No post que poderão ler a seguir, pronunciei-me, a quente, sobre o resultado das eleições. Já disse quem acho que ganhou, quem obviamente perdeu, já manifestei o meu desencantamento.
Aqui, agora, vou dizer mais algumas coisas. Não estou com muita disposição para grandes raciocínios porque me arrelia sobremaneira perceber como os mais prejudicados e os mais enganados são a grande força de apoio da coligação vencedora, que os tem tão seriamente prejudicado.
Não quero que me tomem por exibicionista porque não sou (como poderia sê-lo se nem revelo a minha identidade?). Não sou rica e vivo do meu trabalho mas, pelas funções que ocupo, recebo um salário que, segundo o critério do governo dos PàFs, mereceu ser cortado à catanada. Mais de metade do ano trabalho para pagar impostos - e isto reportando-me apenas aos impostos que incidem sobre o fruto do meu trabalho. Por isso, pelo que me diz respeito, teria muita razão de queixa.
Mas aquilo que recebo, ainda assim, chega para as minhas necessidades e ainda sobra, tanto mais que sou casada em comunhão de adquiridos com uma pessoa que está nas mesmas condições que eu. Do que ganhamos, ainda ajudamos quem, na nossa família, precisa. E, ainda assim, não me queixo. Como é fácil perceber pelo que aqui conto, posso ir a restaurantes, ao cinema, passar férias fora de casa, comprar livros, etc - coisas inacessíveis a tanta gente no meu País.
E, no entanto, queixo-me do governo PSD e CDS. Mas não é, pois, por mim que me queixo.
Queixo-me pelos inúmeros desempregados (e na minha família também os há - mas ainda que não houvesse), pelos que têm empregos precários (e na minha família também os há - mas ainda que os não houvesse), pelos que tiveram que ir trabalhar para fora (e são inúmeros os amigos dos meus filhos que tiveram que emigrar), pelos idosos que se viram depauperados (e na minha família também os há - mas ainda que os não houvesse), pelos que se viram sem condições de pagar empréstimos que tinham contraído, queixo-me pelos que empobreceram, pelos que não podem viver a vida com que sonharam, pelos que viram as famílias separadas, pelos que perderam a esperança e vivem deprimidos em casa, vendo o dia em que nem o subsídio de desemprego vão receber - e queixo-me porque sei que tudo o que foi feito pelo Governo de Passos Coelho foi feito à toa, sem produzir resultados.
A dívida continuou a aumentar, a pública mas também a privada, o défice está muito mais alto do que seria suposto, não há investimento, não há criação de emprego sustentável, não há aposta na educação, na investigação. E não houve reforma de Estado. Zero. E as grandes empresas foram vendidas a grupos estrangeiros (ou a a estados estrangeiros), desacautelando os interesses estratégicos do País. Nunca o País esteve tão à mercê de especuladores de toda a espécie. Nunca os portugueses estiveram tão vulneráveis, tão à mercê do que outros queiram fazer com eles. Pode o crédito estar barato, podem as famílias ter recomeçado a consumir como se não houvesse amanhã, tudo isto simulando o sucesso que agora se apregoa - mas as grandes debilidades do País mantêm-se ou agravaram-se.
Queixo-me pelos inúmeros desempregados (e na minha família também os há - mas ainda que não houvesse), pelos que têm empregos precários (e na minha família também os há - mas ainda que os não houvesse), pelos que tiveram que ir trabalhar para fora (e são inúmeros os amigos dos meus filhos que tiveram que emigrar), pelos idosos que se viram depauperados (e na minha família também os há - mas ainda que os não houvesse), pelos que se viram sem condições de pagar empréstimos que tinham contraído, queixo-me pelos que empobreceram, pelos que não podem viver a vida com que sonharam, pelos que viram as famílias separadas, pelos que perderam a esperança e vivem deprimidos em casa, vendo o dia em que nem o subsídio de desemprego vão receber - e queixo-me porque sei que tudo o que foi feito pelo Governo de Passos Coelho foi feito à toa, sem produzir resultados.
