Os números de novos infectados continuam a subir a pique e, não tendo nós pela frente um tempo propício ao ar livre nem a perspectiva de um confinamento total (dois factores que, obviamente, favoreceriam o achatamento da curva), o que temos pela frente não serão, certamente, boas notícias.
No outro dia, em comentário, o Corvo dizia que eu, lutadora e resiliente, não deveria desmoralizar. Pois não, não desmoralizo. Mas não estou relativamente tranquila como estava em Março, Abril ou Maio, isso não.
E não estou pois não apenas há aquelas duas condicionantes críticas e incontornáveis (os dois factores que acima referi) como continuo a não ver acontecer três coisas que me parecem fundamentais para tentar conter o disparo a que se assiste:
- Não vejo a DGS a fazer campanhas de divulgação intensivas, assíduas, explícitas, e sobre todos os meios, sobre cuidados a ter, boas e más práticas, hábitos arreigados que têm que ser alterados, etc
- Não vejo o Governo a decretar que, sempre que as funções o permitam (e os trabalhadores o aceitem), o teletrabalho é obrigatório (reduzir o número de pessoas em circulação sem prejudicar as actividades é vital)
- Não vejo serem enunciadas regras concretas para garantir a qualidade do ar, com auditorias à qualidade do ar obrigatórias e com apoios a empresas e organizações em geral que tenham que reformular os seus sistemas de AVAC por forma a garantirem a injecção de ar novo, a desinfecção de condutas, a substituição regular dos filtros (que devem ser os indicados e não os mais baratos)
E porque o que continuo a ver são as televisões e os comentadores a olharem para o passado e a quererem encontrar culpados (como se, em Março ou Abril, quando toda a gente ainda estava a assimilar o que estava a acontecer e não havia experiência sobre a covid, os governantes portugueses devessem ser mais inteligentes que os cientistas de todo o mundo) ou reportagens a puxar à censura pública e à maledicência (como a que vi hoje no noticiário da noite da SIC) sem acrescentarem nada de concreto para resolver os problemas daqui em diante, começo a ficar apreensiva, sim, Corvo.
Mas não sou de me deixar afogar em apreensão pelo que, quando estou preocupada ou arreliada, depois de espingardar, apetece-me é espairecer.
Para já vou pôr uma máscara, para dar o exemplo. Com vossa licença.
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E agora aqui estou agora a partilhar o vídeo que acabei de ver das meninas mais doidonas do Brasil e arredores. Avós da Razão, claro está. Hoje, cada uma em sua casa, curtindo a quarentena, falam de como é quando a velhice toma conta do corpo (ou melhor, como o corpo é o que é e que se dane a velhice)
Olá UJM, também subscrevo os seus 3 parágrafos, mas... tenha calma, você é uma líder, e tem muita gente a segui-la, pelo que veja lá para onde nos conduz. Vou contar-lhe uma coisa pessoal. Tenho um filho que é professor em Londres (aquilo para aquelas bandas também não está nada bom, mas ele - e eu - estamos calmos). Tenho uma filha nos Açores que junto com o marido vieram cá, mesmo no final de Agosto, buscar os dois filhos - 5 e 9 anos - que passaram cá as férias comigo. Quer à saída dos Açores quer à entrada aqui no continente não foram testados, nem os netos em Junho, nem os pais em Agosto. Tenho mais um neto - 9 anos -, de um outro filho que vive aqui na Margem Sul, que passou a quase totalidade do tempo aqui em minha casa a brincar com os primos. Almoçámos e jantámos todos várias vezes. A minha filha e marido estiveram cá 5 dias, pois logo no início de Setembro regressaram aos Açores e foram obrigados a fazer o teste PCR à entrada no Arquipélago. Resultados: Filha e netos positivos para SARS-COV-2, genro negativo, todos assintomáticos e tiveram que ficar nada mais nada menos do que 44 dias encerrados em casa, sem poderem sair, até os positivos testarem duas vezes negativo. A minha filha sem receber qualquer provento, ou subsídio, uma vez que trabalha por conta própria, os miúdos sem escola e o pai deles de baixa médica. Por cá também teve que haver testes PCR para todos (é da Lei), nora positiva mas assintomática, filho negativo, mas já imune (segundo o teste sorológico), neto negativo e todos também em casa durante 34 dias, sem trabalharem e o neto sem escola. Os Avós testaram ambos negativos, mas ainda não imunes (segundo o teste sorológico). Todos os positivos nunca tiveram o menor sintoma. Ninguém sabe quem contaminou quem, onde e como uma vez que todos os 9 tivemos sempre as maiores cautelas e respeitámos as regras da DGS em casa e na rua.
ResponderEliminarEste "conversé" todo para quê? Para dar testemunho de que, embora haja de facto alguns casos dramáticos associados à doença, nem todos são dramáticos e muito menos são os dramas que nos impingem diariamente na CS. Um abraço e continue a cuidar-se, e aproveite para se divertir um pouco com "Os problemas dos dias que correm" aqui: https://www.tsf.pt/programa/tubo-de-ensaio/emissao/os-problemas-dos-dias-que-correm-12948689.html?fbclid=IwAR3TPpOmwGyRE254TAhH_VDcg7FqvitTrsHrpcyXTQiznagLVi3ARLbxZIo