Bem. Já me insurgi contra a decadência moral que dá forma a um dos mais recorrentes programas em prime time na TVI, a Casa dos Segredos (que penso que agora se chama Desafio Final) e já divulguei uma anedota que a uma Leitora ocorreu acerca do assunto e sobre o qual, inclusivamente, até fez uma montagem; e, num post mais abaixo, dei também voz a um outro Leitor que me enviou um vídeo da cassandra Medina Carreira, relativamente ao qual deveremos ter presente as suas posições ao longo do tempo, para não levarmos a sério o que diz. E já relatei a saída de cena de Valérie, a destruidora de louça e mobílias.
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Mas isso é a seguir. Agora, aqui, vou mostrar como são contrastantes dois homens portugueses de 50 anos que concederam entrevistas ao Expresso deste sábado.
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António Horta Osório concedeu uma entrevista a João Vieira Pereira.
É apresentado da seguinte forma: António Horta Osório começou a trabalhar aos 20 anos. Agora, aos 50, lidera a partir de Londres um gigante da banca mundial.
Uma carreira exemplar de quem sempre estabeleceu para si objectivos extremamente ambiciosos.
Toda a entrevista o revela seguro, focado, uma vida construída em torno de uma carreira. Um homem exemplar. Uma vida sem desvios.
Foi a seu tempo o melhor aluno da Católica e depois do Insead.
Ele próprio se define como 'Sou bastante planeado e previdente' e conta que, ainda na faculdade, escreveu a todos os bancos em Portugal.
Depois do Insead foi para a Goldman Sachs, porque, diz ele, era o melhor banco de investimento do mundo. E daí foi sempre a abrir.
Agora está no Lloyds, o maior banco inglês.
Há tempos teve um esgotamento. Não dormia. Foi-se abaixo. Descobriu-se humano e, aparentemente, isso foi para si uma surpresa. Na altura, quando se tinha acabado de recuperar, o Expresso, fiel seguidor, entrevistou-o. Lembro-me de como o discurso era o mesmo, arrumado, clean. Agradecia à mulher (Ana, seria?) e aos accionistas e colegas de Board o seu grande apoio.
E sorria com aquele seu característico ar arguto, menino esperto, trabalhinhos de casa sempre feitos a tempo e horas, dedinho no ar, fila da frente.
Vem duas vezes por mês a Portugal, diz que gosta de ser administrador não-executivo da Fundação Champalimaud, e que está ligado à holding da família Soares Santos na Jerónimo Martins. Faz, pois, parte dos happy few que estão nos locais onde é importante estar-se.
Acha que Portugal está a ir no bom caminho. Diz que se pode discutir a intensidade e o mix, mas não a direcção.
Diz que o desemprego é um problema e que as empresas empregarão mais quanto mais produtivas as pessoas forem. Diz que, se hoje não há oportunidades de carreira em Portugal, os jovens têm todo o direito e devem ir para o estrangeiro procurar uma vida melhor.
'A reforma não é algo que veja com naturalidade. Diz: Vendo os exemplos fantásticos de pessoas que eu admiro nos negócios, acho que a pessoa deve trabalhar até ao momento em que continue a criar valor.'
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Posto isto, o que é que eu acho do que li?
Pois bem, acho que deve ser um chato de primeira e a entrevista revela-o assim: sem pitada de interesse. E revela-o alinhado com a directriz financeira dominante. Que os portugueses sofram, que as famílias se desmembrem, que o país esteja mais pobre e a retroceder a todos os níveis, isso é coisa que o ambicioso e centrado Horta Osório não vê. Pode, quanto muito, criticar o mix mas não o rumo. Estamos entendidos.
(Aliás, já estávamos, e até já aqui falei dele antes. De resto, nem percebo para que foi esta entrevista uma vez que nada acrescenta. João Vieira Pereira tem alguns gurus, aqueles que inspiram as suas pouco inspiradas e pouco objectivas crónicas, de entre os quais os venerados Horta Osório e Alexandre Soares dos Santos serão dois deles, pelo que, quem o lê, percebe que há vassalagens que se prestam sem esforço. É a minha opinião como leitora e observadora destas coisas. Mas, claro, pode acontecer que esteja, também eu, a ser pouco inspirada e pouco objectiva.)