A dívida continuou a aumentar, a pública mas também a privada, o défice está muito mais alto do que seria suposto, não há investimento, não há criação de emprego sustentável, não há aposta na educação, na investigação. E não houve reforma de Estado. Zero. E as grandes empresas foram vendidas a grupos estrangeiros (ou a a estados estrangeiros), desacautelando os interesses estratégicos do País. Nunca o País esteve tão à mercê de especuladores de toda a espécie. Nunca os portugueses estiveram tão vulneráveis, tão à mercê do que outros queiram fazer com eles. Pode o crédito estar barato, podem as famílias ter recomeçado a consumir como se não houvesse amanhã, tudo isto simulando o sucesso que agora se apregoa - mas as grandes debilidades do País mantêm-se ou agravaram-se.
E, no entanto, o que tenho visto é que são os mais lesados que mais medo tiveram de mudar de governo. De facto, o síndroma de Estocolmo, tal e qual. Os prisioneiros afeiçoam-se aos que os aprisionam. Vivem subjugados, intimidados, teriam razões para odiar os seus algozes mas, não apenas desistem de fugir, como temem que, sem a 'protecção' deles, fiquem à mercê de outros ainda piores. Custa a perceber este mecanismo mental mas acontece frequentemente às vítimas de quem vive subjugado, agrilhoado, maltratado.
Os PàFs ganharam. É certo. Estão de parabéns. Conseguiram o que queriam.
Os PàFs ganharam. É certo. Estão de parabéns. Conseguiram o que queriam.
À hora a que escrevo, os PàFs estão com 99 mandatos, mais 5 do PSD (contra 85 do PS, 19 do BE, 17 do CDU e 1 do PAN). Ou seja, PSD e CDS conseguem 104 mandatos enquanto os partidos à sua esquerda conseguem 121. Não somei o PAN porque não faço ideia do seu posicionamento. Ou seja, há uma maioria na Assembleia da República contrária ao que defende a coligação que ganhou.
Ora é preciso ver que, com o resultado destas eleições, Passos Coelho e Portas, num novo governo, vão ver-se confrontados com o irrealismo das suas promessas vãs. Os números do défice, do desemprego, da dívida não deixarão de continuar a falar verdade. Podem eles continuar a mentir, pode a comunicação social continuar a levá-los ao colo, que a verdade vai doer na vida de quem votou nesta gente sem ética, sem competência, sem respeito pelos portugueses.
Face a isto, acho que é mais do que tempo do PS acordar.
Os tempos são outros, a população já não é maioritariamente a que conheceu os tempos de ditadura e que se mobilizava em torno de ideais nobres. A população agora é maioritariamente uma população que dá como adquirido o pouco que tem, que não se habituou a pensar, que consome abundantemente a televisão pimba, novelas intragáveis, futebol a toda a hora, viciada na futilidade dos facebooks, uma população que pouco sabe de política, que apenas consome as 'bocas' e as 'cenas' virais que são postas a circular nas redes sociais. O PS tem que saber falar a esta gente, tem que chegar até ela.
Os tempos são outros, a população já não é maioritariamente a que conheceu os tempos de ditadura e que se mobilizava em torno de ideais nobres. A população agora é maioritariamente uma população que dá como adquirido o pouco que tem, que não se habituou a pensar, que consome abundantemente a televisão pimba, novelas intragáveis, futebol a toda a hora, viciada na futilidade dos facebooks, uma população que pouco sabe de política, que apenas consome as 'bocas' e as 'cenas' virais que são postas a circular nas redes sociais. O PS tem que saber falar a esta gente, tem que chegar até ela.
E depois há um grupo de pessoas que lê, que acompanha alguma imprensa mais séria (geralmente estrangeira), que tem alguma cultura e exigência - e que anseia por um arejamento na política, que não se revê na partidarite, que está disposta a apoiar quem se apresente com um discurso de ruptura, que acha que apenas com uma disrupção se conseguirá que entre oxigénio na vida pública. Esta gente mais facilmente se revê no Bloco de Esquerda do que num PS manietado por lógicas aparelhísticas, preso a fidelidades bafientas do passado onde as estruturas concelhias, distritais e por aí fora atolam em mediocridade os ideais políticos.
O PS tem, pois, que se renovar. Tem que atrair independentes, tem que ter mulheres, tem que ter jovens (que não necessariamente os que se enfiam nas jotas e se portam como as claques do futebol), tem que ter intelectuais, artistas, cientistas, e, sobretudo, gente que pense de forma diferente, com a cabeça no futuro.
