Nisto do Cristiano Ronaldo com Kathryn Mayorga há várias coisas que me incomodam, muitas, e nem vou aqui pôr-me a enumerá-las. Li os artigos do Der Spiegel e fiquei com uma ideia diferente da que tinha ao ouvir as notícias resumidas das televisões e as gordas dos jornais. Tenho agora a ideia de que pode vir por aí uma descida aos infernos para o melhor do mundo, o nosso CR7.
O ter sido retirado da homepage de um reputado site, as preocupações manifestadas pela Nike e pela organização Save the Children são talvez o mote do que está para vir.
O mundo do mediatismo (em especial, do mediatismo como fora de negócio) é perverso, pouco contemporizador, pouco paciente, muito ingrato. Facilmente se predispõem a pagar milhões e, com a mesma facilidade, de um dia para o outro, se determinam a retirá-los. Os contratos acautelam situações como as que Cristiano Ronaldo está a viver. Com sérias acusações de violação e pagamento pelo silêncio após a alegada vítima ter apresentado queixa na justiça, CR7 não apenas vê a sua imagem afectada por pesados danos reputacionais como a sua carreira profissional enfrenta sérios riscos. CR7 pode, muito rapidamente, deixar de ser um activo apetecível para se tornar um activo tóxico. A sua não integração na lista dos seleccionados para os próximos jogos da Selecção é a parte mais visível do que pode estar para vir. Se acontecer o pedido de extradição, Cristiano Ronaldo pode, até, não poder viajar para não correr o risco de ser preso e levado a um tribunal onde o crime de violação pode implicar, até, a pena de prisão perpétua. Ora a vida de um jogador de uma equipa como a Juventus é feita de viagens.
Mas não é só o risco de perder contratos publicitários milionaríssimos ou de ver a sua carreira futobolística sofrer um sério revés. Há riscos maiores. Não deve ter sido apenas Kathryn Mayorga que participou em farras com o jovem que se sentia dono do mundo, namorando com jovens modelos internacionais, frequentando o jetset, divertindo-se em bares, discotecas, iates, hotéis e deixando à solta o seu 1% em que não era um bom rapaz (vide artigo linkado). Imaginemos que pisou a linha vermelha mais vezes. Imaginemos que, se isso aconteceu, aparecem mais queixosas. Haver uma queixa ainda pode haver e quem (não tendo lido o artigo e admirando-o incondicionalmente, ponha as mãos no fogo por ele) ache que Kathryn é uma oportunista à procura de fama e de dinheiro fácil. Mas começar-se-á a vacilar se começarem a aparecer mais queixas. Aí a coisa pode tornar-se deveras mais complicada.
E nem vou imaginar o que as mulheres que deram à luz os três primeiros filhos de Ronaldo -- mulheres de quem nunca se ouviu nada -- podem lembrar-se de fazer. Nós não sabemos quem elas são mas acredito que elas saibam quem é o pai dos filhos e acompanhem o crescimento das crianças pelas revistas. Portanto, nunca se sabe o que lhes pode passar pela cabeça.
Tudo estará bem blindado, com clausulados à prova de bala. Cristiano Ronaldo paga bem a bons advogados que fazem bons contratos, tão bons que até acautelam tudo, até aos mais ínfimos pormenores, incluindo a forma como pagam o silêncio das alegadas vítimas para que as Autoridades Fiscais não desconfiem da entrada de grandes maquias de dinheiro e não resolvam ir atrás. Mas também o Lobo Xavier garantia que a justiça espanhola não tinha maneira de o apanhar na questão da fuga aos impostos e foi o que se viu. O CR 7 pagou e pagou bem e vamos ver o que ainda vem por aí.
Portanto, enquanto as revistas do coração e as redes sociais andavam entretidas com tricas domésticas que não passavam do azedume e o distanciamento entre a noivinha Georgina e a sogrona Dolores -- uma em Itália, poses de diva, e outra nos Açores, longe dos netos que ajudou a criar -- o que, na verdade, estava a acontecer era bem pior que isso.
Entretanto, apesar dos meus mixed feelings em relação a tudo isto
(porque tenho a firme convicção de que quem viola uma mulher não tem perdão e quem usa o seu poder económico para silenciar as vítimas também não -- mas, por outro lado, não sei se as acusações são mesmo verdadeiras pois um multimionaríssimo CR7 é alvo fácil para gente oportunista e, parecendo Kathryn sincera e o parecendo o caso bem sustentado, a verdade é que não a conheço de lado nenhum e quem tem que ajuizar é a Justiça e não eu)
vou ficar a fazer figas para que a minha intuição esteja completamente errada.
No outro dia o meu marido comentou, em voz off, com o meu filho o que se está a passar. Pois o menino do meio, doido por futebol, ouviu e percebeu qualquer coisa e, acto contínuo, com ar aflito, pergunto: 'O Cristiano Ronaldo vai ser preso?'. E estava mesmo assustado. Desconversámos mas tanto insistiu que lá lhe disse que o CR7 tinha feito um disparate há uns anos e que uma pessoa tinha ficado zangada com ele. Ele ouviu, apreensivo. O meu filho disse: 'Vai ficar a pensar nisto'. E eu fiquei a pensar em todas as crianças para quem o CR7 é um ídolo e desejei que tudo isto fosse mentira.
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E hoje fico-me por aqui. Cheguei a casa tardíssimo, perto da meia-noite, e a verdade é que estou aqui só a cair para o lado, já completamente a dormir.
Não pretendendo ser como um profeta da desgraça, até porque sei que a UJM também o não pretende ser, penso tal e qual como a autora do texto.