(Aliás, já estávamos, e até já aqui falei dele antes. De resto, nem percebo para que foi esta entrevista uma vez que nada acrescenta. João Vieira Pereira tem alguns gurus, aqueles que inspiram as suas pouco inspiradas e pouco objectivas crónicas, de entre os quais os venerados Horta Osório e Alexandre Soares dos Santos serão dois deles, pelo que, quem o lê, percebe que há vassalagens que se prestam sem esforço. É a minha opinião como leitora e observadora destas coisas. Mas, claro, pode acontecer que esteja, também eu, a ser pouco inspirada e pouco objectiva.)
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E depois temos Manuel João Vieira que, logo no nome, é ao contrário. Chama-se, de facto, João Manuel. Clara Ferreira Alves assina mais uma grande entrevista. Quase tão interessante é o personagem e o homem Manuel João, como a entrevista em si, nomeadamente as inteligentes perguntas da entrevistadora. Um prazer ler uma entrevista assim.
(O meu marido enerva-se com o Expresso, com aqueles editoriais do Ricardo Costa, com os textos sem coluna vertebral do Henrique Monteiro, não percebe porque insisto eu em comprá-lo. Tem razão mas só em parte - porque entrevistas como estas justificam que eu continue fiel a este jornal).
Na introdução, escreve Clara Ferreira Alves sobre Manuel João Vieira: É artista plástico, músico romântico e obsceno, antigo candidato à Presidência da República. Nesta conversa, fala da sua vida de vagabundo, insurge-se contra a venda da colecção de Miró do BPN e indigna-se com a corrupção no Estado e a falta de cultura no país.
Todo ele se revela na sua multiplicidade: é ele e é Lello Minsk, Lello Universal, Orgasmo Carlos, Candidato Vieira, Irmão Catita, tímido, desbocado, irreverente, hesitante, músico e pintor, performer e talvez outras coisas.
Mostra como se vai construindo a si próprio, sem uma segurança económica, sem uma linha de rumo bem definida. Mas um cidadão atento, preocupado com o país, um ideal solidário.
Pergunta Clara Ferreira Alves: Quando se exerce uma autoridade sobre os portugueses, caso da troika, os portugueses aceitam e conseguem culpar-se por coisas que não fizeram. Obedecemos sempre, burocraticamente?
Responde ele: Estamos sob administração estrangeira. O que existe agora é uma infantilização da linguagem política. Isso é uma infantilização, nós fomos meninos maus, uma moralização infantil. A infantilização é o que leva à mansidão. Posição subalterna.
Depois Clara Ferreira Alves diz-lhe: Na Irlanda, houve um respeitável reformado que mandou um ovo podre à cara de um banqueiro de um dos bancos que lhe tinha sugado as finanças. Na Bélgica e em França, existe o tipo das tartes. Aqui, quando um oportunista é promovido para um cargo internacional à custa dos portugueses, é saudado como um exemplo.
Responde: Claro, lá está um que se safou. (...) Vou falar-te de uma coisa que acho um escândalo criminoso, a venda da colecção de Miró do BPN. Eu pus alertas no meu Facebook, houve um abaixo-assinado e essas coisas todas e publicitei isso. E houve um tipo que foi ao meu Facebook e disse que achava bem porque não percebia qual a graça deste pintor. Uma coisa mal desenhada... Estamos a lidar com pessoas que não sabem quem é o Miró, não sabem o que é arte moderna. Temos a elite política mais inculta da Europa...(...) Ora a cultura, dizia eu, é a alma, o fundamento, e se não temos cuidado com o que é mais alto, mais elevado, ficamos na lama. Ficamos como os porcos que comem trufas.
Já para o fim, Clara Ferreira Alves pergunta-lhe: És um moderno?
E Manuel João responde: Sou um medieval. Há coisas na história da arte, peças, com as quais me identifico. Os tintorettos de San Rocco, por exemplo.
Os grandes Tintorettos e Tizianos? Vais muito a museus?
- Podem ser pequenos. Há pequenas telas que são grandes telas (...) Gosto de me perder nos museus até bater a bota.