O PS tem que olhar para o Bloco de Esquerda com respeito. Portugal acordou para a realidade deste partido que se renovou e se relançou pelas mãos de Catarina Martins e Mariana Mortágua, duas jovens mulheres que nada temeram, que falaram de forma límpida e corajosa, que sabem dizer com clareza o que querem e o que não querem. Pode dizer-se que têm toda a liberdade para falar porque é apenas isso que fazem: falar. Mas falar é importante em política: falar com consistência, com firmeza, sem medo, com acutilância e inteligência. E o BE já disse que está na disposição de passar da teoria à prática - e isso deve ser tomado em linha de conta.
Quanto ao PCP, tenho pena. É gente séria, boa gente. Mas é gente que vive presa a fantasmas, que se deixa agrilhoar mentalmente a preconceitos difíceis de compreender. A raiva que mostram em relação ao PS é incompreensível. As pessoas que não são do PCP não percebem essa atitude, parece que os comunistas padecem de uma questão psicológica mal resolvida. Parece que estão anquilosados. O mundo muda e o PCP continua com uma conversa que, frequentemente, não cola com a realidade. Os resultados destas eleições foram também um desastre para o PCP. Não sei se vão a tempo de inverter o declínio. Contudo, parece que Jerónimo de Sousa, talvez atordoado com os resultados, terá dado a entender que, se necessário, se colocará ao lado do PS.
Não sei o que nos reservam os próximos dias mas era bom que um PS revigorado (depois do abanão destes resultados e com o António Costa também revigorado, com desenvoltura, animado, com sentido de humor e com peito feito) conseguisse estabelecer pontes fortes com o resto da esquerda. Se os interesses do País e dos Portugueses estiverem à frente de tacticismos, de prudencialismos, de atavismos, talvez se consiga trazer alguma esperança a Portugal. Caso contrário, será para esquecer -um dia destes ainda acordamos e descobrimos que fomos anexados pelos chineses (por exemplo).
O PS tem, pois, que se renovar. Tem que atrair independentes, tem que ter mulheres, tem que ter jovens (que não necessariamente os que se enfiam nas jotas e se portam como as claques do futebol), tem que ter intelectuais, artistas, cientistas, e, sobretudo, gente que pense de forma diferente, com a cabeça no futuro.
O PS tem que olhar para o Bloco de Esquerda com respeito. Portugal acordou para a realidade deste partido que se renovou e se relançou pelas mãos de Catarina Martins e Mariana Mortágua, duas jovens mulheres que nada temeram, que falaram de forma límpida e corajosa, que sabem dizer com clareza o que querem e o que não querem. Pode dizer-se que têm toda a liberdade para falar porque é apenas isso que fazem: falar. Mas falar é importante em política: falar com consistência, com firmeza, sem medo, com acutilância e inteligência. E o BE já disse que está na disposição de passar da teoria à prática - e isso deve ser tomado em linha de conta.
Quanto ao PCP, tenho pena. É gente séria, boa gente. Mas é gente que vive presa a fantasmas, que se deixa agrilhoar mentalmente a preconceitos difíceis de compreender. A raiva que mostram em relação ao PS é incompreensível. As pessoas que não são do PCP não percebem essa atitude, parece que os comunistas padecem de uma questão psicológica mal resolvida. Parece que estão anquilosados. O mundo muda e o PCP continua com uma conversa que, frequentemente, não cola com a realidade. Os resultados destas eleições foram também um desastre para o PCP. Não sei se vão a tempo de inverter o declínio. Contudo, parece que Jerónimo de Sousa, talvez atordoado com os resultados, terá dado a entender que, se necessário, se colocará ao lado do PS.
Não sei o que nos reservam os próximos dias mas era bom que um PS revigorado (depois do abanão destes resultados e com o António Costa também revigorado, com desenvoltura, animado, com sentido de humor e com peito feito) conseguisse estabelecer pontes fortes com o resto da esquerda. Se os interesses do País e dos Portugueses estiverem à frente de tacticismos, de prudencialismos, de atavismos, talvez se consiga trazer alguma esperança a Portugal. Caso contrário, será para esquecer -um dia destes ainda acordamos e descobrimos que fomos anexados pelos chineses (por exemplo).
