quarta-feira, agosto 14, 2013

Palhaçadas de verão à portuguesa. Em dia em que Cavaco, por via das dúvidas, manda os despedimentos na Função Pública para o Constitucional (que o Governo de corrécios que ele protege gosta de agir à margem da lei, pelo que ele tem que o manter sempre sob vigilância), sabe-se que Moita Flores, depois de não ter feito nada em Santarém, com a maior cara de pau, vai mesmo conseguir apresentar-se a votos em Oeiras; que Poiares Maduro diz que isso da Reforma de Estado do Portas talvez um dia destes, umas coisas naquela base, mas que já têm andado a dar uns toques e coiso; e que agora vêm aí uns quantos sábios, organizados em Comité, para governar o País e fazer baby sitting aos ministros, secretários de estado, assessores e outros lombinhas. Não seria era de os meter a todos numa piscina e soltar lá dentro um cardume de pacus?, pergunto.


Nos dois posts a seguir temos motivo de paródia: entre o vice do Farrobo e o naturalmente Poiazinha, chefão do adjunto Lombinha, e a precavida Morais que apareceu com uma pata de coelho escondida na carteira, a gente tem que se esforçar para não se atirar para o chão a rir. Corrijo: rir, claro, se antes tomarmos um calmante e nos abstrairmos das sacanagens que aqueles coiotes andam sempre a tramar. 

Mas isso é a seguir.

Agora, aqui, a conversa é outra. Ora, então, vejamos.


Palhaçadas de verão à portuguesa



#1

Candidatura de Moita Flores à Oeiras foi aceite, dizem as notícias



Mais uma vez estamos no domínio do laissez faire, laissez passer que é como quem diz, deixa andar.

E não é pela história do número de mandatos que isso, quem fez a lei que a refaça para que fique inequívoca porque isto de cada um ler sua coisa e acabar tudo nos tribunais, já parece coisa de república das cagarras, até já mete nojo. 

Aquilo que eu quero aqui assinalar é outra coisa. 

É a seguinte: mas este Moita Flores, que enquanto presidente da Câmara de Santarém escreveu, publicou e fez o roadshow do lançamento de livros, que fez guiões, que está sempre caído nas televisões a opinar sobre tudo e mais alguma coisa e que agora, da última vez, se demitiu ao fim de pouco tempo de presidente da Câmara, pretensamente por motivos de saúde, mas a quem a gente vê em permanência nesse mesmo circuito mediático, tem lá historial que prove a alguém que tem sentido de responsabilidade para ser presidente de alguma coisa? Nenhum. Um baldas. Está nas Câmaras a fazer uma perninha. O que ele gosta é de escrever histórias e andar a bater perna pelas televisões. 




Porque é que a comunicação social,
em vez de andar a papaguear os recados da poiazinha,
não faz investigação e não vai ver o que é que Moita Flores, este artista,
fez enquanto presidente da Câmara de Santarém?

Aí anda meio mundo a discutir insignificâncias
(e agora até me ia fugindo a boca para a expressão catroguiana,
mas, a tempo,
lá a evitei que eu há coisas que não gosto mesmo de ter na boca),
em vez de escrutinarem o verdadeiro curriculum desta tropa fandanga que aí anda enganando uns e outros



Como é que as pessoas não vêem isto e não o mandam dar uma grande volta em vez de andar a gastar dinheiro aos contribuintes? Não era mesmo de ter apenas dois únicos votos (o dele e o da mulher)?


+++

# 2

Em dia de poiazinha briefing, lá veio à baila o assunto da Reforma de Estado



Ouvi-o na rádio e há pouco vi-o na televisão e no vídeo que, no post abaixo, mostro. Com aquela sua vozinha de menina, ainda não percebeu, que, por muito bem pensado que seja o assunto (que não é, mas enfim...), não dá para ser levado a sério. É que uma vozinha de menina aceita-se a uma menina, não a um coisinho com uns pelinhos manhosos salteados na cara, armado em ministro. 

Mas, então, dizia a dita vozinha que a Reforma de Estado haverá de sair à cena quando for oportuno mas que isso será apenas um complemento do que já está a ser feito. Ia sozinha no carro mas desatei-me a rir. 

A dita reforma é aquela batata quente que o Coelho passou para as mãos do irrevogável Portas e que ia estar pronta em Fevereiro ou lá quando era. Depois, como o Portas, não foi capaz de parir uma reforma, o parto foi adiado para Julho. Parece que a lua mudava a 15 porque tenho ideia que a coisa devia dar-se até esse dia. Viste-a. 


Como o Portas não era capaz de parir a coisa, o Coelho tirou-o dos Negócios Estrangeiros para ver se, sem ministério nenhum, ele tinha mais tempo para fazer os trabalhos de casa.




O facto é que não se vê nada e, do que percebo, não há datas. Como o parto dos burros, este está a revelar-se demorado. Mas, prudente como é, este candidato a inteligente, Poaizita de seu nome, já nos veio preparar para o facto de afinal nem um burro vir a aparecer mas sim um simples rato. De facto, ao dizer que a dita reforma é um complemento às coisas que já têm andado a fazer, está a preparar-nos para a insignificância do que o Portas vai parir.

E pergunta a minha ignorância: mas e a que outras coisas se refere ele? Que outras coisas é que eles têm estado a fazer para além dos roubos e atentados ao conceito constitucional de justa causa de despedimento, o regime dos direitos, liberdades e garantias e o princípio da proteção da confiança (Cavaco dixit, ao confessar temer isto relativamente ao que agora voltou a mandar para o Tribunal Constitucional)?


