ainda, uma melhor qualidade de vida para quem deles iria usufruir, e garantindo, também, que a população não estaria em situações financeiras tão vulneráveis quanto hoje está, dependendo inteiramente de pensões que, às tantas, não asseguram a sobrevivência  digna. 

  • Uma outra medida que me parece essencial dada a maior longevidade das pessoas é que se prolongue a sua vida activa. Por exemplo, havendo mais creches, mais residências ou mais equipamentos para ocupação de tempos livros, poderá recorrer-se a pessoas que, embora já reformadas, poderão ainda trabalhar em numerosas tarefas podendo usufruir de rendimentos complementares.

Quanto ao tema das pensões, a coisa também fia fino. 

Aqui tenho que dizer que não gostei nem um bocadinho dos artifícios de António Costa. Melhor: detestei. Apresentou aquela antecipação de meio mês das pensões e o aumento do ano que vem como se estivesse a dar alguma coisa. Não está. Pelo contrário, à sorrelfa preparava-se (ou prepara-se) para descer estruturalmente as verbas a pagar de 2024 em diante. É feio. Há aquela coisa rasteira de querer enganar os 'velhinhos'. Feio. Sempre tive António Costa em boa conta. Desta vez, desiludiu-me e não foi pouco.

Depois de negar a habilidade falhada, face ao burburinho gerado António Costa não teve outro remédio senão tentar desfazer o mal feito. E, então, ele e alguns ajudantes, apareceram a dizer que isso tem a ver com a sustentabilidade da Segurança Social. E hoje saíram-se à cena com um estudo que, supostamente, prova que, se aplicassem a fórmula, desgraçariam a sustentabilidade do sistema de pensões. E, mais uma vez, digo e digo com todas as letras: não gosto. António Costa está a jogar com o medo de pessoas vulneráveis. Não gosto. N-ã-o   g-o-s-t-o. Com todas as letras.

Estas coisas não se fazem assim. 

Ao agir como está agir, António Costa está a abrir a porta aos populistas (Ventura ou Catarina Martins, por exemplo), a dar espaço e tempo de antena aos passistas (Montenegro, por exemplo) e a fazer os apoiantes socialistas torcerem o nariz. Ou seja, muito mau.

E não sei que contas da Segurança Social são essas de que por aí falam. As contas para as pensões não são aritmética simples. Trata-se de cálculo actuarial que entra com probabilidades várias (a da subida de preços, a da longevidade, a da entrada de novos descontantes no sistema, etc). É matemática complexa. Só vendo e ouvindo explicar (por quem sabe destas matérias) poderei formar a minha opinião. Mas mesmo que estejam certas (e volto a dizer: não sei se estão) há que resolver os assuntos atacando a raiz dos problemas, não as pontas das folhas.

Há um problema estrutural no nosso país e do qual já muito aqui falei: o da demografia que, em Portugal, é anémica, descendente, decadente. Se as pessoas vivem cada vez mais tempo (o que é bom), recebendo pensões durante muito mais tempo, e se nasce cada vez menos gente, havendo cada vez menos pessoas a entrar no mercado de trabalho, temos que, cada vez mais, o dinheiro dos descontos da segurança social tem que dar para distribuir por muito mais pessoas, ou seja, teremos menos dinheiro para dar a mais gente. 

E é aqui que há que actuar. Não é cortando as pensões. É injectando mais dinheiro no sistema, não pelo aumento dos descontos mas por ter mais gente a ingressar no mercado do trabalho. Todas as medidas que visem estimular a natalidade são necessárias e urgentes. Creches públicas, por exemplo, são importantes -- por exemplo. Tempo e dinheiro para os progenitores criarem os filhos são ajudas essenciais. Fomentar o mercado do arrendamento, outra urgência. Os jovens ou os que não têm economias ou não receberam heranças têm que ter acesso a habitações que não tenham forçosamente que ser adquiridas para poderem constituir família.

Mas também é essencial desincentivar a emigração e, ao mesmo tempo, é essencial integrar o mais e o melhor possível imigrantes no mercado de trabalho, com óbvia integração no sistema da Segurança Social. Temos que ter mais contribuintes líquidos no sistema. É urgente.

Também há uma outra coisa. Fiquei agora a saber que as pensões de reforma superiores a um certo patamar (um múltiplo de um rendimento mínimo, creio que 10 ou 12 vezes) não são aumentadas anualmente. Acho isso injusto e errado. Até poderia achar que isso poderia acontecer, e mesmo assim de forma progressiva, para valores francamente acima dos níveis de vida normais, sei lá, no mínimo umas 20 ou 30 ou mais vezes. E acho injusto por duas razões: se as pessoas têm pensões elevadas é porque descontaram muito, durante muito tempo, e, com esses montantes elevados, ajudaram a que o 'bolo' a distribuir por todos seja maior. Descontaram, convencidos que o pacto de confiança não seria quebrado, ou seja, que o seu nível de vida não iria descer ao longo do tempo, isto é, que à medida que vão envelhecendo e que têm maiores gastos em consultas, medicamentos, internamentos em lares, etc, o seu rendimento relativo não fosse diminuindo. Além disso, as pensões de reforma são tributadas em sede de IRS e as pensões mais elevadas descontam uma percentagem progressivamente maior. Por um lado, descontam mais que os outros e, por outro, enquanto esses outros vêem as suas pensões ser actualizadas com a inflação, eles ficam com os rendimentos congelados. É injusto e, creio que posso dizê-lo, até desonesto. Acresce que, com esta brincadeira de não se aumentarem anualmente as pensões mais elevadas, haverá forte tentação a que quem faz as leis (e ganha bem e trabalha para quem ganha ainda melhor) arranje buracos legislativas que permitam que certo tipo de rendimentos não sejam objecto de descontos para a segurança social sendo antes dirigidos para seguradoras privadas. Perigoso. 

Não sei em que governo nasceu esta medida nem isso me interessa: é uma medida errada, populista e estúpida -- e deverá ser revista.

Quanto a António Costa é bom que refresque ideias, descanse, faça um retiro, respire fundo... e pense a sério no futuro dos portugueses. Há muito a fazer, muito, muito. Acredito que seja cansativo, desgastante. Não é para todos. Mas é o que é. 

Agora uma coisa há que ter sempre presente: há que falar verdade, agir seriamente, estudar bem os assuntos, conjugar a visão de curto, médio e longo prazo, não se deixar ir na cantiga dos influencers e demais papagaios da política, nomeadamente os assessores da treta e os boys socialistas que sempre gostaram de se encostar ao poder convencidos que os portugueses se deixam levar pela sua lábia. Não deixam.

Gostaria de poder votar no PS nas próximas eleições mas esse meu voto não é um dado adquirido.

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Imagens de Jae Sam Lee na companhia de Vera Lynn com There'll Be Bluebirds Over

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Um dia bom

Saúde. Honestidade. Sageza. Paz.