António Costa e Jerónimo de Sousa falaram bem mas devagar, devagarinho, parece que estavam devastadoramente cansados.
Começaram parecendo muito alinhados mas, apesar do registo de slow motion, acabaram por evidenciar as profundas divergências.
António Costa, com a sua segurança habitual, ao seu bom estilo bulldozer, leu o surpreendente programa do PCP, uma coisa do além, que só pode existir para auto-prazer dos seus membros e para mais nada já que nada daquilo será, alguma vez, minimamente exequível. Jerónimo de Sousa é bom a criticar, a identificar o que está mal, e é empático, a gente concorda com as críticas. Mas, ó caraças, estampa-se clamorosamente quando apresenta qual a alternativa do PCP. Uma coisa que só seria possível se a fada-madrinha nos tirasse da UE e das suas regras, nos tirasse do euro, eliminasse as consequências que daí adviessem, se levasse Portugal para uma ilha maravilhosa onde qualquer coisa fosse possível. Perlimpimpim. Uma utopia desfasada da realidade. Pim.
Ou seja, quanto ao PCP, lamento: nada daquilo bate certo e, além do mais, há neles uma atitude anti-moderna - e eu sou virada para a modernidade (e nem vou falar no que se passou no Avante porque tudo me custa a crer já que do que tenho lido, a ser verdade, seria uma agonia). Por isso, adiante.
Muito bem António Costa a falar do desastre do Novo Banco, um desastre total. A falta de credibilidade do Carlos Costa, essa nódoa que não sai do Banco de Portugal e a descredibilidade de Passos Coelho são quase extravagantes, tal o desastre que foi todo este processo e do qual estamos longe de conhecer o buraco que por lá alastra.
Mas todo este debate foi muito tranquilo. Acho que o problema esteve mesmo na moderadora. Ana Lourenço deu-lhe para o registo intimista a ver se os embalava e se nos punha a todos a dormir. Parecia o momento Vitinho da campanha eleitoral. Parecia que estava na hora de irmos para a caminha - se calhar, foi essa a ideia dela.
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De resto, hoje na televisão, na TVI, gostei de ver a Catarina Martins com o Ricardo Araújo Pereira: a moça tem pedalada, sentido de humor, é inteligente. Gostava de a ver num governo, já o disse. É mal empregada se ninguém lhe deitar a mão para a pôr, de facto, com um cargo executivo na governação.
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Quanto à cena da carta do Passos Coelho ao Sócrates a dizer que apoiava a vinda da troika, pode ser que toda a gente se entusiasme muito com isso - mas, a mim, zero. Sou pessoa do futuro, não do passado. Já formei a minha opinião sobre aquela situação. Há mais de 4 anos.
O que está em causa agora não é o que se passou em 2011 mas sim durante a desastrosa e anti-patriótica governação Passos-Portas. Face ao conhecemos daqueles dois tratantes e face ao que se propõem continuar a fazer e face ao que o PS se propõe fazer, é ao PS que vou entregar o meu voto (como sempre, naquela velha lógica O'Neilliana: não me apetece mas voto PS).
Que eu gostaria que o PS se regenerasse de forma mais profunda, que se modernizasse, que a lógica aparelhística, conservadora e com tiques de antanho levasse uma volta, claro que sim. Hoje um colega meu dizia-me que o PS deveria levar um abanão a ver se se modernizava e se largava os vícios de partido do regime. Pois. Mas, face ao risco de o abanão fazer voltar a ter Passos e Portas por mais 4 anos, voto no que, apesar de tudo, me oferece maiores garantias de haver respeito pelas pessoas e defesas dos interesses dos portugueses.
Quanto ao resto, isso das cartas tal como antes das pizzas, tretas e mais tretas - lamento mas estou-me nas tintas.
Tirando isso, vou mas é ver se me ocorre algum assunto mais animado para ver se o dia hoje por aqui não fica uma maçadoria.
Quanto ao resto, isso das cartas tal como antes das pizzas, tretas e mais tretas - lamento mas estou-me nas tintas.
Tirando isso, vou mas é ver se me ocorre algum assunto mais animado para ver se o dia hoje por aqui não fica uma maçadoria.
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As esculturas são da autoria de Jason DeCaires Taylor e podem ser vistas em Londres, no Tamisa, ora dentro ora fora de água.
Ryuichi Sakamoto toca Energy Flow
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O debate entre António Costa e Jerónimo de Sousa foi fraco. O líder do PCP esteve claramente em baixo de forma (embora nunca tenha sido brilhante). E Costa sabia que um debate com Jerónimo era para cumprir calendário. Só se empenhou contra Passos - e se preparou contra Catarina. Ganhou contra o primeiro, perdeu contra a segunda. Mas, o curioso neste debate, sem grande interesse, com Jerónimo foi o facto de, uma vez mais, Costa revelar aquilo que é, ou seja, o tal político do Centrão, do tal Arco da Governação, embora, teatralmente, nos faça querer o contrário. Costa deixou claro, com Jerónimo, que não vai beliscar a banca, com algum aumento de IRC, que não vai deixar de conceder apoios financeiros ao ensino privado (e quiçá à saúde privada) e que não mudará, substancialmente, o rumo que tem sido seguido até agora. Costa promete concertar, na medida do possível, o que esta cáfila destruiu, mas nada de propor algo inovador. Costa teve o debate facilitado pela falta de combatividade de Jerónimo, muito menos assertivo e acutilante do que Catarina Martins, que deu cabo de Costa (veja-se a redonda e penosa prestação final de Costa – confrangedora - com Catarina, quando ela lhe lança uma proposta/desafio, final). Costa faz-me pena, quando vem com aquela conversa do desastre se saissemos do Euro, etc, quando o que é relevante é saber que resposta tem Costa para nos mantermos no Euro, face ás chantagens do Eurogrupo e daquilo que nos é imposto pelo Tratado Orçamental. Pois, face ao que tenho visto de Costa não lhe irei entregar o meu voto. E tenho pena. É que não me dá garantias de mudança estrutural. De um abanão. Deixo um desejo, de que o PS, de forma nenhuma (ou mesmo a Coligação) tenha a maioria absoluta. Estou farto de maiorias absolutas. De Cavaco (2 vezes, um autocrata), de Sócrates (que se revelou arrogante) e desta Coligação, pelo fez ao país.
ResponderEliminarP.Rufino