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As fotografias foram feitas este domingo in heaven.
A música é de Franz Liszt - Years of pilgrimage "Le mal du pays" por Lazar Berman (Haruki Murakami) - não percebo o que faz o Murakami aqui nesta legenda mas não tenho tempo para investigar, vai como estava no youtube)
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Relembro que no post a seguir falo, em cima do acontecimento, dos resultados que se começavam a conhecer destas eleições e de como me senti desanimada.
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Desejo-vos, meus Caros leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.
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Tem razão.
ResponderEliminarFoi o medo de perderem o pouco que têm que levou tanta gente a dar a vitoria à paf.
Frases como, são todos iguais quando lá chegam, atrás de mim virá quem bom me fará, ou quem manda nisto é Bruxelas, não adianta votar, ouvi muitas vezes e tudo isto contribuiu para a elevada abstenção. E tambem os mentirosos se terem escondido sob uma sigla que muitos, apesar de tudo, não ligaram a Passos e Portas, foi o desastre.
Seria positivo que a vaidade não subisse à cabeça do BE e se aproximasse do PS.
É uma tristeza chegarmos a isto
"O PS tem que olhar para o Bloco de Esquerda com respeito."
ResponderEliminarOra aí está uma boa ideia... fazendo contas (ainda só estão apurados os círculos nacionais, falta europa e resto do mundo) vemos que enquanto as duas maiores forças - coligação e ps elegeram, feita a média, deputados ao "preço" de 20472 votos expressos o BE precisou de uma média de 28902. Os seus deputados quase que necessitam de uma legitimidade eleitoral acrescida de um terço para serem eleitos. Mais, e fazendo de novo as contas: nos círculos de Viana, Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Açores, apesar dos 75090 votos (compare-se com os 62422 do ps em Faro que elegem quatro deputados) que obteve no conjunto destes círculos, o BE não elegeu um deputado. E era previsível que não elegesse. Nestes círculos que cobrem uma parte substancial do território o eleitor ou simpatizante do BE quase que não tem incentivo a votar. O seu voto perde-se com toda a probabilidade. Quantos são empurrados para o "voto útil"?
Sabendo nós que o eleitorado do BE é tendencialmente o de maior nível de instrução, faz algum sentido manter um sistema eleitoral que priva de expressão política que se traduza em mandatos representativos uma importante "massa crítica" numa parte do território que por ser periférica tanto dela necessita?
Cumprimentos, esperando não haver engano nas contas...
afinal não é só as galinhas que cantam
ResponderEliminaro povo na falta de melhor, analisa o carácter do candidato, e não gostaram da maneira como o Costa usurpou o poder no PS, depois do Seguro penar a travessia no deserto. E ontem ao não se demitir, confirmou-se que o povo tinha razão.Isto porque ele ainda pensa que tem margem de manobra.É simples, quem derrubar agora este governo, vai entregar uma maioria de mão beijada aos Paf´s, a história repete-se.Nessa altura , devem no PS ficarem a olhar uns para os outros a ver quem vai penar a levar o Partido até ás próximas legislativas e levar um biqueiro no cu para entrar um boy do aparelho a faltar um ano.
Nunca tive um voto fixo,já votei psd, já votei ps, já votei pcp (tem razão este partido vai desaparecer se não mudar a agulha) e ontem votei Bloco de Esquerda, votava PS se estivesse lá o Seguro, considere-me uma amostra representativa com margem de erro de 0%
com record de abstenção, penso que temos o que merecemos, estou na fase Nero da política,burn baby, burn
Bob Marley
nas próximas legislativas proponho em vez de debates, exames de direito sem consulta, uma pessoa que consiga fazer isso merece ser nosso líder - https://dre.pt/application/file/70445221
ResponderEliminarBob Marley
UJM,
ResponderEliminarContinuo a achar que não é medo, é uma espécie de inércia ou estupidificação coletiva em que o nosso seriíssimo PM nos coloca. Ainda ontem, durante o discurso de vitória de Passos, a sua voz monocórdica deu-me um sono tão grande, tão grande, que já não conseguia ouvir nada do que dizia. Bem vistas as coisas, quem melhor do que alguém que, ao mesmo tempo que mente e goza descaradamente com a nossa cara, nos anestesia de tal forma que deixamos de o ouvir, para governar este nosso povo que gosta tão pouco de ser maçado? Para maçadas e aborrecimentos, ao menos tenhamos alguém que seja mesmo maçador e aborrecido, é da maneira que não nos prende a atenção e podemos, sem remorsos, mudar de canal e esquecer as chatices.