Pergunta tola: onde é que te vês daqui a 10, 15 anos?
- Metido num caixão. E se não estiver, devo estar numa vida muito miserável.
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O que acho eu dele? É sabido por quem aqui me acompanha há algum tempo. Gosto do Manuel João Vieira. É genuíno, deve ser uma boa pessoa, é um homem interessante. Tem ideias, sabe pensar. Preocupa-se com a alma do País, percebe que a cultura é a alma comum de um povo. Tem sentido de humor e tem uma certo ar de drama que me seduz. É um maluco, é certo (e a minha mãe sempre se lamentou, parece que só gostas de malucos..). É um artista multifacetado e tem valor no que faz. E agita as águas. e espero bem que daqui por 10 ou 15 ou 30 ou mais anos ainda esteja entre nós, estimado por todos, o seu mérito reconhecido, as suas finanças em ordem, e feliz.
E uma palavra ainda para Clara Ferreira Alves: uma grande jornalista. Grande entrevista esta. Como, aliás, são também sempre relevantes e muito bem escritas, as suas crónicas na Pluma Caprichosa. São jornalistas como ela que mantêm viva a alma de um jornal (usando o conceito de alma à semelhança do que Manuel João Vieira o fez).
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Relembro: por aí abaixo há mais uns posts sobre temas variados: desde a Casa dos Segredos de Madame Teté à Valérie ex-Hollande, passando pelo insuportável Medina Carreira.
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Convido-vos ainda a darem uma espreitadela ao que tenho hoje no Ginjal: autores de Trás-os-Montes. Um vídeo com poesia dita sobre paisagens muito belas.
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E, por agora, é isto.
Desejo-vos, meus Caros leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira.
Saúde e felicidade é o que, muito sinceramente, vos desejo.
Bom dia,
ResponderEliminarAgradeço muito a sua resposta e o espaço que concedeu às minhas palavras, não estava nada à espera e foi uma surpresa muito simpática.
Quanto a eu ser Cavaco Cavaquices, compreendo que não seja a coisa mais agradável no mundo alguém ter de se dirigir a sujeito que assim se apresenta, mas tenho muito pouca imaginação e como o Cavaco é a grande espinha entalada na minha garganta, faço como o Batman que também não gostava de morcegos.
Quanto ao post sobre as entrevistas: o seu marido tem toda a razão relativamente ao Ricardo Costa e ao Henrique Monteiro, mas também tem toda a razão quanto à Clara Ferreira Alves, e o Economico não é mau: o Stiglitz diz muita coisa acertada e já vem traduzido.
Noutra ocasião talvez lhe diga porque é que já não ponho os olhos em cima do que escreve o Costa (mete o Tribunal Constitucional, o que já diz muito), mas agora ponho-a ao corrente de uma novidade: foi eleito um novo diretor da Faculdade de Direito de Lisboa. A importância deste facto não será muita, mas a forma como decorreu o respetivo processo numa Escola que diz ensinar Justiça e Direito foi simplesmente inqualificável. Literalmente, não tenho palavras para descrever a tristeza que sinto.
Havia dois candidatos, mas à última hora o recém-afastado diretor apresentou a sua candidatura que violava os estatutos da faculdade, porque já tinha atingido o limite de mandatos. O órgão da faculdade responsável quer chumbar a candidatura, mas os alunos adiam sucessivamente a votação da deliberação para o fazer. A candidatura é mesmo chumbada e os alunos convocam Reunião Geral de Alunos onde decidem que os seus representantes, mediante proposta destes, no Conselho denão exercerão o mandato durante 2 anos no Conselho de Escola (onde se elege o Diretor), como protesto (permanente) contra o diretor que viesse a ser eleito. No dia da eleição, os representantes dos alunos com assento nesse órgão ("vinculados" pela RGA a não por lá os pés durante 2 anos) comparecem e escrevem no boletim de voto um estóico "pelos alunos", sendo portanto o seu voto nulo.
Bom, foi isto. É cómico, é. É terceiro-mundista, é. Alguns destes alunos são jotinhas que vão chegar à AR daqui a pouco tempo, sim. Isto não é mais do que uma brincadeira, não. Vale a pena ficar triste, não, mas fico.