Segundo o que uma colega minha toda tiazona no outro dia disse, já desbocada como uma gaja dos subúrbios, o que esses pulhas têm andado a fazer é um conjunto de javardices.




Porco Napoleão, esse grande estadista,
(ao que por aí corre, o guru dos ministros do governo de Passos Coelho, himself included)


Ou seja, já não estaremos no domínio dos burros nem dos ratos mas, sim, dos porcos. E, aqui chegados, só posso, uma vez mais lembrar-me de Napoleão, essa distinta figura de Estado.


+++

#3

Comité de sábios?



Diz a poiazinha que agora é que vai ser bom, que os sábios vêm aí para dizer como é que é. Menos mal se vão criar um grupo de gente com alguma senioridade. Mas pergunto eu: por que raio de carga de água é que é isso necessário? Os ministros, secretários de estado, adjuntos de secretários de estado, assessores e toda essa tropa que vive à custa do erário público não tem cabeça para tratar de coisa nenhuma?

E esse grupo de sábios vai reportar a quem? À Poia Madura, que tem a responsabilidade pelos fundos? Ou ao Pires de Lima da Economia, supostamente para o que os fundos comunitários se destinam em primeira mão, área esta supervisionada pelo Portas? 

O que a mim me quer parecer é que se vão multiplicando as comissões, os grupos, os assessores, e, às tantas, daqui a nada, num governo cuja orgânica é uma confusão, verdadeiramente desestruturado e sem liderança, vai tudo estar mais ensarilhado do que até aqui. 

Ou melhor, se até aqui o governo tem estado em estado comatoso, um dia destes, vai perceber-se que os tubos de oxigénio, os de soro e toda essa tubagem que vai permitindo ao governo fingir que está vivo, está tudo enleado, um com o tubo de soro a entrar-lhe pelo rabo, outro com o tubo de oxigénio a vir não da botija mas do tubo de esgoto, outros com os tubos a serem bombados directamente das condutas do City, enfim, a maior baderna. A gente já nem percebe quem é que faz o quê, tantas as nomeações para as coisas mais díspares. Tudo o que é sábio, cão e gato, jota, blogger e amigo do peito, entra numa coisa qualquer. A ver se, no meio da confusão das contratações, não se enganam e ainda contratam um pacu... (por isso, se um dia destes, nos aparecer por aí um pacu com os testículos de um deles na boca, não nos devemos admirar).



Pacu

(Os dentes destes pacus são nojentos, parecem dentes de gente, credo, dentes de quem nunca fez uma destartarização)

Olhem que uma dentada dum animal destes nos testículos não deve ser coisa agradável (qual Teresa Morais, até a mim me dói só de pensar nisso, credo).



Até aqui, tenho ideia que não tenho falhado muito nas minhas previsões (o que não é difícil: estas criaturas que nos desgovernam são tão básicas, tão previsíveis, que até uma pedra da calçada é capaz de adivinhar o que se vai seguir). Mas enfim: este governo recauchutado está tão mau ou pior que a versão com Gaspar. Por isso, com tanto amadorismo e incompetência, as crises vão ser permanentes (até à crise final, quiçá depois do orçamento aprovado, com a coboiada das autárquicas pelo meio). A rentrée promete, pois, vir quente, fogosa. Vocês depois me dirão.


***


Hoje, com tanta conversa fiada por aqui, esgotei o meu tempo de antena. Já não tenho cabeça para ir agora pregar para o meu querido Ginjal

Relembro: abaixo deste há mais dois posts. A culpa não é minha, é destes pândegos da trupe do Coelho (Coelho este agora já com uma pata a menos, conforme refiro no post abaixo) que não me dão descanso.

***

E, por isso, assim sendo, despeço-me já. Tenham, meus Caros Leitores, uma grande quarta feira!

3 comentários:

  1. JOAQUIM CASTILHOagosto 14, 2013

    Olá UJM

    Excelente a escrita, o humor e o conteúdo dos post de hoje ( e sempre)!

    Obrigado

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  2. A requalificação não é mais do que um processo de pré-despedimento, esta a designação que o governo deveria ter tido a coragem de assumir. As contabilidade está feita e o governo espera arrecadar uns milhões por esses despedimentos. Tudo isto é infame.
    Entretanto, o mesmo governo vem tentar convencer-no que os números do INE sobre a “recuperação” não são sazonais e escondem o efeito das “exportações” designadamente dos produtos da Galp, que mascaram isto. E que o tal crescimento do PIB, de 1,1%, continua abaixo dos tais “2, coisa%” da sua queda anterior. E com mais austeridade, com uma redução drástica dos salários, a ficarmos como os chineses, mais dia menos dia, em termos salariais e até qualquer dia quase com os mesmos direitos sociais, e continuando a endividar-nos para salvar o sector financeiro, não sei onde iremos parar.
    Aguardemos entretanto as decisões do TC sobre o que o PR lhe enviou e sobre as candidaturas autarcas, esta a revelarem o lado negro da nossa democracia. Uma cambada do pior aquela de querer continuar a candidatar-se! Incrível!
    E vamos ver o que o Tolo do Farrobo nos vais servir como Reforma do Estado!
    P.Rufino

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  3. Se a gente daqui entendesse português nao acreditava neste poste verdadeiramente excepcional.

    Valha-vos (-nos) o tio do Moita...

    Abraco

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