Não é o síndrome de Estocolmo, é o síndrome de Bela Adormecida.
Boa semana,
JV
"Os resultados destas eleições foram também um desastre para o PCP." A CDU subiu em votos, em % e em mandatos. O que seria se não tivesse sido um desastre.
ResponderEliminarQuem vai de novo
ResponderEliminarroer a corda?
UJM hoje não estou totalmente de acordo. A PaF ganhou descendo, pode dizer-me ainda tiveram muitos votos, demais, sim.Continuaram a ganhar. A história mostra que em tempos de esquerda desunida avança a direita. O PS está em maus lençois quando poderia estar muito bem porque nao faz limpeza de casa e alberga gente que não interessa nada. O BE maduro? Não. As duas mulheres são realmente boas no discurso. Deveriam ser aproveitadas ao máximo. E usar a sua astúcia para realizar reformas como o grego fez. Sim há austeridade mas sou eu que controlo. Agora só considero o BE maduro se vier aí um tufão e as fundações não afundarem. O PC continua e irá continuar sempre assim, no meu entender. Não desceu. Não gramam alguns PS, pois não. E vai dizer-me que não têm razão?.....
ResponderEliminarCitação: "E depois há um grupo de pessoas...etc...esta gente mais facilmente se revê no Bloco de Esquerda do que num PS manietado por lógicas aparelhísticas, preso a fidelidades bafientas do passado onde as estruturas concelhias, distritais e por aí fora atolam em mediocridade os ideais políticos.”
ResponderEliminarOra nem mais! Por essas e por outras e porque o PS e Costa não conseguiram cativar essas tais pessoas, com ideias claras para o futuro e por ter sido incapaz de desfazer a demagogia do PaF (e por não saber defender o Passado do Partido), ao contrário do Bloco de Esquerda e porque lhe faltou a chama e o carisma que sobrou no BE com Catarina Martins, por exemplo, é que muitos eleitores, entre os quais me incluo, votaram BE.
A Direita tem agora, apesar da sua vitória de Pirro, uma vida difícil pela frente. Saiba o PS aproveitar essa fragilidade e talvez consiga estancar a queda numas próximas eleições, para breve.
Por mim, gostei de ver o BE a crescer e só desejo que no futuro consiga ainda melhores resultados.
Costa faz bem em não se demitir. O PS precisa de estabilidade e não são os arruaceiros que ontem vieram a terreiro atacá-lo que constituiem alternativa.
E entretanto veremos o que se passará com as eleições Presidenciais. A contagem já começou.
Ver aqueles dois demagogos, Passos e Portas, com aquele ar de quem sabe bem no sarilho em que se encontram doravante, deu-me algum gozo.
P.Rufino
Caríssima UJM, sendo um seu fidelíssimo leitor, raramente faço comentários e evito o tema político. Mas creio que me permitirá uma leitura dos acontecimentos algo dissonante. Partilho o seu desagrado com os resultados eleitorais. Julgo irrelevante invetivar Passos a Portas. Dou mais relevo ao recorde abstencionista (43%) que não se pode atribuir totalmente à ignorância ou indiferença de quase metade da população portuguesa (somem-se à abstenção os votos em branco e nulos). Acho que o grosso da abstenção vem do total desprezo que muito boa gente tem por TODA classe política e seus apêndices. Há muito que o palco político português é ocupado de um extremo ao outro pelas mesmas personagens e seus clones. Autênticos canastrões! Atribuo, aliás, a única vitória digna desse nome ao BE. Foi devida, mais do que ao seu programa (só o ouvi), à frescura, candura e agilidade dos seus militantes. Um bafo de ar fresco, finalmente! Mas há mais: por razões profissionais viajo muito por todo o país e falo com imensa gente que vive do seu trabalho sem perder a serena ponderação de quem se encontra afastado dos meios mundanos. E digo-lhe, caríssima UJM, que essas pessoas que sabem sofrer sem perder a esperança, em nada se identificam com a agitação das nossas élites intelectuais e artísticas (nem falo das políticas), da Comunicação social, dos blogues, das redes sociais, das caixas de comentários, enfim dessa vasta realidade virtual onde navegam diariamente as mesmas 10 ou 15 mil pessoas, eu incluído. E desculpe este desabafo...
