domingo, março 24, 2019

Post entre o fálico e o angelical





Almoçámos todos e, enquanto comeram, os meninos estiveram relativamente sossegados. O bebé come de tudo e gosta de fazer misturadas. Hoje misturou sumo de laranja na gyoza, nos noodles com frango, no pão chinês com carne e mel e no crepe vietnamita e continuou a comer de gosto. Os irmãos e primos comem mais que eu. São auto suficientes e têm um apetite voraz. À medida que cada travessa chega logo eles se atiram e, em segundos, a travessa fica vazia. 

O pior é que, mal acabam de comer, começam a conversar; daí a coisa evolui para ensinarem umas coisas uns aos outros e, sem darmos como, quando olhamos, já eles estão a fazer das deles. Hoje juntaram algumas cadeiras, tiraram os sapatos e, ali mesmo, usando os tampos das cadeiras, praticaram técnicas de judo. O bebé mal viu, quis sair da cadeirinha, depois quis tirar os ténis e também quis ir para lá. Um dos primos içou-o e ficou o bando dos cinco completo. Ela alinha, anda com os rapazes mas marca a diferença, não se mistura naquelas maluqueiras.Tinha um livro novo, com cheiros, e, no meio da maior confusão, pôs-se a ler.


No fim, depois de termos estado com eles no jardim ao sol e de os vermos a brincar,  concluímos os dois que as crianças já comem como gente grande e que cada vez é mais difícil perceber as quantidades necessárias. O meu marido acha que temos que nos precaver e contar com muito mais comida, senão fica a sensação de que foi quase à tangente.

Depois, voltámos à nossa labuta. Para salvar árvores, desbastamo-las até bem alto e até que as copas fiquem bem afastadas. Mas o serrote que está na ponta do cabo já está passado, já não corta nada. O meu marido trouxe um serrote novo para trocar mas acho que não conseguiu, não sei bem porquê. Não sei como é que ele, empoleirado lá no alto da escada, conseguiu serrar tantos ramos com aquele serrote. Eu, com o serrote pequeno, tentei serrar alguns ramos mais baixos ou serrar em troncos pequenos os ramos gigantes de cedro que ele cortou. Mas mal consegui. A madeira de cedro é muito dura e meio húmida. Vi-me grega. Esforcei-me, esforcei-me mas os resultados ficaram aquém do que o meu esforço indiciaria.


E fotografei as coisinhas dos pinheiros, pequenos falos com as suas pequenas glandes rosadas. Vultosinhos fálicos que contrastam com as flores angelicais e perfeitas dos marmeleiros.

Com os dedos abri um daqueles espigões peludos. É verde e húmido por dentro. E cheira tão bem, aquele cheiro bom a pinus de que eu tanto gosto. Peguei entre os dedos e fotografei.


Depois, já de noite, comecei a arrastar os ramos lá para baixo mas o meu marido chamou-me, aborreceu-se, não quer que eu ande lá por baixo sozinha. Mas eu gosto de andar na penumbra. E há perfumes diferentes de noite, perfumes mais intensos. E há sons misteriosos. E as árvores, à noite, são vultos que guardam enigmas. E eu gosto. Mas ele chama-me, fica zangado, não quer, não me vê, chama-me e eu não respondo porque estou longe, mal ouço e percebo que não tenho potência vocal para me fazer ouvir. Mas, assim, a ouvir chamar ao longe por mim, perco a vontade de andar devagarinho, sozinha nos caminhos escuros, confundindo-me com as sombras crepusculares da natureza.

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Ando com alguma dificuldade em dar nomes aos posts. Não planeio, as palavras deslizam para o ecrã e vêm ao fluir da  coisa, nem dou conta, nem sei bem que é isto que vou escrevendo. Sei que falo de muita coisa diferente e, na hora de resumir, não há denominador comum, ponto de intersecção. Por vezes há ponto de fuga e é ele que eu agarro para pôr no altarzinho. Agora, se não há, fico sem saber. Se calhar vou falar na pilinha do pinheiro. E digo pilinha por simplificação porque os ramos cortados tinham várias, deveria dizer 'pilinhas'. E, para dizer a verdade, a palavra tem um i e um l a mais. A palavra certa deveria ser 'pinha'. Mas como o processo foi interrompido e daqui nunca há-de nascer uma pinha prefiro fazer de conta que sou dada aos erotismos e chamar-lhe pilinha. Também quem manda ter aquela cabecinha cor de rosa na ponta, não é? E pronto, para contrabalançar, vou pôr no título as florzinhas inocentes dos marmeleiros. Dali nascerão marmelos e aí haverá mentes maldosas que poderão estabelecer conotações. Mas eu não, eu fico-me pela sua beleza angelical para ver se catequisam aquelas coisinhas que parecem dadas ao pecado.

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As anedotas e os cartazes com o tempero do humor britânico estão já aqui abaixo e, claro está, têm a ver com a anedota do Brexit.

7 comentários:

  1. Há umas serras elétricas com bateria que resolvem o problema dos serrotes...
    Cumprimentos

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  2. Não sabia o que é gyoza e fui ver. Depois fui ver a receita e apareceu-me óleo de gergelim - nunca tinha ouvido. Fui ver. E assim vou enriquecendo os meus conhecimentos graças ao UJM! Ah!Ah!Ah!
    É um prato que acho que provaria.

    As fotos estão muito bonitas.

    O título...provocador. Mas é a UJM!

    Beijinhos e continuação de bom domingo:))

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  3. Quem come assim está de peito feito para a vida. Vivam o bebé, manos e primos, com muitas refeições felizes.

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  4. Olá José,

    Pois, bem sei. Mas encontrará a explicação para esta nossa parvoíce no post que acabei de escrever. Há em nós não apenas uma boa dose de voluntarismo mas também, não menor, de nabice.

    Mas obrigada pela observação. Vou reflectir melhor sobre como haveremos de ultrapassar a nossa falta de jeito. Não haverá de tipo faca elétrica? Sem corrente?

    E uma segunda-feira feliz.

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  5. Olá Isabel,

    A comida cantonesa é muito boa, levezinha, saborosa. Está a ver: até o bebé aprecia. E os bolinhos de carne de porco estufada com mel...? Tão bons.

    Um dia que possa, experimente, Isabel, vai ver que gosta.

    Os miúdos adoram gyozas. Comem-nas de gosto, uma a seguira outra.

    Beijinhos. Uma semana muito boa para si, Isabel.

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  6. Olá de novo Ana,

    Se há momentos bons na minha vida são estes, com a maltinha toda em volta da mesa, toda a gente conversando, rindo.

    E os meninos têm todos um apetite fantástico. Talvez por ninguém querer que comam para além da sua vontade, comem de dar gosto.

    Dias felizes para si, Ana!

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  7. Muito interessantes as pilinhas dos pinheiros (por fora e por dentro).
    Tanto pinheiro por aqui e nunca reparei; tenho que ir investigar;)

    Há muitas voltas atrás, quando ia ao Chinês, a sobremesa era sempre gelado quente. Gostava imenso daquele contraste de temperaturas e sabores.
    Dia feliz!
    Maria

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