domingo, novembro 17, 2013

'Ascensão e Queda de Passos Coelho, versão 2.0', o artigo da revista Visão com a entrevista a Fernando Moreira de Sá onde se revela a influência das redes sociais no derrube do Governo de Sócrates e na construção da figura de Passos Coelho - e como os principais activistas foram depois recrutados para o Governo como assessores, secretários de estado, membros de comissões, etc. Ou de como a patranha e a ausência de ética alastraram como uma mancha infecta pelos corredores do Governo. A ideia terá partido do Relvas mas ele saíu do governo e a mancha lá continua (porque a falta de carácter é uma nódoa que dificilmente se limpa.). [A versão completa da tese de mestrado do dito Fernando Moreira de Sá, o Garganta Funda da campanha passista, ajuda a perceber os meandros do embuste em que assentou a vitória de Passos Coelho sobre Sócrates]


Depois de no post abaixo ter falado das chamadas de valor acrescentado para 'cenas' eróticas feitas na minha empresa durante um certo período a partir de um telefone muito suspeito, aqui, agora, falo de pornografia a sério, hardcore mesmo, obscenidades puras e duras.

Sei que o assunto já não é novo mas esta semana as notícias passaram-me um bocado ao lado - e este tema é tão cabeludo que me custa seguir em frente sem a ele aqui me referir.

Vou agora falar dos embustes sobre os quais nasceu o governo de Passos Coelho: mentiras, falsidades, falácias. Hoje a verdade começa a vir acima e começa a ser claro qual o carácter das criaturas que enganaram os eleitores para se alaparem no Governo, aparentemente para fazerem o jeito ao sector financeiro e sei lá a quem mais. 

Vou mostrar como a turma do Passos e do Relvas arquitectou toda uma manipulação massiva, sem ética, sem vergonha na cara. Toda a gente deve estar ainda lembrada de como uma matilha assanhada espalhou boatos, aldrabices, acusações, injúrias no tempo em que Sócrates era Primeiro-Ministro. Esta matilha arquitectou e conjurou, manipulando a opinião pública, levando-a a desenvolver um ódio irracional e acéfalo a José Sócrates. Muito desse ódio ainda subsiste em algumas pessoas, tão fundo a bactéria foi inoculada.

Um dos envolvidos, Fernando Moreira de Sá,  resolveu agora fazer uma tese de mestrado sobre o que se passou. É sobre isso e sobre a entrevista que deu à Visão, e de que muito se falou ao longo da semana, que eu quero que fiquem gravadas na pedra de Um Jeito Manso algumas referências.


Transcrevo uma parte da entrevista que obtive num outro blogue:

- Como faziam a campanha suja (designadamente do caso Freeport) contra Sócrates?


A contra-informação era a praia do grupo [de Passos Coelho] à volta de Sócrates. Tínhamos nick names para as redes sociais, perfis falsos no Facebook e por aí adiante, mas éramos uns meninos do coro comparados com os tipos dele. Não há virgens nisto: em qualquer campanha eleitoral, existem centenas de perfis falsos, mas perfis com «vida», que incluem fotografias de «família», «clube de futebol», «gostos», etc. O segredo é ir pedindo «amizade» a pessoas da política e alargar os círculos de «amigos». Se deixarmos uma informação sobre o caso Freeport num perfil falso e ele for sendo partilhado, daqui a pouco já estão pessoas reais a fazer daquilo uma coisa do outro mundo. 

A central de contra-informação passou-se para o Governo após Passos se ter alçado a São Bento?


  • Álvaro Santos Pereira, do Desmitos, foi para ministro da Economia; 
  • Carlos Sá Carneiro entrou para adjunto do primeiro-ministro; 
  • Carlos Abreu Amorim para deputado e vice-presidente do grupo parlamentar; 
  • António Figueira, do Cinco Dias, e de esquerda, foi trabalhar com o Relvas; 
  • Francisco Almeida Leite para o Instituto Camões; 
  • Vasco Campilho foi para algo ligado aos Negócios Estrangeiros; 
  • José Aguiar para o AICEP; 
  • Pedro Froufe para a comissão de extinção das freguesias; 
  • o CDS também recrutou no 31 da Armada. 
  • Houve outros. Só em ministros, secretários de Estado e assessores foi uma razia em blogues como o Albergue Espanhol, o 31 da Armada, Delito de Opinião, O Insurgente, o Blasfémias, etc.



[Acrescento um dos outros: António Nogueira Leite que foi para a CGD.]



- Como funcionava a central de contra-informação?

Por exemplo: existia um mail acessível a um grupo fechado, através do qual recebíamos informações, linhas gerais, provenientes de quem estava a preparar o programa do Passos. No início, nem sabíamos quantos éramos. Cada um desenvolvia aquilo, nas redes sociais e na blogosfera, à sua maneira. Utilizávamos isso no Fórum da TSF, no Parlamento Global, da SIC, no Twitter, etc. No último confronto televisivo entre os três candidatos à liderança [Passos, Aguiar Branco e Rangel], condicionámos o debate. Só eu tinha três computadores à minha frente, em casa, além do telemóvel. Antes do debate, já tínhamos tweets preparados para complicar a vida ao Rangel. Nos primeiros minutos, começámos a «tuitar» como se não houvesse amanhã, dizendo que o Rangel estava nervoso e mais fraco do que o esperado. Criou-se um ambiente negativo que se propagou rapidamente. Ao fim de cinco minutos, ríamos até às lágrimas! Até opinion makers repetiam o que dizíamos! E o debate tinha apenas começado...”