Continua...
Continuação...
ResponderEliminarPorquê? Olhe, fui aluna do Vera-Cruz, o homem é um orador do caraças, dá daquelas aulas inspiradoras sobre as instituições romanas, e o direito e a ética... Numa aula em que falava das magistraturas romanas dizia-nos mais ou menos isto: " a regra é a anualidade. Não foram os americanos que inventaram os freios e contrapesos do sistema politico, o magistrado romano tem o poder limitado pelos outros magistrados com poder de veto, pelas assembleias do povo e dos cidadãos, pela "jurisprudentia" (juristas), pelos "mores maiorum" (espécie de costume moralmente enraizado no sentimento popular). O magistrado é eleito por um ano e só pode exercer novo mandato depois de alguém o fazer pelo meio. Ah, mas ele é muito bom, ele fez um grande trabalho! Não importa, sai, dá lugar a outro. A instituição com as suas regras, mesmo que pareçam um chatice, acima de tudo! Uma democracia só sobrevive se as instituições ficarem quando os titulares sairem!"
É claro que isto não é uma transcrição, é exposto de memória, mas o espírito do discurso do Prof. era este. Ora, porque é que o magistrado romano tinha de sair e o Vera Cruz não? Porque as regras são para os outros! Para os estúpidos, se calhar. Não, mesmo para os outros todos, mesmo que sejam muito bons! Só que eu, EU, estou acima!
Fiquei triste porque me senti traída, percebe, enganada.
O link para notícia sobre isto está aqui:
http://www.ionline.pt/artigos/portugal/direito-candidatura-director-da-faculdade-viola-estatutos
Se quiser ver como o Vera Cruz quando foi eleito da outra vez nem sequer se tinha candidatado expressamente, mas os órgãos da Faculdade o elegeram porque "ele não queria nem deixava de querer" continuar diretor: veja isto: http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=SKcAk64Vft0%3D&tabid=967
Que maneira de fazer as coisas é esta? Que falta de seriedade é esta?!
Acho que aproveitei o seu gesto simpático em relação ao meu outro comentário para agora me exceder em palavras e lamentos que a deverão aborrecer... (Mas não sou um kalimero! :) )
Desejo-lhe uma ótima semana.
Ah, esqueci-me de dizer a que é que vinha a propósito toda aquela conversa: falou no inicio do seu post em decadência moral da casa dos segredos... Pois bem, se fosse só isso estávamos bem, estávamos muito bem, que haja Fannys é uma mal pequeno que às vezes até dá para umas risadas: o problema é a decadência moral dos filósofos, dos que pensam e professam sobre a ética e os valores!
ResponderEliminarAgora sim, não aborreço mais,
Tenha uma ótima semana.
Li as duas entrevistas e subscrevo as suas palavras, quer quanto aos entrevistados, quer quanto aos jornalistas.
ResponderEliminarOlá!
ResponderEliminarTem que arranjar um outro nome, sabe? Gosto do que escreve e gosto da forma como escreve e, portanto, não consigo tratá-la por Cavaco. Eu também não vou à bola com o nosso PR, acho que é um dos grandes responsáveis pela situação que vivemos.
Quanto ao que aqui relata, de facto é uma tristeza - e logo na casa em que a lei e a legitimidade deveriam enformar todos os actos.
Não sei se é professora, aluna ou trabalhadora na FDL mas vejo que vibra com o que se passa nessa sua casa.
Mas sabe o que lhe digo? Parece que agora, por todo o lado, detectamos situações que nos mostram que a falta de qualidade a todos os níveis parece alastrar como uma nódoa. É por todo o lado, em todas as 'casas'.
Fiquei curiosa com a sua história sobre o Costa, esse outro catavento.
E estive a ler a acta: que animação! Essa de 'não ser nem deixar de ser' é quase como o catavento Marcelo às presidenciais.
Simpatizo com o Dr. Paz Ferreira quando o vejo na televisão.
Desejo-lhe um bom dia e que encontre motivação apesar das coisas menos lineares com que é forçada a deparar-se.