ResponderEliminarCara UJM,
ResponderEliminarObrigada pelos textos que escreve. São de leitura obrigatória.
Lamentavelmente o que vinha sendo anunciado aconteceu ...
ResponderEliminarTal como a UJM a vitória da PaF a mim não me faz grande mossa a nível financeiro, pois aquilo que sobra depois do "colossal aumento de impostos" ainda vai dando para fazer uma vida mais ou menos digna e ter acesso a bens materiais e culturais. Mas ver tanta gente de baixos rendimentos feliz com a vitória de Portugal ao Fundo, e orgulhosa de ter contribuído para essa vitória, deixa-me perplexo! A teoria do bicho papão funcionou, e funcionou em grande parte por culpa do PS e de António Costa - desde o lamentável processo de assalto ao poder forçando a demissão de um secretário-geral legítimo, passando pelos indesculpáveis erros de campanha (cartazes e etc.), pela incapacidade de desmontar a teoria do medo, pela falta de lealdade pessoal para com um anterior líder ainda não acusado de nada, pela falta de autoridade traduzida numa posição dúbia face a um pré-candidado às presidenciais (permitindo que dentro do PS outra pré-candidatura se perfilasse, em claro afrontamento à sua liderança), pela incapacidade de fazer passar um discurso de esperança e de mostrar que se podia fazer diferente e melhor, motivando as pessoas para a mudança, tudo contribuiu para que grande parte dos eleitores preferisse uma bem estudada pose de "homem de Estado", de " homem sério", que "está a endireitar as finanças públicas depois do estado miserável em que o PS as deixou" apresentada por Passos Coelho. Passos e Portas ganharam jogando apenas no medo e sem dizerem ao que vinham - e vinham continuar a obra de destruição da economia e do Estado Social sob a capa de salvação das finanças.
O resultado das eleições faz-me pensar que não tardará muito que o Maquiavel de trazer por casa convença o seu "príncipe" a provocar crises políticas sucessivas, com a proposta de medidas inaceitáveis pelo PS, de forma que, lá para Agosto de 2016 a Assembleia seja dissolvida e os ditos se apresentem de novo ao eleitorado em busca de uma vitória com maioria absoluta. Desta feita com a tese de que "a bola é nossa, mas os outros meninos não nos deixam brincar, sniff". Não, meu caro P. Rufino, acho que quem se encontra num sarilho não são eles, somos nós, que teremos de sobreviver a gente que oculta a falta de vergonha, a ambição de poder, uma filosofia económica que privilegia a desregulamentação (e veja-se o resultado, com a crise financeira nos Estados Unidos) e a privatização a todo o custo, atrás de fachadas de "estadistas". Pobre Portugal. Pobres Portugueses.
MPDAguiar
Pois muito "BEM-MAL"...Depois de digerir todo o processo resta-me concluir com um "ORGULHO" lastimável que me enganaram ! PORQUÊ ? Aqui só HAVIA POBRES.AQUI as CRIANÇAS,CHEGAVAM Á ESCOLA COM FOME.AQUI OS JOVENS ,FORAM FORÇADOS A EMIGRAR.AQUI NÃO NASCEM CRIANÇAS POR CAUSA DA "TROIKA" .AQUI OS MAIS VELHOS ,NÃO MORREM SÓZINHOS.AQUI A SAÚDE NÃO ESTÁ DE CÓCORAS.AQUI AS "PORTAGENS",SÃO VIRTUAIS...AQUI OS EMPREGOS SÃO "SEGUROS" PELO CARTÃO DO PARTIDO.AQUI SOMOS "FELIZES" OS QUE PENSAM LIVREMENTE !Neste espaço ! AQUI ,vos digo,CHARLATÃES...Nem sempre ,nos haveis de "ENGANAR"...
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