quinta-feira, janeiro 07, 2021

O estranho ano de 2020

 

Quando, daqui por um ano, se fizer a resenha do mais relevante em 2021 haverá muito a dizer: a eficácia ou não da vacina, o sucesso ou não da operação logística relacionada com o seu fabrico, armazenagem e distribuição, a sustentabilidade ou não dos regimes democráticos face à inquietante evolução do populismo e do desvario popular, a absurda reacção de Trump face à sua derrota, a terrível mortandade entre os mais velhos, o declínio de vários sectores da economia, alguns deles de forma irreversível. Também haverá coisas boas a reportar, caminhos que começaram a desenhar-se. Mas, neste momento, qualquer futurologia parecerá deslocada. Acontecem agora coisas tão surreais que a normalidade começa a parecer uma ficção. A invasão do Capitólio por toda a espécie de grunhos que apoiam Trump vai para além de qualquer possível previsão. Os modelos matemáticos que se usam para fazer previsões assentam no estudo de padrões. Ora num mundo caótico em que os principais dirigentes são destituídos de princípios é impossível antever o que pode vir a acontecer. A aleatoriedade é total, fruto da medicação que tomam ou da ausência de medicação em situações em que ela era imprescindível.

E se, a nível pessoal, 2020 foi para mim um ano emocionalmente intenso, com sustos, medos, uma perda, mas também contacto profundo com a natureza, ainda maior estreitamento de relações com os mais próximos, a verdade é que foi também um ano de várias mudanças, todas profundas. Não sei o que o 2021 me reserva. Se consultar os astros vejo desafios, conquistas, poder. Coisas assim. A habitual falta de sossego. E tudo efémero.

Mas não interessa o que se pensa que pode ser, o que interessa é o que vamos fazer para que seja como gostaríamos que fosse. E o que passou já passou e nem vale a pena chorar sobre leite derramado, o que vale a pena é perceber que o que aconteceu aconteceu porque estávamos na rota para que tivesse acontecido e que, se não mudarmos de rota, os erros voltarão a acontecer.

Hoje não consigo dizer muito mais: continuo com dores, continuo com frio, continuo com sono. Continuo a trabalhar como se estivesse bem mas não me sinto bem. The show must go on. Não sou insubstituível mas as reuniões que tenho que ter neste arranque de ano estão no caminho crítico para que as coisas tenham maior probabilidade de correrem bem. 

Antes de ir descansar partilho dois vídeos com factos de que não iremos esquecer-nos. Para memória futura.



Dias felizes.

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