Ontem à noite, já bem tarde, estive a enviar fotografias à minha filha. No exacto momento em que tinha começado a vê-las e tinha parado numa fotografia dela com o sobrinho mais novo ao colo, recebi uma sms: Se houver alguma foto daquelas q me tiraste c o baby q tenha ficado fixe envia-me para eu ficar com o recuerdo. "As nossas telepatias", respondeu ela quando eu lhe disse que tinha justamente começado a vê-las.
E tinha fotografias fixes, sim. Com uma definição e uma luz pouco famosas já que foram tiradas de noite, cá em casa, sem flash, apenas com a luz ambiente, mas, ainda assim, bonitas. Fotografias em que transparece a ternura dela pelo baby. Também ela me tirou a mim com ele e enviou-mas logo por sms. E um dos miúdos também me tirou fotografias com o bebé ao colo. Como a fotógrafa de serviço sou eu, geralmente depois fico com pena de ter poucas fotografias com as crianças. Desta vez não me posso queixar.
Também estiveram a tirar fotografias uns aos outros. E o mais velho tirou umas bem curiosas a si próprio. Direi, mesmo, que têm qualquer coisa de artístico -- e estou a falar a sério.
Também, nessa altura, ao ver as fotografias reparei, perplexa, que a grelha da lareira tem duas figuras delicadas. Pode parecer mentira mas nunca tinha reparado. Quem tirou a fotografia (aquela ali em cima) foi um dos miúdos. Mostrei ao meu marido e também ficou admirado, também não tinha visto. Não dá para acreditar.
Cá estiveram todos e, como sempre, mal se viram logo os três rapazes se puseram a lutar. Não sei que coisa é esta. Não é a lutar zangados. Nada disso. Adoram-se. É apenas uma forma explosiva de manifestarem o seu afecto. Ela não é disso: pediu-me uma folha branca e foi para a sua mesinha fazer uma história com autocolantes. O bebé, nessa altura, ainda dormia.
A semana passada tínhamos estado no parque do Jamor e aí, na largueza, a jogar à bola ou a trepar por cordas, têm muito espaço para gastar energias. Dentro de casa, o espaço é demasiado confinado para o pico energético que desenvolve quando se juntam sem estarem completamente cansados. Depois das lutas, depois do tio ter ensinado judo aos mais velhos (o filho, apesar dos seus tenros quatro anos, já é praticante), depois de terem andado às lutas no tapete e sei lá que mais, lá se aquietaram. O mais novo cantou, o primo tocou guitarra e acabaram a cantar o hino nacional. Entretanto o bebé, que mal tinha deixado a coitada da mãe jantar em paz, mamou, andou entre o meu colo e o da tia, sempre sob o olhar atento e maternal da maninha.
Depois foram para casa, que já era hora das crianças irem para a cama.
Antes disso tínhamos estado em volta da mesa a refeiçoar (como dizia o outro). Coisa simples, já que antes tinha ido a casa dos meus pais e, de caminho, tínhamos ido a uma adega comprar vinho. Portanto, não havendo tempo para demoradas confecções, a ementa foi:
Canja
(numa panela coloco uma cebola grande, um pedaço de frango e miúdos; deixo cozer; quando cozido, retiro a carne e, com a varinha mágica, desfaço a cebola; volto a colocar os miúdos e a carne, agora tudo cortado aos bocadinhos; junto dois ovos inteiros e desfaço-os ao de leve com um garfo; junto massinhas de letrinhas; coze durante uns quinze minutos)
e grelhada mista
(pernas de frango, costeletas de porco e costeletões de vitela, temperadas com azeite, sal, alho, louro; umas peças, para além disso, foram temperadas também com tomilho limão e outras com alecrim -- primeiro forno ao máximo, vazio, durante uns 10 minutos; depois, quando introduzo a carne na grelha, reduzo para 160º: vou virando de vez em quando até a carne estar tostada; a carne de vaca entra a meio da confecção das restantes carnes, pois, para ficar macia, não pode ficar muito passada)
acompanhada por arroz basmati
(num tacho coloco um fio de azeite, 1 dente de alho e um pouquinho de bacon cortado aos bocadinhos; frita ligeiramente; junto o arroz e envolvo na fritura; junto o dobro da água; quando está quase sem água, desligo, ponho num pirex e levo ao forno),
e feijão preto
(numa frigideira, com um fio de azeite, frito umas lasquinhas de bacon e cebola picada; depois junto feijão preto enlatado com algum caldo e envolvo -- por acaso, quem preparou o feijão foi o meu marido)
e salada de tomate.
Antes da hora de almoço, tínhamos passeado na praia. Não havia um único surfista, o que não era de admirar: maré cheia e mar alteroso.
Não estava muito frio mas havia algum vento. Apesar de tudo, agradável andar à beira da água e um prazer andar a fotografar as águas revoltas e as pessoas por ali andam.
Tirando isso, as tarefas domésticas normais, ida ao supermercado e assim. Nada de mais. Mas um sábado bom. Bem bom.
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Abaixo um poema para Trump por um dos mais elogiados escritores da actualidade.
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Uma canja. é isso. apetece-me.
ResponderEliminarFaço como no alentejo.
Cozer o frango do campo (preferência)- com a cebola inteira (onde se coloca uns cravos da india), um ramo de salsa, azeite e sal. Se a houver ovos dentro aproveita-se (daqueles que ainda não estão completamente formados) e os miúdos. Retirar o frango. Juntar uma massa (estrelinha, argolas...) e no fim quando se apaga o lume juntar um ramo de hortelã ou então em cada prato (ao servir). Desfiar uma coxa do frango para a canja.
Depois o resto do frango é barrado com uma pasta de alho e mais um pouco de sal. Umas colheradas de manteiga por cima e vai corar em forno esperto.
Para acompanhar um arroz branco cozido com água da canja (retirada antes de colocar a massa). Vai num tabuleiro ao forno depois de pincelado com gema de ovo.
Fiquei com uma vontade. Agora enquanto não fizer não descanso.
Boa semana.
Olá Rosa!
ResponderEliminarAi que bela canja e que belo franguinho no forno, mulher...
Agora também eu não descanso enquanto não for experimentar a receita alentejana da Rosa Pinto!
Gracias.
E uma bela noite para si, Rosa Pinto!