Olá, Carlos Azevedo, boa noite,
ResponderEliminarAcho que cada entrevistador esteve à altura do respectivo entrevistado.
Uns, convencidos de que são os maiores, mostraram que são afinal bem rasteirinhos, muita mais valia na conversa mas muita menos valia no respectivo conteúdo.
Outros, 'desconstruídos' e despretensiosos, mostraram-se, afinal, grandes (pelo menos no afecto que despertam porque, mesmo os que não se revejam na obra do Manuel João, dificilmente não sentirão simpatia e admiração pessoal por ele; e, no que se refere à Clara Ferreira Alves, acho que está cada vez mais brilhante, brilhante e desabrida).
Desejo-lhe uma boa noite1
Obrigado. Boa noite também para si.
ResponderEliminarDo Horta Hosorio nem vale a pena falar, Conheci-o nos tais 2o e tal anos, pavoneando-se no local dos restaurantes na Galeria do Amoreiras, Era um Yuppi muito convencido, baixinho e achando-se o máximo, mas não há duvida que atingiu os seus objectivos. Quanto ao meu eterno candidato a Presidente, faltam-me as palavras de tal modo ao ler a entrevista tanto ria como chorava. Estou à espera de saber a data da inauguração da casa dele no Crato, para lhe fazer uma visita. Tal como o outro comentador deixei de comprar o Expresso e leio quanto baste on-line. Mas esta semana, por causa da Clara que adoro, resolvi comprar e dei o dinheiro por bem empregado, Só esta entrevista valeu o dinheiro. Sobre o director e o capacho hmonteiro, vingo-me a mandar-lhes muitos e-mail para entupir a caixa de correio. Vou mandar uma colagem para publicar se o desejar em momento oportuno
ResponderEliminarBoa tarde UJM,
ResponderEliminarA ata era, de facto, uma animação, parecia a brincar, porque é que não elegeram o bugs bunny, podia ser que também não quisesse nem deixasse de querer... Eleição de quem não se candidatou, enfim...
Em frente: agora que não se tem falado no tribunal constitucional e não queria estar a trazer à baila esse assunto, mas já que o referi, não quero que pareça estar a deixá-la na expetativa, como que a aguçar-lhe o apetite, porque na verdade não é nada de especial.
Na internet só encontrei este link com a opinião do Costa que me fez não lhe dar mais oportunidades: http://www.inverbis.pt/2013/artigosopiniao/perigo-irrelevancia-tc
É muito simples: Já não há limites, pode-se dizer e é suposto lermos e ouvir os tudo e achar que está bem: o que ele diz é que o TC não deve decidir em conformidade com a Constituição, procurando a solução justa e constitucional, mas sim com a intenção de conservar o seu "lugar". O TC aplica a CRP. Ponto. A interpretação pode ser num ou noutro sentido, mas não passa, não pode passar pela cabeça de um juiz tomar uma decisão porque assim protege os seus interesses egoístas.
Quanto ao seu post sobre as árvores, mostra a sua dimensão mais lamechas ;), mas acho imensa piada a como escreve um texto como aquele da mulher que se imagina com dois homens (devo dizer-lhe que era boa literatura!), depois diz mal do Poiares Maduro, do Hollande ou da Judite Dartacão e a seguir escreve sobre esses seres sem dúvida admiráveis, porque incapazes de fazer mal a quem quer que seja. Para mim as árvores sempre foram como bichos austeros, cheios de experiência e que sabem que a vida é uma pequena partida que jogamos sem saber porquê.
Cumprimentos
P.S.: vou ver se consigo tirar o cavaco e ficar só cavaquices.
Lídia, olá!
ResponderEliminarMulher! O que eu me divirto a lê-la! Já reparei que, de facto, envia mails para as redacções que os devem deixar de cara ao lado. O que me rio quando os leio.
O ex-candidato Vieira é daquelas figuras que parodia as misérias desta sociedade tão fútil, tão vazia, uma sociedade que parece que foi ocupada por manequins empertigados, de sorriso fixo, horta-osórios, porta-moedas, ulrichs e outros que tais.
Obrigada pela sua boa disposição e pela crónica social em que parece ser exímia.
Um abraço, Lídia!
