quarta-feira, maio 11, 2022

Aquela que me fez ter pensamentos abstrusos
-- e outras sorridentes derivações

 

Enquanto tento manter-me acordada, vou vendo vídeos. Queria falar de uma coisa mas não me obedecem os dedos. E os olhos pesam-me. 

Estávamos aqui a ver, com razoável desatenção, um debate e, às tantas, o meu marido disse que uma que ali estava era parecida com uma conhecida nossa, a M.J.. Olhei e achei que não tinha nada a ver. Disparate. Esta usa daqueles penteados em que a franja está no topo da testa, usa óculos do século passado, é uma papagaia. 

Ele insistiu: 'Até os óculos são iguais'. 

Eu retifiquei: 'Mas a M.J. nem usa óculos'. 

E desliguei do assunto. Pus-me a prestar atenção ao que estava a ler no computador. Mas, então, ao ouvir a voz da participante no programa, achei que era igual à da M.J. Olhei. Fazia o mesmo trejeito com a boca. Disse: 'A voz, sim. A boca, ao falar, se calhar também.'

O meu marido marcou um ponto: 'Não te disse? Tal e qual.' 

Ri-me, a troçar: 'Tal e qual... em especial no cabelo...'. É que nada a ver. A M.J. geralmente usa rabo de cavalo.

E ele, trocista, olhando-a com atenção: 'Mas o que é que esta fez ao cabelo? Será que, de vez em quando, lhe vai dando tesouradas?' 

Olhei. Achei que sim, só podia. 

E, então, ocorreu-me uma coisa. Disse: 'Se um dia nos deixarmos e arranjarmos novos parceiros, estou a ver-nos a chegarmos à festa de anos de um dos miúdos. Eu muito bem acompanhada e tu com uma igual a esta. E eu perdida de riso. E os filhos, atrapalhados, a tentarem que eu me controlasse e eu varada de riso de ter ver com uma assim. E tu, conhecendo-me bem, sabendo que, quando começo com estes ataques de riso, não consigo parar, também já atrapalhado, imaginando que a tua namorada ia perceber, quase suplicando que eu olhasse para outro lado ou me afastasse. E eu já a chorar a rir'. 

E, enquanto lhe contei este pensamento, claro que já ria que nem uma perdida. E ele, lacónico: 'Tinha que ser. Tinhas que imaginar uma situação assim'. 

E fez zapping.

E, enquanto escrevo, imagino o que seria se ele vivesse com uma mulher que falasse pelos cotovelos, um bocado belfa, a tender para uma espécie de sopinha de massa, com ar esperto e espevitado, franjinha à intelectual, óculos bem definidos, armação de massa.... Haveria de andar sempre cansado, intelectualmente esgotado. E, de certeza, haveria de escondê-la de mim para eu não desatar a rir.

Enfim. Maluqueiras.

Enquanto acordo e não acordo, vou mas é partilhar já dois vídeos que me divertiram. 



E ainda mais este, que me deixa muito levezinha e bem disposta. 


E agora vou ver se acordo como deve ser para ver se consigo escrever sobre aquilo que tinha em mente, um passo que hoje dei e que acho que pode ser o primeiro de muitos.

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