quarta-feira, agosto 01, 2018

Traição
[Caíu um dentinho à Catarina? Ou o Robles traíu a Catarina? Ou aos Beatos de Esquerda caíu-lhes uma nódoa no bibe?]


Ora aí está outra coisa que dá bom romance, lapidar tragédia, lágrima no canto do olho, cabelo branco fora de hora, engulho. Traição. Uma dor para quem a tem. Dizem que se aloja no corno. Mas coisa cheia de adrenalina, isso da traição. Melhor ainda se for traição às claras, confessa, descarada. Les plus grands secrets se cachent dans la lumière. Trair quem merece ser traído. Trair com uma ganda pintarola. Do melhor que há. Ou trair pelo prazer de desafiar ou pelo prazer de pisar o risco.

O pior é quando a coisa não tem classe nem dá gozo. Trair por pura burrice. Trair a mão que alimenta. Trair princípios, trair causas. Armar-se em bom apenas porque se acha que fica bem quando se vê ao espelho. Trair por fanfarronice. Por deslumbramento. Trair e dizer que não, aparecer a desculpar-se, trair a aparecer feito betinho a dizer que não, que não é o que parece. 

E ainda mais patético quando o cornudo aparece em público a defender o traidor. Cabala, cabala -- dizem às vezes os cornudos, as catarininhas. Pois, pois. 

Pode ser um amor a três, um par às claras, outro às escondidas, uma coisa na base do homem-mulher-homem ou mulher-homem-mulher. O banal. Pode ser mais infrequente: homem-homem-homem ou mulher-mulher-mulher. Aí, já a coisa, quando observada de fora, pode ter um certo picante, e a malta diverte-se com as coisas picantes.

Mas a ménage a trois também pode ser capitalismo-especulação-esquerdismo e aí a coisa já soa a infantilidade, a burrice, a tendência para o populismo. 

Ou pode ser apenas a segunda derivada da intersecção entre amores impossíveis e realidade virtual.

E, calma, isto que acabam de ler são apenas palavras. Words. Paroles. Palabras. 话. λέξεις. слова. 言葉. vortoj.
[Não são indirectas ao Bloco de Esquerda nem ao Bloco do Robles nem aos Beatos da Especulação nem aos BE's em geral nem a nada disso -- que isso, a bem da verdade, pouco é mais do que uma simples ficção].

Tal como nos dois posts abaixo, esta ilustração também é de Stephan Schmitz

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