ResponderEliminarAliás, até já o disse em conversa com amigos e familiares, sobre esta onda de 'contratempos' que têm surgido na vida do nosso 'minino', como dizia o Filipão.
Tomara que esta onda não seja mesmo o desabar de um herói, lá do seu alto pedestal.
Detesto esta expressão, mas creio que o CR7 se 'pôs a jeito', com a cedência da tal importância avultada. Quem não deve não teme. Foi pena.
Um abraço e bom fim-de-semana, UJM! :)
PS- A foto que tenho no meu perfil foi tirada em 2010. Já era avó!! :)) O processo do meu envelhecimento tem sido abrupto, de uns anos a esta parte. Obrigada! :)
Olá Janita,
ResponderEliminarNão devemos julgar antes da justiça mas, claro, podemos ter a nossa opinião.
Tento sempre pôr-me nos sapatos dos outros e, neste caso, o que sei é de um menino pobre que se viu homem rico, rodeado de facilidades e de milhões. Se violou a jovem fez mal, muito mal. Por algum motivo, a seguir à queixa na Polícia, pagou para a calar e, com isso, fez uma coisa que me parece também muito mal. O que vai acontecer a seguir pode ser uma coisa triste. A história está cheia de ídolos de pés de barro e eu, até porque ele inspira e encanta os miúdos pequenos, gostava que ele estivesse inocente. Mas enfim, as coisas são o que são.
Para já, prefiro afastar de mim os maus pressentimentos.
Em 2010 também eu já era avó, Janita. O meu neto mais velho já fez 10 anos. Depois dele vieram mais quatro. Os anos passam. Mas o tempo a passar não é sinónimo de envelhecer. Recuso-me a aceitar o que diz. Se se sente mesmo a envelhecer deve ir ao médico, pode andar cansada e precisar de algum apoio. Ou deve seguir o exemplo da Gisele (meu post de hoje) e dedicar-se à meditação ou ao ioga (coisa que eu também gostava de fazer) ou passear à beira do mar ou na natureza. Combata esse estado de espírito, Janita. Volte a sentir-se jovem, por favor!
Abraço. Um sábado bom.
Não vejo qualquer sustentabilidade probatória para o caso ter pernas para andar, ainda por cima 9 anos depois. Poderia alongar-me um pouco sobre a acusação, nos aspectos técnico-forenses, mas por uma questão de decência não o faço. Cheira-me mais a oportunismo tardio da criatura. E como o caso sucedeu nos EUA e ali a Justiça é célere (ao contrário daqui, veja-se o Processo Marquês!), daqui a uns meses o assunto estará encerrado e CR7 ilibado de suspeitas. Já seria mau, penso eu, mas posso estar errado, se CR7 e a criatura aceitassem novo acordo financeiro. Ela ficava mal na fotografia mas com uns cobres a mais no bolso e ele nunca mais se limparia da suspeita. Um caso judicialmente interessante de seguir. Pelo menos na minha perspectiva.
ResponderEliminarBom fim de semana, UJM!
P.Rufino
Olá P. rufino,
ResponderEliminarEstou a responder a este seu comentário com o credo na boca e sabe porquê (acabei de saber do fogo).
Por isso, só consigo dizer que tomara que o Cristiano Ronaldo esteja inocente e que aquele acordo não signifique a confirmação de uma violação e que a sua carreira profissional e o seu exemplo junto, em especial, dos miúdos de todo o mundo não sejam destruídos.
Mas, a esta hora, o que desejo mesmo é que o incêndio seja dominado e que não haja problemas. Imagino a aflição. Tomara que consigam resolver rapidamente (mas li que está vento e isso é terrível). Boa sorte. Espero que, quando ler a minha resposta, já tudo esteja resolvido e tranquilo. Boa sorte mais uma vez.
se Eu fosse o juiz deste caso resolvia-o sem tão pouco o iniciar. Chamava a sra. ao meu gabinete, só os dois sem advogados e dizia-lhe o seguinte: se o homem for culpado receberá a pena máxima, prisão perpétua e a sra. tem que devolver todo o dinheiro que já recebeu para caridade e não receberá nem mais um centavo, se não for culpado a sra. tem que lhe devolver todo o dinheiro que já recebeu e pagar todas as custas do caso. iriam ver ela pedir a anulação de tudo sem tão pouco dizer aos advogados porque razão mudou de ideias. dinheiro, dinheiro, e mais dinheiro é a única razão.
ResponderEliminarOlá Anónimo/Anónima,
ResponderEliminarParece-me uma boa estratégia.
Mas há uma outra variável a ter em atenção: a indústria do entretenimento.
Coisas destas mexem com os media, com verbas de publicidade, com possíveis guiões de filmes, com muita coisa. Portanto, em cima dos #MeToo e de muitas declarações de princípios, elevam-se interesses de muitas outras naturezas.
Portanto, há alguma imprevisibilidade nisto. É um tema que terá, seguramente, várias derivadas.
A sugestão do anónimo/a parece-me excelente! Boa sugestão!
ResponderEliminarQuanto ao fogo na Serra de Sintra e na (minha) Biscaia, já lhe respondi, por mail, a agradecer e a contar como passámos isso. Foi terrível. Medonho e não desejo a ninguém.
Estivemos mais cerca de 10 horas evacuados, com o coração nas mãos sem saber se ficávamos sem a casa. Mas, acabámos sem prejuízos, que é que importa.
P.Rufino
PS: quanto ao Brasil, se Bonsonaro ganha, não me admiraria que dentro de algum tempo, viéssemos a assistir a uma convulsão social grave!