Em que consistia a contra-informação?

“(…) Havia voluntários a defender as posições do Passos, mas sobretudo a atacar o Governo PS, no Fórum da TSF, na Antena Aberta, da RDP, e nos debates dos canais por cabo. Alargou-se a influência mediática. (…)”

***

Não transcrevo mais pois acho que o que se lê acima é mais que suficiente para se perceber a imundície que esta gente lançou sobre um homem, Sócrates, e como, desta forma, conseguiram forjar uma alternativa que, como se tem visto, não passa de uma construção barata, uma contrafacção, uma nulidade. Passos Coelho e um grupo de gente sem princípios, sem competência, sem conhecimentos, sem ética não têm feito outra coisa senão destruir o País.

Pode dizer-se que quem votou em Passos Coelho foram dois milhões de pessoas e não este bando de artistas, estes farsantes encartados. Certo. Mas a verdade é que foi, em parte, este bando que minou, a partir das redes sociais, toda a comunicação social. Uns como comentadores, outros como jornalistas, outros simulando serem cidadãos anónimos foram propagando mentiras que se espalharam viralmente pela sociedade. Toda a gente repetia as suas aldrabices como se fossem verdades inquestionáveis. Em contrapartida, Passos Coelho aparecia como uma alternativa credível.

Quando a estratégia resultou e Passos Coelho e Miguel Relvas foram para o poder, esta matilha foi recompensada, passando a pisar os corredores do Poder.

Mas fraca recompensa. Ter participado nisto e pertencer à entourage do Governo ou dos governantes de Passos Coelho vai ser, no futuro, uma nódoa que não saberão como limpar.

O País, como se vê, não tem feito outra coisa senão retroceder financeira, política e socialmente - todos os dias assistimos a como está a desfazer-se às mãos desta gente sem escrúpulos e sem um mínimo de competência. Difícil será perdoarmos-lhes o que nos estão a fazer.

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João Garcia, no Expresso deste sábado, conta como o Secretário de Estado da Cultura acaba de contratar para seu adjunto um rapaz do PSD com 24 anos que a única coisa que fez na vida até hoje foi ser estagiário numa rádio e ter lá trabalhado durante meia dúzia de meses até ser contratado como funcionário do PSD - e que, pasme-se, vai agora ganhar o mesmo que um coronel, mais do que um juiz, o dobro do que um professor efectivo em início de carreira. Um Governo de gente inapta, descarada, sôfrega pelo Poder.


O País a arrastar-se penosamente enquanto na sua cúpula temos a gente mais ignorante, mais impreparada, mais amoral, mais sem vergonha de que há memória. Isto dá-me náuseas. Mas uma coisa é certa: na fraca medida das minhas possibilidades tudo farei para lutar contra o fim deste pesadelo. Portugal e os Portugueses merecem mais do que esta peste que nos caíu em cima.

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Para quem esteja interessado na leitura da Tese na íntegra, pode ser lida aqui pois foi colocada pelo próprio Fernando Moreira de Sá (uma espécie de Garganta Funda) no blogue Aventar.


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As imagens escolhidas, obra de artista, são bonitas demais para estarem aqui, no meio desta lama. Contudo, quis, meus Caros Leitores, tornar-vos menos penosa a leitura de assuntos tão pouco limpos. Por outro lado, não são imagens verdadeiras embora o pareçam: não direi que sejam um embuste mas a verdade é que resultam de photoshop e são da autoria do romeno Caras Ionut.

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Relembro que para chamadas eróticas de valor acrescentado é descer até ao post seguinte.

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E, por hoje, é isto. Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo.

3 comentários:

  1. custa acreditar que num país de 5 milhões que se cagam para as eleições, e os outros a maior parte com a bola como jornal do dia, as redes sociais influenciaram as eleições.Mas são teorias, válidas como tal.

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  2. Estou siderado! Nunca tinha ouvido falar desta animália e como não compro, nem leio uma só revista, jornal, ou semanário há para aí uns 5 anos a esta parte e assim tenciono continuar estoicamente (leio o que nos é transmitido nos telejornais, quando os vejo, depois das 9 da noite, o que aparece na NET, on-line e o que folheio nas tabacarias, consultórios médicos, e chega!), fiquei espantado!
    Este monte de esterco, ou excremente humano, ainda se ri e riu com as patifarias que fazia. E este Passos e seu governo, ao fim e ao cabo são filhos desta putice toda!
    Estamos bem entregues como podemos ver. Olhem-se os resultados. E olhe-se para a a cara deles, Passos, Portas, Relvas, Albuquerque, etc. Só abatidos! E os tachos que a trupe foi conseguindo, ao que se lê.
    Ainda outro dia um jovem filho de um familiar nosso lá foi alegremente engrossar mais um destes gabinetes. Com uma experiência de vida de pouco mais de 1/4 de século, mas já com um vencimento equiparado a Director-Geral e direito a motorista. Anda todo pimpão e importante. Mas cá a casa não vem. Não quero. Sou duro com estas porras. Não tolero. Que vão para a mãe deles que os cá pôs!
    Miserável! Um mundo abaixo de cão tinhoso! Deitem o Sá ao Tejo com uma pedra atada ao pescoço do biltre.
    P.Rufino

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  3. São raivosos, mordem e em breve vão morder-se uns aos outros . Aliás, não foi por acaso que há pouco foi contratada para assessora na Secreta ria de Estado da Cultura, uma licenciada em Prótese dentária.

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