Olá Dame-la-Balance,
ResponderEliminarAboli já o Cavaco Cavaquices porque não dá, é superior às minhas forças. Assim, em francês, tem um toque de mistério e a balança é o símbolo da justiça, certo?
Estive a ler o artigo do Ricardo Costa. Lê-lo, geralmente, para mim é um exercício de masoquismo e, geralmente, quando vejo ao que vai, sigo em transversal e sempre só para confirmar: é daquelas criaturas que ajusta a opinião à corrente e que acha que as pessoas devem ser maleáveis, negociar a sua consciência, se um quer 100 e outro só quer dá 1, então fiquemo-nos pelos 50. Não é daqueles que seja capaz de se bater por uma causa. E fala sempre cheio de certezas mesmo quando está a fazer estúpidas conjecturas.
Cavalga a onda das circunstâncias. Enerva-me.
Achei graça a dizer que tenho um lado lamechas. É que tenho mesmo. Completamente. Se vejo alguém mal, ou se há crianças que eu acho que não têm o melhor do mundo, fico arrasada, lamechas mesmo. Nem imagina o que, por exemplo, me custa ver o tugúrio onde fique aquela família da Madeira, onde o bebé Daniel desapareceu e voltou a aparecer. Tão bonitinhos os miúdos. Mas como poderão desenvolver-se bem, naquelas circunstâncias? E há tanta gente assim, tanta.
Fia uns meses de voluntariado numa escola carenciada e vinha de lá doente, só me apetecia acompanhar aqueles miúdos em permanência.
Sou lamechas, sim. Tento disfarçar mas sou mesmo. Outras vezes sou bruta como as casas. Levo tudo à frente. E outras vezes sou calma e normal. Tenho dias. Aliás, acho que como toda a gente. (Excepto, claro, os Horta Osórios desta vida que são sempre iguais, muito certinhos, muito infalíveis).
Gostei muito da sua última frase: "a vida é uma pequena partida que jogamos sem saber porquê". Concordo. tento lembrar-me sempre disso.
Boa noite, Dame-la-Balance!
Boa noite,
ResponderEliminarDame-la-Balance tem sim um toque de mistério, estou certa é de que por ser simbolo da justiça não se aplica bem a mim. Tenho muito receio que seja melhor a ver o mal que os outros fazem do que evitar fazê-lo eu. Aliás, o meu pai diz às vezes que todos os homens têm uma tendência para o bem, para a perfeição, que não atingimos, mas para que tendemos. Depois as circunstâncias, todas, moldam-nos de forma a que potenciamos aquilo que temos de melhor, de pior, e deixam-nos muitas vezes sem rumo certo. Mas sabe, dúvido muito: não porque não acreditasse que os outros não possam ter essa tendência "inicial" (à Rousseau ou Voltaire), mas porque quando me deparo com situações que me são desagradáveis, a maioria das vezes, a minha reação, a primeira, é egoísta, insitintivamente egoísta. Só com muita persistência às vezes lhe escapo.
Bom, ainda bem que é lamechas, há que haver sentimentos. Também o sou terrivelmente, não com os meus problemas - se há defeito que me orgulho de não ter é ser "self-centered", não suporto pessoas que se sentem muito a si próprias - mas com o que vejo à minha volta. Choro com quase todos os filmes e livros, o que ninguém acreditaria, porque tenho uma postura muito séria e profissional mo dia-a-dia, mesmo tendo conversas exatamente do género do que aqui escrevo.
A última pancada a sério que levei foi com aquela entrevista a um sueco que aqui publicou relativa ao documentário sobre o pai que estava com alzheimer num lar e o SNS sueco, o estado social, não é tão perfeito como dizem. Aquele momento em que o pai está na cama no corredor do hospital debaixo do botao para chamar o elevador e as pessoas passam o braço por cima dele para lhe tocar, é aterrador. A dignidade humana é uma coisa que não se sabe bem definir, mas que quando é atacada deixa-nos a bater muito muito mal.
Uma ótima noite,
JV (trate-me assim, são as minha iniciais reais, não escrevo o nome porque não terá interesse em sabê-lo, mas como lhe disse tenho muito pouca imaginação e ficam estas como poderiam ser outras)